Everton Lima tem 43 anos. Conheceu na infância a obra Infantil de Monteiro Lobato e ainda ali desenvolveu o fascínio pelas letras. Para ele uma página em branco seria potencialmente uma página para se escrever a sua História. Além da poesia dedica-se também à composição, ao canto e à promoção de eventos culturais relacionados à poesia. O poema Sonhando (Verdades), escrito em 1985, é o marco de sua carreira poética, mas só veio ser publicado em 1995 num panfleto da APPL (Associação em prol de pensamento libertário). A primeira publicação aconteceu, de fato, em 1988 através do poema Como, na antologia “A paz mora no coração do poeta”. Com o poema Êxtase Constante, em 1990, participou da antologia poética “Castro Alves Vivo”, pelo Círculo de Estudos Pensamento e Ação (CEPA). Ainda pelo Círculo, em 1991, teve a sua terceira publicação: o poema Dilema na revista Cepa Cultural número nove. Dos anos 90 até hoje já publicou em diversas revistas, jornais, agendas, livretos, sites, blogs etc. Publicou em 2001, o seu livro “Elo Fraterno” com o parceiro João Ulysses. O próximo livro, “Elo Poético”, já se encontra pronto pra ser editado e será sem parcerias. Recentemente publicou o livreto “Gotas de Paz e Poesia”, que traz consigo conhecidos poemas do Elo Fraterno e outros inéditos do Elo Poético (Em um total de doze textos). Está articulando a gravação de um CD com poemas recitados para adultos e crianças: “Elo Entre Eles e Elas”. Por falar em CD, em 1994 ingressou no “Coral da Uneb”, onde chegou a participar da gravação de dois.
Atua na poesia também, recitando em vários lugares como praças, escolas, universidades, teatros, feiras e semanas culturais, eventos acadêmicos, manifestações populares, participações em shows, e muito mais.
VALDECK: Quando e onde nasceu?
EVERTON LIMA: Nasci na capital da Bahia, na manhã do dia 11 de fevereiro de 1968, quando o carro do sol estava na casa de aquário. Como dizia o nosso colega, o poeta do Rock’n Roll: “Nas noites de frio é melhor nem nascer, nas de calor, se escolhe é matar ou morrer e assim nos tornamos brasileiros”.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
EVERTON LIMA: Venho viajando relativamente pouco ao longo de minha vida, conheço um número bom de interiores do nosso estado e também do estado de Pernambuco, de onde é a minha esposa, afora esses dois estados já estive apenas em mais dois, também da região Nordeste: Alagoas e Sergipe. A condição de pessoa portadora de deficiência física me faculta portar um passe livre que me consente viajar por todo o território Nacional sem ônus com transporte, mas as obrigações do cotidiano e os vínculos e compromissos locais, sobretudo os trabalhistas, não têm me permitido que eu tenha o deleite de gozar deste benefício que me é muito prazeroso. Quanto a outros Países, venho me preparando, aprendendo línguas para quando for oportuno poder voar também fisicamente, pois poeticamente eu vou a todos os lugares... ”E eu? E eu vou voando...”.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
EVERTON LIMA: O meu encanto pela literatura teve início antes mesmo de eu ter aprendido a ler, pois achava algo como que divinal a possibilidade de se registrar os pensamentos em uma página de papel. Ainda na infância li toda a obra de Monteiro Lobato e muito também do poeta Castro Alves, ali já estava plantada a semente da poesia na minha vida. Antes de escrever já via e interpretava o mundo com os olhos do poeta; acredito, inclusive, que não seja imprescindível saber escrever para se ser poeta, como bem o ilustra o nosso ilustre mestre Patativa do Assaré: “Para ser poeta no sertão/Nem tem que ser professor/Basta ver no mês de maio/Um poema em cada galho/Um verso em cada flor". Mas, objetivamente o meu primeiro poema foi escrito há 27 anos, o poema marco da minha obra chama-se “Sonhando (verdades)” e naquele mesmo ano compus uma canção intitulada “Sonhos Reais”; o poema trata da inversão dos valores na estrutura social de então, o que de lá pra cá não mudou e em alguns aspectos até se aprofundou e piorou; e a canção é uma paquera que teve um desfecho um tanto platônico.
