Entrevista com Silvia Regina Costa Lima
FB - Seu maior compromisso como escritora?
SR - Todo escritor é um formador de opinião e precisa cuidar bem do que repassa aos leitores, então tenho o compromisso de somente publicar aquilo que passa pelo meu crivo e seleção.
FB - Interessou-se pela poesia em que fase da vida?
SR - Desde os oito anos eu já lia poesia nos livros de minhas irmãs.
FB - Lembranças que o tempo não apaga?
SR - O encanto dos anos 60, com sua variedade e riqueza musical, com costumes e intensidade. A vida era mais plena.
FB - Você tem medo, sede e fome de quê?
SR - Tenho medo de mentira e de pessoas desleais. Tenho sede aprender sempre. Tenho fome de palavras.
FB - Irresistível ao paladar?
RS - Chocolate, queijo, massa...rs.
FB - Amor necessário?
RS - Sim, mas tratando-se mais de um amor mais universal. Amar mais como um sentimento pleno de ser grato à vida e à divindade por tudo que temos para usufruto - e não reconhecemos e nem valorizamos.
FB - Responsabilidade intransferível?
SR - A dignidade e a cidadania - uma vez que estou no mundo com outras pessoas e meu direito acaba quando os delas começam.
FB - Escolha difícil de se fazer?
SR - Quando temos que escolher entre o nosso desejo apenas pessoal e algo coletivo (que é bom para todos os demais). É preciso exercer uma grande força de vontade para fazer o mais certo.
FB - Grande exemplo de vida a ser seguida?
SR - Muitas pessoas viveram vidas exemplares até onde sabemos. Bom seria recolhermos um pouco de cada sabedoria e tentar pautar nossa vida da melhor forma possível. Nesse item coloco minha máxima favorita: “Faça ao outro apenas o que gostaria que ele fizesse a você” – Jesus.
FB - Ídolos na literatura e música?
SR - Não aprecio muito a palavra “ídolo”. Endeusamos as pessoas que são apenas falíveis e mortais como nós.
Entretanto, aprecio cantores como Ray Charles, Elis Regina, Lara Fabian, Celine Dion ... Gostava de ver Michael Jackson dançar. Gosto de ler autores variados e poderia citar diversos que são incríveis, pois cada um traz sua carga de conhecimento e nos acrescenta seu estilo, como Cecília Meireles, Flora Figueiredo, Renata Pallottini, Florbela, mas o favorito é mesmo Fernando Pessoa.
FB - Não concorda, mas respeita?
SR - Creio ser muito difícil respeitar algo que, no fundo, não aceitamos. Parece-me meio hipócrita esta postura, porém pode acontecer de não possuirmos grandes alternativas em um determinado momento e sermos obrigados a concordar com o menos ruim.
FB - A mentira mais bem contada de nossa história?
Ah... Foram tantas... Nossa História está recheada delas. Mas creio que a abolição dos escravos, apesar da boa-intenção inicial, acabou por deixá-los completamente ao 'deus dará' e, assim, eles tiveram que lutar muito para serem mais respeitados e para que lhes dessem oportunidades reais dentro de uma sociedade bastante preconceituosa.
FB - Coração bate mais forte por?
Quando ele se depará com a beleza simples que há para todos na vida - e quando as pessoas demonstram seu sentir com verdade. Lealdade e gratidão são belas e me comovem sempre!
SR - O que vale a pena quando a alma não é pequena?
Quase tudo. A grandiosidade de uma alma está no fato de ela ainda saber amar com generosidade e mais, saber reconhecer o privilégio de ser amada verdadeiramente, pois isso é raro hoje em dia em que há o excesso de superficialidade e um grande desamor universal.
FB - Sonho a ser realizado?
Sr -Deveria dizer meus filhos, e certamente são, mas vou confessar que virginianos sempre esperam realizar algo mais belo num momento adiante... rs
SR -FB - Tua obra mais bem realizada?
Sr - Ter criado filhos bons e dignos numa terra em que viúvas com sua prole eram relegadas ao esquecimento político/ social e num tempo em que uma mulher sozinha ainda precisava ser meio que leoa a cada novo dia.
FB - Algum outro talento que não conhecemos?
SR - Já pintei quadros quando desejei, desenhei aquarelas, já tirei lindas fotos e houve um tempo em que dançava bem. Hoje creio que o belo mesmo é saber reunir diversas Artes num mesmo trabalho - e amar cada uma como um belo complemento de seu próprio Dom.
FB - Luta que jamais deixa de ser travada?
A da sobrevivência diária, sem dúvida. Mas também a da evolução de nossa alma imortal - eu creio nisso.
FB - Incapaz você seria de?
SR - Creio que o ser humano não é incapaz de nada dependendo das circunstâncias em que se encontre num determinado momento. Os casos extremos de superação ou de imenso horror do que o Homem é capaz de fazer chegam-nos diariamente pela mídia. Eterna Caixa de Surpresas somos nós... Ora dela saem coisas belas ora tenebrosas...
FB - Maior mistério a ser desvendado?
SR - O verdadeiro motivo dessa 'alternância' entre o nosso nascer e o nosso morrer. Por quê? Para quê? Grande mistério!
FB - Amigo (a) mais chegado que um irmão (a)?
Não tenho muitos amigos e creio que são raros os amigos verdadeiros. Tenho conhecidos. Quem me conhece bem é o professor Gil. Conversamos diariamente e compartilhamos nossas vidas com sinceridade - friends 4ever.
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Um abraço a todos e um especial a vc Fabinho por lembrar-se de mim para esta entrevista.