Entrevista da esperança

Prólogo:

Esta entrevista é fruto de exclusiva imaginação. Os fatos e personagens, todos ficcionais, faz a moldura do arcabouço de um trabalho, há muito tempo delineado, na mente febril deste simplório autodidata que ainda hoje vaga pelas trilhas obscuras e labirintos lodosos, escorregadios, dos pedregulhos literários.

Portanto, quaisquer semelhanças com atos, fatos, pessoas, lugares, pensamentos introjetados ou exteriorizados, pela forma escrita, terá sido mera coincidência.

O entrevistador NÃO SE RESPONSABILIZA pelas respostas do candidato ao cargo de Deputado Federal no pleito que se avizinha em outubro de 2010.

– Qual é o seu nome?

– Jeguemala Lupara da Silva.

– É verdade que o senhor é candidato ao cargo de Deputado Federal? O senhor quer isso?

– Sim, mas não sou apenas candidato. Fui convidado e convocado pelos amigos para ajeitar a bagunça em que se encontra o esporte no Brasil.

– Mas o senhor entende de política?

– Sempre achei que política é uma faca de dois legumes, ou seja, ou é pepino ou é cenoura. Pra mim tanto faz desde que não seja no meu. Ademais, o atual presidente também não entende porra nenhuma de política e está no cargo há mais de sete anos viajando, bebendo cachaça com o presidente do Iran, aquele de nome impronunciável, um tal de Marmud Arnadinejad e fumando charutos com o escanifrado Fidel Castro.

– Por que o senhor decidiu entrar na vida política?

– Eu já sou uma figura pública. Quem me convidou pensou nisso, acho. Agora sou filiado ao PL. No Brasil qualquer idiota analfabeto poderá se tornar político, artista ou jogador de futebol. Claro que há exceções.

Há gente boa e competente em todas as classes, no meio artístico e do esporte. Quando o povo apoia ninguém poderá dizer ou fazer nada contra. Também acredito que ainda existam alguns bons poucos políticos em nosso país.

– Existe ou já existiu algum político desclassificado no Brasil?

Mas, você não se lembra? Índios, veados, ladrões, analfabetos enganam o povo, que acredita em todos, para se elegerem. O povo brasileiro é bacana demais. Brinca, faz farra e até piadas com as desgraças próprias e alheias.

– O senhor está zangado? PL? Que é isso? É o Partido dos Liberais?

– Não. Não. Não. É o Partido dos Lutadores! Você não compreende? Eu sou um lutador. Não poderia ser diferente. Fico zangado só em pensar que nosso país tem muitos corruptos, mas não tem um lutador em Brasília para lutar de verdade com punhos e dentes.

– O senhor quis dizer: “Lutar com unhas e dentes... Como diz o refrão”?

– Não. Não sei o que é refrão, mas sei que quem luta com unhas é mulher. Macho que é macho luta com punhos e dentes como fez o Mike Tyson quando lutou com Evander Holyfield.

– O senhor acredita que Lula, Hugo Chavez e Armadinejad preparam o 4º reich?

– Eu não sei o que é reich, mas sei o que é que minha vovó Lupariana das Dores dizia todos os dias a mim e aos outros onze irmãos: “Porcaria só se junta com porcaria”. Espero que esse tal de reich não acorde as nossas Forças Armadas para que não aconteça uma nova Revolução Democrática mais forte do que a de março de 1964.

Se isso acontecer até os Clubes de Tiro, Clubes de Caçadores, atletas de lutas marciais e outros especialistas em explosivos, emboscadas e incursões serão convocados em defesa da Pátria e da Democracia.Tem muita gente boa na expectativa só esperando o sinal verde.

– O senhor quis dizer: “Os semelhantes facilmente se congregam”?

– Não. Eu quero dizer que existem políticos que classifica de idiota quem discorda das suas políticas populistas que estão transformando o Brasil num país de vagabundos, corruptos, drogados, assaltantes, ladrões, traficantes e pedintes.

– Vagabundos? Como assim?