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
EVERTON LIMA: A julgar pelo título dos trabalhos citados na resposta anterior é passível de se pensar que eu não escreva sobre a realidade, mas na verdade, a minha temática geralmente é voltada para as questões práticas do cotidiano, sob o ponto de vista de um poeta, o que acaba por permitir a fusão com filosofia, religião, ideologia e luta de classe (O que chega a tender às vezes para certo panfletarismo). A maioria dos meus textos é em forma de poesia. Tenho escrito muito pouco prosa, acho que é por que a poesia me traz mais liberdade, e pela minha influência condoreira, sou um adepto inconteste da liberdade. Gosto de escrever sobre questões sociais e sobre aspectos filosóficos, sugerindo soluções para os conflitos humanos (É, talvez, uma poesia de autoajuda).
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
EVERTON LIMA: Sim, penso no meu público alvo, o meu compromisso é levar além de entretenimento com um texto leve, digerível, inteligível, alguma mensagem que leve ele a pensar em si próprio e nos que o rodeia.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
EVERTON LIMA: Poesia.
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
EVERTON LIMA: Os meus textos são normalmente inspirados por influências externas e internas, num misto da inter-relação entre o mundo exterior com o meu mundo interior. Ou seja, os fatores externos são percebidos pelos meus sentidos e resignificados pelas minhas experiências e pela minha forma de interpretar o mundo. Posso escrever a qualquer hora e em quase todo lugar, mas tenho preferência pelo silêncio da madrugada, no aconchego do meu lar.
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
EVERTON LIMA: Como um pai, sou muito suspeito pra falar de predileção por qualquer texto da minha autoria, tenho inclusive poemas que comparo poesias a filhos, não se pode dizer que um filho é menos querido do que outro. Posso citar um deles aqui, apenas para ilustrar o que estou afirmando, mas não exatamente porque este é mais ou menos querido:
“Os meus versos vagam
pelo mundo afora...
e muito embora
eu os ache tão particulares
eles, como vagas, abundam em outros mares
e meus já não são...
versos meus, teus, de Deus...ateus.
E em dado momento eles são eu.
ou eus, em cada outro eu que os lê...
E, os que os lê, como quem desatina,
talvez pergunte em figura da língua,
em forma de rima:
- Você já leu Everton Lima?
E como um filho longe,
Tem o meu mesmo nome,
como alguém por quem
esta saudade consome
e me faz sentir por vezes monstro homem,
outras... homem monge...”
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
EVERTON LIMA: Alguns são praticamente instantâneos, como se eu já soubesse tudo o que iria escrever; outros tantos eu levo um tempinho maior repensando, burilando, tratando como se fosse um diamante bruto tornando-se a mais bela joia.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
EVERTON LIMA: Foi um poema que tenho publicado na página 31 do meu livro “Elo Fraterno”, chama-se “Espelhos (Divina Vaidade)”, ele durou mais de dois anos para ser efetivamente escrito, porque quando eu concebi a ideia de escrever o poema estava muito ocupado e não podia parar para fazê-lo; o tempo foi passando eu sempre lembrava da temática, mas não tinha muita disposição para desenvolvê-la no papel e daí a ideia dele passou a ser cada vez mais pensada e burilada mentalmente, até que chegou um dia que resolvi por tudo no papel e te asseguro que muitas coisas que foram inicialmente pensadas foram modificadas, amadurecidas, ao longo dos anos...
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
EVERTON LIMA: Cursei até o quarto semestre a licenciatura em Letras Vernáculas e Inglês da Universidade Católica do Salvador - Ucsal, mas vim concluir, de fato, o Bacharelado em Turismo e Hotelaria da Universidade do Estado da Bahia - Uneb. Sim, pretendo seguir a carreira na Literatura e tenho ainda uma outra vocação, no momento inconfessável.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
EVERTON LIMA: Leio muito, assisto muitos filmes, ouço sempre muitas músicas, acabo admirando consequentemente muita gente, mas dois baianos de alguma forma antagônicos são os que mais me influenciam e influenciaram ao longo dos anos na minha construção literária; são eles Raul Santos Seixas e o Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, mas hoje, e já há algum tempo, o Raul Seixas me influencia mais.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
EVERTON LIMA: Primeira dica: Ler; Segunda dica: Ler; e terceira dica: ler mais.
A leitura aguça a sensibilidade, enriquece o vocabulário e apura e desenvolve a técnica da escrita, que são fatores imprescindíveis para qualquer um escrever bem.
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
EVERTON LIMA: Fiz do meu nome, o meu próprio pseudônimo e a minha própria marca, antes de escrever era mais conhecido pelo o meu pseudônimo de infância, daí resolvi usar o nome como pseudônimo.
