TER, SER, ou PARECER COM...

SER, TER, OU PARECER COM

Doutor Márcio: Ouvi sua entrevista na TV Opinião, mas sobraram-me algumas dúvidas diante de tanto assunto. Como achei muito importante o tema, anotei as perguntas feitas e resolvi lhe pedir para esclarecê-las e acrescentei outras. Obrigado se me der chance de ter as respostas. Carlos L. D.

Carlos vou respondê-las com muito prazer, pois são de utilidade pública.

1) Como você vê a participação da sociedade no nosso dia a dia?

R) Creio que as pessoas vivem trancadas em sua existência, procurando camuflar seu sistema de vida. Diria que elas estão existindo para fazer o “book”, tentando sair do seu “tubo”.

2) Querer facilita o poder?

R) Sim, bastando não ter medo, pois o medo tem sido o maior freio que as pessoas criam, assustadas com a possibilidade de errar, esquecendo que todos erram e que o erro é o começo do acerto, bastando prosseguir para achar o fim de forma gratificante.

3) Como conseguir uma visão pessoal mais próxima à realidade?

R) Deixando de ter medo, vendo como a vida pode nos fazer felizes, olharmos para dentro de nós e conseguirmos, sem fugas, nos encontrarmos conosco, aperfeiçoando e criando novos caminhos sadios.

4) Como encontrar indivíduos perfeitos ou mais próximos da perfeição?

R) Minha prática médica ensinou-me que só sei que falta muito a apreender e que tomara o desenvolvimento das ideias nunca pare, pois as dúvidas existem, com o raciocínio não completo, e dúvidas novas são desafios maravilhosos para nós.

5) Você me falou em “Samambaias” e “Palmeiras Imperiais” como forma de apelidar as pessoas conforme sua personalidade.

Pode explicar isso?

R) Os “Samambaias” são observadores e normalmente têm muitas soluções, mas não as expõem por medo de não saberem alguma resposta, ou não serem compreendidos, ou ainda serem julgados como ‘palpiteiros’. Os “Palmeiras Imperiais”, ao contrário, não temem dar palpites, muitos deles sem uma base lógica.

6) Falou também em “Esponjas”. Como eles são?

R) Os “Esponjas” costumam pertencer à classificação dos “Palmeiras”, roubam as ideias comentadas pelos “Samambaias” e saem divulgando como se fossem suas. Seus funcionários são sempre subjugados e suas ideias usurpadas pelos “Sabonjas”, nome que atribuo aos usurpadores de boas ideias, que quase sempre são supervalorizados, pois não revelam de quem partiu o pensamento. São dominadores e usam um rompante insuportável, intrometendo-se em qualquer conversa para se exibirem, fingirem inteligência, segurança sobre o que pensam e falam.

7) Como a Escola, a Empresa e a Família deveriam ajudar a construir personalidades melhores?

A Escola não deve criar alunos calados para evitar a indisciplina, mas mostrando como a indisciplina fere a percepção do conhecimento divulgado e como este pensamento deve ser explorado, estendido.

Na Empresa o relacionamento deve ser amigável, aberto e administrado com o pensamento mais amplo possível, esclarecendo dúvidas.

Na Família as ideias educativas não devem ser limitadoras ou castradoras, mas colocado o valor real das normas, com os porquês bem esclarecidos. Nada de controles absurdos, limitando os filhos sem um amplo entendimento das causas e quais possíveis consequências podem surgir dos assuntos discutidos.

Pai e Mãe devem ser amigos, procurando dentro de si meios para tornar o diálogo aberto, sem discussões, mas com uma lógica perceptível e fácil de ser assimilada.

8) O que vem a ser a expressão que você cita em alguns trabalhos seus “Otimizar Revoluindo”?

R) Otimizar é um conceito antigo, onde pretende-se tornar satisfatória e crescente a evolução do indivíduo ou de uma empresa. Contudo, este processo pode se tornar um sonho frustrado, se as partes não perceberem falhas constantes, muitas vezes sequer lembradas em qualquer processo realizado. Nas empresas aconselhamos fazerem atas de todas as reuniões, por mais singelas que sejam, anotando os sucessos e as falhas surgidas.

