Os Degraus Do Bandeirantes (As Vésperas Do IV° Reich) 2
Se reformar significa uma política social muito devagar, imagine o eleitor as cobranças pelas reformas sendo pressionadas a partir da “massa crítica”, e de sua indignação com a inesgotável morosidade, má-fé e má vontade dos criadores e produtores da UDR. Todos sempre muito dispostos a trair a causa social da RA em nome da qual existe e governa a Nova República Desfigurada das Capitanias Hereditárias de Romão Sarney. Reformas políticas e sociais na República das Oligarquias de Liliput é como o trânsito de São Paulo na hora do “rush”: muito devagar. E a tendência é piorar.
O Mágico de Oz está solto no Planalto. Ele tentará ocupar o (Palácio dos) Bandeirantes, outra vez e sempre. É uma guerra que o PMDB não pode, não deve, nem quer perder. A influência das forças que motivaram as lideranças do PMDB, seu papel político, inclui uma moralização das condições de liderança do Planalto no concernente à agilização dos resultados. Sair do bêabá das promessas que desacreditam e desestabilizam os governos e as cabeças das pessoas: porque jamais passam de promessas. A tarefa urgente do PMDB: MUDANÇAS JÁ. Nem que seja apenas argumento de demagogia de palanque.
ANTÔNIO ERMÍRIO NÃO deverá se empolgar com lideranças à direita do PMDB que aderiram à sua campanha. Elas inibem as adesões dos candidatos à esquerda do partido. Os denominados progressistas não farão o mesmo papel que seus adversários, no plano das ideias e da ideologia, apenas para satisfazer o ego do candidato, empresário do Grupo Votorantim.
Quem milita no PMDB a partir de motivações idealistas, imita o modelo de militância partidária do PT. Acontece que o PT ainda usa fraldas no mundo da política. Quando nele estiver enquanto partido detentor do poder político, deverá agir da mesma forma que as outras agremiações partidárias. Uma vez no poder o PT vai agir de maneira ainda mais virulenta, considerando-se a fome lupina de verbas do erário público que deverá caracterizar os trâmites políticos e regimentais de seus mandatos. Afinal, quem não sabe? Partidos políticos são quadrilhas organizadas para essa finalidade.
As pessoas se permitem acreditar. Mas sabem que na hora “H”, o slogan “Mudanças Já” não servirá para mudar nada. Porque será apenas um slogan sem atuação pertinente à mudanças. Quércia é contra os boicotes à política econômica do Planalto. Romão Sarney não sai do campo das promessas. “Reinou e não governou” dirão dele no futuro. Ele e o PMDB são os responsáveis pelo ideário político da Nova República. Um ideário sem ideias. De muitas promessas vãs. E enganação populista.
A candidatura Antônio Ermírio decolou, segundo opinião do Planalto, ignora-se sua autonomia de voo. O combustível de que precisa tem nome: Jânio Quadros, segundo avaliação pefelista. Maluf referiu-se a Ermírio como sendo um Boeing, com passageiros mas sem aeroporto para pousar. Ermírio afirmou em resposta que logo desceria mesmo em Brasília para chamar a atenção do presidente Romão Sarney. E sugerir ao mesmo que contenha o candidato do PDS que estaria baixando o nível da campanha. Ermírio ainda não sabe, mas com certeza o SNI deve ter chegado antes. Com essa advertência, ao gabinete do Ministro-Chefe da Casa-Civil.
Surpresa: zebra. De repente, não mais que repentinamente, uma pesquisa de Ipobe, capital e Grande São Paulo, divulga na liderança da preferência dos eleitores, o nome nada carismático de Suplicy, candidato do PT: eis que surge ele, puxando seu burrinho, tendo no lombo do animal nossa senhora Marilena Chauí, e o menino Jesus no colo. Se você olhasse a foto imaginária, através de uma lupa real, veria o quanto o Menino Deus se parece com Quércia.
Há garantia de que cem mil cartazes e dois mil e quinhentos “outdoors”, estariam prontos para serem distribuídos pelo serviço de propaganda do candidato Antônio Ermírio. Reza o slogan: “Agora temos em quem votar”.
A euforia do pessoal do PT e dos xiitas deste partido, durou pouco. Um grupo de petistas seria em breve preso em salvador (Bahia), por tentativa de assalto malogrado a uma agência do Banco do Brasil —organização financeira e econômica representativa da política rural do governo.
A “operação bom ladrão” malograda pelo excessivo amadorismo dos candidatos a ladrões de banco que acabaram na cadeia. Episódio lamentável para o PT. Após esse acontecimento político, a campanha ficou por conta dos adversários deste partido. A parte xiita dos militantes do PT é proporcional á parte xiita dos militantes de outros partidos políticos. As acusações mútuas ("ideológicas") se multiplicaram.
Uma parte da imprensa alega que essa sigla abriga o PCRevolucionário, e outras tendências com militância na causa da ultra violência como forma de luta pelo ideal de Justiça social. Justiça social e violência enquanto fatores sociológicos de educação para a Liberdade. É puro (Festival de besteirol que assola o país): fêbêapá.
Dados da 1ª pesquisa Ibope: Suplicy, 31%, Quércia e Antônio Ermírio 22%, Maluf 17%. Alguém precisava podar as asas do PT. Esses trabalhadores feitos de metal carne, assalariados do Mágico de Oz, pensam poder, liderados por um filho de conde e empresário, concorrer com chances de ganhar pacificamente o direito de galgar, solene, "Os Degraus do Bandeirantes":
Talvez um general pensasse dessa maneira, e preparasse o cenário para o malogro da campanha do Partido dos Trabalhadores, como insinuou Suplicy, ao dizer que cada vez mais parecia evidenciar-se existir a mão de órgãos do governo, do SNI e da CIA. Afirmou também que o PT, poderia provar serem eles os responsáveis pela ação malograda de ladrões de banco que se diziam petistas. E na insistência desses, em caracterizar politicamente a ação pessoal de assalto: uso de camisetas com o logotipo desse partido.
A turma do Maluf ataca de suborno.
Suborno aos motoristas de táxi. Os que circulam com adesivos de apoio ao candidato do PDS. Venderam-se por oitenta cruzados ao mês. No tempo de Cristo, Judas cobrava trinta dinheiros. O montante aumentou. Os motoristas de táxi, mesmo os não malufistas, para faturarem oitenta cruzados a mais por mês, expõem um adesivo que reza uma oração fanática centrada na afirmação "amo minha família, quero segurança. Sou Maluf-86 governador". Este "slogan" lembra a farsa da "marcha com deus pela família" organizada pelas "elites" (círculo interno) das sociedades secretas a serviço do militarismo golpista.
