MIRIAM DE SALES PARTICIPA DA FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE CACHOEIRA
Miriam de Sales (foto, de preto, ao lado da atriz Maria Paula) é escritora baiana com vários livros publicados. Apesar da formação acadêmica - Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia - prefere escrever numa linguagem simples, que possa ser entendida por todas as camadas sociais.
Começou a publicar em 2008, através da Internet, no site “Recanto das Letras” e daí surgiu uma sucessão de sites, blogs e jornais que lhe trouxeram mais de um milhão de leitores fiéis.
Não cabe aqui contar ao leitor a história da vida dela, mas dizer que Miriam pretende publicar ainda: um livro infanto-juvenil sobre a Bahia e livros sobre folclore e adágios populares, pois acredita ser necessário preservar nossa memória coletiva e defender a cultura do nosso país, que é única e tem características próprias.
A escritora é membro de três Academias de Letras e Cultura, da REBRA-Rede de Escritoras Brasileiras, da União Brasileira de Escritores, da Câmara Baiana do Livro e dos “Poetas del Mundo”. Ela é autora de dois e-books, “Maktub” e “As Filhas do General” (agora em E-Pub) e dos livros “Contos e Causos”, “A Bahia de Outrora”, indo para a 3ª edição e “Contos Apimentados”, além de dezenas de Antologias.
Vencedora do concurso “Uma História de Amor com a Perini” (2010), Miriam de Sales escreve para os jornais virtuais JB-Wiki Jornal do Brasil, Fórum Livre, Salvador Acontece e para o Jornal “A Tarde”, com colaborações alternativas. Participou da Arena Jovem na Bienal de Minas Gerais (2009) quando era curadora Guiomar de Grammont. Participou da Bienal da Bahia em 2009, como representante da Câmara Bahiana do Livro (CBaL). Em 2011 proferiu três palestras e várias interações na FLIMAR (Alagoas) e foi convidada, pela segunda vez consecutiva, e de mais duas festas literárias no Nordeste. Em 2012 ela fundou a editora Pimenta Malagueta e participa da 2ª edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira, em 20 de outubro, na cidade de Cachoeira-BA, cuja programação vai de 17 a 21 de outubro de 2012.
VALDECK: Quando e onde nasceu?
Miriam: Olhe, não espalha. Sou do século passado. Nasci aqui mesmo em Salvador no dia 2/12/42.
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
Miriam: Do Brasil só não conheço Amazonas e Pará. Do mundo conheço quase toda a Europa e os países da América do Sul, faltando Peru, Bolívia e Chile. Da Ásia e da África, nada, ainda.
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
Miriam: Em 2007, quando parei de trabalhar como comerciante. Ganhei um PC, do meu marido e, daí, começou tudo. Nunca mais parei.
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
Miriam: Val, toda ficção brota de uma realidade. Gosto muito de escrever contos, crônicas artigos que levem as pessoas a pensar. O escritor pode não mudar o mundo, mas, se mudar algumas cabeças já cumpriu seu papel.
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
Miriam: Penso muito, mas escrevo o que me dá na telha. Detesto algemas e/ou compromissos. Não sou gov.com nem sociedade.com. Quero e devo ser livre, como um passarinho. E saio por aí, passarinhando as letras.
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
Miriam: Crônicas e contos. De qualquer coisa sai uma crônica. Nunca me falta inspiração; talvez por ter um passado de ávida leitora. Diz o provérbio chinês “Só se meta a escrever um livro se você já leu muitos”.
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
Miriam: Olha, gosto de escrever sozinha e no meu canto. Escrever é um ato solitário como a masturbação. Fico tão concentrada que se alguém bater no meu ombro, assusto-me.
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
Miriam: São tantas. Difícil citar uma só. Lembro-me deste, que decorei: “A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com Deus. Nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a Ele” (Saramago, Caim, 2009, p. 88).
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
Miriam: Escrever é como mijar; deixa fluir. Depois, reescrevo, corrijo, leio em voz alta para sentir a cadência do texto e, muitas vezes, conserto um parágrafo inteiro.
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
Miriam: “A Bahia de Outrora”, por causa das pesquisas.
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
Miriam: Sou formada em Filosofia pela UFBA. Já estou seguindo. Dois e-books publicados, sendo um deles na Europa e vendido pelo Kobo, Amazon etc. O “Bahia...” já vai para a terceira edição. Tem ainda os “Contos e Causos” e “Contos Apimentados”. Este ano partirei para criar um selo editorial. Quero eu mesma publicar, vender divulgar meus livros e, no futuro, os dos outros, também. Mas, quero tudo do meu jeito: correto e legalizado.
