DELASNIEVE DASPET É ENTREVISTADA POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS
Advogada e ativista das causas da Paz, Sociais, Humanas, Ambientais e Culturais Delasnieve Miranda Daspet de Souza é sul-mato-grossense de Porto Murtinho, onde nasceu e cresceu em meio à exuberante natureza que é o Pantanal do Mato Grosso do Sul, Brasil, residindo em Campo Grande-MS. Casada, tem dois filhos. É poeta. Ativista da Biopoesia. Cronista, ensaísta, palestrante, professora, educadora, faz trabalho social com menores carentes, pertence e representa várias associações e academias literárias e culturais nacionais e internacionais. Com trabalhos literários premiados nacional e internacionalmente, publicados em vários países e línguas; Tem oito títulos publicados. Detém o título de Embaixadora da Paz pelo Universal Ambassador Peace Circle e pelo – Universal Peace Federation on the International Federation for Word Peace. Preside a Associação Internacional Poetas Del Mundo. É Verbete da 2ª Edição do Dicionário de Mulheres, da Historiadora Hilda Flores, de Porto Alegre-RS; recebeu o Certificat Honneur et Mérite du Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, da França e Suécia; Autora dos anteprojetos que criaram, em Mato Grosso do Sul, o dia da Literatura Sul-Mato-Grossense – através da Lei 3.486 de 28 de dezembro de 2007 - publicada no DOE no dia 31 de dezembro de 2007, que será celebrado, anualmente, no dia 06 de novembro e, através da Lei 4.034 de 31 de maio de 2011, publicada no DOE no dia 1º de junho de 2011, foi instituído o Dia Estadual da Cultura da Paz, criado o Prêmio Paz e Cultura e adotada a Bandeira da Paz – que será celebrado, anualmente, no dia 21 de setembro, bem como, também é de sua autoria o anteprojeto que criou a Lei nº 7.045/11 que instituiu em Campo Grande-MS, o Dia Municipal da Cultura da Paz a ser celebrado, anualmente, no dia 21 de setembro; também é de sua autoria o projeto de Ressocialização de Apenados – que foi assinado entre o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Universidade Anhanguera-Uniderp e OAB-MS, entre vários outros trabalhos sociais, literários e humanitários, principalmente nos direitos humanos.
VALDECK: Quando e onde nasceu?
DELASNIEVE DASPET: Em Porto Murtinho, no estado de Mato Grosso do Sul, fronteira do Brasil com Paraguai – região do Portal do Pantanal-Sul, minha terra é a “última guardiã” do Rio Paraguai. Nasci em 1950, numa manhã de 12 de setembro, terça-feira fria, garoava nas terras vermelhas e barrentas da Fazenda Capão Grande, de meu avô Cândido Rodrigues de Miranda. Cheguei logo cedo, no alvorecer, com o cantar dos pássaros, no mangueiro - o mugir do gado leiteiro, galináceos pelos terreiros, jaguás nos cantos, as flores ainda tímidas de final de inverno, a vida não pára em fazendas... e, às margens do rio Tereré faz frio, muito frio, embora seja muito quente em Porto Murtinho. Quente e úmido. Cheguei no mesmo dia que vários poetas (que admiro) chegaram... 12 de setembro trouxe à luz memoráveis bardos, entre eles Álvares de Azevedo, Geraldo Vandré, Leci Brandão,
Vicente Celestino, Roger (Ultraje); Tânia Alves; Barry White; Maurice Chevaleir, Jesse Owens, Juscelino Kubitschek, Fernando Sabino, entre outros tantos.