“Trabalho que cria emprego” é outro “slogan” divulgado por taxistas. Muito deles querem apenas somar oitenta cruzados às suas precárias rendas de fim de mês. De Maluf só sabem que era contra Tancredo. O vice-governador Quércia afirmou que o PMDB deve, durante a campanha eleitoral, manter uma postura coerente com suas lutas, que sempre estiveram em defesa da classe trabalhadora.
“Não podemos deixar pessoas que amanhã vão defender os patrões, tomem posse deste Estado e deste país”, respondeu Quércia. O palco político do PMDB fora decorado desde a eleição prévia do Diretório Regional em 22 de dezembro, eleição ganha com larga-margem de vantagem pelo grupo quercista apoiado por Montoro.
Afirma-se entre parlamentares resistentes à Quércia que, se a candidatura Antônio Ermírio houvesse sido articulada com a esquerda do PMDB, antes de seu lançamento, o vice-governador não teria chance de vitória na convenção do partido. Os progressistas alegam que não tiveram nenhuma alternativa senão aceitar a candidatura Quércia. E que Antônio Ermírio não teria mudado a escolha.
O PMDB, teve de se contentar com a alcunha “partido dos cassados” com a candidatura Quércia. Na primeira pesquisa Data Folha do dia 13, Quércia saiu vitorioso com 24% versus os 23% de Antônio Ermírio contra os 17% de Suplicy e 17% de Maluf. Desde que existe uma margem de erro de 3%, para mais ou para menos, Ermírio e Quércia estão tecnicamente empatados na preferência do eleitor. 8% dos eleitores não tinham escolha, ou preferência por nenhum candidato, e 11% não souberam responder.
QUINTA-FEIRA 16 DE ABRIL DE 1986
A análise dos resultados indicou que, no interior, Quércia ficou a onze de vantagem sobre Antônio Ermírio: 32% das intenções de votos, contra os 21% do empresário. Maluf segurou 16% do eleitorado do interior e Suplicy ficou com 11%. Oito por cento não escolheram candidato, e 12% não souberam responder à pesquisa.
Na capital, Ermírio lidera com 26% das intenções de voto, seguido por Suplicy com 23%, Maluf com 18% e Quércia com 16%. O vice-governador perde na capital a vantagem que obteve sobre Ermírio no interior do Estado.
A candidatura Suplicy saiu desgastada do episódio do assalto a uma agência do Banco do Brasil por cidadãos que se diziam militantes do PT. El Salvador ainda não é aqui, mas estamos chegando lá, diziam alguns comentários xiitas ouvidos nas conversas de bar no Bar Brasil, no Riviera e no Metrópole: o “triângulo das bermudas” da noite da zona oeste de São Paulo.
Outro comentário corrente reza que entre os eleitores brasileiros de classe média e baixa, a "ilusão do ter" substitui plenamente todas as carências de classe. Ao votar num candidato que tem muita grana significa para grande parcela do eleitorado, poder manter a ilusão de que terá muita grana também, sob a tutela de seu governo. Como diria Shakespeare, "a matéria é feita de sonhos".
A partir dessa lógica Antônio Ermírio estará sempre entre os dois mais votados em quinze de novembro. Se o reino do sonho está liberado sem ágio, o empresário teria seu lugar garantido, entre os dois candidatos mais votados. É o empresário rico tipo "Flautista de Hamelin" a conduzir crianças com títulos de eleitor, induzidas pela crença ilusória de que, votando no empresário estariam facilitando sua ascensão social.
Ermírio falou que recebeu os resultados da pesquisa com grande humildade, “porque um homem cheio de si geralmente é vazio”. Acrescentou que um resultado como este, apenas anima, na medida em que subir nas pesquisas, aumentaria a responsabilidade do empresário com os eleitores que sufragassem seu nome.
A direção nacional do PFL quer Ermírio candidato, enquanto o empresário Guilherme Afif Domingos, renunciou à presidência do Partido Liberal (PL) em São Paulo, alegando motivações éticas. Ermírio teria exigido seu afastamento como condição para vir, talvez, a se filiar no partido. Afif e Maluf são da mesma seara política, daí a divergência inconciliável.
O PL mau começa, e começa infiltrado de malufistas. Antônio Ermírio começou o expurgo com Afif Domingos que estava lá para puxar o tapete de quem se opusesse ao malufismo. Quem tem grana muda o rumo e o nome do barco. Seus tripulantes assoviam e chupam cana de outra safra de político.
O grupo de Ermírio ameaça criar a “União Liberal Trabalhista” visando estabelecer um campo de influência e atuação partidária livre da ingerência ativa de terceiros, e de compromissos partidários incômodos à sua política pela disputa de cargos majoritários, delegados a outros grupos de interesses, através de coligação partidária ou aliança.
Antônio Tozchi, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e mais quinze dirigentes sindicais, foram até a sede estadual do PMDB na Bela Vista propor a candidatura do ministro do Trabalho Almir Pazzianotto. O movimento soma a adesão de 51 presidentes de sindicatos pré-candidatura Pazzianotto.
Quércia disse ter recebido “com alegria”, o lançamento da candidatura do ministro e acrescentou: Se for vencido, será seu primeiro soldado na campanha eleitoral. Toda esta encenação está por conta da política do faz de conta, desde que todos sabem que a candidatura Quércia é irreversível, no cenário político do PMDB de São Paulo.
ULYSSES DIRIA MAIS tarde: “ruim com Quércia, pior sem ele”. A Executiva Nacional do PMDB decidiu ontem a proposta de uma emenda, estabelecendo a eleição em dois turnos, para governadores de Estado. Proposta esta, que ninguém acreditava vir a poder ser incluída no processo de regulamentação eleitoral, então em tramitação. Ninguém realmente, no meio político, queria eleições em dois turnos. As pressões neste sentido eram apenas simulações. Politicagens.
Nenhum político imaginava poder prevalecer este sistema de dois turnos: isto significaria que a democracia havia, de fato e de direito, chegado às eleições dos estados. E democracia é uma espécie de puta velha, de todos os políticos que usam e abusam de seus atributos demagógicos. Democracia é panaceia. Agente de moléstias demagógicas endêmicas nas áreas da educação, saúde, segurança, transporte, habitação.
Ainda sobre os resultados da pesquisa: cerca de trinta por cento do eleitorado de Antônio Ermírio é masculino. O feminino está em quinze por cento. Entre os eleitores de 18 a 25 anos, treze por cento tendem a votar no empresário. Nesta faixa eleitoral, Suplicy está com trinta e seis por cento na preferência dos eleitores. Quércia e Maluf estão empatados, no concernente à preferência do eleitorado, entre homens e mulheres de vinte e seis a trinta e nove anos, e entre os que têm mais de quarenta anos.
