O Grande Mestre (Jacó Filho)

O Grande Mestre

Entrevista Jacó Filho

Que Deus abençoe e todos os recantistas, hoje tenho o privilégio de poucos, podendo conversar um pouco com um mestre da escrita, Mestre Jacó Filho, como costumam chamá-lo.

HELLÁDIO: Antes de tudo Mestre Jacó, muito obrigado pela sua participação em minha humilde entrevista. Gostaria que você contasse um pouco de sua infância, como foi a infância de Jacó em Araripina ?

JACÓ: Eu fui criado por uma tia, e quando aprendi falar, era ela que chamava de Mãe, e até os seis anos meus companheiros de infância foram apenas um gato e minha Avó. Quando minha tia começou namorar, não entendi muito bem, e já tinha descoberto minha verdadeira mãe, e resolvi voltar pra ela, com quem residi até os vinte anos, numa pequena fazenda situada a cerca de quatro quilômetros da cidade, distância que andava todos os dias pra freqüentar as aulas, até o dia que resolvi vir pra São Paulo. Com quatorze anos já tomava conta da fazenda, e trabalhava de dia e estudava a noite... Meu tempo de folga costumava usar pra estudar a Natureza, e o conhecimento adquirido apenas analisando o nascer do Sol, me deu competência pra trabalhar com propagação de ondas na área de engenharia, durante toda minha vida profissional.

HELLÁDIO: O Que o estado de Pernambuco tem que os outros não têm ?

JACÓ: Só a Capital, Recife e uma história cheia de aventuras e erros graves, como a expulsão dos Holandeses, que além de gerar uma dívida externa, pois pagamos pra irem embora, ainda levaram a tecnologia do Açúcar pras Antilhas, e se tornaram nosso maior concorrente até hoje...

HELLÁDIO: Como você avalia a infância das crianças de hoje com as de ontem ?

JACÓ: As crianças do meu tempo tinham um Pai e uma Mãe que sabia quem eram e o que faziam, e sabiam o que os filhos poderiam ser e o que fariam. As crianças de hoje, algumas não possuem família e as que possuem, os pais não sabem quem são e nem imaginam o que os filhos possam vir a ser, pois além da perda de valores, a tecnologia avança tão rápida, que algumas funções simplesmente deixam de existir num ciclo entre cinco e dez anos. Ou seja, saímos da segurança para o pânico...

HELLÁDIO: O que acha da violência cada vez mais forte no país, em especial Na grande Recife ?

JACÓ: Quando Araripina tinha trinta mil habitantes, matavam uma pessoa por semana, se fizermos essa conta com o Recife ou o resto do País vamos verificar que houve uma redução drástica de morte por assassinato. O que realmente ocorre é que antes a gente sabia porquê o indivíduo era morto, fosse por questão política ou de honra, e era mais ou menos distribuído na população, pois os coronéis também se matavam entre si. Hoje a morte não tem ética, e se mata por qualquer vintém, ou por nada, e se concentra nas classes desfavorecidas, exceto acidentes de percursos quando alguém reage aos assaltos ou coisas do gênero. Outro aspecto é a relação entre a violência e o tráfico de drogas, que até recentemente só se ouvia falar... Recife tem todos os problemas sociais de São Paulo, mas não tem o dinheiro, por isso é mais grave...

HELLÁDIO: O que pensa de um criminoso que tira a vida de outra pessoa ? Qual punição seria a ideal para você ?

JACÓ: Uma pessoa cega, uma analfabeta, outra que nunca viu um livro, quem mata alguém ou não pode andar, todas estão doentes, por isso proponho no meu livro Sociedade Virtual, que em lugar de termos, escola, hospital e cadeia, tenhamos clínicas universais, onde o indivíduo seja curado com instrução acadêmica, filosófica e psicológica, pois as doenças são frutos da ignorância instituída, e não apenas o crime, como é diferenciado hoje.

A cadeia é uma pena de morte homeopática, que só existe pra alimentar a corrupção, pois é a maior fonte de dinheiro fácil e garantido que existe hoje, pra quem as controla... E assim sendo, pra quem matasse por brutalidade, eu aceleraria o processo e baixaria os custos...

HELLÁDIO: O que te atrai na natureza ?

JACÓ: A Natureza é a bíblia viva de Deus, além da grande beleza, ela nos ensina com aulas práticas sobre todos os assuntos, como por exemplo a transmutação da lagarta em borboleta é um discurso vivo sobre evolução. O Sol interagindo no ambiente, nos dá aulas de espectrometria e propagação todos os dias, e a visão que temos do firmamento à noite, e a mesma que temos do nosso espírito, por quem desenvolve o dom da vidência, e assim infinitamente...

HELLÁDIO: Natureza e violência tem algo em comum ?

