Juan Martín 
                                          
(Espanha)

                               (saiu do Recanto) 

 
15/11/2012
     Este poema merece um comentário sério. Não sei fazê-lo.
Para o texto: Espaços Fechados
 
 
 
 
15/11/2012
     O texto lembra (ou melhor, recupera) o melhor de Luís de Camões, em seus breves poemas de circunstância (e eternidade). E o lembram tanto na forma (palavras e expressões corriqueiras, cotidianas) quanto no conteúdo (a força arrasadora das palavras conquistando nossos castelos sem defesas, felizes pela invasão). 
     Camões, homem do Renascimento, cantou a amada, a amizade, os sofrimentos (coitas d'amor), os gestos másculos do povo português; Juan Martín, homem do século XXI (Modernismo), delira em versos e produz uma literatura comportada, do seu tempo, mas não menos fascinante. 
     Abundam em "Poesia Bilíngue" termos tão simples quão eficazes, como pedras, saudade, asas, luar, olhos, sol e vento. 
     Entretanto, alerto que o escritor  emprega usualmente esse vocabulário, desprovido de maior erudição; vocabulário que, embora sugestivo e atraente, corre o risco de empobrecer, pelo uso frequente, os seus escritos.
Para o texto: Poesia Bilingue
 
 
 
 
14/11/2012
     Note-se que o poeta administra, aí, temas fugazes: manhãs, insetos, asas, ilusões, corações, tardes de abril... 
     Implícitos, invisíveis porém "presentes", veem-se sonhos, voos, encontros inusitados, tentativas de diálogo, comparações, corações sentindo... É a matéria grandiloquente, amoldada passo a passo, verso a verso, transformando-se em sólidas metáforas, adquirindo luzes, sons e consciência, ou melhor, onisciência lírica.
Para o texto: Mariposa que vuela
 
 
 
 
14/11/2012
     Percebem-se inúmeros contrassensos, contradições do personagem: almeja ele ser feliz, porém semeando a desgraça, a morte, a discórdia e a destruição da Natureza. E, como todo ser que reflete, que filosofa, que imagina, ele pressente situações e presságios fúnebres, imutáveis, intangíveis - e faz desses presságios certezas trágicas, "fatos" (fados) inquestionáveis, solidões absolutas. Perverso, pratica o mal - mas, egoísta, sonha com o bem-estar. 
     Em suma: não vive plenamente, desmerecendo assim a colossal dignidade a que tem direito; perplexo diante do próprio holocausto imaginário, recusa adotar uma filosofia de vida sadia e limpa. 
     Neste texto, o escritor Juan Martín confirma o destino do gênero humano: o fim sem glória ou felicidade. Para breve.
Para o texto: El Ser Humano
 
 
 
 
14/11/2012
     Eis um momento agarrado de surpresa pelo escritor, que nele faz um balanço da vida, confirmando-a positivamente. E ele descreve suas impressões sobre a maturidade, onde e quando importa muito mais ser do que ter, contemplar (admirando) do que criticar ou ambicionar (invejando). 
     Nessa fase, chega-se a um limite, um termo, uma dicotomia. E a existência muda de significação, ganhando um alcance dourado, uma dimensão inesperada, adquirindo uma parcela de sabedoria e compreensão superior das coisas. O texto se refere a fim, a solidariedade, perfumes, ventos, natureza, otimismo e, sobretudo, uma visão moderna das coisas, das relações, das possibilidades.
Para o texto: La Esperanza
 
 
 
 
14/11/2012
     Simbolicamente, este conto narra a aventura que é viver. Os fatos se sucedendo, o diálogo, as intenções e os gestos, tudo demonstra a prática do dia-a-dia. Só que o autor conseguiu, através de seu vocabulário bem elaborado e diminuto, passar a necessária emoção.
Para o texto: El Anciano
 
 
 
 
12/11/2012
     Não se trata de um conto, mas de um fragmento de texto, inspirado, contendo impressões de um minuto da sua vida.
Para o texto: Luz eterna
 
 
 
 
17/10/2012 
     Essa estação se traduz como a nossa sensatez, nossa ponderação, nosso medir e pesar as coisas antes de agir - e às vezes nem agir. É mais cômodo e seguro permanecermos na retaguarda, atrás das tropas vitoriosas, do que avançarmos e nos arriscarmos. Avaliamos a situação e hesitamos: "Melhor esperar..."
Para o texto: Miedo a partir


 

 
23/09/2012
           Hubo un tiempo…
hubo um tiempo encantado;
no como el de hoy
donde el cielo se ve nublado de añorança.
 
hubo un tiempo de luz
em que los dias pasavan tan leves como
una pluma al viento.
 
hubo um tiempo em que no era necesario rememorar
y em el que no existia um passado
al que regresar.
 
