ENTREVISTA DE
ZÉLIA MARIA FREIRE PARA O FILOSÓFO ARCANJO ISABELITO
Arcanjo Isabelito Salustiano é um filósofo considerado “a voz das ruas”. Não é título concedido por nenhuma autoridade eclesiástica nem acadêmica, nem vem de nenhum tribunal superior. Foi ele mesmo que se auto concedeu por achar que a filosofia tem que fazer parte da vida cotidiana mais do que aquelas que são consideradas apenas ditados populares, convertidos em filosofia de vida.
Então, ele vive na tocaia. Não no sentido pejorativo que essa palavra carrega. Como é mineiro, sabe muito bem que esta palavra pode ser empregada em vários sentidos, inclusive, tocaia mesmo. Observa a tudo caladinho e depois, solta o verbo, sujeito e predicado também, para não ficar parecendo coisa de malandro nem de traíra.
Na última viagem que fez, visitando as belas praias do litoral nordestino, passou por Natal, a terra do sol, do sal, do petróleo e de Zélia Maria Freire, a grande filósofa, cronista e poetisa daquela cidade de natureza exuberante, lindas praias e uma receptividade inigualável. Ela deu-lhe uma colherinha de chá, duas de cerveja e três de pinga (da boa). Além disso, concedeu uma entrevista, que está sendo publicada no Recanto das Letras e no blog de seu pai , o Adão (José Cláudio Adão). Confiram aí as importantíssimas, seriíssimas, profundas, bem humoradas e pedagógicas opiniões da nossa querida Zélia, em prosa, verso e alegria.
ENTREVISTA
Meu caro filósofo, como preâmbulo desta entrevista, vos digo que, pelas sete perguntas feitas me lembrei de Plabo Neruda, que fez esta indagação: Cuantas preguntas tiene um gato. O que respondeu o poeta Diógenes da Cunha Lima no seu livro de Respostas: Sete. Cada vida é uma pergunta.
P: Quando nasceu um anjo torto, desses que vivem nas sombras, disse: - vai ser gauche na vida?
R: Não, não disse, só ouvi dele: Não! Não,! Não pode, não pode, não pode...
P: É uma cidadã comum, como essas que se vêem na rua? É feito aquela gente boa, honesta e comovida?
R: Sou uma cidadã comum e honesta. Quanto à comoção... Fico cá a imaginar até onde o sofrimento de verdade e a desgraça de ficção nos atingem... Um escritor amigo meu de nome Mário Moacyr Porto, costumava dizer que o bem e o mal só existem para nós como forças contraditórias quando passam da condição de juízo de valor do raciocínio para a categoria de estado emocionais, vividas pela nossa imaginação. O espetáculo da miséria humana, as brutalidades do egoísmo o sofrimento real e irremissível dos nossos iguais não nos tocam como realidades sensíveis e contagiantes. Não vamos às lagrimas diante de um pobre mendigo faminto que nos pede ajuda. Mas sentimos comoção e choramos, sim, assistindo o sofrimento de ficção revelada por qualquer forma de expressão artística.
P: E a vida?: E a vida o que é, diga lá, minha irmã?
Tijolo por tijolo num desenho lógico ou só o amor constrói?
R:Tem um conto sueco que o bem-ti-vi faz esta pergunta. A roseira respondeu que é desenvolvimento. A borboleta disse que a vida é só alegria e brilho. A formiga disse que a vida não é mais do que trabalho e cansaço. A abelha disse que a vida era um misto de prazer e trabalho. O rato disse que a vida é uma luta no escuro. A chuva disse que a vida consiste só em lágrimas. A águia disse que a vida é um esforço pra subir. Uma árvore curvada disse que a vida é inclinar-se sob uma força maior. A coruja disse que a vida é aproveitar as oportunidades enquanto os outros dormem. Um rapaz que caiu na relva cansado de dançar e beber disse que a vida é uma busca constante de felicidade e uma corrente de decepções. Finalmente , a aurora levantou-se em toda sua plenitude e disse: assim como a dia é um instante da vida, assim a vida é um instante da eternidade.
P: A dor da gente não sai no jornal? Ou cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é?
R: eu sou o que sou. Dor... quem já não as teve? Delícia de viver... Conheço.
P: Vastas emoções e pensamentos imperfeitos?
R: São tantas as emoções já vividas... Pensamentos? Acho que são tortos.
P: Quanto mais a gente ensina mais aprende o que ensinou?
R: Vamos lá: faz de conta que eu ensino, você faz de conta que aprende e juntos chegamos à conclusão que eu nada ensinei nem você nada aprendeu.
P: Viver e não ter a vergonha de ser feliz?
R:Viver é não ter vergonha de si próprio. Quanto ao ser feliz, como é um estado de alma, feliz hoje... amanhã quem sabe...
Obrigado, Zélia! Paz e bem.
Obs: as perguntas foram adaptações de trechos de letras de músicas e frases de livros.