– Veja o nosso presidente. Usa palavrões e termos grosseiros sem nenhum constrangimento. Vangloria-se de não ter estudado, não falar outro idioma e ter se tonado presidente. Você quer vagabundagem maior do que esta? Se ele usa palavrões eu também posso usar. Estou certo ou estou errado?

– Sim, mas se houve um pleito e o povo o elegeu...

– Isso não tem nada a ver. O povo está enganado. O povo quer mesmo é que o circo pegue fogo. Qualquer picareta, com esse comportamento, indiretamente, induz a população a crer que não é preciso estudar nem trabalhar para vencer na vida. Isso não é certo e não merece meu respeito.

Aliás, não merece o respeito de ninguém. Quem tem filho e filha sabe o valor do estudo. Eu não estudei porque no meu tempo de menino tinha que trabalhar muito, dia e noite para ajudar a sustentar meus outros onze irmãos. Virei lutador porque levei muitas porradas nas ruas.

– O senhor não tem medo de ser tão duro com o nosso presidente? – Retirando um papel amarelado do bolso gigante o candidato Jeguemala responde como se estivesse lendo sua melhor resposta. Ao falar, parecendo estar meio zangado, temperava as palavras cuidadoso.

– Tenho o direito de manifestar minha indignação! Por que eu deveria ter medo? Eu estou respondendo mentira? Ora, se eu sei é porque todo mundo sabe que no Brasil há falta de hospitais, escolas, presídios, condições dignas de trabalho. Na área de saúde, e da segurança é um caos; o tráfico de drogas nunca cresceu tanto, e tantos outros desmandos e descasos. Os militares das Forças Armadas e os aposentados vêem a cada ano os seus rendimentos diminuírem.

Entretanto, o BNDES financia o genocida do Fidel, o cocaleiro do Morales, o louco do Chávez. Quantos bilhões de dólares foram emprestados a esses comparsas? E o pior todos nós já sabemos: Armadinejad e Lula assinaram acordo de troca nuclear. Ora, o Brasil precisa é de uma boa faxina no setor público! O Brasil não precisa pintar a cara. Precisa lavar a cara.

– Ah! Gostei de sua resposta. Está ai nesse papel em suas mãos?

– É. Foi o Ronaldo Esper quem escreveu para mim. Fiz cópias pra Tati Quebra Barraco, Tiririca, Marcelinho carioca, Zé do peixe, Tião Medonho, João da pipoca, Toroco, Galego do leite, João da beira, Pedro da tapioca, Tiziu da rapadura e Cheira Cola.

Todos são candidatos nessa próxima eleição. Também são candidatos Romário, Bebeto, Netinho de Paula, Negritude Júnior, Gabriela Leite (ex-prostituta).

Ah! Tem médicos, professores, carteiros, bombeiros, padeiros, policiais, cabeleireiros, ex-militares, outros ex-atletas e um sem-número de desconhecidos que, em suas aparições televisivas, de poucos segundos, só conseguem dizer seus nomes, partidos e números, sem apresentar nenhuma proposta, mas todos querem mamar!

Ronaldo escreveu algumas coisas bonitas para toda essa gente ler no caso de uma entrevista para um jornal bacana.

– Ronaldo Esper? O Estilista?

– Não sei se ele é estilista. Nem sei o que é isso. Sei que ele é um tremendo bichona, mas é inteligente e sabe das coisas. Ele também é candidato ao cargo de Deputado. Somos de partidos diferentes, assim como a Tati Quebra Barraco, o Tiririca, o Popó, Kiko do KLB, Mulher Pera, Salete Campari, Kaká de Polly, Frank Aguiar e outras figuras raras de outros Estados da Federação.

– Temos aqui uma pergunta posta em nossa página que diz: “Por que tantos candidatos sem o mínimo de condições são aceitos para concorrerem a um cargo público?”.