VALDECK: Como foi a tua infância?
EVERTON LIMA: Identifico-me muito com o poema “O Poeta Aprendiz”, do nosso poetinha Vinícius, em certa conta ele descreve a minha infância: Valente, ágil, chupando frutas nos quintais dos vizinhos; jogando bola de meia no pátio da Escola Castro Alves, bola de cordão na praia, bola de borracha no terreno onde foi a mansão do Barão de Cotegipe, bola de gude no meio da rua de paralelepípedos e barro na transversal da rua que morava na Cidade Baixa; dando caídas e mergulhando no fundo do Armazém Gerais, próximo à praia do Cantagalo; amando minhas primas, amando as vizinhas, varria na escada do prédio que morava no bairro dos Mares, amava as gurias vadias com beijos e rimas, por baixo e por cima, no escuro da esquina, no terreno baldio, debaixo dos panos da lavanderia, amava as criadas (negras, morenas e alouradas; ah! as criadas, essas eram as mais amadas), amava a não mais poder amar... ”Por isso fazia meu grão de poesia, e achava bonita a palavra escrita, por isso sofria de melancolia, sonhando o poeta que quem sabe um dia poderia ser”.
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
EVERTON LIMA: Não mais tão jovem, mas na verdade, para mim, sempre, o trabalho precisou estar atrelado ao lazer, à diversão; sou partidário de Confúcio no que diz respeito a esta sua citação: “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”. Para mim o meu trabalho artístico em si já é uma diversão, e por outro lado, quando estou em atividade de lazer, estou também colhendo subsídios para o meu trabalho artístico.
VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
EVERTON LIMA: Os dois textos que mais me deram prazer em ver publicados foram: o poema “Como?”, na antologia poética “A paz mora no coração do poeta”, fruto de classificação em concurso de poesia de âmbito internacional, por ter sido a minha primeira publicação, em 1988 (Frente ao inusitado do fato; foi como a realização de um sonho); e o poema “Otimismo”, gravado em Cd, resultado de classificação, em primeiro lugar, no Concurso de arte e Cultura da Uneb, pelo Departamento de Ciências Humanas, no ano em que ingressei naquela universidade, em 2001.
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
EVERTON LIMA: Sou professor da área de letras em escolas particulares e em projetos de escolas públicas, funcionário público do Estado, promotor de eventos e produtor Cultural, sempre que oportuno.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
EVERTON LIMA: Sim. Sempre tive interesse em dar a minha contribuição na transformação da sociedade através de mensagens de paz, união, fraternidade e justiça.
VALDECK: Qual sua Religião?
EVERTON LIMA: A minha formação religiosa é Espírita, mas em função do meu atual afastamento do Centro Espírita e incursões em leituras e vivências outras, hoje me considero mais um Espiritualista, até em respeito à definição de Espiritismo dada por Kardec, no livro dos Espíritos.
VALDECK: Quais seus planos como escritor?
EVERTON LIMA: Continuar escrevendo, publicando, recitando, ter nisso uma fonte de renda plausível para que eu não precise me desdobrar tanto para ter uma vida confortável.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Atua na poesia também, recitando em vários lugares como praças, escolas, universidades, teatros, feiras e semanas culturais, eventos acadêmicos, manifestações populares, participações em shows, e muito mais.
VALDECK: Quando e onde nasceu?
EVERTON LIMA: Nasci na capital da Bahia, na manhã do dia 11 de fevereiro de 1968, quando o carro do sol estava na casa de aquário. Como dizia o nosso colega, o poeta do Rock’n Roll: “Nas noites de frio é melhor nem nascer, nas de calor, se escolhe é matar ou morrer e assim nos tornamos brasileiros”.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
EVERTON LIMA: Venho viajando relativamente pouco ao longo de minha vida, conheço um número bom de interiores do nosso estado e também do estado de Pernambuco, de onde é a minha esposa, afora esses dois estados já estive apenas em mais dois, também da região Nordeste: Alagoas e Sergipe. A condição de pessoa portadora de deficiência física me faculta portar um passe livre que me consente viajar por todo o território Nacional sem ônus com transporte, mas as obrigações do cotidiano e os vínculos e compromissos locais, sobretudo os trabalhistas, não têm me permitido que eu tenha o deleite de gozar deste benefício que me é muito prazeroso. Quanto a outros Países, venho me preparando, aprendendo línguas para quando for oportuno poder voar também fisicamente, pois poeticamente eu vou a todos os lugares... ”E eu? E eu vou voando...”.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
EVERTON LIMA: O meu encanto pela literatura teve início antes mesmo de eu ter aprendido a ler, pois achava algo como que divinal a possibilidade de se registrar os pensamentos em uma página de papel. Ainda na infância li toda a obra de Monteiro Lobato e muito também do poeta Castro Alves, ali já estava plantada a semente da poesia na minha vida. Antes de escrever já via e interpretava o mundo com os olhos do poeta; acredito, inclusive, que não seja imprescindível saber escrever para se ser poeta, como bem o ilustra o nosso ilustre mestre Patativa do Assaré: “Para ser poeta no sertão/Nem tem que ser professor/Basta ver no mês de maio/Um poema em cada galho/Um verso em cada flor". Mas, objetivamente o meu primeiro poema foi escrito há 27 anos, o poema marco da minha obra chama-se “Sonhando (verdades)” e naquele mesmo ano compus uma canção intitulada “Sonhos Reais”; o poema trata da inversão dos valores na estrutura social de então, o que de lá pra cá não mudou e em alguns aspectos até se aprofundou e piorou; e a canção é uma paquera que teve um desfecho um tanto platônico.