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       Este poema entra na alma sem pedir licença e ali se instala, soberano. Como a desesperança, a nostalgia, o desassossego dos dias - mas também como a sinfonia das horas que rememoramos com gratidão, com reverência, em silêncio.
Para o texto: Hubo un tiempo...


  
 
19/09/2012
 
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     Sua literatura evidencia seu pessimismo, sua amarga filosofia de vida, sem ilusões ou alegrias. Você apenas vive, ou melhor: sobrevive a sentimentos e razões. Seria uma lástima lamentável se não fossem seus contundentes versos. 
     Entretanto, amenizam seu desencanto as referências à Natureza - sol, lua, ventos, águas, céus... - e as alusões aos seres perdidos de paixões urrantes e amores cantantes. Sua lírica nos seduz e atrai.
     Sonho e poder. Enchente bem-vinda.
Para o texto: Qué me importan a mí los grandes ríos...


 
 
19/09/2012
              El canto
         Sin duda el canto
         es algo tan necessário
         como el agua.
         El alma fluye
         entre sus notas.
 
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       Seu poema - achado súbito. Clarão loquaz. Descoberta das ricas gentilezas do espírito. Reconhecimento puro e simples da essência lírica ancestral.
Para o texto: El canto

 
 
 
19/09/2012
           Carta Perfumada
        Hace tiempo recibí
        una carta perfumada.

       Tal vez quien la escribió...
       me amaba.
 
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       Pode ser que te ame... Siga o conselho da Denise Severgnini (mais abaixo): procure a remetente! Quem sabe?
Para o texto: Carta perfumada


  
 
19/09/2012
Yo no quiero que tu mueras de ausência
Yo no quiero que tú mueras de ausencia;
prefiero que vivas por entre las sombras
que ocultan, calladas, las noches de niebla.

Yo no quiero que tú mueras de ausencia,
prefiero que vivas entre los jazmines
que exhalan fragancias de raro perfume.

Yo no quiero que tú mueras de ausencia,
prefiero que acune tu cuerpo de junco
la brisa que sopla, la brisa del tiempo,

prefiero que vivas como luz de luna,
que besa violetas, que besa jazmines,
que pena de día, que de noche vuelve.
 
                           *********
 
       Nós humanos não sabemos bem para que servem a noite e suas sombras, o tempo, o passado, o presente, o futuro, os jasmins e as violetas, a dolência e a epifania: apropriamo-nos dos conceitos que eles expressam, e os transformamos em nossos sentimentos, em uma música cá dentro... 
     Esse seu poema, porque bem escrito, tem o dom de tornar claro, inquestionável, evidente tudo isto, de uma forma grata e irrecusável.
Para o texto: Yo no quiero que tú mueras de ausencia


  
 
19/09/2012
              A Estaçãozinha
     Por vezes relembro
     aquela estaçãozinha.

     Eu ficava tanto tempo lá,
     vendo os trens passarem...

     Uns, brilhantes e rápidos,
     altivos e belos.
     Outros lentos, intermináveis.

     Levavam gado,
     levavam mercadorias.
     Levavam tanta coisa...

     Havia os que também paravam
     na pequena estação
     e lá se demoravam
     para que pudéssemos vê-los,
     e até subir neles.

     Às vezes, penso que as pessoas
     são como aqueles trens da minha infância:
     eles andavam pelos seus trilhos
     e nós andamos pelo nosso destino.

     Uns rápidos, outros lentos,
     outros até paravam na estação.
     Mas, afinal, todos passavam.

     Mas, afinal...
     apenas fica a saudade
     daqueles que outrora amamos
     na nossa efêmera existência. 
            (Revisión: Lucia Constantino)

                            *********
                
       Todas as estações. Todos os trens. Todas as infâncias. Quando pequeno, numa cidadezinha do interior de outro Estado, também contava vagões, acompanhado de um ou outro colega. Era divertido. Crescemos e agora é só mágico. Passado, eterno presente...
Para o texto: A estaçãozinha  


 
 
19/09/2012
        Metafísicas, para qué?
        ¿Metafísicas, para qué?,
        si la vida es sueño.

        ¿Ilusiones, para qué?,
        si el sueño acaba.

        No,
        no es éste el día prometido
        y tampoco la hora cierta.
 
