Lucymar Soares ou Cymar Gaivota, como é conhecida entre muito amigos, é mineira, residente em Salvador desde 1989. Jornalista, documentarista, poeta, Membro Correspondente da OATL – Oficial Academia Tijuquense de Letras-SC, Membro da Academia de Cultura da Bahia, integrante da equipe do Projeto Fala Escritor, vice-presidente de um Conselho de Moradores em Cajazeiras. Cymar é autora do livro “Cicatrizes”, lançado em 2007, e de mais sete obras não publicadas e um projeto de literatura infanto-juvenil com mais dois parceiros: a historiadora Nádia Silva e o artesão e escritor Samuel Dantas.
Lucymar Soares trabalhou em dois jornais semanais como copidesque e auxiliar de redação em Nanuque-MG, quando residia em Argolo-BA, onde passou toda sua infância e adolescência. Foram os jornais “Folha de Nanuque” e “O Ponto de Vista”, no tempo da linotipe. Nesse período, lecionava e era secretária escolar pela prefeitura de Nova Viçosa-BA - quando deixou os três turnos de trabalho para morar em Salvador, com o objetivo de ser Jornalista e dedicar-se à literatura. Na capital trabalhou como representante comercial, professora e foi sócia numa empresa voltada para o mercado de cosméticos. Lucymar, atualmente, faz parte da execução de um projeto em mídia escrita, juntamente com o poeta André Marques, com previsão de lançamento para 2012.
VALDECK: Quando e onde nasceu?
CYMAR: 04 de dezembro, em Serra dos Aimorés-MG, uma pequena cidade que faz divisa com Mucuri-BA.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
CYMAR: Considero conhecer uma pequenina parte do meu país. Paralelo às viagens que pretendo fazer dentro do meu país desejo, se possível, conhecer outros países, claro.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
CYMAR: Descobri minha vocação para a poesia aos 15 anos. Desde então, também nascia o desejo de ser escritora. Muitas vezes, a primeira poesia para a maioria dos poetas que começam a escrever em torno dessa idade, nasce em um momento de paixão, a descoberta do primeiro amor. A adolescência é um período dos questionamentos, das descobertas...
No meu caso, o primeiro sinal da poesia nasceu em um momento de profunda reflexão com a vida e com Deus. E, aí, nessa fase, muitas perguntas pairavam em pensamentos meus, porém eu sempre tive as minhas respostas para elas. Sem saber, eu já praticava o solilóquio. Em meio a essas conversas comigo mesma, eu conheci o comprometimento que o Dono da vida tinha com sua criação e em especial com os seres humanos, aí nasceu minha primeira poesia: EU TE AMO!
VALDECK: Você escreve sobre ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
CYMAR: Gosto de falar do amor em todas as suas formas, protesto, natureza e Deus. Mas, acho que o que mais me fascina é a filosofia.
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor? Você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
CYMAR: Acredito que a poesia ou tudo que façamos neste mundo precisa convergir para o bem da sociedade. “Quando os homens, verdadeiramente aprenderem a amar a si próprios, irão sentir uma tremenda necessidade de amar a Deus e ao próximo, descobrindo finalmente como tornar mais digna a ilusória vida terrena”. Escrevi esse texto no início de tudo, ele nasceu de muitas reflexões. Entendo que recebo essa inspiração para ajudar na construção de um mundo melhor. Não escrevo para apresentar uma poesia rebuscada, para intelectuais analisarem. Escrevo em uma linguagem simples, assim todos entenderão a mensagem. Meus textos necessitam desse compromisso com o leitor.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
CYMAR: Não escolho sobre o que vou escrever quando se trata de poesia, raramente isso ocorre, coloco no papel o que me é dado por inspiração. Vibro quando recebo um texto, seja sobre qualquer tema. É mágico! É como parir! Apesar de nunca ter passado por esse divino processo materno. Mas, como mulher, imagino a alegria de uma mãe quando recebe nos braços um filho. Assim são os textos que recebo. Aí chegam textos de variados temas, amor, amizade, natureza, protesto, reflexões, filosofias, enfim.
