aleg(o)rias & analogias

1

colhi, entre as palavras do poema, o elixir

do movimento na separação das águas

ligeiras como os trepidantes cascos

a correrem para uma foz desconhecida

onde a voz se avizinha do infinito!

 

2

a sabedoria leve onde a beleza desponta

na peça aberta como flor saindo da casa

para fechar a união entre botão e abertura

onde entra quando fecha onde abre e sai

consoante as coisas vão sendo as vogais

de tudo o que desponta onde brota a vida!

 

3

a sabedoria alimentando a água que sobe

até se evaporar das folhas para as nuvens

enquanto o momento dá de beber à sede

lentamente lenta como quem regressa

sem se precipitar das nuvens para voltar!

 

4

Se as palavras não fizerem sentido a sua leitura ainda pode produzir uma colorida sonoridade, mas a tradução irá ficar igual à oportunidade perdida de termos estado calados se a intenção for dizer o que elas teriam querido dizer? No entanto, este desafio deve estar sempre presente na poesia, nunca queiramos que a prosa alimente os versos até eles serem prosa. Se isso acontecer, temos de pedir à suspeita para não se deixar ficar indiferente e correr à nossa frente levantando as lebres para as tentar caçar... para a fotografia!

 

{Este “poema colectivo” é uma espécie de entrevista heteronímica: eu, Mim, Assim e... R; devo-a a uma recente amiga [a amizade é (o) sentimento para nos relacionarmos], nestas lides das letras...}
Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 05/08/2006
Código do texto: T209744