Entrevista de Valdeck Almeida de Jesus ao Programa Arlete Convida
Arlete Piedade (AP):
Radio e Jornal Raizonline - conduzida por Arlete Piedade
Arlete Piedade (AP):
- Olá caro Poeta Valdeck, seja bem vindo ao programa da Rádio Raizonline, Arlete Convida. Gostaria para início de conversa, de lhe convidar a falar-nos um pouco das suas origens e da sua infância e como começou o seu gosto pelos livros.
Valdeck Almeida de Jesus (VAJ):
– Nasci em Jequié, interior da Bahia. Meu pai era trabalhador rural e só vinha em casa quando podia. Minha mãe era do lar. Ambos analfabetos. Meu gosto pela literatura começou quando eles contavam estórias fantásticas para mim. Alguns relatos eu descobri que eram tirados da literatura de cordel. Na escola eu tive contato com poesia. Um vendedor de livros passava de sala em sala e eu comprei três livretos.
A linguagem poética me encantou e eu comecei a querer escrever com rimas também. Isso foi aos doze anos de idade. Desde então não parei mais. Depois eu morei numa fazenda. Na casa da proprietária da fazenda havia uma biblioteca repleta de livros e revistas em quadrinhos.
Eu roubava centenas de revistas, lia tudo e depois devolvia. De volta a Jequié, descobri a biblioteca municipal e virei freguês. Muitas vezes eu pegava um livro para empréstimo e descobria que eu já lera antes.
AP: - Continuando a nossa entrevista, e depois de sabermos como foi o seu início de vida, e como nasceu o seu gosto pelos livros, é agora o momento de partilhar connosco, como começou a escrever, as razões porque escreve e quais os seus leitores preferenciais, ou seja para quem escreve.
VAJ: – Comecei a escrever na escola mesmo, na época em que descobri a poesia. Dali pra frente eu devorava tudo que via. De bulas de remédio a rótulos de xampu etc. Era um mundo encantado que a leitura me proporcionava e aquilo me viciava. Cada vez mais eu escrevia e lia, lia e escrevia.
Uma coisa está sempre ligada a outra, acredito. Depois veio a militância política de esquerda, as lutas estudantis e a vontade de mudar o mundo. Através da escrita eu consigo alcançar muita gente. Naquela época não havia internet nem as facilidades de comunicação de hoje como o celular e outras alternativas. Acredito que isso fez com que eu apurasse minha arte no papel. Mas sempre guardava tudo em gavetas e cadernos.
Eu não tinha noção de para quem eu escrevia. Eram desabafos, gritos de desespero ante o caos da minha vida, recheada de fome e doenças de toda sorte. Nunca defini um público alvo. Escrevo o que sinto e o que me emociona ou machuca. Meus textos falam de injustiça social, denuncia a violência e o preconceito. Não escrevo textos panfletários nem sou adepto de modismos. Nunca escreveria um texto por encomenda. Tenho muitos leitores de várias idades e opiniões.
AP: - Obrigada caro Valdeck. Sei que organiza desde 2005, ou seja há 6 anos, o Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, do qual tenho aqui na minha frente o livro com os poemas selecionados e publicados, referentes a 2010, que fez o favor de me enviar e que agradeço encarecidamente. Gostaria que nos falasse como teve a ideia de lançar este prémio literário, quais os seus objetivos, e importância que lhe é reconhecida.
VAJ: - Eu sempre escrevi poesia e, com o tempo, tive contato com outros poetas. A queixa era sempre a mesma, ou seja, que poesia não era aceita pelas editoras, que não havia mercado para este tipo de literatura. Paradoxalmente a produção de poesias sempre era muito grande e sempre será.
Não tem espaço pra todo mundo, infelizmente, pois as editoras trabalham visando lucro e mercado. Eu mesmo esperei mais de vinte anos para publicar meu primeiro livro. Como sofri muito sonhando e fiquei muito feliz quando pude realizar o sonho, resolvi sonhar um sonho coletivo.