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
EVERTON LIMA: A julgar pelo título dos trabalhos citados na resposta anterior é passível de se pensar que eu não escreva sobre a realidade, mas na verdade, a minha temática geralmente é voltada para as questões práticas do cotidiano, sob o ponto de vista de um poeta, o que acaba por permitir a fusão com filosofia, religião, ideologia e luta de classe (O que chega a tender às vezes para certo panfletarismo). A maioria dos meus textos é em forma de poesia. Tenho escrito muito pouco prosa, acho que é por que a poesia me traz mais liberdade, e pela minha influência condoreira, sou um adepto inconteste da liberdade. Gosto de escrever sobre questões sociais e sobre aspectos filosóficos, sugerindo soluções para os conflitos humanos (É, talvez, uma poesia de autoajuda).
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
EVERTON LIMA: Sim, penso no meu público alvo, o meu compromisso é levar além de entretenimento com um texto leve, digerível, inteligível, alguma mensagem que leve ele a pensar em si próprio e nos que o rodeia.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
EVERTON LIMA: Poesia.
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
EVERTON LIMA: Os meus textos são normalmente inspirados por influências externas e internas, num misto da inter-relação entre o mundo exterior com o meu mundo interior. Ou seja, os fatores externos são percebidos pelos meus sentidos e resignificados pelas minhas experiências e pela minha forma de interpretar o mundo. Posso escrever a qualquer hora e em quase todo lugar, mas tenho preferência pelo silêncio da madrugada, no aconchego do meu lar.
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
EVERTON LIMA: Como um pai, sou muito suspeito pra falar de predileção por qualquer texto da minha autoria, tenho inclusive poemas que comparo poesias a filhos, não se pode dizer que um filho é menos querido do que outro. Posso citar um deles aqui, apenas para ilustrar o que estou afirmando, mas não exatamente porque este é mais ou menos querido:
“Os meus versos vagam
pelo mundo afora...
e muito embora
eu os ache tão particulares
eles, como vagas, abundam em outros mares
e meus já não são...
versos meus, teus, de Deus...ateus.
E em dado momento eles são eu.
ou eus, em cada outro eu que os lê...
E, os que os lê, como quem desatina,
talvez pergunte em figura da língua,
em forma de rima:
- Você já leu Everton Lima?
E como um filho longe,
Tem o meu mesmo nome,
como alguém por quem
esta saudade consome
e me faz sentir por vezes monstro homem,
outras... homem monge...”
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
EVERTON LIMA: Alguns são praticamente instantâneos, como se eu já soubesse tudo o que iria escrever; outros tantos eu levo um tempinho maior repensando, burilando, tratando como se fosse um diamante bruto tornando-se a mais bela joia.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
EVERTON LIMA: Foi um poema que tenho publicado na página 31 do meu livro “Elo Fraterno”, chama-se “Espelhos (Divina Vaidade)”, ele durou mais de dois anos para ser efetivamente escrito, porque quando eu concebi a ideia de escrever o poema estava muito ocupado e não podia parar para fazê-lo; o tempo foi passando eu sempre lembrava da temática, mas não tinha muita disposição para desenvolvê-la no papel e daí a ideia dele passou a ser cada vez mais pensada e burilada mentalmente, até que chegou um dia que resolvi por tudo no papel e te asseguro que muitas coisas que foram inicialmente pensadas foram modificadas, amadurecidas, ao longo dos anos...