Era Lua Nova - minha alma chegou num ciclo de plantio, de semeadura, de fertilização, fecundação, inovação, começos e recomeços. Falando nisso, sou um caso atípico de virginiana - conforme estudo feito pela astróloga mineira Lourdinha Biagioni -, encontro-me numa concentração de planetas e pontos no signo de Virgem (num total de dez); Vênus, Roda da Fortuna, Ascendente, Sol, Saturno, Lua, Nodo Lunar, Nenuno, o asteróide Juno... Significa que a minha abordagem básica de vida é virginiana. Que meus desígnios evolutivos, meu querer é virginiano. Minhas reações e respostas diante da vida são virginiadas e meu processo de pensamento é virginiano também - as coisas de Virgem se agradam e preocupam e ocupam primordialmente.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
DELASNIEVE DASPET: Quase todo o nosso País, falta o Maranhão, Sergipe, Roraima, Amapá, Espírito Santo. Já estive em vários países da América do Sul e da Europa.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
DELASNIEVE DASPET: Tenho cadernos guardados desde os nove anos de idade... rabiscos, versinhos, pensamentos, sonhos de uma menina do mato. Meu pai ia para as lides de campo e deixava comigo livros, cadernos e lápis e a obrigação de ler e escrever a respeito. O meu entendimento.
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
DELASNIEVE DASPET: Ambos – quando advogada – os problemas apresentados em minha banca geralmente viravam poemas. Gosto de poesia e é com ela que estou mais envolvida. Mas escrevo contos, crônicas, cartas, discursos. Quanto aos temas – transito por todas as áreas – do social, ao meio ambiente, direitos humanos, amor, paixões, perdas, paz, etc...
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
DELASNIEVE DASPET: Meu compromisso, primeiramente, é comigo. Eu gosto do que eu escrevo. Essa para mim é a premissa mais importante. Gosto de participar de eventos que ajudem a formar leitores, professores, alunos, pessoas que venham a ler e entender o que está lendo, para ampliar seus horizontes e visões do mundo. Gosto de leitores participativos e não automatizados. É necessária a troca entre autor e leitor – pois é ele, em síntese, o escopo.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
DELASNIEVE DASPET: Penso sempre em forma de poemas...
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
DELASNIEVE DASPET: Me inspiro na vida... no ser vivo, nos gestos, no olhar, nas folhas que balançam, na nuvem que passa, nos corruptos, corruptores, nas dores, na fome, no frio, na falta de caridade, na ausência da solidariedade, no maltrapilho, no sorriso da criança, no índio assassinado, no meus filhos, meus cachorros, nos pássaros, rios que passam, na água que passa e não volta... no olhar amigo, no fraterno, filmes, músicas, em mim, em você...
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
DELASNIEVE DASPET: Como já disse – eu gosto de minha poesia... tenho vários que eu poderia citar.. . mas estou escrevendo um ensaio sobre Solidão, e, aqui vai um trecho de um poema sobre o tema:
“...O que vejo agora
Preste a mergulhar na infinita noite do nada?
De quem é o vulto que ficou grudado na minha retina?
O que vejo, enfim, é muito mais do que um mero reflexo...
Nas meninas dos meus olhos – vejo a saudade de mim,
Solidão infinita que paira
Na incógnita espera - equação da vida...”
(Solidão Infinita...)
Delasnieve Daspet, 11-12-09 – Campo Grande-MS
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
DELASNIEVE DASPET: Eu penso, maturo a ideia, quando venho para o papel a poesia vem pronta, eu a escrevo primeiro numa agenda, depois corrijo e passo para a pasta no computador. Mês a mês, ano a ano, por tipo.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
DELASNIEVE DASPET: Pã – este livro ainda está sendo finalizado – é um canto à minha terra – ao meu Pantanal, ao meu Mato Grosso do Sul... tem uns 5 a 8 anos de construção... falo de cada situação, de cada momento, do homem pantaneiro, de nossos animais, de nossa flora, fauna, habitat, de nossas águas, do nosso verde, do nosso azul, do nosso ar, de nossas crianças azuis e rosas, e do nosso ralo cerrado.
Cerrado
Delasnieve Daspet
Luar baixo,
Raios iluminam o horizonte;
Calma profunda,
Natureza em silêncio.
A aurora purpurava a barra do tempo,
Vento frio agitava as frontes altas,
Os pássaros cantavam...
