AFONSO ENTREVISTA PE. ZEZINHO
Quando trabalhava na Comunidade Bethânia, escrevia no Jornal Bethânia e tive a honra de entrevistar Pe. Zezinho. Dezembro de 1997. Veja como Foi:
Afonso: Qual a sua primeira impressão ao visitar a Comunidade Bethânia?
Pe.Zezinho scj: Primeiro eu já sabia através de reportagem, de fotografias, do tipo de pastoral e a pedagogia que se assume aqui e já admirava este trabalho.Agora vim ver com meus próprios olhos. A primeira impressão é de leveza e de nitidez, de clareza e de limpeza, o que é básico em qualquer trabalho desse gênero. Segundo eu conheço outros lugares que buscam o mesmo objetivo e parece que existe uma característica muito em comum em todos eles que é o clima de afabilidade, de acolhimento, de fraternidade.
Afonso: Em Bethânia, trabalhamos com jovens discriminados pela sociedade, marginalizados que buscam um novo sentido para a sua vida, como o senhor vê essa necessidade hoje tão urgente para a sociedade que é o resgate dessas vidas?
Pe. Zezinho scj: Um pais como o nosso comportaria no mínino umas dez mil dessas comunidades, devido ao número excessivo de jovens e crianças carentes. cada cidade teria que ter no mínimo três ou quatro dessas comunidades para poder começar a resolver o problema. Por aí você vê o tamanho do desastre que é o Brasil, que não sabe o que fazer pelos seus adolescentes, não sabe o que fazer com seus velhos e quando alguém faz, ainda não dá o devido valor. Acredito que comunidades como esta são proféticas, questionadoras e sobretudo elas são um fiel na balança, ou nós partimos para essa direção ou nós nos perdemos como país.
Afonso: Como a sociedade poderia contribuir para solucionar esses problemas tão visíveis e que estão a nossa porta?
Pe.Zezinho scj: O país precisa de uma justiça mais severa para punir o traficante, precisa de uma polícia mais eficaz e mais bem treinada para impedir que a droga chegue aos jovens e precisa de pedagogos; educadores e religiosos preparados para que haja mais casas desse tipo. O bonito da história é que existem muitas religiões e grupos que estão fazendo esse trabalho, o triste é que ainda são poucos para o tipo de necesidade que o país tem. Se tivéssemos dois mil missionários fazendo isso, ainda seria pouco, porque o trabalho de recuperação é um trabalho de correção de falha estrutural. Enquanto não houver um trabalho conjunto do judiciário, da polícia, de escola, de família e de igreja, vai ser difícil resolver esse problema, porque o país infelizmente dá muito mais importância a outros setores do que a esses básicos que é a recuperação dos enfermos, o acompanhamento dos adolescentes e dar um sentido para a vida dos jovens. Por isso que disse que o Brasil é um grande desastre, até agora o Brasil não entendeu exatamente a sua vocação. Somos um barco à deriva, fazendo festa, brincando de nação, candidato a primeiro mundo e nós ainda não conseguimos entender o drama nas nossas mãos.
Afonso: Na sua opinião, porque o jovem usa as drogas?
Pe.Zezinho scj: As pessoas as vezes tem culpa de algum defeito se ela mesma causou o acidente, se ela procurou o acidente, mas 99% daqueles que caíram vítimas da droga foram atropelados pela jamanta da droga, eles são vítimas, eles não estavam afim de se destruir, eles foram jogados no lugar por onde esta jamanta passaria. O que significa que a grande maioria das pessoas que estão nas drogas foram atiradas nela. Eles foram jogados, talvez por família que falhou, talvez por escola que não soube formar para a vida. De qualquer forma 99% no meu ponto de vista daquilo que já vi nos meus 56 anos de idade, são vítimas e eles precisam ser tratados como tal, como pessoas que procuraram a doença.
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