Entrevista com o militar Carlos Eduardo feita por Rodrigo Poeta
*Nome: Carlos Eduardo Soares Coelho.
*Data de nascimento: 31/01/1970.
*Cidade de origem: Araruama/RJ.
*Atividade: Militar (Sargento servindo no Haiti).
*E-mail: eduscoelho@hotmail.com.br
-Veja a entrevista feita por Rodrigo Poeta com militar Carlos Eduardo, que está servindo no Haiti:
1-Como está a situação hoje no Haiti?
*Carlos: Considero instável, devido à troca do novo presidente, pois não sabemos como será recebido pelos partidários derrotados e também pelo presidente deposto e seus eleitorado.
2-Como está sendo o trabalho dos militares brasileiros no país?
*Carlos: Temos atuado com muita cautela, para não infligirmos a constituição deles e seus direitos. Todo contingente que lá está, já esteve e o atual foi treinado em diversas áreas para poder lidar com as diversas situações ali existente.
3-Existe alguma solução para os inúmeros problemas do país?
*Carlos: No início da missão do Brasil no Haiti era estabelecer a paz e manter seguro e estável ( à população) no momento temos atuado com o mesmo propósito, mas nos direcionando com maior pendor para a ajuda humanitária (atuação da ONU). Neste mês (maio) será efetuada a troca do novo presidente, senadores e deputados. Os problemas são inúmeros e grandes, mas a esperança do povo haitiano e do mundo está neste novo governo. Vamos torcer por eles.
4-Existem novas ameaças de terremoto no país?
*Carlos: Sempre há. O Haiti está localizado bem próximo das placas tectônicas do Caribe e da América do Norte, segundo especialista, há uma falha geológica registrada nos mapas que cedeu devido ao acúmulo de energia ao longo de muito tempo; esta energia foi liberada exatamente na região do Haiti, proporcionando o terremoto. Não tem como saber se haverá um outro terremoto.
5-Como está sendo o seu contato com o povo haitiano?
*Carlos: O contingente no Haiti é formado de duas equipes (frentes), digamos assim, uma atua nas ruas, bairros, vielas, etc. Este grupo é chamado de CCT (Componente de Combate Terrestre). A outra equipe apóia diretamente da base. O meu serviço é de apoio na base, provendo os meios necessários para os militares que atuam nas ruas. Este grupo é chamado de CASC (Componente de Apoio de Serviço ao Combate). O contato que temos com eles é de extremo respeito nosso com eles e uma grande admiração dos haitianos para com os soldados brasileiros. ONGS que atuam na região dizem que os militares brasileiros tem atuado com muita bravura e grande êxito.
6-Existe algum conflito interno? Explique.
*Carlos: A história deste povo é formada de muitos conflitos desde o seu descobrimento pelos espanhóis e depois colonizados pelos franceses, até o dia de hoje com muitos golpes políticos, militares, extradições de diversos presidentes, ocupações diversas vezes de tropas das ONU, mortes, assassinatos, genocídios, etc. Tudo isso mencionado a este povo. Atualmente existe uma interrogação sobre o que pode acontecer com a atual transição de governo. Os conflitos existem, mas esperamos resoluções da melhor forma para o povo e o país.
7-O que mais marcou neste período em que serve no Haiti?
*Carlos: As marcas são diversas, apesar de termos nos preparados para diversas situações, a realidade é outra, ver prédios, casas desmoronadas , ver falta de energia elétrica, falta de saneamento básico, não existe coleta de lixo, limpeza nas rua, não existe rede de esgoto, tudo ao céu aberto, o trânsito é um caos, acidente volta e meia, uma loucura, não água potável, os haitianos que prestam serviço em nossa base nos pedem bombonas de água para levar para suas casas. Observando que são poucos que tem casa. Muitos deles vivem em barracas de lona, madeiras, sem segurança nenhuma, sem padrão de higiene, sem conforto e etc. Outro caos é a alimentação . É de dar pena, fazemos lá um serviço de distribuição de cestas básicas, tudo dentro de uma grande organização. Uma coisa bonita lá, é que a maioria dos haitianos falam duas ou mais línguas. Outro fator que chamou atenção foram suas vestimentas, apesar de ser um país muito quente, os homens por exemplo, não ficam sem camisas ou de bermudas pelas ruas, eles consideram desonroso, falta de respeito, para com eles mesmo e com os outros.
-Esta entrevista teve a colaboração do aluno Carlos Eduardo do CESAR de Araruama/RJ.
**Entrevista entregue no dia 27/05/11.