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem à inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
CYMAR: Às vezes acordo no meio da madrugada para tomar e água e desperta aquela vontade de escrever. Mas, não escrevo, no caso de poesias, porque determinei que iria escrevê-las, eu escrevo porque vem algo prontinho (no meu íntimo) me pedindo para registrar, ou à ideia de um tema. Coloco tudo no papel e no amanhecer eu só organizo; há textos que nem precisa arrumar, já vem prontinho. Mas escrevo por opção, também, claro, quando algo me toca, me “chama”, eu construo os meus textos, mas acredito que tudo vem da alma. Você se inspira em algo, envolve sua alma e o processo de construção se inicia.
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
CYMAR: Não tenho preferências. Cada poesia que escrevo tem a sua beleza própria para minha alma. Mas, posso falar de “Cicatrizes”, o meu primeiro livro lançado - sistema de produção independente - ocorreu em meu bairro com o envolvimento da comunidade que participou, colaborou, patrocinou a festa, sinto que foi um momento especial. Nos dias seguintes me encontrava com as pessoas na rua e elas me paravam para falar que estavam lendo, que estavam gostando, que a poesia tal o fez chorar, que se identificou com os textos. Como dizem que essa é a alegria do escritor, ser lido. Vou mais longe, ser lido e ter o prazer de saber que sua mensagem foi útil, que levou a reflexão...
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
CYMAR: Quando se trata de poesia, como disse, vem por inspiração. Quando se trata de outro formato, vai depender do tema. Há temáticas que requerem pesquisas. Mas, em se tratando de poesia, não há limite de tempo, eu nem sei se existe essa questão ‘tempo’ para o poeta.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
CYMAR: Não existe tempo, a poesia é quem faz o tempo em mim. Com relação ao projeto em parceria com os autores Samuel Dantas e Nádia Silva, esse sim, foi necessário um tempo maior para a construção. Porque como o cunho da obra é pedagógico, requereu pesquisas e, por se tratar de uma história com personagens fictícios e não fictícios, cenário/localizações estratégicas, enredo... Enfim, é um processo quer exige tempo para pesquisas e discussões.
VALDECK: Concluiu a Faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
CYMAR: Sou Jornalista recém-formada. Pretendo fazer Pós-graduação em Jornalismo Literário. Quando eu fiz a minha primeira poesia, decidi: Vou a capital baiana, estudar para ser escritora. Os anos passaram e eu continuo com o mesmo ideal.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
CYMAR: Aos 15 anos, lá no interior eu ainda não tinha admiração por nenhum escritor ou poeta, gostava de “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, “Pollyanna” de Eleanor H. Porter, a “Coleção Vaga Lume”, depois conheci os textos de “Cantares de Salomão” (um dos livros da Bíblia), “Fernão Capelo Gaivota” de Richard Bach. Se eu fosse indicar quais literaturas me influenciaram diria que foram essas. Na fase adulta li Vinicius de Morais, Gregório de Matos, Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, José de Alencar e outros...
Hoje, continuo gostando de leituras que transmitem mensagem de reflexão. Evito prender-me a leitura rebuscada. Não gosto de romance, já gostei muito, quando adolescente, hoje dou prioridade aos baseados na vida real. Quanto a outras categorias, claro, adoro a pesquisa.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
CYMAR: Comprometimento com a verdade e a qualidade. Imaginação e criatividade. Em se tratando de poesia, o poeta precisa escrever com a alma para que seja de fato poesia.
O escritor precisa de liberdade e de ir sempre em busca do seu aperfeiçoamento. Ninguém nasce pronto.
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, porque não usa um pseudônimo?
CYMAR: Uso os dois.
VALDECK: Como foi a sua infância?
