Entrevista com a universitária Nathália Paulino feita por Rodrigo Poeta
*Nome: Nathália Paulino Oliveira.
*Cidade de origem: Rio de Janeiro-RJ.
*Data de nascimento: 04/10/1988.
*Atividade: Estudante de Biblioteconomia da UNIRIO, cursando período o 7º período.
*Email: monpetitnathy@gmail.com
- Vejamos a entrevista feita com Nathália Oliveira por Rodrigo Poeta:
1-Qual o papel do bibliotecário?
*Nathália: Bem, na minha concepção o bibliotecário age como ponte entre a informação e os usuários das unidades de informação, bibliotecas, etc. O bibliotecário não é apenas um "guardador" de livros, nós filtramos a informação, concedendo ao receptor apenas o que é pertinente em sua pesquisa.
2-Por que no nosso país ainda vemos cenas do tipo: livros no lixo, livros nas estantes esquecidos?
*Nathália: Infelizmente o hábito da leitura não foi e ainda não é devidamente incentivado. O brasileiro lê muito pouco. Se compararmos com demais países Sulamericanos, em que cada pessoa lê em média 10 livros por ano, veremos que estamos longe desse índice. Os brasileiros leem cerca de 4 livros por ano. As pessoas em nosso país tratam o livro como um simples objeto, e não como uma fonte de informação, que com os devidos cuidados, durará por séculos.
3-Ler é primordial?
*Nathália: Sim. É inquestionável que a leitura é primordial na formação de qualquer indivíduo. Quem lê escreve melhor, se comunica melhor, se torna formador de opinião e consequentemente um canal informacional: quem lê, não guarda apenas para si, mas transmite os conhecimentos adquiridos a outrem. Muita gente desconhece os efeitos terapêuticos da leitura. Quem lê muito exercita o cérebro, e existem estudos que comprovam que quem lê muito está menos propenso a desenvolver doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson.
4-O que fazer para o brasileiro ler mais?
*Nathália: O hábito da leitura deve ser gerado dentro de casa. Não adianta programas de leitura apenas nas instituições de ensino, se ao chegar em casa, o estudante não tem essa prática estimulada. Outro fator que também creio ser um impecílio para a leitura do brasileiro é a falta de boas bibliotecas públicas. Os livros, em suporte papel, ainda são bastante caros, e a maior parte da população não tem condições de adquiri-los, uma alternativa são as bibliotecas públicas. Estas, porém, na maioria das vezes possuem acervos mal conservados, desatualizados e um ambiente nada aconchegante, o que afasta os leitores. O MEC deveria investir mais em bibliotecas: tanto na criação de novas, como na manutenção das já existentes.
5-Quais os escritores que você mais admira?
*Nathália: Sou apaixonada pelo Realismo e Naturalismo. Eça de Queiróz, Machado de Assis, Gustave Flaubert e Guy de Maupassant são meus autores preferidos desse período.
Mas também admiro os mestres Fiodor Dostoiévisk, Dumas Filho e Charles Dickens. Claro que as mulheres não ficam de fora: sou fã de Jane Austen e Emily Brontë. Entre os autores do Século XX, admiro o Sidney Shledon, José Saramago e Luís Fernando Veríssimo.
6-Que livro você indicaria e não está entre os bestsellers e nem na lista dos mais vendidos? Explique.
*Nathália: "Seis contos da Era do Jazz e Outras Histórias" de Scott Fitzgerald. São narrativas curtas, cheias de vida e brilhantismo do autor. Um filme que fez bastante sucesso em 2009, "O curioso caso de Benjamin Button" é "baseado" em um dos contos de Fitzgerald. Vale muito a pena ler, os contos são absurdamente envolventes.
7-Quais as maneiras para se conservar livros raros e antigos?
*Nathália: Existem profissionais especializados em técnicas de conservação e restauração de livros raros e antigos. A Biblioteca Nacional possui um setor de obras raras, onde está a "Bíblia de Mogúncia", de 1462. Essa obra foi digitalizada, bem como outras obras raras. A Biblioeca Nacional, possui salas cofres, e as obras raras são microfilmadas e digitalizadas e disponibilizadas em formato PDF; evitando assim, o manuseio excessivo, que deteriora as obras que são extremamente delicadas.
8-Já realizou algum projeto?
*Nathalia: Fiz parte do grupo "Contadores de Histórias", um grupo formado de estudantes, que contam histórias e oferecem oficinas de artesanato para as crianças do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro.
9-Como você vê esse paradoxo tecnologia (internet) x livro?
*Nathália: A internet é uma ferramenta maravilhosa que possibilita que a informação e o conhecimento sejam trocados de forma rápida. Porém, nem tudo o que se encontra na internet é de fonte confiável, pois não passa por processos rigorosos de avaliação. Já os livros apresentam informações concretas e fieis, pois passaram pelos devidos mecanismos científicos de avaliação.
10-Por que os livros de auto-ajuda hoje em dia são os mais vendidos?
*Nathália: Na minha opinião, a dinâmica do século XXI fez com que as pessoas desejem tudo de imediato. Os livros de auto-ajuda apresentam soluções rápidas, às vezes imediatas. Muitos não querem perder tempo pensando em formas de solucionar os problemas.
11-Deixe uma mensagem para posterioridade:
*Nathália: Bem, há um tempo atrás, li uma declaração de Keith Richards, guitarrista da banda Rolling Stones, e acho que é uma verdade universal: "Quando você cresce, há duas instituições que o afetam especialmente: a Igreja, que pertence a Deus, e a biblioteca, que pertence a você."