Folhas prateadas pelo orvalho
Como lágrimas corriam nos galhos
Retorcidos na mata rala...
Lá longe,
A vida, no amanhecer!
DD, Campo Grande-MS, 22.06.11
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
DELASNIEVE DASPET: Sou advogada por formação - turma de 1975. Civilista. Atuei por mais de 30 anos - e, na minha banca nasceram muitos poemas. Faço literatura há muitos anos... Tenho vários livros editados, no Brasil e no exterior.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
DELASNIEVE DASPET: O poeta que mais me apaixona é o Álvares de Azevedo; aprecio muito a poesia de Sophia de Mello Bryner Andresen, Florbela Espanca, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Morais, João Cabral de Melo Neto, Thiago de Melo... Mas são os franceses Rimbaud e Baudelaire e o chileno Neruda – os meus maiores motivadores.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
DELASNIEVE DASPET: Ler muito – ler, ler, ler, ler... sempre e sempre!
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
DELASNIEVE DASPET: Meu nome – ninguém acredita que seja meu nome mesmo – então serve os dois propósitos – é meu nome verdadeiro e é o literário.
VALDECK: Como foi a tua infância?
DELASNIEVE DASPET: Linda! Fui criança do mato, sapeca, danada, como toda a criança. Tive no meu pai, voraz leitor, a parceria para o amor a literatura.
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
DELASNIEVE DASPET: Já sou sexi...genária. Meu lazer é o que eu fazia no tempo de jovem – passeio, leio, cinema, teatro, sou ativista, viajo... Participativa socialmente em minha cidade, dirijo uma entidade de crianças carentes, participo de várias agremiações literárias, sou Conselheira Estadual de Cultura, me envolvo e sou envolvida pela lides da cultura e do social.
VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
DELASNIEVE DASPET: Na verdade cada trabalho que é publicado nos dá um prazer inaudito – é um filho que rompe barreiras e segue mundo afora... Depois que o poema nasce e brota nas páginas de um site, de um blog, de um jornal, ele tem alforria e segue seu caminho de luz para o bem ou para o mal, como tudo, aliás.
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritora?
DELASNIEVE DASPET: Sou advogada e ativista de causas sociais e humanitárias.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
DELASNIEVE DASPET: Procuro desenvolver o respeito pelos seres vivos, a prática da paz e da cultura da paz. Isso esta presente em meus trabalhos e pode ser visto em todos meus sites e blogs, e, também, nos meus livros.
VALDECK: Qual sua Religião?
DELASNIEVE DASPET: Sou espiritualista. Respeito todas as religiões – mas acredito que todos os caminhos levam a Roma... não importa o atalho que se pegue.
VALDECK: Quais seus planos como escritora?
DELASNIEVE DASPET: Seguir construindo... não ando sozinha, neste caminhar vou de mãos dadas com milhares de escritores e poetas parceiros, associados, os quais divulgo e me divulgam. Não sei andar só... gosto de companhia.
Gosto de pensar que somos todos grãos da mesma areia modelada pelo Criador.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Foto: Delasnieve Daspet e Valdeck Almeida de Jesus
VALDECK: Quando e onde nasceu?
DELASNIEVE DASPET: Em Porto Murtinho, no estado de Mato Grosso do Sul, fronteira do Brasil com Paraguai – região do Portal do Pantanal-Sul, minha terra é a “última guardiã” do Rio Paraguai. Nasci em 1950, numa manhã de 12 de setembro, terça-feira fria, garoava nas terras vermelhas e barrentas da Fazenda Capão Grande, de meu avô Cândido Rodrigues de Miranda. Cheguei logo cedo, no alvorecer, com o cantar dos pássaros, no mangueiro - o mugir do gado leiteiro, galináceos pelos terreiros, jaguás nos cantos, as flores ainda tímidas de final de inverno, a vida não pára em fazendas... e, às margens do rio Tereré faz frio, muito frio, embora seja muito quente em Porto Murtinho. Quente e úmido. Cheguei no mesmo dia que vários poetas (que admiro) chegaram... 12 de setembro trouxe à luz memoráveis bardos, entre eles Álvares de Azevedo, Geraldo Vandré, Leci Brandão,
Vicente Celestino, Roger (Ultraje); Tânia Alves; Barry White; Maurice Chevaleir, Jesse Owens, Juscelino Kubitschek, Fernando Sabino, entre outros tantos.