CYMAR: Fui uma criança feliz! Segundo relatos de familiares, meus pais não tinham uma boa estrutura financeira antes do meu nascimento. Eles contam que houve um período ruim, quando o meu pai adoeceu e teve que ficar internado por mais de um ano. Minha mãe conta que foi um longo período de sofrimento. Nesta fase, ela estava grávida de mim. Com o passar do tempo, eu e ela nos unimos de tal maneira que tudo o que ela sofria, eu sofria. O reflexo disso só percebi depois, na fase adulta. Somos muito parecidas.
Fui tão feliz na minha infância que demorei a sair dela para entrar na adolescência e resisti em deixar a adolescência e assumir a vida adulta. Fui criada numa chácara. Lá tínhamos quase todo tipo de frutas. Lembro que meu pai comprava os pássaros na rua e soltava no nosso quintal, acho que vem daí essa minha paixão pela liberdade e o meu respeito pela Natureza. Depois de anos de trabalho, meu pai comprou uma fazenda. Andei a cavalo, tirei leite de vaca e ajudei a “bater” feijão (colher o feijão), colher abóbora, melancia e outros.
Vivia pelos rios pescando e me banhando, subindo nas árvores, colhendo frutos frescos, adorava pedalar pelas ruas da cidade com minha bicicleta. As brincadeiras de esconde-esconde nas áreas de mato. Lembro que montei um circo dentro da chácara com os meus amigos. Fizemos propaganda nas ruas e cobramos o ingresso... (risos).
Tenho tantas histórias para contar da minha infância...
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
CYMAR: Minha diversão preferida é escrever, revisar, reescrever, ler, enfim, passo bastante tempo envolvida com os meus textos. Claro, me divirto com o teatro, cinema, mas, não sou de perder noites em badalações. Gosto de praia no final do dia. Tenho um esconderijo secreto (risos), um santuário onde me tranco por dias; acreditem, são nesses momentos que me divirto muito. Encontro na reflexão, conversando comigo mesma, o caminho do entendimento. É a minha melhor terapia e no final, olhem elas lá, as poesias (risos).
VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
CYMAR: Fui auxiliar de dois jornais semanais na cidade de Nanuque-MG, antes de vir para Salvador. Um dia, o dono de um dos maiores supermercados de lá chegou à redação do jornal Folha de Nanuque e me presenteou com uma deliciosa caixa de chocolates pelo poema “O tempo que passou”. Nossa! Foi muito bom! Depois ouvi esse mesmo poema na voz de Ewerton Matos (Globo FM-BA). Esse texto sempre me trouxe alegrias.
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritora?
CYMAR: Estou em construção com outros parceiros em novos projetos, que no momento, prefiro não revelar.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
CYMAR: Sim. Como já disse há pouco, não escrevo para ser analisada pelos críticos, e sim para chamar o leitor para uma viagem onde ele possa encontrar consigo mesmo através da reflexão. Quero escrever o que ele sente, o que ele sonha e o que ele deseja. Quero que os meus poemas façam do leitor um poeta, também. Porque se ele deixar o poeta que se esconde dentro dele nascer, nele crescerão asas e o céu será o limite...
VALDECK: Qual sua Religião?
CYMAR: Creio em um Deus Criador. E só a Ele eu adoro. Imagino que Ele é bom e é Amor. Minha religião é pedir a esse Deus no meu dia a dia-a-dia, o caminho da luz para o meu processo de evolução humana. Essa evolução consiste no amor ao próximo, a Deus, no respeito à Natureza para que assim eu possa me amar. Se nesse processo, eu descobrir que amo a Deus e ao próximo como eu me amo, terei praticado a verdadeira religião.
VALDECK: Quais seus planos como escritora?
