Entrevista com Jacqueline Aisenman: VARAL DO BRASIL NO SALÃO DO LIVRO

Por Rui Martins
 
Pela primeira vez, uma editora e livraria brasileira alugou um estande no Salão do Livro de Genebra e, durante cinco dias, vendeu livros com seus autores presentes autografando. Trata-se da Livraria Varal do Brasil, que também edita uma revista virtual com o mesmo nome, dirigida pela brasileira Jacqueline Aisenman.
 
Ali na rua Kafka, quase junto ao auditório destinado aos debates e entrevistas com os autores badalados e astros da escrita, a Varal do Brasil reuniu 14 escritores de editoras independentes, pequenas e médias, para receber os visitantes brasileiros, que se surpreendiam com a presença da literatura brasileira recém saída das impressoras e com seus autores disponíveis para um papo.
 
O ponto alto foi na sexta-feira, 27 de abril, às 15h00, quando diante do público, no palco chamado La Scène Libre, Varal do Brasil apresentou para os suíços e franceses presentes A Literatura de Cordel, com a participação dos escritores brasileiros Laudecy Ferreira, Valdeck Almeida de Jesus, acompanhados ao violão pelo músico e também escritor Marcelo Madeira.
 
Ali estavam Mariana Brasil, cujo livro O Manuscrito de Sonia, o relato franco de uma profissional do sexo, inspirou Paulo Coelho; Lúcia Amélia Brulhardt com seu livro-mensagem de alerta contra o tráfico de mulheres Da Lama do Nordeste, à Fama da Europa; Josane Mary Amorim com seu romance Mevrouw Jane; Valdeck Almeida de Jesus, Beti Rozen, Rosemary Mantovani, Sandra Mara Bettonte, Laudecy Ferreira, Flávia Assaife, Ana Miquelin, Samarataine Pasquier e Val Beauchamp. A própria Jacqueline Aisenman autografava seu novo livro Briga de Foice, apresentado, sábado dia 12, em Zurich pelo Cebrac.
 
Breve entrevista com Jacqueline Aisenman
 
Como surgiu a ideia de montar um estande no Salão do Livro de Genebra ?
A ideia surgiu a partir do momento que pensamos em não só editar os autores através da revista (www.varaldobrasil.ch), mas vender também seus livros pela livraria Varal do Brasil. Era, então, necessário se mostrar esses autores ao vivo para o público de Genebra e suíço que vai ao Salão.
E fomos, como disseram alguns autores, um tanto ousados e nos lançamos juntos numa equipe fantástica e trouxemos a Genebra 14 autores para autografar e ganhamos espaço no palco da Cena Livre para apresentar o cordel com o Valdeck, Laudecy e o Marcelo, no violão.
 
A Livraria já é digital ?
Pretendemos lançar o digital no ano que vem, pois é necessária toda uma nova estrutura no site e como nós estamos ainda começando na venda do livro papel, nós não temos ainda um ano de livraria, esperamos iniciar a edição digital no próximo ano.
 
Voce e seu esposo Paulo Roberto estão investindo bastante, quando custa uma parcela desta no Salão do Livro?
Se formos pensar em todos os detalhes - pois não é só o estande que se paga, há toda uma estrutura em volta disso – nós, pequenos expositores, ultrapassamos de longe os 10 mil francos, pois temos de pagar desde uma tomada elétrica até ao catálogo. Para nós foi um grande investimento pensando nos autores, na difusão dos autores
 
E qual sua impressão, as visitas de pessoas ao estande corresponde ao desafio do investimento ?
A presença das pessoas demonstra que vale a pena investir nesse setor, porque as pessoas se surpreendem muito em encontrar a literatura brasileira e não a portuguesa e nos perguntam "aqui em Genebra?" E nós respondemos – sim, aqui em Genebra.
Existe uma outra livraria, essa portuguesa, a Camões, mas eles trabalham com as grandes editoras. No nosso caso, somos diferentes e não existe uma concorrência com eles porque nós trabalhamos com autores independentes, pequenas e médias editoras e como estamos dando ênfase aos autores independentes e brasileiros, acho que fazemos um trabalho conjunto de divulgação da literatura.
E, por enquanto, queremos continuar na linha dos autores independentes pois eles têm muito a dizer, têm expressão livre e podem escrever o que quiserem por serem eles que editam e disso resultam coisas maravilhosas, romances, poemas, contos, crônicas, são muitos os estilos, são coisas maravilhosas.
 
Está também pensando em editar ?
Já tenho alguma coisa parecida no Brasil junto com uma editora de Santa Catarina. Já editamos um pequeno livro de pensamentos pela Varal, justamente para difundir a boa energia e tudo mais. Estamos lançando agora o segundo volume do Varal Antológico, que é a edição impressa de autores que trabalham conosco e divulgam o que escrevem na nossa revista. Acreditamos no formato digital e vamos permitir a utilização de diversos formatos no nosso site para as pessoas terem opção.

*Rui Martins é jornalista e colabora com o “Quem tem medo da democracia?“, onde mantém a coluna “Estado do Emigrante“.

Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 14/05/2012
Reeditado em 17/05/2012
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