Entrevistas de Izabelle Valladares - Dia 06 de maio de 2012 - Embaixador Edson de Luna Freire
Izabelle Valladares entrevista Edson De Luna Freire, Presidente da AFBA – Associação Fluminense de Belas Artes
Quando começou a despertar o interesse pelas artes?
Resposta: Desde criancinha no Jardim da Infância, lembro que tinha mais ou menos 4 anos de idade, a sedução pelo material, a massa plástica me atraia: o cheiro, o tato e a criatividade de conseguir modificar as formas, achava o máximo! E uma vontade de passar o dia todo brincando de artista fazia-me muito feliz, as cores das massas me estimulava a fazer em tempos ainda por chegar, muitos desenhos coloridos e eficaz, ...me apaixonei, foi uma paixão automática, um amor a primeira vista, mais tarde aos quatorze anos comecei a traçar meus primeiros trabalhos a nanquim, bico de pena, crayon e outros materiais existentes na época, ficava horas e dias desenhando com a minha avó paterna, Astrogilda, apreciando a minha Arte, minha avó falava comigo que eu tinha que procurar um curso de Arte para aperfeiçoar o estilo e coisa e tal,...acontecia o primeiro incentivo pela minha longa caminhada principalmente ao redor do desenho e da pintura ...
Já foi fundador e presidente de diversas entidades culturais, na sua maioria ativa até hoje, é muito difícil implantar a pedra fundamental de uma instituição sem fins lucrartivos?
Resposta: É um desafio, uma poetisa famosa do Estado do Espírito Santo, bem a pouco tempo, numa solenidade de outorgas de Medalha Cultural, me chamou em público, de Atrevido, achei ótimo o adjetivo, por que sempre fui e sou uma pessoa que gosta de desafios...e procuro inovar todos os dias, não gosto da rotina, de sentar numa mesa de escritório oito horas por dia e no final do mês receber o meu salário, nada disso!!!, me sinto um inovador e empreendedor, de estilo diferenciado, não que eu queira me gabar ou esnobar esse mérito. Minha cabeça não para de planejar e objetivar, sempre quero fazer coisas novas, criar, projetar o futuro de uma maneira nobre, não gosto de mesmices, talves em certos momentos eu fico ferido com atitudes de impulso, mas na maioria das vezes eu venço algumas batalhas... é muito difícil, nada caí do céu, tenho sempre que trabalhar muito para colher bons frutos.
Como aconteceu todo este seu engajamento no universo cultural? As coisas foram programadas ou foram surgindo?
Resposta: Foi tudo surgindo, não programei, não sabia que tudo isso que tem acontecido na minha vida seria fruto do acaso, óbvio que quando a gente está começando um empreendimento: traça metas e planos, todo o meu envolvimento nesse mundo artístico e cultural não começou a pouco tempo, trabalho no meio artístico e cultural à mais de 46 anos, consegui uma bagagem de muitas participações de grandes salões de artes e muitas premiações, (inclusive no Museu de Arte Moderna do RJ, quando fui selecionado em 1974 ) muito incentivo para os menos favorecidos, assim como crianças moradores de favelas e de uma situação precária e até com certas dificuldades de falar, de andar, tive muitos alunos em Copacabana nos idos anos 1980/90
Como é estar á frente da ANBA – Academia Niteroiense de Belas Artes e como foi presidir durante tantos anos a AFBA?
Resposta: Atualmente sinto-me bem posicionado e quase realizado como presidente fundador da ANBA, sei que tenho um longo caminho pela frente,com muito trabalho a estruturar e dinamizar a Academia.
A ANBA, nasceu forte, com uma diretoria de grandes nomes da nossa cultura brasileira, dentre eles o I Vice-Presidente o Dr. Geraldo Portal Veiga o II Vice-Presidente Dom Alexandre Carvalho o Presidente do Conselho Dom Iguaci Junior a Secretária Geral a jovem Merari Tavares, eles formam o time da linha de frente da Academia, aos poucos vai tomando forma e vamos dando andamento aos trabalhos para alcançar-mos os nossos objetivos.
A Associação e Escola Fluminense de Belas Artes, é uma entidade muito antiga e de grande prestígio em Niterói, fundada em 1940, pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, sem fins lucrativos e de utilidade pública, teve grandes mestres da nossa cultura artística plástica em Niterói, muitos nomes consagrados passaram pela entidade, foi na minha gestão que consegui reerguer a AFBA, que estava estagnada sem programação e quase abandonada, fui convidado pela presidente Glaucia Teixeira em 2001 para assumir a vice-presidência e logo em seguida ela renunciou e toda a diretoria renunciou junto com a presidente, ficando somente eu, e tive que reformular uma nova diretoria e assumir a presidência em 2002, sem estrutura e com muitos problemas para serem resolvidos, inclusive judiciais, não desanimei, levantei a poeira e dei a volta por cima, minha trajetória de oito anos na AFBA como presidente foi heróica e de grande repercusão, na mídia e entre os artistas, era a minha oportunidade de trabalhar e reerguer uma entidade que preso muito e sou grato, agradeço a Deus por ter me direcionado e conseguido colocá-la em evidência realizando eventos, exposições, oficinas de artes, projetos para o meu enriquecimento intelectual e projetando artistas até no exterior.
Soubemos que tem um projeto sócio-cultural voltado para as crianças, fale-nos um pouco deste projeto.
Resposta: A iniciativa de criar este projeto sempre aos domingos uma vez por mês nas praças de Niterói, foi idealizado por mim, com a minha experiência em lidar com crianças carentes em formação escolar, obtive o prêmio em 1998, em Recife pela Prefeitura local, pela qualidade de ensino desenvolvido no atelier Isolda Vasconcelos no bairro do Derby em Recife - Pernambuco, oferecendo uma oficina para 60 crianças da favela João de Barro.
No Bairro do Meyer, no Rio de Janeiro, em janeiro de 2001, realizei uma gincana de desenhos e pinturas para 70 crianças do Condomínio Santo Antônio.
Em Niterói, no ano de 1995, realizei uma oficina de Artes para crianças e adolescentes na Cantareira patrocinado pela Fundação de Artes de Niterói.
Em 1996 e 1997, realizei Gincanas de pinturas e desenhos na Praça de São Domingos para 130 crianças, sendo muito elogiado pela mídia de Niterói, Jornal A TRIBUNA, Jornal O FLUMINENSE e diversos Tablóides,minha trajetória desperta interesse e valorização entre os artistas plásticos da cidade e de outros estados do Brasil.
Devido ao sucesso destas atividades surgiu a idéia de criar um projeto, PROJETO CRIANÇA NOTA 10, baseado em todas as experiências lúdicas e pedagógicas vivenciadas por mim até o presente momento.
Numa tentativa de valorizar a Cultura em nossa cidade, e através desta, elaborar e criar políticas públicas, voltadas para o universo infantil, elaborei o Projeto Criança Nota 10, Concurso Infantil de Arte e Gincana nas Praças de Niterói.
O Projeto visa por meio de brincadeiras e do processo interativo, incentivar as crianças para o mundo das Artes. As atividades desenvolvidas terão como objetivos, levar as crianças a desenvolverem um senso crítico, trabalhar valores sociais, e descobrir sua vocação artística.
E dentre todos os objetivos, o maior de todos, é o pedagógico, ensinar, amar e socializar esses pequenos em grandes homens.