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Jeane Caldas
                           
(G Aguiar)
                              
(clique)
  
12/08/2012
        Madrugadas Rubras
Trago em meus cabelos
O seu hálito de cravo e hortelã
Exalado às seis da manhã
Algemado ao seu corpo
Transpirando cascatas de cristais
E bailando caracóis sensuais.
 
Trago em minha mente
Chuvas de sorrisos e gargalhadas
Afogados entre lençóis de seda
E brindes de êxtases tântricos
Adormecidos no berço do tempo
Que me acompanham pela estrada.

       
                              
***

Texto bem polissêmico, literário portanto. Causa um frêmito e uma vontade de ficar relendo, relendo. Desarma-nos.
Para o texto: Madrugadas Rubras


 
 

12/08/2012
Ausência
Sem você
Não sou nada.
Sou manhã sem sol,
Sol sem brilho,
Brilho sem luz.
 
Sem você,
Sou pássaro sem asa,
Asa sem pena,
Pena sem cor.
 
Sem você
Sou jardim sem rosa,
Rosa sem perfume,
Perfume sem cheiro.
 
Sem você
Sou mar sem água,
Água sem peixe,
Peixe afogado
Na areia da praia.
      

                           ***
 
Apaguei aquele comentário desfavorável à sua fina arte e ao seu coração lotado de ternuras. Lendo melhor o poema, vejo além de palavras, braços em busca, lamentos sem salvação.
Para o texto: Ausência


 
 

12/08/2012
Quanta tragédia!!! Deixa eu espairecer... Vamos aos poemas!
Para o texto: A Tragédia e o Trágico em O Último Tear de Vanilton Alves


 
 

12/08/2012
Gente! Só mulher! E acaba tudo bem! Legal, a sua crônica...
Para o texto: Mulheres no Poder


 
 

12/08/2012
"Litorâneos" é um título bem escolhido, e pelo visto contém bastantes poemas, todos de boa qualidade literária. Valendo-me da sua sincera e profunda resenha, desejo sucesso ao Ronaldson Souza!
Para o texto: Litorâneos, uma pérola sergipana


 
 

12/08/2012
Pelo que entendi, é um livro didático "disfarçado" de obra literária... Deve ser interessante, sim!
Para o texto: Lílian Rocha Lança Novo Livro
 
 

 

12/08/2012
Eis aí uma coisa que eu jamais faria: uma Coroa de Sonetos. Admiro quem consegue! Caramba! E o homem escreve bem!
Para o texto: O Lirismo de Wagner Ribeiro em Coroas de Sonetos


 
 

12/08/2012
Curioso... Como vejo isto na prática?
Para o texto: Chapeuzinho Vermelho Animado


 
 

12/08/2012
Pelo jeito, o livro desses dois, Diana e Mario, é bom. E a literatura infanto-juvenil encanta, mesmo...
Para o texto: Fadas no Divã, além de um olhar psicanalítico


 
 

13/11/2010
           Adeus
Numa noite constituída
De ausência de luz
Nasceram versos
Temperados
Com lágrima
E dor
Sob o sorriso
Da lua
E a ousadia
Do mar.
Versos sangrados
Pelo punhal do adeus.

 
                        ***
 
Quantos céus existem? Sei só que atingiste um deles, com este dístico:
"Versos sangrados
Pelo punhal do adeus."
Para o texto: Adeus


 
 

11/11/2010
     Rosa Agonizante
Constantemente naufrago
Num mar sem resposta
Tentando abrir a porta
Do meu próprio eu...
                      
Rondo, divago,
Ando pra lá e pra cá
Dentro de mim.
 
Reviro-me,
Avesso-me
E não encontro um fim
Para a minha aflição.
 
Percorro caminhos estranhos
Dentro do meu ser desnorteado
E não encontro respostas
Para sanar a ferida da rosa
Que agoniza em meu coração.

 
 
Quanto à tua angústia, faz parte do ser humano, assim como as alegrias, a crueldade, a piedade... Já transformar estes e bastantes outros sentimentos inerentes à nossa natureza em arte - pintura, escultura, literatura... - é um presente de poucos.
 
Falando especificamente de ti, do teu poema, diria que puseste no papel (na tela) parte desse desconforto de viver - o que só alguns conseguem com sucesso. Ainda assim, afirmaria eu que teu sucesso foi parcial: faltaram soluções estilísticas e uma inspiração mais irracional, fremente, perdida, abandonada no espaço infinito da Literatura.
Gostaria de lhe passar algumas sugestões, por e-mail. Posso?
Para o texto: Rosa Agonizante


 
 

19/06/2010
Alô Jeane! Tudo bem e muita atividade, e não sou mais criança (63 anos). O tempo se torna, a esta altura, cada vez mais curto e preciosíssimo. Por isso não tenho Orkut, nem Twitter etc.: me perderia convivendo virtualmente (vejo os jovens se desligarem da Terra, Jeane, na internet). Cheguei a fazer os dois, só que são mais para bate-papo, e preciso normalmente publicar ou analisar textos longos, o que no sistema do Orkut e do Twitter é impossível. Mas de qualquer forma obrigado, tá?
Para o texto: Jeane Caldas (comentários)
De:
 
 

 

28/03/2010
As expressões: Movimentos Literários, Escolas Literárias e Estilos de Época se equivalem.

