Foto original da reportagem.
André Shalders/Esp.CB/D.A Press.


Aos 53 anos, o escritor e cobrador de ônibus José Aprígio se inspira no cotidiano do transporte coletivo para fazer poesias. Na internet, os textos dele contabilizam 116 mil visualizações.
 
O poeta
Atrás da
Catraca
 
        O transporte coletivo faz parte da vida diária de milhões de brasilienses. Com tanta gente indo e vindo, não é de se espantar que o cotidiano dentro dos ônibus seja a principal fonte inspiração para o escritor e cobrador da TCB José Aprígio, de 53 anos. É o caso, por exemplo, do Soneto da Mulher de Salto Alto, que ele escreveu em julho de 2011, sobre uma beldade que subiu no frescão na parada em frente ao Palácio do Buriti. “Ela cruzou a faixa, fez da faixa a sua passarela”, começa o soneto “Desceu na parada seguinte, fiquei hirto na dela/ o seu perfume ficou no ar, nos eixos do planalto/Meu velho coração deu mais de mil sobressaltos/Seu corpo violão, eu vi pela última vez pela janela”, diz a segunda estrofe.
        Aprígio voltaria a ver a musa, na mesma linha da TCB, meses mais tarde “Eu disse para ela quer havia feito o soneto e publicado na internet. Nesse dia, tive até um pouco de medo, porque ela estava acompanhada de um cara musculoso, mas eles levaram numa boa”, lembra. A musa inspiradora achou o poema de Aprígio e comentou: “Amei, obrigado”. Identificou-se como Gláucia e disse que trabalhava na Procuradoria Geral do DF.
     O ambiente de trabalho de Aprígio já está adequado ao ofício paralelo, com vários manuscritos guardados na gaveta de cobrador. A mesa também acaba servindo como suporte para anotar as ideias que vão surgindo ao longo das viagens. “Como o ônibus treme um pouco, eu transcrevo tudo para o computador logo que chego em casa. mesmo assim, de vez em quando tenho que me esforçar para lembrar”, explica ele.
Alagoano, Aprígio chegou a Brasília com apenas um mês. ”Nasci em Maceió, em novembro de 1959. Em dezembro vim para cá num pau de arara, com minha mãe”, conta. A primeira residência em Brasília foi no Núcleo Bandeirante, na época chamado de Cidade Livre. Aos doze anos, mudou-se com a família para Ceilândia, onde vive até hoje, foi também em Ceilândia que Aprígio tomou gosto pela escrita. “Eu estudava no Centro de Ensino 05, de Ceilândia. Foi lá que comecei a escrever com regularidade”, recorda-se. “Havia um professor chamado Zé Maria, de português, que me incentivava bastante. Eu escrevia, mostrava para ele, ele fazia as correções.”
 
Textos
Ganham
a rede
 
 
   Até 2007, a produção de Aprígio ficava registrada em papel. Neste ano, porém, ele criou um perfil no site Recanto das Letras, onde está publicada a maioria dos seus textos. “Esse intercambio com outros escritores é positivo para mim. É muito bom ver como os outros escrevem, e ter os meus trabalhos comentados por outras pessoas”, observa. As estáticas de Aprígio no Recanto das Letras são impressionantes: são 1.315 textos até agora, contabilizando mais de 116 mil visualizações.
  O papel, hoje, restringe-se as ocasiões especiais. “Em algumas datas comemorativas, como o Dia das Mães ou o Dia da Mulher, costumo criar sonetos ou acrósticos e imprimir em papel, para distribuir durante o dia aos passageiros do ‘frescão’”, afirma. Outra proeza de Aprígio foi documentar em acrósticos, todo o quadro de funcionários da TCB entre novembro de 2011 e outubro de 2012 Foram 360 acrósticos com os nomes das pessoas. Fiz  uma média de trinta por mês, desde o faxineiro até o presidente”, Orgulha-se. Os poemas foram impressos e distribuídos aos colegas. Aprígio é funcionário veterano da empresa pública. Em abril, completa 25 anos de casa.
      O acróstico é, provavelmente, a forma de escrita preferida de Aprígio. Um acróstico  é um poema no qual as primeiras letras de cada verso são escolhidas para formar um nome ou uma frase dos textos de Aprígio no Recanto das Letras, quase a metade nesse formato, que exige criatividade para “encaixar” as rimas com as letras necessárias. Com alguns poemas publicados em coletâneas, o próximo objetivo do escritor é publicar um livro de sonetos, mas o plano esbarra na falta de verbas. “Se alguém que estiver lendo quiser me financiar, publico até amanhã. Material pronto eu tenho”, avisa.
      Com a aposentadoria se aproximando, Aprígio já vai pensando em formas alternativas de divulgar seu trabalho. “Não adianta nada fazer um livro bonitinho, com o custo de R$15, se as pessoas passam dificuldades financeiras. O que eu penso é fazer e imprimir livretos baratinhos, de R$2, declamar e vender nos ônibus”, planeja.
 
          Fonte:

Aqui/DF do dia 10 de março de 2013 – nº 2.555 - página 11 – Lazer & Cia.

 
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           Agradecimentos:

 
       Deixo aqui, os meus sinceros agradecimentos a toda equipe do Jornal AQUI/DF, na vida eu aprendi que ninguém não faz nada sozinho, a vida é uma eterna parceria. Valeu por me ajudar a levar a minha poesia por todo o Distrito Federal e Cidades do Entorno. Um abraço especial no (Jornalista/Repórter) que fez esta reportagem comigo, André Shalders.

     Por e-mail
 
     Caro José,
 
     Nós é que agradecemos e desejamos a melhor sorte para você. Personagens como você fazem nosso jornal ser o mais vendido nas bancas do Distrito Federal.
 
Abraços,
Leonardo Meireles
Editor - Jornal Aqui DF
 
 
José Aprígio da Silva.
“Lorde dos Acrósticos”
Stenius Porto.
Ceilândia/DF.
Terça-feira, 12 de março de 2013 – 08h35.
AQUI/DF "REPORTAGEM"
Enviado por JOSÉ APRÍGIO DA SILVA em 12/03/2013
Reeditado em 13/06/2013
Código do texto: T4184138
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