Aí surgiu o prêmio literário, o qual já publicou mais de 700 poetas do mundo todo, incluindo Portugal, Brasil, Moçambique, França, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Macau, Angola, Venezuela etc.
Meu objetivo é democratizar o acesso ao livro, dar vez aos poetas que não podem pagar para publicar um livro e unir os países de língua portuguesa, bem como falantes de português que vivam em outros países.
AP: - Continuando a falar do Prémio Literário, para este ano sei que o prazo está a decorrer. Poderia falar-nos quais são os objetivos para o ano corrente, como se pode concorrer, como podem as pessoas enviarem os seus trabalhos e até quando.
VAJ: - O concurso tem inscrição aberta até 30 de novembro desse ano. Podem se inscrever qualquer pessoa que fale português e nos envie uma crônica de até 20 linhas sobre um escritor baiano ou texto relacionado a literatura maginal, ou seja, literatura que não tem espaço nas grandes editoras. Os detalhes estão no site Galinha Pulando.
AP: - Muito grata em nome dos nossos ouvintes e leitores. Pela minha parte posso desde já informar que irei concorrer ao Prémio Literário e já sei sobre quem irei escrever mas não posso revelar ainda. O segredo continua a ser a alma do negócio.
Gostaria de lhe colocar uma questão bastante pertinente nestes tempos de cada vez mais produção literária em que a Internet nos coloca cada vez mais próximos e ao alcance do mundo. Em sua opinião pode-se viver apenas da literatura, seja como atividade principal ou secundária, ganhando o suficiente para sobreviver e custear as despesas com esta atividade e a vida em geral? E em termos de ética, será legítimo aspirar ganhar dinheiro com o produto da nossa arte?
VAJ: – Em tempos de internet todas as formas de arte, inclusive a literatura está ao alcance de muita gente, ao redor do mundo e isso é muito bom. O problema é quando um texto ou uma criação artística é copiada e os devidos créditos não são dados ao seu autor, ou quando alguém usa a criação de alguém para ganhar dinheiro sem autorização de quem fez a obra. Acho que se pode viver de arte, sim.
E uma questão de sorte e também de profissionalização do artista. Afinal, quem cria uma arte, escreve um texto, pinta um quadro envolve conhecimentos, experiências de vida e técnicas. Eu ainda sonho ter tempo para me dedicar somente à literatura e que eu ganhe meu sustento da minha arte. Não é justo que um médico ganhe pelo trabalho dele e um poeta não ganhe nada pela sua arte. E ético e justo que o artista seja remunerado pelo que faz.
AP: - Passamos assim á seguinte questão que é a seguinte: Em sua opinião, acha justa e pertinente a legislação que protege os autores de obras literárias e artísticas, sejam elas produzidas para obter ganhos económicos, ou apenas para expressar dotes artísticos sem proveito económico?
VAJ: - O artista pode abrir mão de sua arte, em prol da divulgação, para que o povo tenha acesso. Eu mesmo já distribuí milhares de livros gratuitamente. O próprio prêmio literário que eu patrocino não tem fins lucrativos. Evidente que desejo que comprem o livro para que eu possa cada vez mais publicar mais livros e doar mais exemplares gratuitos.
Mas a gente não pode ser ingênuo de acreditar que dinheiro dá em árvore. Publicar um livro, por exemplo, custa muito caro. Enviar um livro pelo correio é muito caro. Alguém tem que pagar por isso. Ou então o correio não deveria cobrar para postar um livro. Os envelopes deveriam ser gratuitos. O trabalho editorial e impressão de livros deveria ser grátis. Como isso não acontece, é necessário buscar alternativas para continuar escrevendo, publicando e distribuindo livros ou outro tipo de arte.