No prefácio a
Suspiros Poéticos e Saudades (Gonçalves de Magalhães, 1961), lê-se:
 
 
“Poesias d’alma e do coração, e que só pela alma e pelo coração devem ser julgados.”
 
Lembrando que
Suspiros... inaugurou o Romantismo no Brasil, em 1836.  E que esse movimento literário durou até 1988, quando tem início o Realismo/Naturalismo, com Machado de Assis e Aluísio Azevedo. 
O Romantismo abarcou, entre outros temas e tendências:
amor
comportamento rebelde
condoreirismo (poesia social e libertária – derivado do condor, ave dos cimos da cordilheira dos Andes)
egocentrismo
emoção
escapismo (devaneios extremos)
exaltação da mulher
exaltação da morte
exaltação da Natureza
evasão consciente, planejada
folclore
idealização do mundo
nacionalismo
imaginação versus razão, com predomínio daquela
sentimentalismo exacerbado
subjetivismo. 
 
A frustração de tantos sonhos irrealizáveis gera o tédio, com a fuga da realidade (álcool, ópio, cigarros, charutos e prostíbulos).
No plano formal, surgiu o verso livre (sem métrica e sem estrofação rígida) e o verso branco (sem rima).
No Classicismo, predominavam as formas poéticas fixas; no Romantismo, a versificação livre.
Temas recorrentes, caros aos românticos: as causas sociais (liberdade, abolição da escravatura), a formação de uma literatura nacional e outras.
 

          Fontes de consulta:
 
Gramática e Literatura Brasileira – Curso
Completo, de Douglas Tufano. Ed. Moderna,
SP, 1996.
Língua, Literatura e Redação, de José de
Nicola. Vol. I, p. 266-269.  SP, Editora
Scipione, 1999.
Português para o Ensino Médio, de Ernani
 Terra & José de Nicola.  570 p. Ed. Scipione,
 SP, 2007. 
Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves
de Magalhães.  Editora Agir, RJ, 1961.
Para o texto:
Jeane Caldas (comentários)
De:
 
 

 

27/03/2010
Palavras tuas:
"Peço-lhe, por gentileza, que deixe claro no seu blog a especificidade do meu trabalho. Ficaria muito grata."
 
O Jô pergunta:
O que exatamente queres dizer, com as palavras acima?
 
Mais palavras tuas:
"Você fez bons comentários sobre os seguintes poemas: Saudades, Recuerdo e outros que no momento não me recordo. No entanto, não mencionou nada sobre eles. Eles são bons ou você fez uma avaliação precipitada, emocional?"
 
Resposta minha:
Sim, bons. Talvez teus melhores poemas. Só os citei para divulgá-los e voltar a eles oportunamente.
Para o texto: Jeane Caldas (comentários)
De:
 
 
 

25/03/2010
           Fragilidade
"Atravessei a estrada do teu olhar
Totalmente embriagada de desejo,
E nela depositei meus sonhos
Pincelados com acrílica rosa-chá
E textura de pastel verde-piscina.
 
Cruzei o caminho do teu sorriso
Esfumaçado de branco-titânico
E gotejado de estilhaços cristalinos.
 
Neles escrevi versos sangrados
Com tinta óleo vermelho-rubro
Ilustrados com desenhos ingênuos,
Para exprimir a paixão oceânica
Que invadiu meu frágil casulo." 
 

Potencial amargo. Alguns versos (bem poucos) de uma inventividade singular. O teu texto pode estar fraco, razoável ou, em alguns momentos, até medíocre, sofrível; mas pelo menos foste sincera, colocaste em evidência TUAS palavras, e não as de ninguém em particular nem as estruturas gerais, correntes do idioma, às quais muitos autores de pouco ou nenhum talento se servem tolamente, tentando com tais superficialidades corriqueiras agradar a todos e arrecadar elogios.
Observando melhor, temos as seguintes peculiaridades:
"estrada do teu olhar" - metáfora bem diferente da expressão hoje simplória "luz dos teus olhos", por exemplo.
 