Era Lua Nova - minha alma chegou num ciclo de plantio, de semeadura, de fertilização, fecundação, inovação, começos e recomeços. Falando nisso, sou um caso atípico de virginiana - conforme estudo feito pela astróloga mineira Lourdinha Biagioni -, encontro-me numa concentração de planetas e pontos no signo de Virgem (num total de dez); Vênus, Roda da Fortuna, Ascendente, Sol, Saturno, Lua, Nodo Lunar, Nenuno, o asteróide Juno... Significa que a minha abordagem básica de vida é virginiana. Que meus desígnios evolutivos, meu querer é virginiano. Minhas reações e respostas diante da vida são virginiadas e meu processo de pensamento é virginiano também - as coisas de Virgem se agradam e preocupam e ocupam primordialmente.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
DELASNIEVE DASPET: Quase todo o nosso País, falta o Maranhão, Sergipe, Roraima, Amapá, Espírito Santo. Já estive em vários países da América do Sul e da Europa.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
DELASNIEVE DASPET: Tenho cadernos guardados desde os nove anos de idade... rabiscos, versinhos, pensamentos, sonhos de uma menina do mato. Meu pai ia para as lides de campo e deixava comigo livros, cadernos e lápis e a obrigação de ler e escrever a respeito. O meu entendimento.
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
DELASNIEVE DASPET: Ambos – quando advogada – os problemas apresentados em minha banca geralmente viravam poemas. Gosto de poesia e é com ela que estou mais envolvida. Mas escrevo contos, crônicas, cartas, discursos. Quanto aos temas – transito por todas as áreas – do social, ao meio ambiente, direitos humanos, amor, paixões, perdas, paz, etc...
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
DELASNIEVE DASPET: Meu compromisso, primeiramente, é comigo. Eu gosto do que eu escrevo. Essa para mim é a premissa mais importante. Gosto de participar de eventos que ajudem a formar leitores, professores, alunos, pessoas que venham a ler e entender o que está lendo, para ampliar seus horizontes e visões do mundo. Gosto de leitores participativos e não automatizados. É necessária a troca entre autor e leitor – pois é ele, em síntese, o escopo.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
DELASNIEVE DASPET: Penso sempre em forma de poemas...
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
DELASNIEVE DASPET: Me inspiro na vida... no ser vivo, nos gestos, no olhar, nas folhas que balançam, na nuvem que passa, nos corruptos, corruptores, nas dores, na fome, no frio, na falta de caridade, na ausência da solidariedade, no maltrapilho, no sorriso da criança, no índio assassinado, no meus filhos, meus cachorros, nos pássaros, rios que passam, na água que passa e não volta... no olhar amigo, no fraterno, filmes, músicas, em mim, em você...
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
DELASNIEVE DASPET: Como já disse – eu gosto de minha poesia... tenho vários que eu poderia citar.. . mas estou escrevendo um ensaio sobre Solidão, e, aqui vai um trecho de um poema sobre o tema:
“...O que vejo agora
Preste a mergulhar na infinita noite do nada?
De quem é o vulto que ficou grudado na minha retina?
O que vejo, enfim, é muito mais do que um mero reflexo...
Nas meninas dos meus olhos – vejo a saudade de mim,
Solidão infinita que paira
Na incógnita espera - equação da vida...”
(Solidão Infinita...)