AP: - Sabe que em relação ao plágio, ou seja a apropriação indevida de obras de outros autores, sua adulteração, e exibição com o nome da pessoa que se apodera da obra original e a publica com o seu próprio nome, obtendo com esse ato ilícito proveitos, sejam de natureza económica ou outra, na internet é grande a controvérsia e o desrespeito pelas leis implementadas nos nossos dois países, e outros. Qual a sua opinião sobre este assunto?
VAJ: - Quem compra um produto roubado, mesmo que não saiba que fora roubado, também comete crime. No Brasil é assim. Por que deveria ser diferente em relação ao livro e às obras de arte? Acredito que os políticos devam criar leis que protejam os direitos autorais e punição para quem desrespeitar.
Meus textos eu libero para quem quiser copiar e repassar, desde que não seja com fins lucrativos. Ou seja, se você pegar um livro meu e copiar para distribuir gratuitamente, eu fico feliz. O que eu não aprovo é alguém pegar um livro meu, copiar e vender sem minha autorização e não me pagar nada por isso. Isso é crime e deve ser combatido.
AP: - Muito obrigada caro amigo e Poeta Valdeck, pela sua opinião aqui expressa que respeitamos pelos seus esforços em prol da cultura, e das minorias das sociedades actuais. E por falar em minorias e desrespeito pelos direitos das mesmas, como defensor das causas gays, e das minorias étnicas, nota que continua a discriminação contra estes segmentos da sociedade ou as mentalidades estão em mudança? Qual a sua visão sobre este assunto?
VAJ: - Aqui no Brasil há muita discussão sobre os direitos humanos. Jean Wyllys, escritor, professor, jornalista e deputado federal é o mais conhecido nessa luta. Eu apoio qualquer briga em favor das minorias, sejam gays, negros, índios, estrangeiros, crianças, idosos etc.
Nasci e fui criado em família pobre que enfrentou muita discriminação por ser pobre. Sei o que é ser discriminado em uma festa de aniversário por não ter roupa adequada. Sei o que é ser chamado de lixo porque não tinha comida em casa. Sou a favor da proteção das minorias e acredito que somente através da educação as pessoas podem ter acesso aos seus direitos.
AP: - Gostaria para finalizar de o convidar a deixar uma mensagem a todos os jovens autores que se iniciam no mundo das artes, seja na escrita, música ou outras, sobre quais as qualidades que devem lutar por desenvolver e que sonhos vale a pena perseguir e alcançar.
VAJ: - Primeiro, estudar muito. Segundo, acreditar no sonho e nunca parar de sonhar. Terceiro, insistir e lutar para mostrar sua arte. Nunca desistir e participar de todos os eventos ligados à sua área de atuação.
Por exemplo, eu sou escritor e vou a vários seminários, debates, saraus, lançamentos de livros, recitais poéticos e participo de vários grupos de poetas e escritores. Não dá para ser profissional se trancando em casa e achando que uma fada ou um príncipe encantado vai bater na sua porta. As oportunidades existem e a gente tem que correr atrás delas.
AP: - Também em relação aos divulgadores da cultura dos nossos povos irmãos, entre os quais nos incluímos, você e nós aqui no Portal Raizonline, qual a mensagem que gostaria de deixar em jeito de despedida e formulação de objetivos culturais e de amizade entre os povos. Grata pelo seu tempo e disponibilidade, despeço-me com votos de continuação de muitos sucessos, na sua missão e vida.
VAJ: – A união entre os povos é a chave. Não tem ninguém autossuficiente no mundo. As pessoas se complementam. Solidariedade e amizade, sempre. Compartilhar conhecimentos, fazer parcerias como a Rádio Raiz Online faz com poetas do mundo todo funcionam. Eu não posso estar ao mesmo tempo em vários lugares. Através dos parceiros posso caminhar o mundo inteiro sem sair de casa. Um apoia o outro e cada um vai se fortalecendo na força do outro.