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
Miriam: Monteiro Lobato, na infância, Nietzsche, na adolescência, Saramago e Umberto Eco, na vida adulta. Além de Fernando Pessoa.
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
Miriam: Conhecimento da língua - afinal somos seus guardiões - e conhecimento da pessoa humana.
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
Miriam: Não. Vou de cara lavada, mesmo.
VALDECK: Como foi a tua infância?
Miriam: Maravilhosa. Filha única de pais amorosos e de boa condição. Tinha tudo, só não fiquei uma “aborrecente” se achando a “dona do mundo”, porque os livros que li desde cedo me mostraram como a banda toca.
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
Miriam: Jovem, só no espírito. Depois de amanhã vou “ssentenovear”, mas, a energia é de 20 anos. Divirto-me escrevendo, lendo, viajando (vou a muitas festas literárias) e faço viagens de lazer. Vou a cinemas, teatros e shows com artistas favoritos.
VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
Miriam: Na coluna de um importante jornalista carioca, o Tão Gomes Pinto. E meus artigos no Artigonal que correm mundo.
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
Miriam: Não. Sou uma “mandarim de profissão“, como diz Pessoa. Só faço escrever e publicar nos meus oito blogs e inúmeros sites. Terminei um livro de contos, que está concorrendo a um prêmio literário e estou esperando meu selo editorial ficar pronto para lançar outro.
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
Miriam: Sempre. Otimismo, alegria, bom humor e compartilhamento.
VALDECK: Qual sua Religião?
Miriam: Creio em mim mesma.
VALDECK: Quais seus planos como escritora?
Miriam: Continuar escrevendo e publicando. Sempre.
VALDECK: Você acabou de fundar uma editora, a Pimenta Malagueta. Por que esse nome tão peculiar? Você pretende o que, qual a linha editorial, como você seleciona os autores a serem publicados?
Miriam: A PIMED foi criada para fazer os livros da escritora Miriam Sales. Mas amigos começaram a querer publicar com a gente, nos honrando com sua confiança. Então, seguimos em frente. Hoje temos 12 livros publicados e mais 10 no "estaleiro". Isso, em apenas seis meses. Autores satisfeitos, dois deles com seus livros já esgotados e um excelente perfil na internet. Por que esse nome? Porque é a minha cara; porque estamos na Bahia. E foi um nome feliz, todo mundo gosta. Você precisava ver a excitação dos paulistas... (risos).
Publicamos um pouco de tudo, somos democráticos. Exceção para livros pornográficos ou vulgares, racistas ou preconceituosos.
VALDECK: Fale sobre os títulos já publicados e qual o resultado que você tem obtido. Você tem conversado com seus autores, pois sei que teu trabalho é minucioso e sempre procura o feedback. O que os autores têm dito, estão satisfeitos com os resultados? Já dá para fazer uma análise desse trabalho?
Miriam: Certamente. Quase que antecipei esta resposta no quesito acima. Basta dar uma volta na internet e ler a recomendação e opinião dos autores. Nossa proximidade é grande, trocamos ideias , ajustamos arestas e organizamos lançamentos entre os baianos. Sempre que posso, eu os oriento sobre como fazer para vender seus livros. Os livros vão comigo para as festas literárias, bienais e até durante as palestras que faço. Temos blogs e livrarias parceiros, lojas virtuais, e até já encontramos um distribuidor.
A análise do nosso trabalho é positiva, porém, quero mais...
VALDECK: A Festa Literária Internacional de Cachoeira - Flica, edição 2012, te convidou para uma mesa de debate. Como você encara o convite e o que esta participação pode significar no incremento do seu trabalho e da editora?
Miriam: A mesa, com a atriz e escritora Maria Paula, praticamente ficou definida desde o ano passado. Adorei que ela fosse a escolhida, pois, nos conhecemos na FLIPORTO e ficamos amigas.
Para um escritor, essas festas são fantásticas porque lhe dá visibilidade a nível nacional, conhecemos colegas de todas as partes do mundo e temos a chance de mostrar o que sabemos fazer. Embora eu seja convidada para várias festas literárias, por essa tenho um carinho especial e pretendo levar muita gente para lá, onde pretendo ficar todos os dias. E chamando gente. Estou fazendo muitos convites.
Quanto ao incremento do meu trabalho você pode julgar o que significa para nós aparecer na TV e jornais de todo mundo, já que a festa trará muitos nomes famosos e internacionais.
Aproveito para convidar você e seus inúmeros leitores, pois será um acontecimento literário imperdível.
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Autor de mais 14 livros e coautor de 75 antologias de poesias, seus trabalhos podem ser encontrados no site www.galinhapulando.com