JACÓ: A natureza apenas se ajusta às mudanças bruscas, em geral provocadas por fenômenos físicos e pelo próprio homem, mas se aquieta quando termina, o homem pratica a violência quando se desajusta, e quanto mais a pratica, mais desajustado fica, e perde a sensibilidade no que diz respeito a vida...

HELLÁDIO: Como gerente de engenharia, qual sua avaliação do Jacó gerente da Telebrás ?

JACÓ: Mesmo Deus, precisa de pessoas hábeis pra resolver problemas, o Jacó era apenas a pessoa certa na hora e lugar certo.

HELLÁDIO: Como você vê tendo trabalhado na área, o cerco que a Anatel está fazendo as operadoras de celular ?

JACÓ: A Anatel começou operar com pessoas que vieram da Telebrás e com um quadro muito reduzido e não cresceu o suficiente, além disso, principalmente depois do PT, a política ganhou mais importância que os fatos, e esta última investida tem um grande equívoco, se pensando do ponto de vista técnico, pois a otimização duma rede pronta, demora muito tempo e demanda muitos recursos, que muitas vezes não são viáveis, como no caso de implantação de torres próximos a escolas e hospitais e outros ambientes que a própria legislação municipal controla ou proíbe. Como a cobertura é nacional, imagine o trabalho pra interagir com políticos que mal sabem usar o aparelho pra chegar num consenso... E isto é apenas um detalhe... Porém a defesa do consumidor feito pela Anatel tem sido muito eficiente, pois as operadoras respeitam muito a instituição...

HELLÁDIO: Qual projeto dos vários que você participou, seja como engenheiro, consultor, mais o marcou ?

JACÓ: Foi a otimização da rede celular TDMA da TIM em Pernambuco no ano de 2000, pois Recife tem muita água e vias largas e longas, e foi preciso um ajuste radical em toda rede, que não se andava cem metros sem cair a ligação, ou caia mesmo parado, e no dia que concluímos o trabalho, saí da estação em Boa vista e fui até o Hotel em Piedade sem uma queda, e com qualidade de fixo... Naquele dia eu fiquei deprimido, pois sabia que nunca mais se repetiria tamanho requinte numa obra de mesma complexidade... E realmente não houve mais oportunidade, nem pra mim nem pra ninguém...

HELLÁDIO: Como foi sua participação no Livro "Poetas e Prosadores do novo milênio ?

JACÓ: Eu participei com quatro poemas e mais vinte e um autores. Essa coletânea foi coordenada pela editora Nativa de São Paulo, numa iniciativa muito feliz...

HELLÁDIO: Fiquei fascinado com o livro Entre o Céu e a terra, quantos sonetos magníficos! De onde vem tanta inspiração ?

JACÓ: Posso afirmar sem medo de errar que vem da mente universal a que todos nós temos acesso, e certamente a recebo conforme a sintonia do momento, alguns sonetos eu apenas descrevo o que vejo, que sem exceção é muito mais bonito do que consigo traduzir em versos.

HELLÁDIO: Como começou a escrever poesias ?

JACÓ: Isso eu não lembro, pois já o fazia quando de cada três palavras, duas eram escritas erradas, e aos dez anos já havia colecionado muitos poemas, que infelizmente não os guardei.

HELLÁDIO: Você se sente pressionado sendo uma referência de vida para sua família ?

JACÓ: “Santo de casa não faz milagres”, a pressão que recebo é apenas por ficar muito tempo lendo e escrevendo.

HELLÁDIO: Alguma coisa na vida te fez arrepender-se ?

JACÓ: Bem que eu gostaria, mas a consciência e o que aprendi até aqui me dizem que não tenho motivos, e se os tivesse, não teria como saber se faria melhor, pois para tanto, teria que viver duas vertentes em espaço e tempo ao mesmo tempo, e isso eu ainda não faço...

HELLÁDIO: Qual texto fez Jacó Chorar ?

JACÓ: Muitos deles, mas Auto-Retrato foi escrito num intenso pranto, não de tristeza ou dor, mas de constatação de como se vive tanto pra aprender tão pouco.

HELLÁDIO: Se fosse um médico, o que diria ao ministério de Saúde sobre a situação caótica dos planos de saúde ?

JACÓ: Como paciente mesmo dá pra perceber que não faltam recursos, e sim gestão.

O Brasil já tem vários programas de prevenção que sabidamente evitam internações e alastramento de doenças infecto-contagiosas, mas se direcionasse mais recursos e pessoas pra prevenir, sobraria dinheiro e médicos pra atender os descuidados e as fatalidades...

A educação tem tudo a ver com a saúde, principalmente na área de educação física e alimentar...

HELLÁDIO: Como você define a saudade ?