Agradeço à Rádio Raiz Online por divulgar meus textos, minhas poesias e por sempre estar presente no mundo da arte. Agradeço também pelo convite para esta entrevista e espero que outros poetas também procurem a rádio para parcerias em prol da poesia.
Ouça o programa inteiro, com a entrevista ao vivo: Clique Aqui.
Valdeck Almeida de Jesus (VAJ):
– Nasci em Jequié, interior da Bahia. Meu pai era trabalhador rural e só vinha em casa quando podia. Minha mãe era do lar. Ambos analfabetos. Meu gosto pela literatura começou quando eles contavam estórias fantásticas para mim. Alguns relatos eu descobri que eram tirados da literatura de cordel. Na escola eu tive contato com poesia. Um vendedor de livros passava de sala em sala e eu comprei três livretos.
A linguagem poética me encantou e eu comecei a querer escrever com rimas também. Isso foi aos doze anos de idade. Desde então não parei mais. Depois eu morei numa fazenda. Na casa da proprietária da fazenda havia uma biblioteca repleta de livros e revistas em quadrinhos.
Eu roubava centenas de revistas, lia tudo e depois devolvia. De volta a Jequié, descobri a biblioteca municipal e virei freguês. Muitas vezes eu pegava um livro para empréstimo e descobria que eu já lera antes.
AP: - Continuando a nossa entrevista, e depois de sabermos como foi o seu início de vida, e como nasceu o seu gosto pelos livros, é agora o momento de partilhar connosco, como começou a escrever, as razões porque escreve e quais os seus leitores preferenciais, ou seja para quem escreve.
VAJ: – Comecei a escrever na escola mesmo, na época em que descobri a poesia. Dali pra frente eu devorava tudo que via. De bulas de remédio a rótulos de xampu etc. Era um mundo encantado que a leitura me proporcionava e aquilo me viciava. Cada vez mais eu escrevia e lia, lia e escrevia.
Uma coisa está sempre ligada a outra, acredito. Depois veio a militância política de esquerda, as lutas estudantis e a vontade de mudar o mundo. Através da escrita eu consigo alcançar muita gente. Naquela época não havia internet nem as facilidades de comunicação de hoje como o celular e outras alternativas. Acredito que isso fez com que eu apurasse minha arte no papel. Mas sempre guardava tudo em gavetas e cadernos.
Eu não tinha noção de para quem eu escrevia. Eram desabafos, gritos de desespero ante o caos da minha vida, recheada de fome e doenças de toda sorte. Nunca defini um público alvo. Escrevo o que sinto e o que me emociona ou machuca. Meus textos falam de injustiça social, denuncia a violência e o preconceito. Não escrevo textos panfletários nem sou adepto de modismos. Nunca escreveria um texto por encomenda. Tenho muitos leitores de várias idades e opiniões.
AP: - Obrigada caro Valdeck. Sei que organiza desde 2005, ou seja há 6 anos, o Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, do qual tenho aqui na minha frente o livro com os poemas selecionados e publicados, referentes a 2010, que fez o favor de me enviar e que agradeço encarecidamente. Gostaria que nos falasse como teve a ideia de lançar este prémio literário, quais os seus objetivos, e importância que lhe é reconhecida.
VAJ: - Eu sempre escrevi poesia e, com o tempo, tive contato com outros poetas. A queixa era sempre a mesma, ou seja, que poesia não era aceita pelas editoras, que não havia mercado para este tipo de literatura. Paradoxalmente a produção de poesias sempre era muito grande e sempre será.
Não tem espaço pra todo mundo, infelizmente, pois as editoras trabalham visando lucro e mercado. Eu mesmo esperei mais de vinte anos para publicar meu primeiro livro. Como sofri muito sonhando e fiquei muito feliz quando pude realizar o sonho, resolvi sonhar um sonho coletivo.
Aí surgiu o prêmio literário, o qual já publicou mais de 700 poetas do mundo todo, incluindo Portugal, Brasil, Moçambique, França, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Macau, Angola, Venezuela etc.