– A culpa é da lei! Se o Código Eleitoral permite... Quando eu era apenas um eleitor pensava assim: O verdadeiro circo, onde os “palhaços” choram para fazerem os outros rir somos nós, cidadãos, cuja principal função é pagar impostos e, claro, eleger esses mesmos que, durante quatro ou oito anos irão prometer, enganar, corromper, esconder dinheiro de propina na meia, na cueca, na bolsa, na bíblia... O chefão dos politiqueiros dirá sempre que não sabe de nada e haverá de lutar com todas as forças para que absolutamente nada mude! Hoje penso diferente.

– Qual o seu pensamento hoje como candidato a deputado federal? – Novamente ele retira a folha de papel velha e amassada do bolso da jaqueta enorme e encardida. Lê com olhos marejados, com dificuldade, a letra miúda e feminil.

– Penso que no Brasil há tetas para todos mamarem sem a interferência de ninguém. Os frutos estão estampados no horário eleitoral forçado gratuito. Nem mesmo eu assisto! É obvio, vamos ter novamente recordes de votação, em forma de protesto, como o do falecido pederasta Clodovil.

É a forma que tem o povão desinformado de protestar. Mesmo que eu JEGUEMALA LUPARA DA SILVA não seja eleito outros analfabetos, veados, cantores, jogadores de futebol, humoristas, corruptos, índios e palhaços outros serão eleitos para fortalecer e sedimentar a corrupção e a violência generalizada.

Tenho um amigo que diz sem medo de errar: “Brasília é o maior lupanar de toda a Federação e o celeiro onde se orquestram todos os desmandos.”.

– O senhor está chorando? Por quê? – De novo ele olha para o papel. Emocionado, imposta a voz de barítono para dizer sofrido:

– Choro porque ao final desta entrevista é que me dou conta de uma verdade. Embora saiba que há vagas para dezenas de centenas de analfabetos para continuarem mamando nas tetas do governo...

O Brasil não precisa de mim e tampouco dos meus amigos que desejam conspurcar mais ainda o nosso Brasil diante do cenário político internacional. Você sabe que o Brasil é motivo de riso na Europa? É sim. Até o Sylvester Gardenzio Stallone tirou onda com nossa cara quando veio fazer uma filmagem em nosso país.

Você sabe qual é o "slogan" do candidato Tiririca? Ele usa sua falta de experiência política para pedir o voto. No pouco tempo de propaganda gratuita, sem apresentar nenhuma proposta ele diz risonho: "O que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto". Às vezes Tiririca diz: "Vote no Tiririca, pior do que está não fica".

O Brasil precisa de cidadãos e cidadãs com coragem, dignidade, honradez e patriotismo, para participarem de um movimento de libertação do nosso país das mãos dos bandidos que se encastelaram no poder púbico, nas suas ramificações com o resto da sociedade.

Bandidos dos morros não conta. São desempregados, doentes drogados e esfomeados que vivem entocados feitos ratos. Não sabem atirar. Quando enfrentam a polícia correm e abandonam suas armas e munições e, até se deixam prender.

Aterrorizam pessoas de bem, mas quando interrogados se borram e choramingam igual às crianças desmamadas. Já presenciei um interrogatório de um chefão que era temido por todos os facínoras e vi o quanto essa espécie é fraca depois de três dias de trato apenas para quebrar a resistência.

No quarto dia de privação de comida, bebida, sono e outros confortos básicos e essenciais ao equilíbrio emocional do ser humano o machão tremeu e se urinou só em ver uma “cadeira do dragão” na frente dele.

OBSERVAÇÃO: – Após o fim da entrevista explico o que é “cadeira do dragão” – Nota do Autor.

Por que os bandidos dos morros não matam ou morrem lutando? São covardes! Eles sabem que se forem presos terão a garantia de vida pelos representantes dos direitos humanos. Eles têm o direito até de esconderem suas caras, de ficarem em silêncio diante das autoridades. Eles sabem que vale a pena ser bandido no Brasil. Na China seria bem diferente!

– O senhor viu o recente episódio nas proximidades de São Conrado, no Hotel Intercontinental?

– Vi na TV, mas acho que bandido que corre com arma na mão não é bandido. Eles são fichinhas diante dos sediados em Brasília que não usam armas mas são tinhosos e usam as palavras para cativar os pobres inocentes úteis.