JACÓ: Como uma forma de sonhar acordado e conscientemente.

HELLÁDIO: Há algo que você almejou conquistar e não conseguiu ?

JACÓ: Em termos materiais, não me lembro, mas espiritualmente estou muito aquém do que deveria, pois sou muito demorado pra começar participar das atividades que nos propicia esta evolução... Mas não desisti...

HELLÁDIO: Você acha que os brasileiros são preguiçosos com o hábito da leitura ?

JACÓ: A grande massa ainda está aquém da preguiça, simplesmente não lêem, mas nunca fomos incentivados a leitura, até recentemente.

HELLÁDIO: Qual local você gostaria de visitar ?

JACÓ: A Chapada Adamantina na Bahia, pois sempre a vi durante os vôos e fico fascinado. Um dia ainda irei...

HELLÁDIO: Moro em João Pessoa, a 120 Km de Recife, você chegou a conhecer a Paraíba ?

JACÓ: Morei dez anos em João Pessoa e conheci todas as cidades, vilas e povoados da Paraíba. Na Paraíba tudo funciona, esse fenômeno é inexplicável, pois mesmo no governo de Wilson Braga, funcionou... Até o asfalto das estradas é diferente do resto do Brasil...

HELLÁDIO: O que faz Jacó perder a paciência ?

JACÓ: Quase todos os problemas que não precisariam existir e de alguma forma me envolvem também sem precisar.

HELLÁDIO: Chegando na intimidade, o Mestre Jacó já passou por alguma situação diferente na Hora H ?

JACÓ: A mulher mais linda que já vi de perto me deu um banho de gelo na hora H, pois falou na minha cara que sairia com outro em seguida, e fez isso com uma frieza que me gelou. Nesse dia conheci falha física...

HELLÁDIO: Qual a mulher Jacó considera a mais bonita e autêntica mulher brasileira em termos de beleza ? Alguém em especial ? Seja famosa ou não!

JACÓ: Em termos de estado, Goiás é o que mais me fascinou, nunca vi tanta mulher bonita por metro quadrado, mas pessoalmente a minha esposa foi a mais bonita, e tem a dose certa de índio, negro e branco...

HELLÁDIO: Quem o senhor mais admira ?

JACÓ: Jesus, o Cristo, pois veio pra ser modelo de comportamento, e conseguiu cumprir sua missão sem por o pé na jaca.

HELLÁDIO: O seu quarto para você é..... (Complete)

JACÓ: Meu quarto é o outro lado do mundo, é a porta para os anseios da alma, onde tudo é permitido limitado apenas por meu arbítrio e poder criativo, seja dormindo ou acordado...

HELLÁDIO: Quais amigos do recanto você se identifica mais com relação aos textos ?

JACÓ: Essa eu não costumo responder, pois fatalmente vou esquecer alguém, pois sou péssimo pra guardar nomes, mas destaco os primeiros que conheci e me motivaram a continuar aqui: Gonçalves Reis, Mario Roberto Guimarães, Aarão Filho, Millaa Pereira, Hull de La Fuente, José Roberto Palácio, Celina Figueiredo, Ana Estopa, Hluna, Fernanda Xerex, Angélica Gouvêa, Flor Enigmática, Juninho Correia, Fátima Feitosa, Ana Flor do Lácio, José Albano, Felipe Falcão, Ansilgus, Ledalge, Zeca Repentista e muitos outros...

HELLÁDIO: Ainda existem laços familiares no dia de hoje ?

JACÓ: Sempre existirá, mas nunca mais com vínculos fortes e objetivos como já existiu e deveria...

HELLÁDIO: Já teve ódio de alguém ?

JACÓ: Não me lembro, e certamente perdi a chance quando enxergava menos...

HELLÁDIO: Riqueza e Felicidade podem andar juntas ?

JACÓ: Deus dá a quem cuida, e em geral, as pessoas felizes cuidam melhor...

Os infelizes que possuem riquezas materiais, em geral, tem alguma coisa fora de sintonia, mas não há dúvida, Cristo disse: Siga a revelação e tudo o mais te será dado por acréscimo.

HELLÁDIO: Agradeço desde já Mestre, sua entrevista, e como você sempre fala, que Deus nos abençoe sempre e sempre. Obrigado de coração, pessoas como o senhor nos inspira!

JACÓ: Eu é que agradeço a oportunidade de fazer-me mais transparente ante as pessoas que me lêem, e você não economizou nas perguntas, que espero, tenha sido feliz nas respostas...

### Agradeço a gentileza do Mestre Jacó Filho, que me atendeu prontamente, uma pessoa firme e experiente em que devemos nos espelhar, foi uma verdadeira honra com o grande mestre que considero-o. Obrigado Jacó. Deus nos abençoe. Todos.###