Meu objetivo é democratizar o acesso ao livro, dar vez aos poetas que não podem pagar para publicar um livro e unir os países de língua portuguesa, bem como falantes de português que vivam em outros países.
AP: - Continuando a falar do Prémio Literário, para este ano sei que o prazo está a decorrer. Poderia falar-nos quais são os objetivos para o ano corrente, como se pode concorrer, como podem as pessoas enviarem os seus trabalhos e até quando.
VAJ: - O concurso tem inscrição aberta até 30 de novembro desse ano. Podem se inscrever qualquer pessoa que fale português e nos envie uma crônica de até 20 linhas sobre um escritor baiano ou texto relacionado a literatura maginal, ou seja, literatura que não tem espaço nas grandes editoras. Os detalhes estão no site Galinha Pulando.
AP: - Muito grata em nome dos nossos ouvintes e leitores. Pela minha parte posso desde já informar que irei concorrer ao Prémio Literário e já sei sobre quem irei escrever mas não posso revelar ainda. O segredo continua a ser a alma do negócio.
Gostaria de lhe colocar uma questão bastante pertinente nestes tempos de cada vez mais produção literária em que a Internet nos coloca cada vez mais próximos e ao alcance do mundo. Em sua opinião pode-se viver apenas da literatura, seja como atividade principal ou secundária, ganhando o suficiente para sobreviver e custear as despesas com esta atividade e a vida em geral? E em termos de ética, será legítimo aspirar ganhar dinheiro com o produto da nossa arte?
VAJ: – Em tempos de internet todas as formas de arte, inclusive a literatura está ao alcance de muita gente, ao redor do mundo e isso é muito bom. O problema é quando um texto ou uma criação artística é copiada e os devidos créditos não são dados ao seu autor, ou quando alguém usa a criação de alguém para ganhar dinheiro sem autorização de quem fez a obra. Acho que se pode viver de arte, sim.
E uma questão de sorte e também de profissionalização do artista. Afinal, quem cria uma arte, escreve um texto, pinta um quadro envolve conhecimentos, experiências de vida e técnicas. Eu ainda sonho ter tempo para me dedicar somente à literatura e que eu ganhe meu sustento da minha arte. Não é justo que um médico ganhe pelo trabalho dele e um poeta não ganhe nada pela sua arte. E ético e justo que o artista seja remunerado pelo que faz.
AP: - Passamos assim á seguinte questão que é a seguinte: Em sua opinião, acha justa e pertinente a legislação que protege os autores de obras literárias e artísticas, sejam elas produzidas para obter ganhos económicos, ou apenas para expressar dotes artísticos sem proveito económico?
VAJ: - O artista pode abrir mão de sua arte, em prol da divulgação, para que o povo tenha acesso. Eu mesmo já distribuí milhares de livros gratuitamente. O próprio prêmio literário que eu patrocino não tem fins lucrativos. Evidente que desejo que comprem o livro para que eu possa cada vez mais publicar mais livros e doar mais exemplares gratuitos.
Mas a gente não pode ser ingênuo de acreditar que dinheiro dá em árvore. Publicar um livro, por exemplo, custa muito caro. Enviar um livro pelo correio é muito caro. Alguém tem que pagar por isso. Ou então o correio não deveria cobrar para postar um livro. Os envelopes deveriam ser gratuitos. O trabalho editorial e impressão de livros deveria ser grátis. Como isso não acontece, é necessário buscar alternativas para continuar escrevendo, publicando e distribuindo livros ou outro tipo de arte.
AP: - Sabe que em relação ao plágio, ou seja a apropriação indevida de obras de outros autores, sua adulteração, e exibição com o nome da pessoa que se apodera da obra original e a publica com o seu próprio nome, obtendo com esse ato ilícito proveitos, sejam de natureza económica ou outra, na internet é grande a controvérsia e o desrespeito pelas leis implementadas nos nossos dois países, e outros. Qual a sua opinião sobre este assunto?