Na divisão de votos, equivalente à renda familiar, Ermírio conta com 47% dos eleitores que ganham mais de dez salários mínimos. Na faixa de até quatro salários mínimos, Quércia garante 26% das preferências, e 21% por cento entre os eleitores que ganham de quatro a dez salários mínimos, e somente 12% dos que ganham mais de dez salários mínimos. Na faixa de até quatro salários mínimos, Quércia garante 26% das preferências, e 21% entre os eleitores que ganham de quatro a dez salários mínimos, e somente 12% dos que ganham mais de dez salários mínimos. Na faixa de eleitores de 5 a 10 salários mínimos, Ermírio fica com 16%, Quércia com 21%, e Suplicy com 30% dos votos. Entre os que ganham até quatro salários o empresário garante 15%, Quércia 26%, e Suplicy 20%.
Maluf conta com a preferência de 14% dos eleitores com renda acima de dez salários mínimos. Nas outras faixas de eleitores, soma 20% em cada uma delas. No interior, os que não escolheram nenhum candidato, chegam a somar 18% do eleitorado nas pequenas cidades. Nas cidades com mais de 50.000 eleitores, este índice fica estável na faixa dos 10%.
A propósito da afirmação da deputada Ruth Escobar, de que Antônio Ermírio de Moraes é um Che Guevara de cimento, comentava-se que, para dizer isto, ela deve ser muito chegada a uma caninha 51. Entremeada por muitas tulipas de chope.
Aumentou a quantidade de parlamentares peemedebista insatisfeitos com a candidatura Quércia por acreditarem que Pazzianotto tivesse mais condições de ganhar as eleições nas urnas de 15 de novembro. O governo federal precisa do ministro na área trabalhista, e a patota do Marco Maciel, conta com Ermírio enquanto alternativa da candidatura do empresário sair pelo PFL.
O apoio do PSB (Partido do Socialista Brasileiro) está condicionado à definição política de centro-esquerda, a partir do momento em que Ermírio mostra uma incansável disposição de negociar com o PTB e o PFL. A Executiva Regional do PSB, não acredita que ele possa sair candidato pelo partido. Alianças entre o PSB e o PTB, ou o PFL são impensáveis para os partidos supostamente socialistas brasileiros.
Se a equipe de assessores da campanha do “maior patrão do Brasil” tivesse uma visão nítida dos aspectos psicológicos, altamente positivos para sua candidatura, teria se definido pelo PSB. Tanto o empresário como seus assessores, não compuseram com o PSB, desde que a ideologia indisfarçável do grupo ermirista, não lhe motivou investir numa sigla com o nome de Partido Social Brasileiro. Nela, ele teria aumentados suas chances de disputar para ganhar essa eleição. A visão ideológica estreita embota a visão da candidatura a longo prazo do empresário e de seus assessores.
Antônio Ermírio, candidato pelo partido Socialista, seria imbatível a partir do momento em que toda a esquerda moderada e progressista dos partidos veria nele um líder realmente disposto a, pelo menos, ser temporariamente crível, em sendo patrão e socialista ao mesmo tempo. Muitos trabalhadores veriam nele uma esperança real de mudanças que favorecesse sua classe. As classes médias teriam em quem acreditar enquanto alternativa das ofertas de candidatos. E os manipuladores obsessivos da opinião pública, teriam um vasto campo para promoverem manobras, conchavos, e os cambalachos característicos do meio. Mas o medo da palavra "socialista" venceu o empresário.
Se, ao contrário de ter permanecido querendo tirar um máximo de sua adesão a uma das siglas partidárias disponíveis, Ermírio houvesse se definido logo pelo PSB, somaria, repito, muito provavelmente, os progressistas de todos os partidos à sua candidatura. à esquerda, à direita. E os chegados a ficar em cima do muro.
Porém, as adesões ao empresário se foram somando exatamente no campo adverso ao pensamento político mais humanizado: os conceitos políticos de centro esquerda. Ermírio equivocadamente se chegou aos cem representantes do PFL em 62 cidades da região de Ribeirão Preto e Campinas. Eles encaminharam à comissão Executiva do partido um documento com três posicionamentos políticos. Dois dos quais favoráveis à candidatura do empresário.
O primeiro visa apoiar o empresário desde que ele se filie ao PFL. O segundo propõe uma coligação a ser negociada com o PTB, se Ermírio se filiar a este partido. O documento repudia opção do candidato pelo PMDB. Deve-se considerar que tal repúdio é extensivo (nas estrelinhas) aos outros demais partidos. A esquerda dita independente do PMDB , pretende discutir a atual estratégica eleitoral do partido, por considerar que Quércia, neste momento, conta com uma situação eleitoral muito precária na Grande São Paulo.
A deputada Ruth Escobar foi julgada e condenada a seis meses de prisão por um tribunal militar da 2ª Auditoria de São Paulo. A acusação, extensiva a outros dois parlamentares do PMDB, teve por base, discursos feitos na campanha de 1982 numa cidade do interior do Estado, a partir dos quais fora acusada de tentar subverter a ordem do regime. E não era regime para emagrecer.
Após um ano de “mudanças e de democracia“, civis são julgados e condenados por tribunal militar. É uma democracia do absurdo ou um absurdo de democracia? O ministro-chefe do Serviço Nacional de Informação, general Ivan de Sousa Mendes, teceu comentários em favor da permanência da Lei de Segurança Nacional: disse ele que episódios como a tentativa de assalto por militantes do PT a uma agência do Banco do Brasil em Salvador, comprovam a necessidade de uma Lei de defesa do Estado.
Comenta-se que esse assalto frustrado, só rende dividendos em favor dos grupos mais reacionários das políticas apoiadas pelos padrões do retrocesso social. Admitiu o general, chefe do SNI, a possibilidade de novas mudanças na LSN. E acrescentou ser impossível a uma nação democrática conviver sem mecanismos internos de defesa.
A tentativa de assalto teria partido do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário) organização clandestina que o general definiu como sendo uma organização política abrigada pelo PT. Quando o PT chegar ao poder político em Brasília os generais vão querer garantir apoio. E o PMDB vai querer prestar todos os serviços de copa, cozinha, cama e mesa. As lideranças do PMDB estarão em romance interminável com os líderes do PT ou do PSDB, uma vez que estes cheguem ao Palácio do Planalto. Pouco importando que se descaracterize enquanto partido político independente, seja qual for o próximo presidente da República.
MONTORO PRONUNCIOU-SE favorável a um diálogo com Ermírio. Afirmou sua amizade pelo empresário e acrescentou que não se pode atribuir a esta amizade nenhum sentido de enfraquecimento da candidatura Quércia.
Maluf, não apresenta nenhuma tendência clara de aderência maior de eleitores à sua candidatura em qualquer dos segmentos sociais de eleitores. Entre a faixa de eleitores mais pobres, menos escolarizados e residentes no interior, a pesquisa mostra uma tendência em favor da adesão ao candidato do PMDB.