                            *********

       Poema pequeno e exclamante. Metafísico. Na verdade, filosófico, dialético, no sentido de que questiona as coisas construtivamente. Devaneio. Ensaio.
Para o texto: ?Metafísicas, para qué? 
 
 
 
 
19/09/2012 
      Corre uma brisa nocturna
    corre una brisa nocturna
    de ilusiones rotas

    frío viento que mece jirones de sueños

    viento frío que las olas desbarata

    de ilusiones rotas
    corre una brisa nocturna
 
                              *********

       Inspirada brisa, transporta corações. Penetra almas. Sentimento sonoro.
Para o texto: Corre una brisa nocturna 


 
 
19/09/2012
 
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     Simples e gratificante, um trabalho sensível e musical. Agradará a todos, sem dúvida. Muito capricho!
Para o texto: Qué bueno sería / Que bom seria 
                                    (e-livro)
 
 
 
 
19/09/2012
 
                             *********

       Lembranças de infância, quem não as tem? - Seu texto mostra como todos nós nos assemelhamos, quando rememoramos as peraltices e as boas ações praticadas nesse tempo verde da adolescência. Bom!
Para o texto: Carta de memorias 
                             (carta)
 
 
 
 
19/09/2012
 
                              *********

       Boa, essa alegoria do Planeta do Amor. Viva a nave maior dos sonhos!
Para o texto: Viaje al planeta del amor 
                                 
 
 
 
19/09/2012
A Federico García Lorca
-19 de agosto de 1936-

Hace 70 años que nos dejó el poeta.

Dejó el vacío de su ausencia física.

Quedaron las misérias
de las guerras y de los crímenes.

Pero su voz no murió,
su voz se yergue infinita.

Por entre estallas nocturnas
y lunas
y mundos
y sueños...
 
                               *********
  
       Generalíssimo Francisco Franco, ditador caviloso, autor de mil ordens malditas que redundaram em tantos fuzilamentos de gente inocente - a justiça foi finalmente feita: você hoje habita o mais inaudito Inferno!
       Você, Franco, mero mandante absurdo, deu ordens para matar artistas, revolucionários, escritores, intelectuais, entre eles o Federico. Prepotente. Canalha. Patife. Infeliz. Zumbi. Mácula animal.
       Vivam as forças regulares da nossa querida Espanha, vivam as Forças Armadas Espanholas, vivam os bons homens e mulheres que compõem as fileiras dessa honrada legião de militares.
       Digno escritor Juan Martín: este seu poema é na verdade uma viagem mágica, um céu lírico, evocando a memória de heróis como Federico García Lorca (que preciso ler mais!)
Para o texto: A Federico García Lorca 

 
 
 
26/08/2012
                   O mais belo poema
     Meus olhos não são meus olhos
     meus braços não são meus braços,
     meu rosto mudou e o espelho não mente.
 
     O vento passa,
     esse que vai levando
     o que era meu.
 
     Levou a inocência,
     levou a juventude,
     e levou o mais belo poema:
 
     aquele que não precisa ser escrito,
     aquele que morava na fragrância
     das noites de verão de um mágico lugar
     que fugiu tão rápido,
      e não volta mais.
 
                                *********

       A verdade poética às vezes coincide com a verdade da vida. Essa coincidência s traduz por uma beleza superior, fada linda a nos despertar para a felicidade.
       (Não era bem isto - ou só isto! - que eu queria dizer, ao começar este comentário. Mas um poema, quando bom, nos leva longe.)
Para o texto: O mais belo poema


  
 
13/08/2011
                   Breve es la hora
Breve es la hora y escaso el tempo
em que el las alas negras del dolor pierden
altura,
em que el aroma de la flor esparce la esperanza
y la luz del regreso.
 
Los muros del mundo irreal, forjado de pesadilla,
se derrumban y caen,
y el sueño de la vida renueva su andar
carente de ambiciones y deseos.
 
El alma se quiere lozana, como antaño,
mas las lunas y las lluvias y los soles se han sucedido,
y el cuerpo ya ha vivido sin querer vivir, em un mundo
extrangero.
 
La faz tersa no resucita, ni el cabello, ni la infância
o la juventud grabada em el mármor del cuerpo.
Pero iay!, el sueño sigue su curso,
el sueño esculpe el alma de una infancia sin marcas
ni cuerpo,
de uma esperanza eterna en el regreso.

                                *********
             
       Expresso, aqui, minha satisfação em ler tantos textos carregados de viço e vivência, como este.  Permaneça conosco!
Para o texto: Breve es la hora 

                                 
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 11/10/2012
Reeditado em 22/11/2012
Código do texto: T3927796
Classificação de conteúdo: seguro