CYMAR: O mesmo sonho de todo escritor: Ser lido, ser permiado pelo conhecimento. Saí do interior com esses objetivos. Realizei o sonho de ser Jornalista, lancei o livro de poesia “Cicatrizes”, fiz um documentário (Martim Gonçalves e o Teatro Baiano – Na Mala Muitas Ideias) e ano que vem estarei lançando mais um livro de poesia – “Nas Asas da Gaivota” – estou no caminho certo. Tenho muitas ideias, mas, prefiro aprimorá-las para que aos poucos irem se tornando realidade. Mas, com certeza, tudo com objetivo de ser lido, de participar da construção do que é bom em mim e em meus leitores.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Lucymar Soares trabalhou em dois jornais semanais como copidesque e auxiliar de redação em Nanuque-MG, quando residia em Argolo-BA, onde passou toda sua infância e adolescência. Foram os jornais “Folha de Nanuque” e “O Ponto de Vista”, no tempo da linotipe. Nesse período, lecionava e era secretária escolar pela prefeitura de Nova Viçosa-BA - quando deixou os três turnos de trabalho para morar em Salvador, com o objetivo de ser Jornalista e dedicar-se à literatura. Na capital trabalhou como representante comercial, professora e foi sócia numa empresa voltada para o mercado de cosméticos. Lucymar, atualmente, faz parte da execução de um projeto em mídia escrita, juntamente com o poeta André Marques, com previsão de lançamento para 2012.
VALDECK: Quando e onde nasceu?
CYMAR: 04 de dezembro, em Serra dos Aimorés-MG, uma pequena cidade que faz divisa com Mucuri-BA.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
CYMAR: Considero conhecer uma pequenina parte do meu país. Paralelo às viagens que pretendo fazer dentro do meu país desejo, se possível, conhecer outros países, claro.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
CYMAR: Descobri minha vocação para a poesia aos 15 anos. Desde então, também nascia o desejo de ser escritora. Muitas vezes, a primeira poesia para a maioria dos poetas que começam a escrever em torno dessa idade, nasce em um momento de paixão, a descoberta do primeiro amor. A adolescência é um período dos questionamentos, das descobertas...
No meu caso, o primeiro sinal da poesia nasceu em um momento de profunda reflexão com a vida e com Deus. E, aí, nessa fase, muitas perguntas pairavam em pensamentos meus, porém eu sempre tive as minhas respostas para elas. Sem saber, eu já praticava o solilóquio. Em meio a essas conversas comigo mesma, eu conheci o comprometimento que o Dono da vida tinha com sua criação e em especial com os seres humanos, aí nasceu minha primeira poesia: EU TE AMO!
VALDECK: Você escreve sobre ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
CYMAR: Gosto de falar do amor em todas as suas formas, protesto, natureza e Deus. Mas, acho que o que mais me fascina é a filosofia.
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor? Você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
CYMAR: Acredito que a poesia ou tudo que façamos neste mundo precisa convergir para o bem da sociedade. “Quando os homens, verdadeiramente aprenderem a amar a si próprios, irão sentir uma tremenda necessidade de amar a Deus e ao próximo, descobrindo finalmente como tornar mais digna a ilusória vida terrena”. Escrevi esse texto no início de tudo, ele nasceu de muitas reflexões. Entendo que recebo essa inspiração para ajudar na construção de um mundo melhor. Não escrevo para apresentar uma poesia rebuscada, para intelectuais analisarem. Escrevo em uma linguagem simples, assim todos entenderão a mensagem. Meus textos necessitam desse compromisso com o leitor.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
CYMAR: Não escolho sobre o que vou escrever quando se trata de poesia, raramente isso ocorre, coloco no papel o que me é dado por inspiração. Vibro quando recebo um texto, seja sobre qualquer tema. É mágico! É como parir! Apesar de nunca ter passado por esse divino processo materno. Mas, como mulher, imagino a alegria de uma mãe quando recebe nos braços um filho. Assim são os textos que recebo. Aí chegam textos de variados temas, amor, amizade, natureza, protesto, reflexões, filosofias, enfim.