VAJ: - Quem compra um produto roubado, mesmo que não saiba que fora roubado, também comete crime. No Brasil é assim. Por que deveria ser diferente em relação ao livro e às obras de arte? Acredito que os políticos devam criar leis que protejam os direitos autorais e punição para quem desrespeitar.
Meus textos eu libero para quem quiser copiar e repassar, desde que não seja com fins lucrativos. Ou seja, se você pegar um livro meu e copiar para distribuir gratuitamente, eu fico feliz. O que eu não aprovo é alguém pegar um livro meu, copiar e vender sem minha autorização e não me pagar nada por isso. Isso é crime e deve ser combatido.
AP: - Muito obrigada caro amigo e Poeta Valdeck, pela sua opinião aqui expressa que respeitamos pelos seus esforços em prol da cultura, e das minorias das sociedades actuais. E por falar em minorias e desrespeito pelos direitos das mesmas, como defensor das causas gays, e das minorias étnicas, nota que continua a discriminação contra estes segmentos da sociedade ou as mentalidades estão em mudança? Qual a sua visão sobre este assunto?
VAJ: - Aqui no Brasil há muita discussão sobre os direitos humanos. Jean Wyllys, escritor, professor, jornalista e deputado federal é o mais conhecido nessa luta. Eu apoio qualquer briga em favor das minorias, sejam gays, negros, índios, estrangeiros, crianças, idosos etc.
Nasci e fui criado em família pobre que enfrentou muita discriminação por ser pobre. Sei o que é ser discriminado em uma festa de aniversário por não ter roupa adequada. Sei o que é ser chamado de lixo porque não tinha comida em casa. Sou a favor da proteção das minorias e acredito que somente através da educação as pessoas podem ter acesso aos seus direitos.
AP: - Gostaria para finalizar de o convidar a deixar uma mensagem a todos os jovens autores que se iniciam no mundo das artes, seja na escrita, música ou outras, sobre quais as qualidades que devem lutar por desenvolver e que sonhos vale a pena perseguir e alcançar.
VAJ: - Primeiro, estudar muito. Segundo, acreditar no sonho e nunca parar de sonhar. Terceiro, insistir e lutar para mostrar sua arte. Nunca desistir e participar de todos os eventos ligados à sua área de atuação.
Por exemplo, eu sou escritor e vou a vários seminários, debates, saraus, lançamentos de livros, recitais poéticos e participo de vários grupos de poetas e escritores. Não dá para ser profissional se trancando em casa e achando que uma fada ou um príncipe encantado vai bater na sua porta. As oportunidades existem e a gente tem que correr atrás delas.
AP: - Também em relação aos divulgadores da cultura dos nossos povos irmãos, entre os quais nos incluímos, você e nós aqui no Portal Raizonline, qual a mensagem que gostaria de deixar em jeito de despedida e formulação de objetivos culturais e de amizade entre os povos. Grata pelo seu tempo e disponibilidade, despeço-me com votos de continuação de muitos sucessos, na sua missão e vida.
VAJ: – A união entre os povos é a chave. Não tem ninguém autossuficiente no mundo. As pessoas se complementam. Solidariedade e amizade, sempre. Compartilhar conhecimentos, fazer parcerias como a Rádio Raiz Online faz com poetas do mundo todo funcionam. Eu não posso estar ao mesmo tempo em vários lugares. Através dos parceiros posso caminhar o mundo inteiro sem sair de casa. Um apoia o outro e cada um vai se fortalecendo na força do outro.
Agradeço à Rádio Raiz Online por divulgar meus textos, minhas poesias e por sempre estar presente no mundo da arte. Agradeço também pelo convite para esta entrevista e espero que outros poetas também procurem a rádio para parcerias em prol da poesia.
Ouça o programa inteiro, com a entrevista ao vivo: Clique Aqui.