Delasnieve Daspet, 11-12-09 – Campo Grande-MS
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
DELASNIEVE DASPET: Eu penso, maturo a ideia, quando venho para o papel a poesia vem pronta, eu a escrevo primeiro numa agenda, depois corrijo e passo para a pasta no computador. Mês a mês, ano a ano, por tipo.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
DELASNIEVE DASPET: Pã – este livro ainda está sendo finalizado – é um canto à minha terra – ao meu Pantanal, ao meu Mato Grosso do Sul... tem uns 5 a 8 anos de construção... falo de cada situação, de cada momento, do homem pantaneiro, de nossos animais, de nossa flora, fauna, habitat, de nossas águas, do nosso verde, do nosso azul, do nosso ar, de nossas crianças azuis e rosas, e do nosso ralo cerrado.
Cerrado
Delasnieve Daspet
Luar baixo,
Raios iluminam o horizonte;
Calma profunda,
Natureza em silêncio.
A aurora purpurava a barra do tempo,
Vento frio agitava as frontes altas,
Os pássaros cantavam...
Folhas prateadas pelo orvalho
Como lágrimas corriam nos galhos
Retorcidos na mata rala...
Lá longe,
A vida, no amanhecer!
DD, Campo Grande-MS, 22.06.11
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
DELASNIEVE DASPET: Sou advogada por formação - turma de 1975. Civilista. Atuei por mais de 30 anos - e, na minha banca nasceram muitos poemas. Faço literatura há muitos anos... Tenho vários livros editados, no Brasil e no exterior.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
DELASNIEVE DASPET: O poeta que mais me apaixona é o Álvares de Azevedo; aprecio muito a poesia de Sophia de Mello Bryner Andresen, Florbela Espanca, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Morais, João Cabral de Melo Neto, Thiago de Melo... Mas são os franceses Rimbaud e Baudelaire e o chileno Neruda – os meus maiores motivadores.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
DELASNIEVE DASPET: Ler muito – ler, ler, ler, ler... sempre e sempre!
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
DELASNIEVE DASPET: Meu nome – ninguém acredita que seja meu nome mesmo – então serve os dois propósitos – é meu nome verdadeiro e é o literário.
VALDECK: Como foi a tua infância?
DELASNIEVE DASPET: Linda! Fui criança do mato, sapeca, danada, como toda a criança. Tive no meu pai, voraz leitor, a parceria para o amor a literatura.
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
DELASNIEVE DASPET: Já sou sexi...genária. Meu lazer é o que eu fazia no tempo de jovem – passeio, leio, cinema, teatro, sou ativista, viajo... Participativa socialmente em minha cidade, dirijo uma entidade de crianças carentes, participo de várias agremiações literárias, sou Conselheira Estadual de Cultura, me envolvo e sou envolvida pela lides da cultura e do social.
VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
DELASNIEVE DASPET: Na verdade cada trabalho que é publicado nos dá um prazer inaudito – é um filho que rompe barreiras e segue mundo afora... Depois que o poema nasce e brota nas páginas de um site, de um blog, de um jornal, ele tem alforria e segue seu caminho de luz para o bem ou para o mal, como tudo, aliás.
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritora?
DELASNIEVE DASPET: Sou advogada e ativista de causas sociais e humanitárias.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
DELASNIEVE DASPET: Procuro desenvolver o respeito pelos seres vivos, a prática da paz e da cultura da paz. Isso esta presente em meus trabalhos e pode ser visto em todos meus sites e blogs, e, também, nos meus livros.
VALDECK: Qual sua Religião?
DELASNIEVE DASPET: Sou espiritualista. Respeito todas as religiões – mas acredito que todos os caminhos levam a Roma... não importa o atalho que se pegue.
VALDECK: Quais seus planos como escritora?
DELASNIEVE DASPET: Seguir construindo... não ando sozinha, neste caminhar vou de mãos dadas com milhares de escritores e poetas parceiros, associados, os quais divulgo e me divulgam. Não sei andar só... gosto de companhia.
Gosto de pensar que somos todos grãos da mesma areia modelada pelo Criador.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Foto: Delasnieve Daspet e Valdeck Almeida de Jesus