A candidatura Ermírio continua a mostrar tendência de apoio pelos segmentos de eleitores que ganham acima de 10 salários mínimos, residentes na capital, e com diploma de nível superior. Suplicy conta com o de 55% das mulheres em seu eleitorado. Entre os que não votam em nenhum candidato, 59% são mulheres, como são de mulheres também, os 61% do eleitorado que não souberam indicar preferência por nenhum candidato.
Os números da 2ª pesquisa Data Folha apontam os seguintes resultados: Quércia com 24,5, Ermírio 22,5, Maluf 22,0, e Suplicy 17,0. Tecnicamente há empate entre os três primeiros candidatos, considerando-se a diferença de três pontos percentuais para mais ou para menos, entre os índices de preferência obtidos por cada um deles. Entre os dados numéricos das duas pesquisas não há flutuação relevante, e a análise dos obtidos na pesquisa do dia 13, valem também para as pesquisas do dia 27 de abril.
O eleitorado do interior soma 51,5% do Estado, e os eleitores da Capital e Grande São Paulo corresponde a 48,5% dos votos.
A campanha de modo geral não entusiasma nem engaja os eleitores. Os candidatos parecem não ter, nem saber o que é posicionamento político fora das exigências ditadas pelos interesses da globalização planetária a serviço da Nova Ordem Mundial. Os políticos brasileiros parecem não saber como defender os interesses nacionais mais prementes. Simplesmente ignoram a ecologia urbana em suas plataformas eleitorais. Assim como ignoram os interesses de preservação da Amazônia (não tão longe de São Paulo) e da qualidade de vida e transpiração dessa metrópole. Os candidatos defendem interesses localizados. Particulares. Como se São Paulo não fosse parte integrante e interativa do país.
Isto quer dizer que trabalham inconscientemente interesses da chamada direita. Em realidade o discurso “direita versus esquerda” é simplesmente anacrônico. Ou o político defende os melhores interesses da sociedade ou não. Independente de uma suposta ideologia que deveria ter-se diluído juntamente com os interesses de conflito planetário da Guerra Fria. Mas a Guerra-Fria entre interesses das oligarquias regionais continua. Nua. Vergonhosamente pelada. Como se fosse uma corrida ao ouro de Serra Pelada. Em verdade é uma corrida ao ouro do erário público.
90% dos partidos políticos brasileiros possuem por característica de agregação partidária o fisiologismo. Tal é a face camaleônica de não poucos parlamentares partidários da teoria do eterno retorno aos jogos demagógicos de uma discussão tatibitate e cíclica sobre a mesmice dos resultados do pacto social entre as “elites”. “Elites” que raramente trabalham em prol da sociedade como um todo. Exceto na demagogia de palanque. E na defesa de interesses particulares.
No Planalto, como diria um humorista: “o ministério, ninguém ignora, é um rabo escondido com um gato de fora”. A parte fisiológica do velho PTB, sua central de clientelismo, funcionava em prol do engajamento do partido na burocracia do Ministério do Trabalho, e da Previdência Social. Os partidos vivem do fisiologismo. Dinossauros burocráticos que, quanto mais inchados, mais distanciados ficam da defesa da sociedade que trabalha.
O PTB de agora, parece ter perdido o charme que a legenda mantinha a partir da linha doutrinária do partido que conseguia associar, de maneira crível, o discurso nacionalista de Getúlio, ao romantismo da “massa crítica” dos trabalhadores brasileiros, assim como das classes médias proletárias, que sobrevivem de esperança e carência. Foi nessa brecha política partidária que o PT se imiscuiu.
As raposas parlamentares desse partido oportunamente tomaram posse do galinheiro parlamentar da Câmara Alta como se raposas pudessem servir de segurança para garantir a integridade física do aviário.
O PTB parece preocupado unicamente em obter cargos legislativos. Nenhum leitor deste livro, nem os próprios petebistas, saberiam distinguir entre a prática político partidária, e a “fissura” para barganhar que se apossou do partido, como se fora a sigla, uma subsidiária da Bolsa de Valores do sistema pluripartidário, brasileiro, antropofágico e camaleônico.
As legendas estão cada dia mais depreciadas. E o desgaste se deve ao gradativo esvaziamento ideológico do discurso partidário. A “ideologia” que deveria manter acesa a chama olímpica dos militantes do PMDB seria a crença numa real moralização da política econômica do governo. Para que o Plano Cruzado não descambe para a galhofa e o anedotário, e não venha a desmoralizar publicamente os responsáveis por sua defesa. O cruzado deve abolir o ágio ou incorporá-lo ao seu nome: cruzágio.
Outra motivação “ideológica” dos filiados ao PMDB seria ver dinamizadas as diretrizes pacíficas do atual plano de Reforma Agrária. Mas o oportunismo grassa como erva daninha nas terras improdutivas dos latifúndios: rural e urbano.
A mecânica burocrática está vinculada aos interesses particulares. A cobiça, a avidez e o zelo pelas políticas circunstanciais prevalecem. Veja-se o exemplo da rejeição desse partido às eleições primárias. O apoio às eleições em dois turnos fora apenas camaleônico. De fachada.
As primárias seriam um avanço político indiscutível: os mais de quinhentos mil filiados do PMDB forneceriam a este país uma imagem interna e coesa de um partido realmente democrático. A escolha indireta do candidato ao Governo, pelos dois mil delegados à convenção, restringiu de maneira peremptória, a participação dos militantes. Eles não poderão também participar coletivamente da fase ”boca de urna” da campanha. Proibição desta vez agenciada pelo TRE.
O compromisso histórico de Tancredo/Romão Sarney, e do PMDB, deveria ser com a democracia em todos os momentos. E não com a ”puta velha fantasiada de democracia“: Regime político das “elites”, para as “elites” e pelas “elites”, que compactuam entre si, e sempre esnobam os interesses mais urgentes da sociedade brasileira. Prevalece uma democracia, enquanto conceito acadêmico. Como se democracia fosse uma criação de românticos malucos.
Todos se agregam ao fisiologismo do PMDB, não é exceção o Luiz Viana Filho, dedurado por seu desafeto político, Antônio Carlos Magalhães com a frase “o locutor do AI-2 entrou no PMDB”. O ex-ministro da justiça de Castelo Branco respondeu alegando que realmente cumpriu seu “dever de Ministro de Estado”. Lembrou que a seu lado estava um jovem deputado (Toninho Malvadeza Magalhães) “que aplaudiu de forma delirante o ato governamental”.
A Nova República Liliput de Romão Sarney incorporou todos os herdeiros da dinâmica dos que participaram da Velha República, em seus momentos mais contundentes e dramáticos como diria o ditado: “Quem está na chuva tem de se molhar”.
O ex-ministro de Castelo se acastelou comodamente no PMDB. A ideologia de todos eles é a mesma! Vamos tirar proveito deste carnaval, independente de quem seja Presidente da Escola de Samba Palácio do Planalto.