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem à inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
CYMAR: Às vezes acordo no meio da madrugada para tomar e água e desperta aquela vontade de escrever. Mas, não escrevo, no caso de poesias, porque determinei que iria escrevê-las, eu escrevo porque vem algo prontinho (no meu íntimo) me pedindo para registrar, ou à ideia de um tema. Coloco tudo no papel e no amanhecer eu só organizo; há textos que nem precisa arrumar, já vem prontinho. Mas escrevo por opção, também, claro, quando algo me toca, me “chama”, eu construo os meus textos, mas acredito que tudo vem da alma. Você se inspira em algo, envolve sua alma e o processo de construção se inicia.
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
CYMAR: Não tenho preferências. Cada poesia que escrevo tem a sua beleza própria para minha alma. Mas, posso falar de “Cicatrizes”, o meu primeiro livro lançado - sistema de produção independente - ocorreu em meu bairro com o envolvimento da comunidade que participou, colaborou, patrocinou a festa, sinto que foi um momento especial. Nos dias seguintes me encontrava com as pessoas na rua e elas me paravam para falar que estavam lendo, que estavam gostando, que a poesia tal o fez chorar, que se identificou com os textos. Como dizem que essa é a alegria do escritor, ser lido. Vou mais longe, ser lido e ter o prazer de saber que sua mensagem foi útil, que levou a reflexão...
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
CYMAR: Quando se trata de poesia, como disse, vem por inspiração. Quando se trata de outro formato, vai depender do tema. Há temáticas que requerem pesquisas. Mas, em se tratando de poesia, não há limite de tempo, eu nem sei se existe essa questão ‘tempo’ para o poeta.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
CYMAR: Não existe tempo, a poesia é quem faz o tempo em mim. Com relação ao projeto em parceria com os autores Samuel Dantas e Nádia Silva, esse sim, foi necessário um tempo maior para a construção. Porque como o cunho da obra é pedagógico, requereu pesquisas e, por se tratar de uma história com personagens fictícios e não fictícios, cenário/localizações estratégicas, enredo... Enfim, é um processo quer exige tempo para pesquisas e discussões.
VALDECK: Concluiu a Faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
CYMAR: Sou Jornalista recém-formada. Pretendo fazer Pós-graduação em Jornalismo Literário. Quando eu fiz a minha primeira poesia, decidi: Vou a capital baiana, estudar para ser escritora. Os anos passaram e eu continuo com o mesmo ideal.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
CYMAR: Aos 15 anos, lá no interior eu ainda não tinha admiração por nenhum escritor ou poeta, gostava de “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, “Pollyanna” de Eleanor H. Porter, a “Coleção Vaga Lume”, depois conheci os textos de “Cantares de Salomão” (um dos livros da Bíblia), “Fernão Capelo Gaivota” de Richard Bach. Se eu fosse indicar quais literaturas me influenciaram diria que foram essas. Na fase adulta li Vinicius de Morais, Gregório de Matos, Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, José de Alencar e outros...
Hoje, continuo gostando de leituras que transmitem mensagem de reflexão. Evito prender-me a leitura rebuscada. Não gosto de romance, já gostei muito, quando adolescente, hoje dou prioridade aos baseados na vida real. Quanto a outras categorias, claro, adoro a pesquisa.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
CYMAR: Comprometimento com a verdade e a qualidade. Imaginação e criatividade. Em se tratando de poesia, o poeta precisa escrever com a alma para que seja de fato poesia.
O escritor precisa de liberdade e de ir sempre em busca do seu aperfeiçoamento. Ninguém nasce pronto.
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, porque não usa um pseudônimo?
CYMAR: Uso os dois.
VALDECK: Como foi a sua infância?
CYMAR: Fui uma criança feliz! Segundo relatos de familiares, meus pais não tinham uma boa estrutura financeira antes do meu nascimento. Eles contam que houve um período ruim, quando o meu pai adoeceu e teve que ficar internado por mais de um ano. Minha mãe conta que foi um longo período de sofrimento. Nesta fase, ela estava grávida de mim. Com o passar do tempo, eu e ela nos unimos de tal maneira que tudo o que ela sofria, eu sofria. O reflexo disso só percebi depois, na fase adulta. Somos muito parecidas.
