ENTREVISTA COM SÁVIO SOARES DE SOUSA
JORNALISTA BELVEDERE BRUNO (Jornal Santa Rosa)
ENTREVISTA SÁVIO SOARES DE SOUSA
SÁVIO SOARES DE SOUSA, niteroiense do bairro do Fonseca (18/09/1924), filho de Oswaldo Soares de Sousa e Verpertina Reis Soares de Sousa. Descende do Visconde do Uruguai.
Estudos: alfabetizado em casa, com a tia Nelsina; depois: Colégio Brasil, Colégio Universitário da Praia Vermelha, Liceu Nilo Peçanha, Faculdade de Direito de Niterói e Sociedade Dante Alighieri do Rio de Janeiro.
Ex-bancário, ex-taquígrafo parlamentar, ex-professor e membro do Ministério Público Estadual, aposentado desde 1990.
Membro da ANL-Academia Niteroiense de Letras, onde já ocupou a presidência. Poeta, prosador, crítico de cinema, exerceu o jornalismo por mais de trinta anos, principalmente em “O Fluminense”. Integrante do movimento “Escritores ao ar Livro”, criado pelo poeta Paulo Roberto Cecchetti, e idealizador do folheto “Resenha da Tenda”.
Livros publicados: “Mundo número dois”, “O salto e o para-quedas”, “Signo do sapo”, “O canibal arrependido e outros discursos” e “Rapsódia para sanfona”(trovas).
Verbete da “Nova Enciclopédia Delta-Larousse” e da “Enciclopédia de Niterói”, de Luís Antônio Pimentel.
Mantém a seção “Nozes & Vozes” na revista Bali, da Academia Itaocarense de Letras, há onze anos.
JSR- Quando e como teve início sua carreira Literária?
SSS- Considero-me, para ser exato, um autor bissexto, isto é, daqueles que não produzem com frequência. Nem sei, mesmo, se
mereço o título de escritor. Talvez seja apenas - ou fui - um agitador de movimentos culturais: Clube da Poesia, Clube de Cinema, Associação Niteroiense de Cultura Latino-Americana e outras entidades efêmeras. Meu primeiro trabalho publicado foi o soneto “Meu sonho”, evidente obra da adolescência, no jornal “A Verdade”, de Eurico Pinheiro, nos idos de 1946. Outros trabalhos apareceram, na década de 1950, no suplemento literário de “O Estado” e em “Letras Fluminenses”, de Luís Magalhães. Mas escrevo pouco - repito. Às vezes, gasto dois anos para arrematar um soneto. Hoje, prefiro o gênero ensaio literário. Se o vocábulo “carreira” implica, de algum modo, a ideia de “corrida veloz”, penso que, no meu caso, o ritmo tem outro nome: “passo de tartaruga”... sou um preguiçoso mental, não o nego.
JSR- Quais os fatos mais marcantes em sua trajetória?
SSS- Marcante, mesmo, em minha trajetória, é a data de fundação do Grêmio Literário Humberto de Campos - 29 de julho de 1944 -,
em que eu e outros dez jovens do meu bairro, entre eles José Barroso, Aurélio Zaluar, Carlos Couto, Haroldo Paula de Araújo, Bueno Mendonça e Dílio Reynier, nos reunimos para estudar e praticar literatura. Todos os domingos, à tarde, num velho porão da rua Riodades, líamos e submetíamos à crítica dos companheiros as nossas tímidas produções literárias. É um modelo que indico aos jovens de hoje, porque não conheço melhor escola do que essa. Outro fato marcante é a amizade que me ligou durante muitos anos ao italiano Silvestre Mônaco, em cuja livraria - a Ideal - tive oportunidade de conviver com as figuras representativas da inteligência fluminense. Finalmente, ponho em destaque o convite que o Dr. Alberto Torres me fez, para, ao lado de Marcos Almir Madeira, co-editar o suplemento literário “Prosa & Verso”, que, de 1962 a 1972, tornou o jornal “O Fluminense” o foco principal da produção literária de nosso Estado, e revelou muitos dos valores da nova geração.
JSR- Como vê a literatura na atualidade?
SSS- O movimento editorial é tão intenso e variado, hoje, não só para autores nacionais como para estrangeiros traduzidos, de
reconhecido valor, que ficou difícil, quase impossível, acompanhar dia-a-dia o surgimento de verdadeiros gênios. Faço o que posso para atualizar-me, não me deixando impressionar com os títulos de best-sellers. Raramente leio romances. Prefiro os livros de contos, crônicas e ensaios, ao lado de uns poucos livros de poesia. Até porque estou na faixa etária da releitura dos clássicos...
JSR- Quais os autores e gêneros literários de sua preferência?
SSS- Considerando os gêneros indicados, tenho os meus autores prediletos: Manuel Bandeira, Drummond, Garcia Lorca, Murilo
Mendes, Augusto Meyer, Jorge Luís Borges, Baudelaire, Papini, Verlaine, Alphonsus de Guimarães, Machado de Assis, Vicente de Carvalho, Goethe, Dante Alighieri, Bilac, Aníbal Machado, Shakespeare, Horácio e Virgílio... Por aí se vê o meu ecletismo. Mas faço questão de frisar: levo a leitura a sério, exercitando diante de cada página o meu espírito crítico. Não há, para mim, autores ultrapassados. Seleciono os melhores, afinados com o meu temperamento, e deles tiro o máximo de proveito. Os outros, deixo-os na reserva de refrigerador. Algum dia, talvez...
