Wanderlino Teixeira Leite Netto

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 28 de julho de 1943. Bacharel em Administração e professor de Teoria Geral da Administração. Poeta, cronista, contista, ensaísta, biógrafo, autor também de dois livros de pesquisa histórica e de um de literatura infantil (em coautoria com Lena Jesus Ponte). Tem trabalhos publicados em antologias, jornais, revistas e na internet. Autor de vinte livros editados. Integrante dos quadros da Academia Niteroiense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói e da Associação Niteroiense de Escritores (cofundador). Idealizador e dinamizador, juntamente com Lena Jesus Ponte, da “Oficina da Palavra Luiz Simões Jesus”. Site: www.wanderlino.teixeira.nom.br

 
1-Como compara, em termos de elaboração, a prosa e o poema?
O poema exige mais sutileza.
 
2- Na sua opinião, nos tempos atuais, ainda há espaço para poemas?
Haverá sempre espaço para o bom texto, seja em prosa ou poesia.
 
3- Quais as maiores dificuldades encontradas em sua trajetória?
Decorridos 36 anos da publicação de meu primeiro livro (num total de 20), ainda não fui capaz de vencer de maneira satisfatória a barreira da distribuição. Fazer o livro chegar ao público leitor vem a ser o xis da questão. Sem o respaldo de uma grande editora, quase impossível. E as grandes editoras muitas vezes são cruéis na avaliação dos textos que lhes são remetidos sem especiais recomendações. A internet, excelente veículo de divulgação, serve para minimizar o problema.
 
4- Em que gênero literário obteve maior receptividade do leitor?
Meu fazer literário é diversificado: poesia, conto, crônica, literatura infantil, ensaio, pesquisa histórica, biografia. Correndo o risco de parecer presunçoso, fica-me a impressão de que meu trabalho tem sido indistintamente bem recebido.
 
5- Acredita que, pela força da mídia, escritores medíocres possam se tornar grandes best-sellers?
Escritores medíocres serão sempre medíocres, ainda que, por conta da mídia, suas obras atinjam grandes tiragens. O mais preocupante é o fato de que muitos livros impressos pressuponham muitos leitores interessados nos seus conteúdos.
 
6- Como poderíamos reverter essa nefasta tendência?
            Prefiro não adjetivar. Creio que a tendência será revertida no momento em que o público leitor interessado em escritores menos qualificados caminhe numa outra direção. Isso acontecerá com educação de boa qualidade.
7- Oficinas literárias têm potencial para formar escritores?
Oficinas literárias servem para estimular o gosto pela escrita e oferecer adubo para que ela floresça. O que não quer dizer garantia de boa plantação nem de proveitosa colheita.
 
8- Se pudesse alterar o cenário cultural em nossa cidade, o que sugeriria?
            Não tenho essa pretensão. O cenário cultural da cidade parece-me ir bem. Salvo quando alguém se arvora a dono dele.
 
9 -Fale-nos sobre seus atuais projetos. 
            Em 2001, publiquei o livro Dança das cadeiras – História da Academia Niteroiense de Letras (junho de 1943 a setembro de 2000). No momento, estou escrevendo Dança das cadeiras – História da Academia Niteroiense de Letras (outubro de 2000 a outubro de 2013).
 
Um texto
 
Dois, um poema e um miniconto:
 
Certos guardados
 
Numa prateleira, abrigo a compoteira
que minha mãe ganhou em suas núpcias.
Tem cores múltiplas e uns motivos chineses.
Guardo nela um chumaço de saudade, cacos de vida,
um certo abraço, uma foto esmaecida, guloseimas.
Algumas vezes, pequenas teimas
e uma pálida esperança que trago comigo da mais tenra idade.
Também um sonho que persigo desde antigamente.
Afora uma lembrança impertinente que não vai embora.
 
O novo olhar de João
 
            Naquela manhã, João se permitiu olhar as nuvens com olhos singulares. Viu flores, anjos, lágrimas, perfis e um camelo caolho, em meio a outras extravagâncias. Deu-se conta de que nuvens podem não ser apenas nuvens.
            Nesse dia mesmo, João teceu seu primeiro poema.