Fui tão feliz na minha infância que demorei a sair dela para entrar na adolescência e resisti em deixar a adolescência e assumir a vida adulta. Fui criada numa chácara. Lá tínhamos quase todo tipo de frutas. Lembro que meu pai comprava os pássaros na rua e soltava no nosso quintal, acho que vem daí essa minha paixão pela liberdade e o meu respeito pela Natureza. Depois de anos de trabalho, meu pai comprou uma fazenda. Andei a cavalo, tirei leite de vaca e ajudei a “bater” feijão (colher o feijão), colher abóbora, melancia e outros.
Vivia pelos rios pescando e me banhando, subindo nas árvores, colhendo frutos frescos, adorava pedalar pelas ruas da cidade com minha bicicleta. As brincadeiras de esconde-esconde nas áreas de mato. Lembro que montei um circo dentro da chácara com os meus amigos. Fizemos propaganda nas ruas e cobramos o ingresso... (risos).
Tenho tantas histórias para contar da minha infância...
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
CYMAR: Minha diversão preferida é escrever, revisar, reescrever, ler, enfim, passo bastante tempo envolvida com os meus textos. Claro, me divirto com o teatro, cinema, mas, não sou de perder noites em badalações. Gosto de praia no final do dia. Tenho um esconderijo secreto (risos), um santuário onde me tranco por dias; acreditem, são nesses momentos que me divirto muito. Encontro na reflexão, conversando comigo mesma, o caminho do entendimento. É a minha melhor terapia e no final, olhem elas lá, as poesias (risos).
VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
CYMAR: Fui auxiliar de dois jornais semanais na cidade de Nanuque-MG, antes de vir para Salvador. Um dia, o dono de um dos maiores supermercados de lá chegou à redação do jornal Folha de Nanuque e me presenteou com uma deliciosa caixa de chocolates pelo poema “O tempo que passou”. Nossa! Foi muito bom! Depois ouvi esse mesmo poema na voz de Ewerton Matos (Globo FM-BA). Esse texto sempre me trouxe alegrias.
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritora?
CYMAR: Estou em construção com outros parceiros em novos projetos, que no momento, prefiro não revelar.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
CYMAR: Sim. Como já disse há pouco, não escrevo para ser analisada pelos críticos, e sim para chamar o leitor para uma viagem onde ele possa encontrar consigo mesmo através da reflexão. Quero escrever o que ele sente, o que ele sonha e o que ele deseja. Quero que os meus poemas façam do leitor um poeta, também. Porque se ele deixar o poeta que se esconde dentro dele nascer, nele crescerão asas e o céu será o limite...
VALDECK: Qual sua Religião?
CYMAR: Creio em um Deus Criador. E só a Ele eu adoro. Imagino que Ele é bom e é Amor. Minha religião é pedir a esse Deus no meu dia a dia-a-dia, o caminho da luz para o meu processo de evolução humana. Essa evolução consiste no amor ao próximo, a Deus, no respeito à Natureza para que assim eu possa me amar. Se nesse processo, eu descobrir que amo a Deus e ao próximo como eu me amo, terei praticado a verdadeira religião.
VALDECK: Quais seus planos como escritora?
CYMAR: O mesmo sonho de todo escritor: Ser lido, ser permiado pelo conhecimento. Saí do interior com esses objetivos. Realizei o sonho de ser Jornalista, lancei o livro de poesia “Cicatrizes”, fiz um documentário (Martim Gonçalves e o Teatro Baiano – Na Mala Muitas Ideias) e ano que vem estarei lançando mais um livro de poesia – “Nas Asas da Gaivota” – estou no caminho certo. Tenho muitas ideias, mas, prefiro aprimorá-las para que aos poucos irem se tornando realidade. Mas, com certeza, tudo com objetivo de ser lido, de participar da construção do que é bom em mim e em meus leitores.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com