ENTREVISTA COM JOSÉ OUVERNEY - MAGNIFICO TROVADOR DE NOVA FRIBURGO
Entrevista – José Ouverney
José Ouverney – poeta, magnífico trovador e 1º Editor do Jornal da Cidade
José Ouverney, poeta, sonetista, magnífico trovador, ex-atleta e presidente da Liga de Malha, recentemente vencedor do Festipoema, primeiro Editor do Jornal da Cidade, é o entrevistado desta edição. Além de tantos prêmios conquistados em nível nacional, ele também mantém à custa própria o melhor site do Brasil sobre o movimento trovadoresco.
Jornal da Cidade – O que você fez profissionalmente durante a vida?
Ouverney - Basicamente fui bancário, durante quase trinta anos, em cuja atividade me aposentei, em 2004.
JC – Você foi o primeiro Editor do Jornal da Cidade?
Ouverney - Lembro-me que fui um dos primeiros a trabalhar no JC, que funcionava na Av. Cel. Fernando Prestes.
JC – Como descobriu sua vocação pela poesia?
Ouverney - Sei que, aos nove anos, em pleno 3º ano escolar no então “GE Dr. Rodrigo Romeiro”, em dias de festividades cívicas eu já era “escalado’ para versar sobre a data. Acho que não descobri, “fui descoberto”.
JC – Quais os prêmios literários conquistados?
Ouverney - Difícil enumerar. Num ligeiro apanhado, de trovas tenho mais ou menos 250 troféus; nas raras vezes em que enviei sonetos para concursos, obtive dois 1ºs e um 2º lugar em âmbito nacional e, recentemente, com outro soneto, fui 1º lugar no 4º FESTIPOEMA. Tenho ainda premiações em contos, crônicas e poemas livres. O importante é escrever e, para isso, eu pago, em vez de tentar auferir dividendos.
JC – E no movimento trovadoresco, como começou?
Ouverney - Tive uma participação ligeira em 1967, com Orlando Brito. Abracei a causa pra valer na segunda metade da década de 90 quando, depois de uma premiação em concurso municipal cuja premiação ocorreu no salão Padre Vito, em Moreira Cesar, recebi o estímulo de que precisava.
JC – Quais os títulos que você obteve na modalidade trova?
Ouverney - “Magnífico Trovador”, pela UBT de Nova Friburgo, “Notável Trovador’, pela UBT de Pouso Alegre e “Trovador-Mestre”, pela UBT de Tremembé.
JC – O que é um Magnífico Trovador?
Ouverney - É uma honraria criada ainda por Luiz Otávio e J.G. Desde o primeiro ano dos Jogos Florais em Nova Friburgo, em 1960, para evitar que a maioria absoluta dos principais prêmios fossem sempre para os mesmos autores, convencionou-se criar uma fórmula para “separá-los” dos demais. A partir de três conquistas consecutivas em posições destacadas, eles passariam a concorrer em um certame paralelo, chamado “Concurso dos Magníficos Trovadores”.
JC – E o que é um Notável Trovador?
Ouverney - Em meados do ano 2000 Pouso Alegre procurou “copiar” a receita de Friburgo mas o intento não deu certo, visto que, já a partir de 2008, a entidade pousoalegrense deixou de realizar seus Jogos Florais.
JC – Você figura também no “Troféu Lilinha Fernandes”, o que significa?
Ouverney - A UBT de Porto Alegre realiza anualmente o Troféu Lilinha Fernandes, organizando um ranking dos dez trovadores que mais premiações conseguiram no ano anterior, no país. Meu nome figurou por quatro vezes nessa relação.
JC – O que representa hoje a Trova para Pindamonhangaba?
Ouverney - Considerando que temos um bom grupo de trovadores e, também, através da liderança de José Valdez, organizamos uma das melhores festas do gênero no Brasil, trova para Pindamonhangaba significa ‘pujança literária”.
JC – Porque é uma modalidade pouco divulgada pela mídia?
Ouverney - Teimosamente há quem insista em achar que Trova é um “gênero menor” de poesia. Obviamente quem passa a conhecer a boa trova, logo muda de idéia. Existem trovas fracas, assim como existem sonetos ridículos, poemas livres sem expressividade nenhuma, etc. Se o “trabalhador’ não for eficiente, ferramenta alguma resolve.
JC – O que é uma UBT?
Ouverney - É uma entidade criada por Luiz Otávio em 1966, em função do desmembramento do CGT (Congresso Geral de Trovadores), sediado na Bahia, que reunia poetas, violeiros e cantadores, principalmente os repentistas. A UBT (União Brasileira de Trovadores) chegou para cuidar apenas da trova “literária”, deixando a viola de lado.
