Entrevista_Lançamento do meu livro Espelhos
Amigos, essa foi a minha contribuição para o trabalho da escola da minha filha Gabriela, que consiste na criação de uma revista em que deve constar uma entrevista a algum escritor. A revista da equipe dela ainda nem tem nome, mas já tem a escritora Maria Celça em suas páginas. Adorei as perguntas que me fizeram. Obrigada, filha, a você e a equipe!
- Quais são seus projetos? Tem vontade de escrever mais livros?
Meus projetos? Bom, eu penso em nunca mais parar de escrever, seja o que for. Quero sentir vontade, e escrever, simplesmente. Transpor para o papel meus sentimentos é algo que me dá prazer. Gosto cada dia mais de escrever. Amo fazer isso. E, quanto à pergunta se tenho vontade de escrever mais livros, não é só vontade que tenho, é certeza!
- O gosto pela escrita vem da infância?
Creio que sim. Lembro de bilhetinhos que fazia pra professora, logo que aprendi a escrever. Aos 10 anos, uma cartinha felicitando meu pai pelo seu dia, é um dos poucos registros que guardo dos primeiros passos. Aos 12, eu já escrevia cartas românticas, a tendência sempre foi pra esse lado do romantismo, gostava de escrever sobre o amor.
- Como você se sente, hoje, depois de escrever seu 1º livro?
Muito feliz. Muito feliz mesmo! Esse livro é a realização de um sonho. E sua publicação faz completa a minha obra. É agora que vamos ver o que escrevo, e que aceitação terá tudo isso. Mas isso não é uma preocupação. Apenas penso nessa exposição como uma forma de exercício, para melhorar minhas produções.
- O que lhe inspirava quando você estava escrevendo o livro “Espelhos”?
Espelhos é a junção de várias fases da minha vida, mas a principal foi o momento em que experimentei, depois de uma fase difícil, o gosto da transformação. Posso dizer que de alguns poucos anos pra cá, me tornei uma pessoa mais aberta ao conhecimento. E disposta à exposição, já que me revelo tanto nos meus textos. Inspiração eu tinha de sobra, já que falava de sentimentos comuns, do cotidiano.
- E por que “Espelhos”?
O título do livro me veio da ideia de que os sentimentos escritos nele são comuns, o que quer dizer que o leitor, a qualquer momento, pode se deparar com alguma experiência própria dele, como se estivesse diante de espelhos.
- Alguém lhe influenciou quando resolveu ser escritora?
Bom, a verdade é que já escrevia minhas coisinhas e as guardava, muitas vezes, sem mostrar a ninguém. Alguns textos eu enviava para amigos, mas a ideia de ser escritora mesmo era apenas um sonho. Mas algo que me deu, digamos, um certo empurrãozinho, foi o fato de ter acompanhado o processo de publicação do livro de duas colegas de trabalho, com apoio da empresa em que trabalhamos. Vi o livro delas e tomei coragem. Pensei: “elas são pessoas comuns, assim como eu, e aqui estão como escritoras... também posso!”
- Você utiliza algum material como referência para escrever ou o que produz é pura imaginação?
Meus textos são reais. Às vezes escrevo como se o fizesse para um diário. Confesso ao leitor, no que produzo, minhas fraquezas e meus desenganos. Claro que em alguns escritos, especialmente nos que classifiquei como “contos”, algo do irreal pode estar lá, isso vai depender mais de quem estiver lendo. Mas tudo parte de um real, por mais que possa parecer diferente. E às vezes, como escritora, uso ferramentas que me permitem manifestações próprias de mim, como se fora algo que imaginei, que criei, assim me livro de julgamentos. Posso fazer esse jogo de ter vivido algo e passar a ideia de que estou apenas imaginando, supondo.
- Que autores influenciaram em sua forma de escrever?
Não li muito e admito que isso me torna “carente” de literatura. Podia estar mais preparada para escrever, já me convenci disso, e estou me dedicando a títulos que possam me enriquecer como escritora. A literatura me encanta, temos muitos escritores magníficos. Mas, um nome que me vem à cabeça quando tratamos de influência, é Florbela Espanca. A escritora portuguesa tem peças belíssimas onde se entrega, numa linguagem que revela algo de muito pessoal, como se narrasse seus anseios e a busca incessante pela realização no amor. Ela se define lindamente: “O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito...”