Ermírio, que já havia garantido não pretender candidatar-se à presidência, faz uma proposta através de seus assessores visando atrair Pazzianotto para sua candidatura: o empresário se “desincompatibilizaria“ com o governo, em março de 1988, visando disputar a sucessão presidencial. Pazzianotto governaria São Paulo por dois anos no Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo Estadual de São Paulo.
Por baixo do pano todas as mutretas têm um sócio. As ideias políticas do ministro Pazzianotto são identificadas com o ideário político do PMDB, e ele não serviria para compor com Ermírio, porque este já havia feito outras composições políticas mais á direita do que deveria fazer se tivesse pensado que Pazzianotto não poderia compor com tanta proximidade estranha às ideias políticas do partido ao qual pertence.
O Ministro Pazzianotto é um homem de ideias, não um mero oportunista a serviço da candidatura Ermírio. E é certo que ser ministro dá mais “status” do que ser apenas candidato a candidato. A vice-governador do Estado de São Paulo.
OS DEGRAUS
DO BANDEIRANTES
(As Vésperas do IVº Reich)
MAIO DE 1986
A TERCEIRA PESQUISA DATA FOLHA avaliou o potencial eleitoral dos candidatos: se as eleições fossem em dois turnos, Quércia ficaria com o apoio de 38% dos eleitores, e Ermírio com 36%. 26% dos entrevistados não tinham candidato. A pesquisa foi realizada em todo o Estado, em 27 de abril, com 2.934 eleitores entrevistados. A margem de erro de 3%.
Os dois turnos favoreciam Quércia e o PMDB se a eleição fosse agora. Caso prevalecesse o critério da maioria absoluta para as eleições, Ermírio e Quércia ficariam para o segundo turno. Grande parte dos eleitores de Suplicy votaria no atual vice-governador, e um terço deles (eleitores) no empresário.
O eleitorado de Maluf (e do PT), que não participariam do 2º turno, votaria meio a meio, em Quércia e Ermírio. A pesquisa indica que o fator ideológico é nulo nesta eleição. Se houvesse disputa entre Ermírio e Suplicy, os eleitores de Quércia votariam no candidato petista, quase na mesma proporção em que votariam no empresário.
Quércia, em dois turnos, derrotaria Ermírio e Suplicy, se este chegasse em 2º ou em 1º lugar. Se Suplicy e Quércia permanecessem candidatos no 2º turno, um terço dos eleitores de Ermírio, estariam indecisos, e aproximadamente 1/3 do eleitorado de Maluf, estaria hesitante.
Outra evidência de que Antônio Ermírio aprendeu depressa as manhas e artimanhas dos políticos profissionais, está em que o empresário, que antes negava candidatar-se à presidência, declarou à imprensa, após filiar-se ao PTB, que “este partido deve crescer eleitoralmente, para poder disputar a próxima eleição presidencial”.
Textualmente falou que um dos objetivos do PTB, “é crescer realmente visando 1988, quando poderá acontecer”. Enquanto Boeing que não tinha onde aterrissar, a candidatura do empresário poderá realmente, e não apenas "de zombaria", pousar em Brasília.
Ermírio alegou também "razões sentimentais" para filiar-se ao partido, desde que seu pai, José Ermírio de Moraes, foi eleito senador pelo PTB em 1962, e ocupou o cargo de ministro da Agricultura no governo João Goulart, de 1964 a 1967. Após "1964", filiou-se ao MDB posicionando-se contra a exportação de minérios (1967), e contra a rodovia transamazônica (1970). Delfim também gostaria de estar filiado ao PTB, mas terminou candidato a deputado pelo PDS: o bom filho sempre retoma a casa do pai.
Suplicy se pronunciou a propósito da filiação do empresário ao PTB, dizendo que essa opção estratégica justifica-se e está de acordo com a estratégia eleitoral do candidato. Essa estratégia “através da qual Ermírio está apostando no entusiasmo dos contingentes de eleitores que possuem um receio paranoico em relação a transformações sociais no País”.
Chegou, afinal, a hora e a vez do empresário começar a elogiar sub-reptícia e escancaradamente o prefeito Jânio Quadros: "Inscrevo-me hoje no PTB, ao início da grande caminhada que, na verdade, começou para o partido com a vitória de Jânio Quadros, em uma eleição que ficará na história da capital paulista".
Ermírio garantiu que as bases do PFL apoiam sua candidatura, mas há necessidade de algumas definições, para que a cúpula do partido aprove seu nome. Asseverou ter conversado com José Maria Marin, e dito ao presidente pefelista: "Precisamos partir para uma coalizão forte". Marin não abre mão do apoio à candidatura Maluf, nem para o maquinista do trem da alegria do PFL no Planalto.
Ermírio parece ignorar deliberadamente que a dobradinha feijão com arroz da política paulista, Marin/Maluf, é a traça e o gafanhoto da mesma praga política. Ermírio acreditou poder fazer frente a Maluf, e vir a ganhar o apoio do PFL. O dedo de Maluf seria acusado pelo empresário de estar gerindo e agitando tramoias contra sua candidatura ao que o deputado do PDS, em resposta à réplica do empresário, treplicou:
"Não há só o dedo não, são 19 anos de experiência política”. Foi o mesmo que dizer que, em política, ele não estava fazendo turismo não. Há duas décadas Maluf joga basquete vestindo a camiseta do clube PDS. E está dizendo que aprendeu a encestar com as duas mãos.
O ex-govemador/interventor (Maluf) comentou que as bases do PTB “não têm entusiasmo pela candidatura de Ermírio, e a consideram uma incongruência a filiação do empresário”. Ontem, 4 de maio, Quércia esteve no ginásio do Ibirapuera onde prestou homenagem a Ogum, deus nagô da guerra, orixá guerreiro. A data contou com a presença nas comemorações, de 38 mil tendas de umbanda registradas no Estado. Presente o presidente do Supremo Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo: João Batista Menezes Ladessa.
Quantos votos podem render trinta e oito mil tendas de umbanda? Mesmo sem contar as tendas, Quércia foi orar a Ogum. E prestar suas homenagens. Eleitorais.
Ermírio no PTB está mais confortável do que se estivesse em companhia da "inteligência" progressista dos parlamentares do PMDB. O PTB participou da trama governamental do regime militar, que mais de uma vez pisoteou firme os colhões da classe trabalhadora e média, impondo a estas, o famigerado arrocho salarial. Imposição intransigente da política econômica do Delfim, ministro plenipotenciário do Planejamento da ditadura golpista, por convicção ideológica.
A campanha eleitoral de Maluf está repleta de obras faraônicas, dentre as quais não foram mencionadas (por modéstia, é claro) a torre Eiffel, em Paris, a ponte sobre o rio São Francisco, nos EUA, o relógio Big-Ben em Londres, e o próprio oceano Atlântico. Antônio Ermírio apontou mais uma: a ideia da filiação de Delfim Neto no PTB teria o dedo maquiavélico do deputado Paulo Maluf, visando com isto prejudicá-lo eleitoralmente.