ZÉLIA MARIA FREIRE PARA O FILOSÓFO ARCANJO ISABELITO
Arcanjo Isabelito Salustiano é um filósofo considerado “a voz das ruas”. Não é título concedido por nenhuma autoridade eclesiástica nem acadêmica, nem vem de nenhum tribunal superior. Foi ele mesmo que se auto concedeu por achar que a filosofia tem que fazer parte da vida cotidiana mais do que aquelas que são consideradas apenas ditados populares, convertidos em filosofia de vida.
Então, ele vive na tocaia. Não no sentido pejorativo que essa palavra carrega. Como é mineiro, sabe muito bem que esta palavra pode ser empregada em vários sentidos, inclusive, tocaia mesmo. Observa a tudo caladinho e depois, solta o verbo, sujeito e predicado também, para não ficar parecendo coisa de malandro nem de traíra.
Na última viagem que fez, visitando as belas praias do litoral nordestino, passou por Natal, a terra do sol, do sal, do petróleo e de Zélia Maria Freire, a grande filósofa, cronista e poetisa daquela cidade de natureza exuberante, lindas praias e uma receptividade inigualável. Ela deu-lhe uma colherinha de chá, duas de cerveja e três de pinga (da boa). Além disso, concedeu uma entrevista, que está sendo publicada no Recanto das Letras e no blog de seu pai , o Adão (José Cláudio Adão). Confiram aí as importantíssimas, seriíssimas, profundas, bem humoradas e pedagógicas opiniões da nossa querida Zélia, em prosa, verso e alegria.
ENTREVISTA
Meu caro filósofo, como preâmbulo desta entrevista, vos digo que, pelas sete perguntas feitas me lembrei de Plabo Neruda, que fez esta indagação: Cuantas preguntas tiene um gato. O que respondeu o poeta Diógenes da Cunha Lima no seu livro de Respostas: Sete. Cada vida é uma pergunta.
P: Quando nasceu um anjo torto, desses que vivem nas sombras, disse: - vai ser gauche na vida?
R: Não, não disse, só ouvi dele: Não! Não,! Não pode, não pode, não pode...
P: É uma cidadã comum, como essas que se vêem na rua? É feito aquela gente boa, honesta e comovida?
R: Sou uma cidadã comum e honesta. Quanto à comoção... Fico cá a imaginar até onde o sofrimento de verdade e a desgraça de ficção nos atingem... Um escritor amigo meu de nome Mário Moacyr Porto, costumava dizer que o bem e o mal só existem para nós como forças contraditórias quando passam da condição de juízo de valor do raciocínio para a categoria de estado emocionais, vividas pela nossa imaginação. O espetáculo da miséria humana, as brutalidades do egoísmo o sofrimento real e irremissível dos nossos iguais não nos tocam como realidades sensíveis e contagiantes. Não vamos às lagrimas diante de um pobre mendigo faminto que nos pede ajuda. Mas sentimos comoção e choramos, sim, assistindo o sofrimento de ficção revelada por qualquer forma de expressão artística.
P: E a vida?: E a vida o que é, diga lá, minha irmã?
Tijolo por tijolo num desenho lógico ou só o amor constrói?
R:Tem um conto sueco que o bem-ti-vi faz esta pergunta. A roseira respondeu que é desenvolvimento. A borboleta disse que a vida é só alegria e brilho. A formiga disse que a vida não é mais do que trabalho e cansaço. A abelha disse que a vida era um misto de prazer e trabalho. O rato disse que a vida é uma luta no escuro. A chuva disse que a vida consiste só em lágrimas. A águia disse que a vida é um esforço pra subir. Uma árvore curvada disse que a vida é inclinar-se sob uma força maior. A coruja disse que a vida é aproveitar as oportunidades enquanto os outros dormem. Um rapaz que caiu na relva cansado de dançar e beber disse que a vida é uma busca constante de felicidade e uma corrente de decepções. Finalmente , a aurora levantou-se em toda sua plenitude e disse: assim como a dia é um instante da vida, assim a vida é um instante da eternidade.
P: A dor da gente não sai no jornal? Ou cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é?
R: eu sou o que sou. Dor... quem já não as teve? Delícia de viver... Conheço.
P: Vastas emoções e pensamentos imperfeitos?
R: São tantas as emoções já vividas... Pensamentos? Acho que são tortos.
P: Quanto mais a gente ensina mais aprende o que ensinou?
R: Vamos lá: faz de conta que eu ensino, você faz de conta que aprende e juntos chegamos à conclusão que eu nada ensinei nem você nada aprendeu.
P: Viver e não ter a vergonha de ser feliz?
R:Viver é não ter vergonha de si próprio. Quanto ao ser feliz, como é um estado de alma, feliz hoje... amanhã quem sabe...
Obrigado, Zélia! Paz e bem.
Obs: as perguntas foram adaptações de trechos de letras de músicas e frases de livros.