Esses são perigosos porque têm estudo, são educados e por isso sabem enganar os eleitores que carecem de necessidades básicas: segurança, moradia, educação, trabalho e saúde. Pode observar que todo político promete sempre a mesma coisa, isto é, diz com apertos de mãos e tapas nas costas que vai satisfazer as necessidades do povo. Tudo falso. Tudo mentira. Tudo por interesse pessoal.

O Brasil não precisa desses incompetentes eleitos por protesto! O Brasil necessita erradicar o analfabetismo, carece de educação com boa qualidade para todos. O Brasil precisa melhorar a saúde, capacitando o pessoal do corpo de médicos, enfermeiros e pessoal do administrativo; pagar bem aos lotados nos órgãos de segurança: Forças Armadas, policiais civis e militares e federais, incluindo um programa de boas moradias para quem trabalha no combate aos ilícitos (crimes diversos, o narcotráfico, contrabando… etc...).

– Do que mais o senhor acha que o Brasil precisa para melhorar?

– Decididamente o Brasil precisa mudar o Código Eleitoral e as leis penais, tornando-as mais duras para os transgressores. Chega de hipocrisia com o sustentáculo dos defensores dos direitos humanos. Há quem diga que a polícia prende e a justiça solta, mas isso não é verdade.

– Mas não é a Justiça quem solta?

– A Justiça solta porque as leis permitem com a brandura de uma benevolência exagerada. A saida temporária dos presos, nos dias de festas (Dia das mães, dos pais, da criança, etc.), está prevista no artigo 122 da Lei de Execuções Penais (Lei 7.210, de 11 de julho de 1984). Os bandidos saem, quando satisfazem as condições da lei, e pelo menos 10% não retorna. Sei de tudo isso porque meu amigo Ronaldo Esper, também candidato a Deputado Federal, me ensinou.

– Então o senhor condena a vitória de candidatos de seu nível e dos demais amigos seus?

– É como eu disse: A lei errada permite a nossa candidatura! Mas o voto por protesto é um absurdo! O BRASIL seria um país melhor se os eleitores também votassem conscientes e não vendessem seus votos por migalhas.

– O senhor está arrependido de ter se filiado ao Partido dos Lutadores (PL) e de ser candidato a um cargo tão importante como o de Deputado Federal?

– Confirmo e estou envergonhado. O Brasil não precisa de mim e tampouco dos meus colegas despreparados. Não sei se os demais amigos meus e candidatos nesse próximo pleito concordam comigo. Falo por mim. Está tudo errado! O nosso Brasil merece coisa melhor!

UMA EXPLICAÇÃO DO AUTOR PROMETIDA NO CONTEXTO

"Cadeira do dragão" foi um instrumento de tortura utilizado pela polícia política do Brasil, DOPS, e também pelo DOI-CODI na época do regime militar para se obter informações de pessoas suspeitas de participarem de ações subversivas ao governo.

A "cadeira do dragão" era um tipo de cadeira elétrica, com assento, apoio de braços e espaldar de metal onde um indivíduo era colocado e amarrado aos pulsos por cintas de couro. Eram amarrados fios em suas orelhas, língua, em seus órgãos genitais e dedos dos pés, suas pernas eram afastadas para trás por uma travessa de madeira que fazia com que a cada espasmo causado pelo choque sua perna batesse violentamente contra a travessa de madeira causando ferimentos profundos.

A cadeira possuía um terminal elétrico, onde era conectada a um dínamo que gerava energia manualmente através de uma manivela usada pelo torturador.

Esta máquina era chamada pelos torturadores de "pimentinha" e gerava uma voltagem em cerca de 100 volts com uma forte corrente elétrica de 10 amperes, era jogada água sobre o corpo do infeliz completamente nu o que fazia com que a força do choque fosse elevada ao extremo.

Esse método, bem como outros, são descritos no livro "Brasil: nunca mais" de Paulo Evaristo Arns.