Entrevista com Jacó Filho
FB - Em um comentário de um texto de nossa amiga “A Flor Enigmática”, descobri que o senhor foi criado por uma tia até os seis anos de idade e depois voltou para a casa de sua mãe biológica. Depois de algum tempo ficou sabendo por que isto aconteceu e em algum momento da vida já chegou a alimentar algum ressentimento em virtude disso?
JF - Somos mais de trinta irmão, 12 da mesma mãe, só eu fui criado por outra pessoa, e tive mais curiosidade em relação ao motivo, ainda não esclarecido, que ressentimento.
FB - Como ficou o relacionamento com os pais e irmãos no começo?
O que mais me chamou atenção, é que não me apresentaram formalmente aos demais membros da família, mas isto ocorre sempre com as crianças, independente de ser ou não da família, quando visitamos um amigo, apresentamos a esposa, o colega, e as crianças são tratadas como se já fossem conhecidos ou nada, tanto as nossas como as do visitado...
No mais, só tive vantagens, pois pra minha idade, voltei pra casa envelhecido...
FB - Certa vez, Chico Anysio disse que todo o nordestino é um sobrevivente devido aos constantes problemas de clima seco que esta região sofre. O senhor como nordestino já presenciou situações de seca e já sofreu com isto em sua infância em Pernambuco?
JF - Em média, dois de cada quatro anos é seco, e tínhamos que nos alimentar com seriais guardados em tubos com algum tipo de proteção contra fungos, além de ter que buscar água muito distante. A parte boa, é que cavávamos poços no leito do açude, e enquanto a água minava, a gente ficava namorando as meninas que iam em busca da mesma...
Como na seca, tinha mais tempo, ficava ao meio dia sob um juazeiro, observando e ouvindo os pássaros que se refugiavam em sua sombra... Aprendi muito com isso...
FB - Gostaria de saber como foi sua saída do interior de Pernambuco e sua chegada a São Paulo?
JF - Fiz o segundo científico e teria que sair de Araripina pra continuar os estudos, mas meu Pai se negou a me ajudar, então resolvi vir pra São Paulo, onde moravam três irmãos mais velhos, que me deram apoio logístico e moral. O fato de ter conseguido emprego em menos de um mês, me deu confiança e base psicológica pra superar a saudade e a falta de meus irmãos menores, que seis anos depois, vieram morar comigo, e com eles minha Mãe consangüínea...
FB - O seu perfil diz que o senhor atuou na área de telecomunicações por 37 anos, foi uma
escolha ou uma oportunidade que surgiu e o senhor abraçou?
JF - Quando cheguei em São Paulo, meu irmão estava fazendo a instalação elétrica da casa dele, e passou seis fios pra duas tomadas e um interruptor, então falei pra ele que faria com apenas três, ele ficou espantado, pois na fazenda que eu morava não tinha eletricidade, mas me permitiu fazer a rede da casa dele, e quando chamamos a LIHT e não houve problema, ele me sugeriu procurar emprego na CTB antiga Telesp, e por coincidência, e por ter me saído bem num teste pra examinador de linha, fui promovido antes de ser contratado, pra atuar exatamente no departamento de engenharia, onde seis meses depois, comandava uma equipe de dez técnicos...
FB - Em seu perfil também, vi que o senhor tem pelo menos 8 livros já publicados, tem algum já sendo preparado para uma nova publicação?
JF - Estou moldando o próximo que espero, esteja pronto antes de Julho, e já escolhi o título e estou fechando o conteúdo. “ENTRE O CÉU E A TERRA” mil e um sonetos, sete crônicas, três poesias e UM indriso.
FB - Como começou sua relação com a poesia e a literatura?
JF - Segundo minha Avó materna, já nasci poeta, e esta relação nunca se rompeu...
FB - Quais são seus escritores preferidos?
JF - Sou péssimo em guardar nomes, mas brasileiros são muitos, incluindo Osvaldo Polidoro, Gregório de Matos Guerra, J.G de Araujo Jorge, Machado de Assis, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Patativa do Assaré, Zé Limeira...Etc. Estrangeiros são Tolstoy, Emerson, Voltaire, Cal jaspers, Hermann Hesse, Maquiavel, e muitos outros...
FB - Quais o senhor considera mais promissores?
Não estão nesta lista, o que desconecta o gosto da sabedoria e do sucesso, que são: Paulo coelho, Fernando Veríssimo, Vinícius de Morais, Jô Soares, e os autores de novela da Globo...
FB - Gostaria de saber suas preferências na área musical?
JF - Adoro música clássica e na seqüência o chorinho, serestas, boleros e as demais...
FB - Aprecia cinema, teatro e televisão?
JF - Adoro Teatro, embora não freqüente quanto devia, televisão me atraia pelos Jornais, desenhos animados, principalmente a pantera cor de rosa, e acompanho a novela que elejo, pra aprender escrever...
FB - Gostaria de saber uma opinião sobre o seguinte tema: Todo começo de ano quando está próxima a estréia do BBB, por exemplo, as pessoas escrevem páginas e mais páginas aqui no recanto e em outras comunidades fazendo críticas ao programa, criticas que considero até pertinentes, pois o programa é de mau gosto mesmo, mas acontece que parece que as pessoas não sabem que existe uma coisa chamada controle remoto em que elas podem mudar de canal ou desligar a TV e fazer outras atividades. O senhor não acha que existe nesse país uma dependência exagerada da mídia televisiva?
JF - Nós fomos emanados de Deus, vamos evoluir pra retornar ao Pai, que nos deu o arbítrio pra fazê-lo sob nossas escolhas, e nem ELE se mete, exceto com as leis imutáveis que rege o universo, algumas detalhadas nos mandamentos. A Globo precisa faturar, e só terá eficiência se atingir as massas... O BBB e programas semelhantes estarão no AR enquanto lhes dermos audiência... Nunca tive dúvida que aprendo mais lendo um poema que vendo tais exibições, e quando as pessoas dedicam seu tempo vendo isso, e deixam de aprender o que realmente vale a pena, atrofiando o cérebro, pois a parte que vibra já é a que está ativa... Quanto à dependência, é mais uma vez vinculada às escolhas, pois temos ferramentas tão ou mais eficientes pra informação e entretenimento...
FB - Em relação ao nosso país e nossa política tem alguma expectativa de melhora?
JF - A era da transparência chegou, ninguém roubará escondido, nunca mais... O fato de não querer por a cara a bofete, além de dá a sociedade ferramentas de cobranças, nos farão muito melhor...
FB - É a favor do voto facultativo?
JF - Sim, mas não considero prioridade, o que me incomoda é que sendo crime comprar voto, o eleitor que recebe benefícios do estado, sem contra partida, deveria ter o título suspenso, como segunda alternativa. A primeira seria desvincular de nomes e siglas, o bolsa-esmola...
FB - Dois de seus irmãos fazem parte do “Recanto das Letras”, Miguel Jacó e Petrovana, quais as influências que o senhor por ser o mais velho dos três pode ter exercido para que eles também se interessassem pela poesia?
JF - Apenas o fato de participar, eles começaram lendo e resolveram, pra minhá alegria, editar também.
FB - Tem algum sonho que ainda não realizou e que gostaria que fosse concretizado?
JF - Apenas não partir deixando pendências, pois gostaria de renovar meu programa reencarna tório.
FB - Tem alguma mensagem que gostaria de mandar para meus leitores do recanto?
JF - Gostaria de agradecer por este excelente trabalho que você tem feito, e pela troca de energias que fazemos quando lemos e comentamos os colegas... O Recanto é uma linda famíla!!!!