Milton Assumpção da editora M.Books

O livro é de nosso interesse em todos os aspectos: produção de textos, publicação e divulgação.

Nesta oportunidade, nosso entrevistado é Milton Assumpção, dono da M. Books.

1) Quando surgiu a ideia de escrever “O Vendedor de Livros” e qual é o público alvo?

M. A. – Como editor de livros, sempre pensei que os profissionais de todas as áreas da atividade profissional e acadêmica que tivessem armazenado conhecimentos e vivenciado experiências no dia a dia de suas atividades deveriam registrar e transmitir essas informações às pessoas. Uma das formas seria através do livro. O autor proporciona ao leitor uma espécie de atalho à formação do conhecimento. Depois de ter vivenciado muitos anos na atividade de editor de livros, pensei que deveria registrar e passar toda minha experiência e vivência através da publicação de um livro.

2) Ao falar com escritores que estão lançando seu primeiro livro, percebi que a maioria deles pensa que a divulgação deve ficar com a editora. Qual é a sua opinião?

M. A. – A maior responsabilidade do marketing de divulgação é sempre da editora, principalmente porque ela já tem os canais de mídia e as pessoas a quem contatar. As editoras sabem e já têm relacionamentos estreitos com jornalistas, no caso de veículos de comunicação, e com os professores nas escolas, no caso de adoções. No entanto a participação do autor quando requisitado é de muita importância. Nossos releases encaminhados à mídia sempre dizem: “O autor está disponível para entrevistas”. Ao mesmo tempo, quando divulgamos nas escolas, sempre dizemos que “o autor está disponível para palestras”.

3) Alguns aconselham aos novos autores dar o livro de presente em aniversários, casamentos, recepções, etc.

M. A. – Não acho boa ideia distribuir livros aleatoriamente em eventos que compareça, notadamente os de caráter social. O autor tem de ter um bom senso e procurar distribuir o livro em situações que o receptor seja de alguma maneira um formador de opiniões, ou seja, alguém que irá receber o livro, ler e recomendar a outras pessoas. Uma sugestão é oferecer livros para associações, ONGs, bibliotecas públicas ou de escolas.

4) Há anos oriento a oficina “Como Escrever Livros”, no Solar do Rosário, Curitiba. No final do curso convidamos editores. Um deles falou que a divulgação de novos livros é muito difícil, é preciso investir pesado.

M. A. – O lançamento de um livro deve conter um plano de marketing para divulgação. Não significa necessariamente um gasto excessivo de dinheiro. A divulgação pode ser feita através de jornais, revistas, radio, TV. Internet, Sites, mídias sociais, tudo isso utilizando a “mídia espontânea” através do envio de um exemplar do livro com um release em anexo. O mais importante é enviar o livro e o release para a mídia correta, ou seja, por exemplo, o jornal ou a revista que noticia tema análogo ao tema do livro. As editoras na sua maioria já têm listas de mídia por temas e assuntos publicados, com nomes de jornalistas responsáveis. O que se gastam então são os livros enviados gratuitamente, custo da postagem ou do envio e os custos de comunicação para follow up.

5) O número de autores cresceu notavelmente nos últimos anos. O aumento de oferta desestabilizou o mercado de livros?

M. A. – É verdade, o número de pessoas que escreveram livros aumentou consideravelmente, no entanto a grande maioria de novos autores está publicando pelo sistema “on demand”, ou seja, eles pagam para terem seus livros publicados. Isso não significa que esses livros estão indo para o mercado regular de livrarias. A maioria deles circula fora do mercado regular. As editoras brasileiras estão muito bem controladas e não existe risco nenhum de haver um descontrole no mercado editorial brasileiro.

As editoras têm seus focos de publicação muito bem definidos e devem sim estar atentas ao que o mercado está buscando. Por isso, elas procuram publicar autores conhecidos e que sejam bons vendedores, ou temas reconhecidamente inovadores, ou que deram certo em outros países. Tanto faz para ficção ou não ficção. O cuidado e a estratégia são sempre os mesmos. Acontece que em certos momentos há algumas tendências que ficam por algum tempo. O mercado de livros muda sempre, e o segredo é estar antenado com o ocorre aqui, e principalmente no exterior, USA, Inglaterra, França e outros países.