PARETA CALDERASCH É ENTREVISTADO POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS

Pareta Calderasch é natural de Salvador e tem 29 anos. Começou a escrever versos aos 14 anos e iniciou uma pesquisa contínua pela poesia moderna. Conheceu o Movimento Cultural CEPA do qual participou e ajudou na produção de uma edição da CEPA/Poesia, lançou a revista literária ÁGORA, coordenou antologias poéticas em Salvador, publicou em cinco antologias no Brasil e uma na Espanha, nesse ínterim, estudava Elétrica Industrial no SENAI e, após, Eletrotécnica no CEFET-BA, trabalhou como Técnico de Informática, Administrador de Redes, Cinegrafista, Webdesigner. Também trabalhou na Coelba e na SEMUR (Secretaria Municipal da Reparação) mas largou tudo para se dedicar à poesia, a qual leva às pessoas nos ônibus coletivos, em bares, nos lugares mais inesperados. É idealizador e criador do projeto Pense Poesia, que usa várias nuances da arte para levar a poesia cada vez mais adiante. Sempre diz que se fosse pra viver sem poesia, preferiria nunca ter nascido.

VALDECK: Quando e onde nasceu?
PARETA: Nasci em Salvador, no meio da copa de 82. Conta minha mãe que, durante o parto, tinha televisões ligadas no jogo que estava passando na hora do meu nascimento.

VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
PARETA: Essa é a missão que a poesia me fará ter em breve. Por enquanto, ainda estou na Bahia, mas plantando sementes pro mundo.

VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
PARETA: Eu nasci fazendo poesia. Sempre procurei fazer tudo diferente. Quando aprendi a escrever eu escrevia de cabeça pra baixo e minha família achava que eu tinha algo estranho. Escrevi diário e, quando criança, escrevia livros de romance só meus e com amigos, enfrentava grande preconceito por escrever. Quando estava no 2º ano do segundo grau, tive a matéria LPLB (Língua Portuguesa, Literatura Brasileira) e um contato mais direto com a poesia, nesse momento comecei a levantar a bandeira da poesia, pesquisando grupos e em pouco tempo já publicava meus primeiros textos, isso foi em 1998. Escrevo porque a poesia é minha vida.

VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
PARETA: Escrevo contos, crônicas, poesia. A maioria é poesia, hoje estudo a literatura japonesa e a língua. Acho que isso vai me trazer novas tendências. Cada coisa tem seu momento, o conto, a poesia e é o momento que dita, não escrevo o que quero, escrevo o que vem, a temática romântica é de grande existência.


VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
PARETA: Não penso, o texto flui, depois quando eu faço acabamento de textos penso no leitor, em fazer o texto de forma que ele possa ter a viagem dele e não a minha, se encontrar no texto para que seja também dele.

VALDECK: O que mais gosta de escrever?
PARETA: Gosto de escrever, escrevendo me satisfaço.

VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
PARETA: A inspiração está em tudo. O texto vem e se eu não tiver papel, tenho que gravar tudo na cabeça até chegar em casa, até mesmo evitar pessoas pra não esquecer. Mas ultimamente tem vindo na frente do PC. Às vezes tenho ritual, às vezes não.

VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
PARETA: Por incrível que pareça, eu enjoo de todos os meus textos.


VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
PARETA: Reescrevo pouco, alguns acho que é pecado mexer, outros eu mexo a vontade, mas nunca mudando muito.

VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
PARETA: Essa é boa, eu tenho uma mania de poesia Free Style, já fiz até no microfone. Diga três palavras, um tema, uma música e eu faço na hora. Uma menina me deu a palavra céu, uma vez, no MSN e levei seis meses e não consegui fazer o poema. Tive que criar um heterônimo para fazer o poema, assim nasceu André Carneiro.


VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
PARETA: Não entrei na faculdade, sei que tem muita coisa que pode somar, mas não vejo, hoje, como meu caminho e não quero estar preso por quatro anos na regra dela. Me inscrevi pra uma à distância, agora. Minha carreira já é a poesia. Vivo disso faz três anos e não me arrependo, pago tudo meu com isso.


VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
PARETA: Drummond é meu pai, inclusive meu monólogo “O Sorriso de Drummond”, que apresento dia 8 de fevereiro, é sobre ele e minha relação com ele. Tem também Quintana, que me ensina simplicidade; Bandeira, que me leva pra outras vidas; e Pound, meu avô.

VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
PARETA: Saber a sua língua nativa, coragem e ousadia.


VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
PARETA: Não vejo motivo pra pseudônimo.

VALDECK: Como foi a tua infância?
PARETA: Linda, perdi meu irmão aos sete anos, meu pai aos dez, minha mãe lutou por nós de todos os jeitos, uma mulher exemplo pra mim. Tive vários problemas, era gago, não conseguia me comunicar e tinha problemas em relações sociais. Por isso me enfunava em casa lendo, no PC pesquisando. Daquela infância que nos ensina muitas coisas e não nos faz um idiota.

VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
PARETA: O trabalho artístico acaba estando ligado a diversão, essa é a melhor parte do trabalho, então sempre gasto tempo com os dois, mas quando necessário me enclausuro só no trabalho.

VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
PARETA: “El Salto”, na coletânea “Penumbra y Amanecer em Madrid”, infelizmente não vi porque não pude comprar o livro, era muito caro, mas me mandaram o e-mail falando sobre a publicação.

VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
PARETA: Sim, sou ator, faço parte da Trupe de Malabares Bravos e da Companhia Arte Pura, além de trabalhar com poesia nos ônibus coletivos, bares e outros lugares.

VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
PARETA: Sempre, nos ônibus eu trabalho com textos motivacionais, acho que se meu trabalho não melhora o ser humano, não tem sentido.

VALDECK: Qual sua Religião?
PARETA: Fui criado católico quando pequeno, saí da igreja por discordar de algumas coisas, me tornei Testemunha de Jeová na adolescência, permaneci durante anos, mas hoje não estou assiduamente frequentando, estou num momento que ainda preciso descobrir.

VALDECK: Quais seus planos como escritor?

PARETA: Crescer cada vez mais como poeta e ator, conseguir fazer coisas maiores; por meio do Pense Poesia incentivar cada vez mais a leitura e a poesia e morrer feliz ao olhar pra trás e ver o que pude fazer.

(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 17/01/2012
Reeditado em 18/01/2012
Código do texto: T3446351
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