JORNALISTA BELVEDERE BRUNO (Jornal Santa Rosa)
ENTREVISTA SÁVIO SOARES DE SOUSA
SÁVIO SOARES DE SOUSA, niteroiense do bairro do Fonseca (18/09/1924), filho de Oswaldo Soares de Sousa e Verpertina Reis Soares de Sousa. Descende do Visconde do Uruguai.
Estudos: alfabetizado em casa, com a tia Nelsina; depois: Colégio Brasil, Colégio Universitário da Praia Vermelha, Liceu Nilo Peçanha, Faculdade de Direito de Niterói e Sociedade Dante Alighieri do Rio de Janeiro.
Ex-bancário, ex-taquígrafo parlamentar, ex-professor e membro do Ministério Público Estadual, aposentado desde 1990.
Membro da ANL-Academia Niteroiense de Letras, onde já ocupou a presidência. Poeta, prosador, crítico de cinema, exerceu o jornalismo por mais de trinta anos, principalmente em “O Fluminense”. Integrante do movimento “Escritores ao ar Livro”, criado pelo poeta Paulo Roberto Cecchetti, e idealizador do folheto “Resenha da Tenda”.
Livros publicados: “Mundo número dois”, “O salto e o para-quedas”, “Signo do sapo”, “O canibal arrependido e outros discursos” e “Rapsódia para sanfona”(trovas).
Verbete da “Nova Enciclopédia Delta-Larousse” e da “Enciclopédia de Niterói”, de Luís Antônio Pimentel.
Mantém a seção “Nozes & Vozes” na revista Bali, da Academia Itaocarense de Letras, há onze anos.
JSR- Quando e como teve início sua carreira Literária?
SSS- Considero-me, para ser exato, um autor bissexto, isto é, daqueles que não produzem com frequência. Nem sei, mesmo, se
mereço o título de escritor. Talvez seja apenas - ou fui - um agitador de movimentos culturais: Clube da Poesia, Clube de Cinema, Associação Niteroiense de Cultura Latino-Americana e outras entidades efêmeras. Meu primeiro trabalho publicado foi o soneto “Meu sonho”, evidente obra da adolescência, no jornal “A Verdade”, de Eurico Pinheiro, nos idos de 1946. Outros trabalhos apareceram, na década de 1950, no suplemento literário de “O Estado” e em “Letras Fluminenses”, de Luís Magalhães. Mas escrevo pouco - repito. Às vezes, gasto dois anos para arrematar um soneto. Hoje, prefiro o gênero ensaio literário. Se o vocábulo “carreira” implica, de algum modo, a ideia de “corrida veloz”, penso que, no meu caso, o ritmo tem outro nome: “passo de tartaruga”... sou um preguiçoso mental, não o nego.
JSR- Quais os fatos mais marcantes em sua trajetória?
SSS- Marcante, mesmo, em minha trajetória, é a data de fundação do Grêmio Literário Humberto de Campos - 29 de julho de 1944 -,
em que eu e outros dez jovens do meu bairro, entre eles José Barroso, Aurélio Zaluar, Carlos Couto, Haroldo Paula de Araújo, Bueno Mendonça e Dílio Reynier, nos reunimos para estudar e praticar literatura. Todos os domingos, à tarde, num velho porão da rua Riodades, líamos e submetíamos à crítica dos companheiros as nossas tímidas produções literárias. É um modelo que indico aos jovens de hoje, porque não conheço melhor escola do que essa. Outro fato marcante é a amizade que me ligou durante muitos anos ao italiano Silvestre Mônaco, em cuja livraria - a Ideal - tive oportunidade de conviver com as figuras representativas da inteligência fluminense. Finalmente, ponho em destaque o convite que o Dr. Alberto Torres me fez, para, ao lado de Marcos Almir Madeira, co-editar o suplemento literário “Prosa & Verso”, que, de 1962 a 1972, tornou o jornal “O Fluminense” o foco principal da produção literária de nosso Estado, e revelou muitos dos valores da nova geração.
JSR- Como vê a literatura na atualidade?
SSS- O movimento editorial é tão intenso e variado, hoje, não só para autores nacionais como para estrangeiros traduzidos, de
reconhecido valor, que ficou difícil, quase impossível, acompanhar dia-a-dia o surgimento de verdadeiros gênios. Faço o que posso para atualizar-me, não me deixando impressionar com os títulos de best-sellers. Raramente leio romances. Prefiro os livros de contos, crônicas e ensaios, ao lado de uns poucos livros de poesia. Até porque estou na faixa etária da releitura dos clássicos...
JSR- Quais os autores e gêneros literários de sua preferência?
SSS- Considerando os gêneros indicados, tenho os meus autores prediletos: Manuel Bandeira, Drummond, Garcia Lorca, Murilo
Mendes, Augusto Meyer, Jorge Luís Borges, Baudelaire, Papini, Verlaine, Alphonsus de Guimarães, Machado de Assis, Vicente de Carvalho, Goethe, Dante Alighieri, Bilac, Aníbal Machado, Shakespeare, Horácio e Virgílio... Por aí se vê o meu ecletismo. Mas faço questão de frisar: levo a leitura a sério, exercitando diante de cada página o meu espírito crítico. Não há, para mim, autores ultrapassados. Seleciono os melhores, afinados com o meu temperamento, e deles tiro o máximo de proveito. Os outros, deixo-os na reserva de refrigerador. Algum dia, talvez...