Comenta-se que o PMDB não pode errar tanto e prosseguir liderando a política em São Paulo. O partido dos cassados, das reformas em câmara lenta, e da luta pela redemocratização, está entregue às lutas entre grupos internos, fato que estaria a impedir um "tour de force" do partido, no sentido de afiançar a política das Reformas que motivaram o "slogan" MUDANÇAS JÁ! E em nome das quais a Nova República prometeu governar. "Mudanças Já" só se for de carro do ano.
Romão Sarney investe sempre em seus interesses pessoais. Os faz prevalecer em detrimento dos interesses do ideário do partido. O trabalho de militância do PMDB é apenas pressionar os poderes de maneira eficaz, no sentido de que a reforma agrária e o plano econômico do governo, não continuem sendo boicotados por empresários, criadores de gado e de caso, partidários ou não de Bakunin. "Governo é governo" como diria Fabiano, personagem central (depois da paisagem) de Graciliano Ramos, em "Vidas Secas".
O projeto político coletivo do partido deve prevalecer. Os projetos de projeções pessoais, feitos apenas para fantasiar os egos dos caciques do partido, é que estão se fazendo valer. Os caciques do partido esquecem de que, no PMDB, está faltando índio. Morubixabas estão sobrando. Os caciques são tantos que ficam batendo as cabeças umas nas outras nas convenções partidárias.
No mundo real das aldeias indígenas, os nativos comentam a ausência de políticas de preservação dos recursos naturais: “Somente após a última árvore ser cortada. Somente após o último rio ser envenenado. Somente após o último peixe ser pescado. Somente então o homem branco descobrirá que dinheiro não serve de alimento”.
JOSÉ MARIA MARIN, presidente da Executiva do PFL paulista, hoje um nome merecida e completamente esquecido, informou, ter realizado consultas às bases do partido, e que sessenta por cento das opiniões, são em favor de uma candidatura autêntica, própria, fisiológica.
Acredita ele que, se Jânio venceu a prefeitura só com carisma — (o dólar também é carismático) — agora seria mais fácil ainda, por ter o prefeito a máquina da prefeitura trabalhando em seu favor. Marin quer fazer justiça a seus posicionamentos partidários e ideológicos. Está se mobilizando no sentido de conseguir que Jânio seja o candidato do PFL ao governo. Para Marim o lema foi, é e será sempre: direita volver ontem, hoje e sempre. Com ou sem renúncia. É fanático da vassoura. As Bruxas de Avalon da política paulista, querem voar de qualquer jeito. Nem que seja no cabo da vassoura janista.
As pedras rolam para todos, e também para o PSB, que ainda não decidiu se vai apoiar Quércia ou Ermírio. Os militantes do PSB do interior, em sua grande maioria, preferem que o partido se associe à candidatura do empresário. O insigne articulador da campanha de Ermírio, o ex-ministro Roberto Gusmão, mantém a vã esperança, de que venha a acontecer um apoio ao candidato que defende (Ermírio), por parte do bloco progressista do PMDB. Seria instrutivo perguntar: "Oh Gusmão não sabes ler placa de contramão?".
Quarenta e cinco prefeitos que se dizem representar 275 prefeituras municipais, subscreveram um abaixo-assinado, através do qual reiteram um apoio total e irrestrito à candidatura Quércia ao governo do Estado de São Paulo. Quanto ao apoio do prefeito Jânio Quadros, há candidatos que não sabem, ao certo, se ajuda ou atrapalha. Se beneficia ou não as possibilidades do candidato, ou derruba de uma vez por todas a candidatura que merecer seu apoio. O apoio de Jânio é como urânio: Afaste-se dele.
Maluf faz serenata para Marin dizendo do presidente regional pefelista que “ele é um bom amigo, tem muita competência política e não há nada que indique que não possamos fazer uma coligação este ano”.
Ao PFL interessa muito a candidatura de Jânio ao governo, porque herdaria a prefeitura e todos os seus bolsões "fisiológicos" estariam fortalecidos com este feudo público da política de São Paulo. Ermírio, em pronunciamento popular emitiu a opinião de que o prefeito, ora licenciado de São Paulo, seria "um excelente presidente para o Brasil". Com a possibilidade de entregar outra vez o Planalto para outra desastrada gestão militar.
Em setembro de 1985 o empresário havia afirmado ter votado apenas uma vez para presidente, em Jânio, e que acompanhou o voto do povo, para depois de seis meses, ter-se decepcionado com a renúncia. Em política tudo é possível. Ser ou não ser Jânio Quadros, eis a questão, a grande e transcendental questão com que se debate o empresário Ermírio. No momento político atual Ermírio canta loas ao prefeito, que estariam melhores nas canções de Roberto Carlos. De quem é fã. Incondicional.
Jorge Rabelo, ex-presidente do Diretório do PT em São Roque, e outros quatro membros deste diretório, se filiaram ao PL. Rabelo alegou que a democracia do PT é de fantasia e de conveniência, e que o partido é democrático até o momento em que a (puta velha) democracia, passar a incomodar seus líderes. Não é preciso ser profeta para sustentar essa previsão. Que, com certeza, se confirmará. Assim que esse partido chegar ao Planalto.
Ele quis também dizer com isto que “não conseguiu sair candidato pelo PT por não ter apoio das bases para candidatar-se a deputado”. Osvaldo Noce, vereador petista de Sorocaba, apoiou as palavras de José Dirceu, acrescentando, a propósito da adesão de Rabelo, que seu trabalho fora apenas oportunista. Acusou-o de “nunca ter levado em frente à bandeira do PT”.
Na verdade Rebelo, segundo Dirceu “queria apenas um partido para poder se candidatar a deputado estadual”. Mais um que só quer tirar proveito da situação miserável do trabalhador brasileiro, que deveria ganhar, no mínimo Cz$ 4.500,00 de salário para poder fazer justiça a um padrão de consumo minimamente decente.
Hoje, o ministro provisório da Reforma Agrária, Nélson Ribeiro, compareceu ao sepultamento do corpo do padre Josino Moraes Tavares assassinado anteontem. Para dom José Gomes, bispo de Chapecó e presidente da Comissão Pastoral da Terra “o assassinato mostra a ineficiência governamental para fazer uma Reforma Agrária em um clima de tranquilidade”. Jânio, que na prática controla o PFL, apesar de não ser filiado ao partido, declarou em entrevista televisiva: "há possibilidade de preferir a mim mesmo".
A ideia de costurar os membros de uma criação fantasmagótica, sem identidade ideológica, a ideia absurda de "médicos monstros" do PMDB e do PFL, costurarem os membros da Aliança Frankenstein, está sendo cogitada entre interesses conflitantes dos dois partidos. Acredito que ninguém leva a sério.