Isto nos faz lembrar um personagem de histórias em quadrinhos, “O Fantasma”, tido como imortal, mas que escrevia em um caderno cada passagem de sua vida de forma que um seu filho ao tomar seu lugar, agindo contra o crime, não só tinha ajuda para solucionar casos semelhantes aos enfrentados por seus antepassados, como também parecia aos criminosos e às tribos indígenas com as quais convivia que era imortal e fora ele quem fizera o mesmo no passado.

Certo dia vi meu filho escrevendo uma palavra criada pelo cantor Vandré, que ele empregou em uma carta e que era “revoluir”, mas sem dar o sentido da palavra. Passei a usá-la com outra grafia “revoluindo”, que sintetiza a observação das falhas percebidas e passíveis de acontecerem, tornando a “Otimização/Revoluindo” com menores chances de erro.

9) Para finalizar: O erro é muito prejudicial ao indivíduo?

R) Dizem as Escrituras que houve um homem perfeito, chamado Jesus. Fora Ele podemos dizer que existem maiores ou menores cometedores de erros.

Pessoalmente eu compreendi que se fizermos algo sem medo, pouco importa o número de erros que iremos cometer, buscando o acerto, desde que estejamos cientes deles. Mais cedo ou mais tarde o acerto virá, com imensa alegria. Assim, creio que não precisamos temer o erro ocasional ou impensado, só o intencional, pois creio que o erro é o começo do acerto.

Ademais só diz que não erra quem nunca tenta fazer nada.

Outro aspecto: por vezes fazemos acertos repentinos a um problema; o que se passa? Cinco a dez minutos depois já nem mais nos lembramos de o termos solucionado.

10) Aproveito, por minha iniciativa, para completar com algumas outras questões sobre a população, uma vez que abordamos o básico.

Qual o maior problema psíquico que enfrenta a população no mundo?

R) A insegurança, levando as pessoas à ansiedade e ao estresse. Recentemente o Brasil foi apontado como primeiro País do mundo em estresse, que pode gerar muitos sintomas, mas a medicina está temerosa e acredita na possibilidade de que até em 2014 a depressão será o transtorno mais comum, ultrapassando as doenças cardiovasculares. Isso porque a administração pública, em sua maioria, não se importa com a necessidade real de ajudar a população a viver satisfatoriamente, conforme seu poder de crescer.

11) O que pesa tanto para chegarmos a essa tragédia?

R) As pessoas pensam que a melhor forma de vida é ser inocente, simples, sem muitas pretensões vitais. Aprendem ao nascer que o primeiro prazer que adquirem na vida é o de mamar (alimentação como prazer). Assim percebe-se que ao ter de enfrentar problemas difíceis a população prefere ignorá-los e, para sua recompensa, dispõe-se a comer, levando a um índice crescente de obesos, muitos com excesso de peso e consequentemente deprimidos, cujo principal sintoma é a insônia, com crises de angústia e autoimagem distorcida.

12) O que se passa com as empresas fornecedoras de bens e produtos em geral?

R) As TVs e a imprensa escrita nos mostram como estamos sendo enganados com alimentos inadequados, com artigos mal elaborados, frágeis, bastante sensíveis às adversidades naturais, produtos com propagandas que os elevam a um patamar que não estão capazes de atingir o esperado. Isso sem falar nos combustíveis adulterados, leites em caixas com menos quantia que a anunciada, relógios de pilhas vagabundas, de pouca duração, que se rompem e danificam o maquinário, bananas contaminadas com produtos que as deixam estragadas em quatro a cinco dias e tantas outras sabotagens. Em suma: as empresas estão camuflando a qualidade de seus produtos, a agricultura usa de pesticidas que nos fazem mal, a qualidade dos serviços telefônicos e principalmente os celulares estão comprometi dos.

Enfim, o TER a qualquer custo vai levar seus produtores, ao chegar o momento final de suas vidas, a uma visão de como foram incapazes de construir um mundo adequado e como a riqueza não foi suficiente para impedir que vivessem sem a consciência de seu erro, fazendo alguns, não totalmente sem autocrítica, se odiarem ao final de seu tempo.

Pensemos numa verdade, que nunca vou parar de repetir: “Nascemos para ser felizes e fazer outros também felizes”. TEMOS QUE NOS ENCONTRAR, se quisermos ser autênticos e felizes.

Dr. Márcio Funghi de Salles Barbosa

E-mail: fale@drmarcioconsigo.com