JC – Você foi delegado da UBT de Jambeiro, que trabalho fez lá?
Ouverney - Com total apoio do Prefeito na época, Geraldo Coelho, e do Secretário Túlio Vilhena, organizamos quatro concursos inesquecíveis. Alunos, professores, descobriram uma modalidade poética até então, para eles, desconhecida.
JC – O que mais o marcou em Jambeiro?
Ouverney - Fundamentalmente foi o reconhecimento ao trabalho que me propus a realizar, de forma voluntária. Tanto que, ao final, foi-me concedida a honraria de “Cidadão Honorário de Jambeiro”, por sugestão do próprio prefeito.
JC – Sua família descende de suíços, ligados à fundação de Nova Friburgo?
Ouverney - A família Ouverney é uma das várias que vieram para o Brasil em 1818, no Navio Urânia, numa difícil travessia, durante a qual muitos morreram. O casal de Ouverneys que chegou, junto com os filhos, ao lado de muitos outros núcleos de imigrantes, deu o seu quinhão na tarefa de fundar uma das mais belas cidades brasileiras.
JC – E o que Nova Friburgo representa no cenário da trova nacional?
Ouverney - Ela tem recebido muitas denominações: “Meca da Trova”, “Temnplo da Trova’, “Capital da Trova no Brasil”. Tanto que, recentemente, a direção nacional da UBT transferiu para lá todo o material histórico do Movimento, para que Nova Friburgo seja também a guardiã da memória da Trova.
JC – O que é ter sangue friburguense e fazer parte da história dessa cidade também no setor cultural?
Ouverney - É uma emoção única. Desde 2001 só deixei de lá comparecer por duas vezes. Sou recebido, todos os anos, não como visitante, mas como filho da terra. Da mesma terra que foi berço de meu pai, de meus avós, bisavós, etc.
JC – A quem você dedicaria todos seus prêmios já conquistados?
Ouverney - À família, em geral. Mas acho que essa veia poética é oriunda do velho Pai Gumercindo que, sem nenhum dia de escola, fazia, ao seu jeito, versos como ninguém, na base do improviso, além de ter sido um violeiro e cantador de bom nível.
JC – Você foi atleta do esporte da Malha e presidente da Liga Municipal?
Ouverney - Joguei Malha de 1973 até o ano 2000. A primeira vez que a Malha foi introduzida nos Jogos Regionais, coincidiu com uma de minhas gestões à frente da Liga de Malha de Pinda.
JC – Outros familiares também optaram por esse esporte?
Ouverney - Também a Malha aprendi com meu pai. Antigamente jogava-se na rua e, com isso, desde os sete anos eu já praticava, ali no Parque São Benedito. Quando o genitor faleceu, tínhamos o Clube de Malha Santa Rita, no bairro do Bonsucesso. Ali jogavam, além dele, eu, o mano João Paulo e os sobrinhos Lucas (hoje presidente do Clube Água Preta e também da própria Liga de Malha), Leandro e Danny. Mais o primo Doca.
JC – Que conselho você daria aos novos valores interessados em cultura, poesia e trovas?
Ouverney - Primeiramente, que cuidem muito dos quesitos leitura e escrita. Não adianta incentivarmos alguém a compor, se ele não tiver uma relativo domínio do idioma pátrio. Antes do belo edifício, lá está o alicerce, sustentando anonimamente toda a ostentação.
JC – Deseja citar algo mais?
Ouverney - Agradeço ao Jornal da Cidade, que sempre esteve de portas abertas para a Trova e a Cultura em geral e convido a todos para conhecerem o site www.falandodetrova.com.br que possui o maior acervo de trovas do Brasil (talvez mais de 50.000 trovas) e atualiza quase que diariamente a seção de concursos em andamento e resultados. Também no Orkut, nossa comunidade “Sou Trovador”, com dezenas de milhares de postagens, propicia que se faça trova “on line”. E você, que ainda não conhece Trova, chegue mais, venha pra cá!
Data de nascimento – 25/03/1949
Local – Pindamonhangaba
Signo – Áries
Time – S.C. Corinthians Paulista
Lazer – compor e assistir futebol, é claro!
Político nacional – parodiando o bom político, prefiro ficar em cima do muro
Nota ao prefeito João Ribeiro – só pelo apoio à Trova eu já daria 10!
Vereador – continuo em cima do respectivo!...
Restaurante – em Pinda, entre tantos de boa qualidade, gosto muito do “Gramado”
Empresário de sucesso – Jornalista José Antonio de Oliveira (diretor do JC), por seu histórico, merece uma citação especial. Aqui em Pinda são quase quarenta anos.
Autor - João Paulo Ouverney
Jornalista Profissional
Reg. MTb 20.087