aleg(o)rias & analogias
1
colhi, entre as palavras do poema, o elixir
do movimento na separação das águas
ligeiras como os trepidantes cascos
a correrem para uma foz desconhecida
onde a voz se avizinha do infinito!
2
a sabedoria leve onde a beleza desponta
na peça aberta como flor saindo da casa
para fechar a união entre botão e abertura
onde entra quando fecha onde abre e sai
consoante as coisas vão sendo as vogais
de tudo o que desponta onde brota a vida!
3
a sabedoria alimentando a água que sobe
até se evaporar das folhas para as nuvens
enquanto o momento dá de beber à sede
lentamente lenta como quem regressa
sem se precipitar das nuvens para voltar!
4
Se as palavras não fizerem sentido a sua leitura ainda pode produzir uma colorida sonoridade, mas a tradução irá ficar igual à oportunidade perdida de termos estado calados se a intenção for dizer o que elas teriam querido dizer? No entanto, este desafio deve estar sempre presente na poesia, nunca queiramos que a prosa alimente os versos até eles serem prosa. Se isso acontecer, temos de pedir à suspeita para não se deixar ficar indiferente e correr à nossa frente levantando as lebres para as tentar caçar... para a fotografia!
{Este “poema colectivo” é uma espécie de entrevista heteronímica: eu, Mim, Assim e... R; devo-a a uma recente amiga [a amizade é (o) sentimento para nos relacionarmos], nestas lides das letras...}