O sonho da aliança democrática em São Paulo acabou. E acabou porque nunca existiu, segundo Ademar de Barros "não há município do Estado em que o PMDB não tenha sido adversário do PFL". (Quércia após eleito tentaria um acordo para ficar com maioria na Assembleia). As pressões das bases partidárias influíram de modo decisivo na questão.
Ademar: “recebemos torrentes de cartas, telegramas e telefonemas das bases, de vereadores e prefeitos contrários à coligação com o PMDB dos candidatos a vice-governador na chapa de Quércia. Os nomes mais cotados são José Gregori, José Serra e Almino Afonso”.
Paulo Egydio Martins aceita a indicação, desde que não tenha que disputar a convenção do PMDB que, adiada de 25 de maio, virá a acontecer no próximo mês de junho. Saulo Queiroz, secretário-geral do PFL, garantiu que “o eleitor do partido (PFL) pode fazer qualquer coisa no mundo, menos votar no PMDB”.
Gusmão define o perfil ideal do candidato a vice de Antônio Ermírio: "precisamos de alguém que não atrapalhe. Não podemos pôr, com Lawrence Olivier, uma atriz do rebolado". A deputada Bete Mendes, anteriormente indicada a vice de Quércia, ignorou a provocação.
Almoçaram ontem na casa do deputado Camargo do PFL, o empresário e Jânio Quadros. A presença das pessoas que compareceram ao evento, impediu que chegassem a um diálogo objetivo. Em meio a olheiros, espias e outras arapongas profissionais, a conversa de nada valeu.
Depois de ler nos jornais que o empresário Antônio Ermírio pretende solicitar a ele cinco nomes "honrados" para, entre eles, escolher o candidato a vice-governador na eventual coligação (que não houve) entre PTB-PFL, o prefeito Jânio Quadros teve um acesso de riso. Riu demais e nada disse. Nem precisava.
O riso fica por conta das várias motivações humorísticas subjacentes a uma tarefa hercúlea: se saísse em busca de cinco nomes "honrados", um deles para compor a chapa como vice do empresário, teria de abandonar a prefeitura e se dedicar apenas a esta tarefa. Ele e todos os seus secretários perderiam seu precioso tempo. Além de homens, honrados? Em que país eles existem?
No século IV a. C. Diógenes de Sínope, filósofo grego que vivia em Corinto dentro de um barril, empunhava uma lanterna à luz do sol alegando estar em busca de um homem honrado. Pelo visto a busca dele ainda não acabou. Alexandre "o Grande" ao encontrá-lo perguntou o que poderia fazer por ele. O filósofo em resposta disse: "Não me tire o que não pode me dar". A sombra de Alexandre impedia que a luminosidade do sol chegasse até ele, e o conquistador teve de se deslocar alguns passos para permitir que a luz do sol pudesse banhá-lo. Seus oficiais posteriormente zombaram do filósofo, mas ouviram dele: "Se eu não fosse Alexandre gostaria de ser Diógenes".
MALUF, POR SUA VEZ, evocou as vantagens que PDS/PFL poderiam usufruir da soma do espaço da propaganda gratuita dos dois partidos através do rádio e da televisão. Disse ainda que estava à vontade junto aos membros pefelistas. Todos com a mesma origem partidária: o PDS. Partido Das Sinecuras. Heranças da ditadura.
As afinidades eletivas entre eles seriam as condições excepcionais para a campanha e a coligação partidária. Em Brasília, o presidente nacional do PFL condenou a reunião de Maluf com a Executiva Estadual paulista. Guilherme Palmeira disse que o partido não pode aceitar uma aliança com o deputado, desde que, "foi para afastar-nos dele que criamos a Frente Liberal, será que já se esqueceram disso?" Com certeza, presidente, como anjos, políticos também não têm memória.
Marin reagiu dizendo que não havia motivos para as declarações de Palmeira, não havendo por isso razão para qualquer resposta. Acrescentou ter nascido numa cidade cuja bandeira tem por lema "Non Ducor Duco" (“Não sou conduzido, conduzo”), que ele não deixaria de honrar por toda vida. Esqueceu momentaneamente da coleira curta em que Maluf o mantém aprisionado. Conduzido.
Marin respondeu desta forma também ao ministro Jorge Bornhausen, que acredita poder expulsar o atual presidente do PFL paulista, José Maria Marin, por desrespeito à diretriz majoritária do partido que é, segundo disse, o apoio à candidatura de Antônio Ermírio de Moraes, após coligação com o PTB. O líder pefelista no Senado, Carlos Chiarelli, não fora menos taxativo em sua declaração:
"A direção nacional do partido não conviverá com a medida inaceitável de apoiar Paulo Maluf ao governo de São Paulo. Quem quiser ficar com Maluf que não tente usar a sigla (PFL), pois será reprimido". Disse ainda que, primeiro aguardará o delito, para depois aplicar as punições cabíveis.
Todas estas ingerências no âmbito da influência proveniente do Planalto contra Maluf, em favor do empresário Antonio Ermírio, eram apenas simulações, fogo de palha, chama que logo apagou. Marin ficou com Maluf, o PFL coligou mesmo com o PDS. Isto é que é política. Quem tem estômago vá em frente nesta leitura: ler sobre política, assim como fazê-la, é aconselhável, em primeiro lugar, extirpar o estômago. Ou exercitar uma homérica disposição para vômito.
Jânio, referindo-se a conversa com Antônio Ermírio, elogiou o empresário. O virtual candidato petebista seria, segundo sua avaliação pessoal, um homem autêntico, não um político profissional, “ele tem aspectos de ingenuidade, de pureza e de simplicidade que são comovedores”. Ermírio em resposta reagiu dizendo “graças a Deus ele (Jânio), me chama de ingênuo. Imaginem se eu fosse um político desses profissionais que normalmente são fisiológicos”.
Ermírio criticou a administração Montoro, porém se recusou a criticar a administração municipal, dizendo ser preciso dar um pouco mais de tempo, para quantificar o que realmente o prefeito vem fazendo. "Esta fase é dificílima". Ainda sobre o apoio do prefeito, disse que “nenhum político pode recusar apoio de Jânio Quadros”. Nenhum político e nenhum militar.
O ministro das Minas e Energia, Aureliano Chaves, pronunciou-se em favor da candidatura do empresário e disse: "se depender de uma palavra minha, eu a darei na direção da candidatura Antônio de Moraes". José Maria Marin invocou a independência e a "dignidade" do PFL de São Paulo, e afirmou: “exclusivamente a convenção regional livre, democrática e soberana, poderá definir os rumos do partido”.