"Neles" significa aí, a meu ver, a estrada e o caminho. "Versos sangrados" mostra-se original, mas em outro poema usas imagem semelhante, e de forma ainda melhor.
Existem algumas palavras-chaves que impulsionam o romantismo do teu poema: olhar, desejo, sonhos, sorriso, versos, ingênuos, paixão, frágil. Isto sem dúvida cativa (inconscientemente até) o leitor comum, o senso comum, e é positivo, por que não?
Só uma dúvida: "gotejado de estilhaços cristalinos" (tão bonito) é - como o são outras do poema - alguma expressão técnica da arte da Pintura, ou se trata de invenção poética tua? (*)
 
Os dois últimos versos abrangem triunfalmente todo o poema, dando-lhe a demão final de confissão, de entrega, de desabafo, de humildade perante o Amor de mil formas, cores e dores. Difícil achar tanta súplica em duas meras linhas poéticas.
 
_________
*
“estilhaços cristalinos” - resposta de Jeane:
“Oi, Jô,
A expressão estilhaços cristalinos retrata o sorriso do outro, os dentes alvos e perfeitos da pessoa amada...
As outras expressões são técnicas originadas da pintura e do desenho.
Não fique afastado por muito tempo do Recanto, não! De vez em quando, faça um algum comentário nos meus textos! Saudades!”
Para o texto:
Fragilidade


                   
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                                  Jeane Caldas
                         “Nada além do coração’

          
Da minha indiscutível incompetência
          
O estudo de qualquer texto literário, ainda os mais simples, implica em limites reais de competência crítica. Então confesso: o teu comporta significados bem mais numerosos e maiores do que pode dar conta esta mera e breve leitura...
        Ainda assim, arrisco:   
        Predominam em tua literatura a solitude, a angústia do abandono, dos fins-de-caso, a solidariedade, a esperança e o amor a Deus (e revolta pelo descaso celeste). 

         O vocabulário, ainda pobre, repetitivo e previsível, não condiz com tua imensa riqueza e experiência interiores. Conselho-segredo: lê mais: mais gramática, mais figuras de linguagem, mais autores, mais teóricos da Literatura.  Adianto todavia que não vislumbrei quaisquer desvios da norma culta nos escritos: tudo correto, portanto.  Aplausos solenes. 
        Tua temática, o Amor, é inesgotável.  Como inesgotáveis são os assuntos de tantos e tão bons literatos, 
como Augusto dos Anjos (os fatos horrendos da vida e da morte), João da Cruz e Sousa (a negritude, a injustiça, o preconceito, a Imensidão celeste), e outros admiráveis autores.  
       Logo, continua mas amplia e enriquece teus versos e prosa, melhoráveis sim senhora.  


               Do crescente talento da autora
         
Sobrepairam em teus poemas inolvidáveis 
sublimidades, como em Doce Esperança, Tecido Poético e Agonias
que semelham em singeleza e sensualidade a versículos dos Salmos (Rei Davi) ou, mais ousadamente, do Cântico dos Cânticos (Rei Salomão); já outros, contendo uma associação de sentidos - doçura semântica - faz surgirem metáforas delicadas, preciosas, flutuantes... 

          Vários outros, no entanto, nada trazem de inovador, contendo versos que não sobrevivem, se isolados do contexto, tal a sua trivialidade e incongruência. A rigor, as costumeiras falhas do literato incipiente: superficialidade, versos mal-arranjados, displicência estilística, deslumbramentos sem razão... 

          No plano conceitual (conteúdo), costuma a poetisa se realizar razoavelmente.  Já na estrutura formal, percebem-se às vezes falhas maiores:
        a) estilo mal-trabalhado, não coeso, carecendo de releitura crítica, meditação mais profunda e uso de boas gramáticas e dicionários (não visando à correção de solecismos, e sim ampliando as possibilidades de expressão).

       b) versos ou estrofes sem a necessária coesão, coerência, correção, clareza e elegância, dificultando sua compreensão e merecida apreciação;
 
       c) ausência de elevação poética, permanecendo muitos versos na planície da prosa comum, corriqueira, reduzindo assim o alcance da proposta lírica.


           Enfim, lânguida menina: longas palavras e mensagens curtas.  Ousou pouco, pouco.  E o heroísmo lírico? 
          
          Na contramão porém de tudo quanto acima afirmei, a ânsia abissal em que te debates prova a tua legítima maturidade literária, que não deixa dúvidas: artista sem artifícios.  


          Não só poemas:  promessas, harpas, alumbres,  redenção; êxtases e hosanas, translírios  e esponsais, pastores e primaveras, oásis e caravanas,  abismos e cantatas, súplicas e graças. 
          Anunciação.  Mosaico multicor.

Enviado por Jô do Recanto das Letras em 21/03/2010
Reeditado em 13/10/2012
Código do texto: T2151810
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