Izabelle Valladares entrevista a poetisa maranhense Anna Elizandra Ribeiro
Izabelle Valladares entrevista a poetisa Anna Elizandra Ribeiro
Anna Elizandra Gomes Ribeiro é poetisa, nascida e residente no Maranhão, e será
condecorada delegada da academia de letras e artes de Valparaíso - Chile no dia 10
de junho, Anna Elizandra é acadêmica da ARTPOP e ganhou o prêmio
personalidades em março de 2011.
1- Como começou a gostar de poesias?
R – Quando tinha 07 anos de idade, minha avó gostava de literatura de cordel, mas não sabia ler, então ela comprava os “romanços” (como ela chamava) e pedia para eu ler. A princípio, eu lia só para ela e muitas vezes, gaguejando. Com um tempo, já estava cantando e lendo para outros senhores e senhoras, que ficavam encantados com aquela menininha cantando o “romanço”
2- Você é professora, e lida com jovens no seu cotidiano, como você , como educadora, enxerga o interesse do jovem pela leitura e principalmente pela poesia¿
Na verdade, a escola ainda tem muito o que fazer para despertar o gosto literário nas crianças e adolescentes, pois a política para leitura ainda deixa muita a desejar, sobretudo no que se refere a formação do professor/leitor. Contudo, com base na minha experiência em sala de aula, tenho visto o quanto que o jovem se encanta pela literatura quando tem um contato efetivo e significativo com esta. Prova disto, são muitos alunos que quando começo a ensinar, dizem com todas as letras que não gostam de ler e ao final do ano letivo declaram o contrário.
3- Quais os livros que já tem publicados?
Tenho uma obra solo: “Conversa de Alguém que sente”, meu primeiro apanhado de poesias que crio desde a adolescência; um dueto poético com o escritor Gil Betto Barros “Quatro mãos: todas com poesia” e participação em várias antologias, como Encontro Pontual, Enigmas do Amor e Entrelinhas Literárias da Scortecci Editora e Ponte dos Sonhos, Brasil mais que um país, uma inspiração, Tesouros brasileiros e Palavras sem fronteiras, organizados por Izabelle Valladades.
4- Que tipo de poesia você prefere fazer?
A minha poesia é mais introspecta, lírico amorosa, os principais temas são amor, angústia do ser e, também, questões sociais (poesia engajada).
5- Qual obra até o momento marcou sua carreira?
O meu primeiro trabalho publicado “Conversa de Alguém que sente” é importante porque me lança no mundo literário, porém as poesias tem uma certa imaturidade. O livro “Quatro mãos: todas com poesia”, marca minha fase mais madura, portanto são duas obras relevantes.
6-O que representa ser poeta pra você?
Ser poeta, para mim, significa me lançar ao vento e percorrer muitos universos e me plantar em muitas lavras. É a minha forma de contribuir para a melhoria desse nosso mundo.
7- Você foi premiado como “Personalidade 2010” pela ARTPOP- Academia de Artes de Cabo frio, neste ano de 2011, o que lhe rendeu além do titulo, destaque no universo cultural, o que isso tudo significa para você,como artista e como pessoa?
Ter recebido o Prêmio Personalidade 2010 pela ARTPOP, para mim, significou um grande passo na minha carreira literária. Todo artista quer, também, ser reconhecido. É extremamente importante, ter no Brasil, uma instituição como a ARTPOP que valoriza e reconhece os artistas indistintamente. Eu sou nordestina, do interior do Maranhão, lugar vítima de muita discriminação, então poder contar com o apoio e o reconhecido desta Douta e Honrada Instituição enobrece não só a mim, mas, sobretudo, o meu Estado.
8- Qual a sua visão sobre cultura, principalmente no campo da literatura?
R – Cultura é vida. No que se refere à literatura, todo e qualquer cidadão deve ter o direito de acesso respeitado. Às vezes, é revoltante ver a desvalorização da cultura popular e, ao mesmo tempo, ver outras artes serem elitizadas, impossibilitando o acesso das classes menos favorecidas. Contudo, não podemos ficar no discurso do condicionamento – é assim e assim será. É preciso se posicionar, e fazer algo para mudar esta realidade.
9- Quais os seus projetos para o ano de 2011?
R – Em 2011, estou participando da Antologia Entrelinhas Literárias, da antologia Palavras sem fronteiras e pretendo, até o fim ano publicar um livro solo “Disperso em verso”. Quero, também, participar de todos os eventos literários em meu Estado e em outros e promover alguns eventos literários em minha cidade – Santa Luzia.
10- Como seu trabalho foi recebido na feira de Frankfurt na Alemanha ? Houve algum patrocinador?
Infelizmente, para este trabalho não tive patrocinador, mas saber que uma trabalho de uma “poetinha” do interior do Maranhão, pode ir tão longe é uma grata satisfação, aliás uma imensurável satisfação.
11- Até que ponto a despreocupação com dinheiro prejudica o poeta?
Bem, nós vivemos em um país em que não há uma devida valorização do artista. As pessoas ainda apresentam muita resistência para adquirir livros, por exemplo. Então, o trabalho literário acaba sendo, praticamente um sacerdócio, faz-se literatura por amor. Isso é prejudicial porque impossibilita o artista de viver de sua arte e tendo que exercer outras atividades para garantir o sustento, falta tempo suficiente para dedicar-se a literatura. Então, acaba faltando tempo para dedicação exclusiva ao trabalho literário
12- Tem algum poeta internacional como referência?
Poetas internacionais, eu gosto muito de Pablo Neruda, Fernando Pessoa, Flor Bela Espanca e Rosália de Castro. Mas ao que se refere à poesia adoro os brasileiros. Os poetas brasileiros são incomparáveis, na literalidade...
13- No mês de junho de 2011, você irá tornar-se Delegada da academia de letras y artes do Chile, acredita que este novo cargo cultural , poderá fazer com que outros poetas se espelhem em sua arte e motivem-se ainda mais a investir em suas carreiras¿
Penso que na minha região, onde há muitos poetas no anonimato, esta expansão do meu trabalho e do meu nome, enquanto poeta, servirá de apoio e exemplo que sempre há um lugar ao Sol para todos.
14- Deixe uma mensagem a quem pensa em publicar um livro de poesias:
Aos amigos escritores - poetas,cronistas, contistas, romancistas e outros que ainda estão com suas obras engavetadas e pensam que é impossível torná-las públicas, digo : abram as gavetas, lancem-se ao vento e, sobretudo, acreditem, pois sem luta não há vitória e como há no texto “Quase” cuja autoria é atribuída a Luís Fernando Veríssimo “Não deixe que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando...”