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
EVERTON LIMA: Cursei até o quarto semestre a licenciatura em Letras Vernáculas e Inglês da Universidade Católica do Salvador - Ucsal, mas vim concluir, de fato, o Bacharelado em Turismo e Hotelaria da Universidade do Estado da Bahia - Uneb. Sim, pretendo seguir a carreira na Literatura e tenho ainda uma outra vocação, no momento inconfessável.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
EVERTON LIMA: Leio muito, assisto muitos filmes, ouço sempre muitas músicas, acabo admirando consequentemente muita gente, mas dois baianos de alguma forma antagônicos são os que mais me influenciam e influenciaram ao longo dos anos na minha construção literária; são eles Raul Santos Seixas e o Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, mas hoje, e já há algum tempo, o Raul Seixas me influencia mais.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
EVERTON LIMA: Primeira dica: Ler; Segunda dica: Ler; e terceira dica: ler mais.
A leitura aguça a sensibilidade, enriquece o vocabulário e apura e desenvolve a técnica da escrita, que são fatores imprescindíveis para qualquer um escrever bem.
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
EVERTON LIMA: Fiz do meu nome, o meu próprio pseudônimo e a minha própria marca, antes de escrever era mais conhecido pelo o meu pseudônimo de infância, daí resolvi usar o nome como pseudônimo.
VALDECK: Como foi a tua infância?
EVERTON LIMA: Identifico-me muito com o poema “O Poeta Aprendiz”, do nosso poetinha Vinícius, em certa conta ele descreve a minha infância: Valente, ágil, chupando frutas nos quintais dos vizinhos; jogando bola de meia no pátio da Escola Castro Alves, bola de cordão na praia, bola de borracha no terreno onde foi a mansão do Barão de Cotegipe, bola de gude no meio da rua de paralelepípedos e barro na transversal da rua que morava na Cidade Baixa; dando caídas e mergulhando no fundo do Armazém Gerais, próximo à praia do Cantagalo; amando minhas primas, amando as vizinhas, varria na escada do prédio que morava no bairro dos Mares, amava as gurias vadias com beijos e rimas, por baixo e por cima, no escuro da esquina, no terreno baldio, debaixo dos panos da lavanderia, amava as criadas (negras, morenas e alouradas; ah! as criadas, essas eram as mais amadas), amava a não mais poder amar... ”Por isso fazia meu grão de poesia, e achava bonita a palavra escrita, por isso sofria de melancolia, sonhando o poeta que quem sabe um dia poderia ser”.
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
EVERTON LIMA: Não mais tão jovem, mas na verdade, para mim, sempre, o trabalho precisou estar atrelado ao lazer, à diversão; sou partidário de Confúcio no que diz respeito a esta sua citação: “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”. Para mim o meu trabalho artístico em si já é uma diversão, e por outro lado, quando estou em atividade de lazer, estou também colhendo subsídios para o meu trabalho artístico.
VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
EVERTON LIMA: Os dois textos que mais me deram prazer em ver publicados foram: o poema “Como?”, na antologia poética “A paz mora no coração do poeta”, fruto de classificação em concurso de poesia de âmbito internacional, por ter sido a minha primeira publicação, em 1988 (Frente ao inusitado do fato; foi como a realização de um sonho); e o poema “Otimismo”, gravado em Cd, resultado de classificação, em primeiro lugar, no Concurso de arte e Cultura da Uneb, pelo Departamento de Ciências Humanas, no ano em que ingressei naquela universidade, em 2001.
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
EVERTON LIMA: Sou professor da área de letras em escolas particulares e em projetos de escolas públicas, funcionário público do Estado, promotor de eventos e produtor Cultural, sempre que oportuno.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
EVERTON LIMA: Sim. Sempre tive interesse em dar a minha contribuição na transformação da sociedade através de mensagens de paz, união, fraternidade e justiça.
VALDECK: Qual sua Religião?
EVERTON LIMA: A minha formação religiosa é Espírita, mas em função do meu atual afastamento do Centro Espírita e incursões em leituras e vivências outras, hoje me considero mais um Espiritualista, até em respeito à definição de Espiritismo dada por Kardec, no livro dos Espíritos.
VALDECK: Quais seus planos como escritor?
EVERTON LIMA: Continuar escrevendo, publicando, recitando, ter nisso uma fonte de renda plausível para que eu não precise me desdobrar tanto para ter uma vida confortável.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com