O deputado Álvaro Fraga correligionário da sigla de Marin e membro da Executiva pefelista, declarou-se pró-Maluf ao dizer que o PFL unido, irá à convenção coligado com quem a maioria dos delegados do partido livremente decidir. Ora, se os delegados do PFL "livremente" estão decididos em favor do candidato do PDS, então, a coligação não deverá acontecer fora do âmbito de influência dessas duas siglas. PDS, o partido da ex-ditadura militar e o PFL, o partido dos que se ausentaram do PDS para se reunirem numa sigla que só mudou de nome.
Ermírio comentou que a Paulipetro, empresa criada pelo candidato Paulo Maluf para exploração de petróleo, não serviu nem para prospecção de gás natural. Alegou que a única maneira de tirar gás, e não petróleo, da Paulipetro, era “passar uma sonda no senhor Paulo Maluf”. Segundo o empresário, “a empresa foi um desaforo aos homens de inteligência e, antes de mais nada, um golpe desferido contra São Paulo”. Bilhões escorreram pelo ralo de uma prospecção de petróleo que existia apenas para fazer jorrar dinheiro alto nas contas bancárias da gang de Paulus Paulipetrus.
Maluf não gostou, e retrucou que Ermírio fora extremamente grosseiro, faltando ao empresário um mínimo de compostura. Prosseguiu dizendo: “a campanha deve ser de alto nível, discutindo propostas, e não promovendo ataques pessoais, que isto é uma falta de respeito ao leitor do jornal, pois chega a ser ataque pornográfico, que só pode ser justificado, como sendo uma atitude de desespero face ao reconhecimento da derrota da candidatura do empresário”.
VISANDO FAZER FRENTE aos recursos milionários dos candidatos do PDS e do PTB, o PMDB foi à luta pedir dinheiro, através de duas "cartas-circulares" dirigidas aos funcionários públicos de empresas estatais e autarquias, que exercem cargos de confiança. Estes deveriam contribuir com Cz$ 500,00 mensais.
Contribuições menores de duzentos cruzados por mês foram sugeridas a superintendentes de estatais, conselheiros, coordenadores e assistentes de autarquias. A segunda carta esclarece que as contribuições devem ser enviadas em nome da "Comissão de Finanças" na sede regional do partido, ou depositadas no Banespa. O tesoureiro do partido, Waldemar Chubaci disse que a contribuição "não é obrigatória. O expediente utilizado é bem melhor do que achacar empresas e fornecedores do governo, como é de hábito outros partidos promoverem”.
É do conhecimento de gregos e troianos, de índios e franciscanos, de petistas e malufistas, que 80% da "massa crítica" brasileira não sabe o que é Constituinte. Isto porque desconhecem seus direitos constitucionais. E estão sempre à sombra da sociedade rica e bem informada. Cidadania para a “massa crítica” é palavrão indecifrável. E os políticos candidatos constituintes não estão nem aí.
Do ponto de vista social, cultural e econômico, a “massa crítica” é composta de sombras. Que não saem do fundo da “Caverna de Platão”. E o papel de sombras é a permanência na penumbra até tomar gosto por ela. A "massa crítica" mal informada (mal alimentada, sem educação funcional), carente de conhecimento político e de participação social, não possui raciocínio próprio. E gosta de ser enganada. Daí a condição aviltante de uma sociedade com códigos jurídicos obsoletos.
O atual código penal caduco, desde 1940 favorece em todas as instâncias jurídicas a impunidade de todo tipo de criminosos, inclusive os do colarinho branco. Uma sociedade que aceita uma jurisprudência sempre pró-réu. Uma legislação pró-réu. Uma educação para a marginalidade, o tráfico e a prostituição.
A “massa crítica” vota por automatismo também chamado “dever cívico”. Sabendo que os políticos em nada vão melhorar a condição social aviltante da (falta de) qualidade mínima da educação de seus filhos. Sabem que a insegurança, o medo e a violência nas ruas, praças e avenidas vão continuar sendo a marca registrada da sociedade à mercê das máfias dedicadas à marginalização de parcelas cada dia maiores dessa sociedade órfã de tudo. De todos os seus direitos constitucionais. E da ideia de cidadania. Os políticos que deveriam pelo menos dizer a seus eleitores que Constituinte não é xarope. Calam. E consentem.
A atual eleição parlamentar (novembro de 1986) era para ser uma eleição Constituinte, uma Assembleia de representação constitucional dos interesses do eleitor brasileiro. Com representantes eleitos com a finalidade de elaborar a nova Constituição enquanto, ao mesmo tempo, deputados federais e senadores acumulariam também a função de congressistas. Isto no papel. Porque nem nos discursos os candidatos a parlamentares lembraram ao povo eleitor (à “massa crítica”) que deveria se manifestar em proveito de seus supostos direitos constitucionais.
Neste clima eleitoral camaleônico, todos os políticos, das velhas raposas às raposas turistas, esses parlamentares congressistas, exerceram seus direitos de candidatos ilusionistas. Há a disponibilidade dos eleitores habitantes das classes marginalizadas, sempre dispostos a ouvir promessas e discursos das classes dirigentes, que nunca se mostraram aptas a cumprir sua parte no pacto social.
A classe econômica representada pelas oligarquias estaduais, sob o patrocínio da Nova República de Romão Sarney, tende a bater todos os recordes de abuso do poder, a começar pelo custo exorbitante do dinheiro para as operações de crédito direto ao consumidor. Banqueiros e empresários à Bakunin não faltam neste berço esplêndido. A Praça dos Três Poderes em breve se transformou num feudo da oligarquia de Romão Sarney. O imperador do maranhão virou imperador do Palácio do Planalto.
Quinta-feira, 22 de maio: o ministro da Aeronáutica, Octávio Júlio Moreira Lima, informou em Brasília, que 21 Objetos Voadores Não Identificados (OVNIS) sobrevoaram a Grande São Paulo na região de São José dos Campos, a 97 km a nordeste da Capital de São Paulo. Os OVNIS saturaram o sistema de radar e interromperam o tráfico aéreo na área. Os objetos tinham as cores verde, vermelha e branca.
Os UFOs foram vistos também no Rio de Janeiro entre, 21 horas e 0h10m da terça-feira, por três caças F-5 e três aviões Mirage. Os OVNIS, segundo narração de um dos pilotos de caça F-5, se deslocavam a uma velocidade entre 250 e 1.500 quilômetros por hora. A tecnologia das aeronaves terrestres não registrou com precisão as manobras das naves alienígenas. Desloquemos nossa atenção da presença de naves alienígenas no céu de brigadeiro dos políticos para os OVNIs da política de São Paulo.
O empresário Ermírio está melhorando seu desempenho político e, para mostrar que já sabe negociar nesta bolsa de valores, acena uma negociação com o prefeito Jânio Quadros, dono do partido chamado PFL, que pela 2ª vez, deve ter-se divertido com mais um ataque de riso. Eis a proposta do bom patrão da Votorantim ao prefeito: