ENTREVISTA AO SITE JORNALÍSTICO SOLTANDO O VERBO
 
 
Alexandre Oliveira, ator de teatro com passagem no cinema nacional,(O SONHO DE INACIM, O AFILHADO DE PADRE ROLIM). Poeta, escritor, publicitário, conselheiro da ACICA. Ele aos dezoito anos de idade deixa o grupo TECA (TEATRO EXPERIMENTAL DE CABEDELO), indo direto desempenhar seu papel em grandes histórias, onde o cenário de cada cena era por certo o oceano. Enfrentando assim diversos monstros, enormes quimeras por esses mares a fora, mas foi à luta e deixou como sempre sua marca.Já depois de algum tempo afastado da sua terra natal, ao retornar encontra um grupo de amigos atores que lhes convida a participar da peça “CASAMENTO SUSPEITOSO” texto este de ARIANO SUASSUNA, tendo a direção de Sérgio Brito, arte – educador do município de Cabedelo, e da Paixão de Cristo, convidado por Marquinhos Alcântara, para fazer o personagem, Nicodemos, personagem este que lhes tem dado muita satisfação em fazer.Portanto também neste período se prepara para enfrentar o vestibular para teatro na UFPB, mas não conseguindo se classificar optou para fazer Administração numa faculdade particular do seu estado. Porém não se adequando ao curso, pede transferência para o curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, pra ele um feito, uma realização.Sua lida com a literatura e assim como também com a poesia, deu-se através de um amigo ao tomar conhecimento pelo que o mesmo escreve diariamente. Alexandre Oliveira; tem pretenções de ser reconhecido em vários lugares tanto como escritor e poeta, como também publicitário.  É um sonho que o mesmo pretende realizar.Lançando assim no inicio de 2010, seu primeiro livro, ESCRAVO DA LUA, um livro em prosa e verso. Mas além deste, ele têm livros de contos, e crônicas esperando o momento para passar ao seu leitor. Além do texto para teatro “A CRIADA MÁ CRIADA”
E sendo assim, nós que fazemos O Soltando o Verbo, pedimos licença ao mesmo para ocupar sua coluna neste site para fazermos essa entrevista focando o autor do livro ESCRAVO DA LUA. Uma entrevista numa prosa bem descontraída entre amigos.  Ele é do signo de sagitário, aniversariante quase no mesmo dia que lança seu primeiro livro. Um cara um tanto tranqüilo, mas que de repente se muito mexem com o seu calo de estimação, este de repente vira fera e se irrita sem dar sequer alguma explicação.
Alexandre de Oliveira, também  gosta de sempre estar numa mesa de bamba ou numa roda de samba, onde aqui ele se amarra no Grupo de Serestas Os Prateados, e admira o canto da cantora Roseleide Farias quando em suas apresentações.
 
S.V: Alexandre; para darmos inicio a nossa conversa, e de repente a queima-roupa nos diga sem rodeios como você se sente ao editar seu primeiro livro, ao tirar antigos textos revelando um pouco de si.
 
A.O: Uma pergunta realmente a queima-roupa e sem direito a respirar. Pois, editar um livro, ou seja, lançar este é como fazer sua primeira viagem, é como se estivesse mostrando para muitos uma parte de si, é como você se despisse em palavras. Ou mesmo sendo aquele pai que compartilha de todo processo de gestação, é chorar, rir e cantar nas horas tristes e hilárias, com este realmente eu passei o que não pude passar com o nascimento das minhas filhas por me encontrar sempre ausente. É um processo muito especial você saber que será lido, que você será amado e odiado. Há pouco tempo conversando com um amigo, o ator Fábio Félix , eu cheguei a dizer pra ele, que escrever , hoje supre a necessidade de estar em palco. Pois amo fazer teatro e pouco ou quase nada temos alguma apresentação de grupos teatrais aqui na cidade.
 
2.      Poeta, responda-nos o porquê do livro se chamar, Escravo da Lua?
 
A.O: Escravo da Lua, eu creio que o nome já diz tudo em se tratando do livro ser em verso e prosa. Pois, qual poeta que seja amante e não ame amar sob o seu luminar. Ser escravo da Lua é dedicar todo o seu carinho a mulher que ama. E segundo o nosso Aurélio de cada dia, dentre outras coisas, escravo é aquele que é servo de alguém, que serve a alguém, aquele que trabalha em demasia que é amigo ou amante, muito dedicado, e ser amigo da lua , desde então qual poeta que não canta, ou não verse para a mesma.
 
S.V: Você além deste livro tem mais algum a ser exibido ao seu leitor?
 
A.O: Tenho aproximadamente quase dois mil textos, ou bem mais dentre poemas, contos, crônicas e outros gêneros de literatura. Tenho um livro quase pronto esperando um momento que possa ser editado, dedicado às crianças que o intitulei de “SÓ PARA COLORIR”, é um livro aonde eu pretendo mostrar aos professores para que eles possam aplicá-lo na escola. Tenho um livro de contos que nada é mais tão prazeroso do que homenagear pessoas por mim queridas e que simplesmente se intitula de “OS TRÊS SANTINHOS”, dentre outros contos.
 
S.V: Pelo que nos constata você é oriundo do grupo TECA, e por ter participado deste, você é um dos fundadores do Teatro Santa Catarina, ou seja, carinhosamente conhecido como Teatro Altimar Pimentel. É isso?
A.O: Na realidade eu venho do grupo TECA, onde com muitos amigos trabalhei desde, “Cemitério das Juremas”, onde fiz apesar de estar naquela época com dezessete, dezoito anos de idade, interpretei um velho de mais de setenta anos, um ancião. Mas mesmo assim, deixei o grupo por motivo de força maior. Aprendi muito com o mesmo. Sempre tive o Altimar como uma pessoa no qual me espelhei, um  incentivador, um mestre e creio que por causa dele tomei gosto pela literatura. Mas tive que deixar o grupo com o coração bastante apertado, chorei como um filho que deixa o seio de sua mãe sem ter rumo nem sequer ter alguma direção. Mas voltei depois de algum tempo, onde mesmo neste ínterim casei e morei em Santos, tive três filhas, e ao voltar a nossa cidade encontrei um teatro que sonhávamos erguido. E para sentir o gosto de nele pisar, eu voltei ao teatro com a peça de Ariano Suassuna, na direção de Sérgio Brito, e com os companheiros do SACODECENA, com a amiga Hanna, uma atriz admirável no nosso cenário.
 
S.V: Mas você não fez só essa peça ao chegar aqui.
A.O: Não! Logo após essa peça dirigida por Sérgio, eu fiz um curso de formação de atores, onde no final montamos uma peça que até hoje sinto saudades daquela turma, e do personagem que interpretei. A peça escolhida pelo professor Altimar Pimentel, foi ARLEQUIM, SERVIDOR DE DOIS AMOS, uma peça esplendorosa, até o momento vejo a empolgação que Altimar tinha ao descrevê-la pra nós como ele nos via trabalhando na peça. Fiz o personagem Doutor, o qual tinha uma brincadeira gostosa, tocava um triangulo, falava línguas estranhas. Um personagem que mesmo não sendo tão trabalhado quanto fora me deixou saudades porque pra mim, ele mostrou um pouco do sonho de um amigo ao querer realizar esta peça aqui. A  Comedia Della Arte , para ele me parecia ser um sonho que o mesmo queria vê-lo encenado. E por outro lado já estava mais preparado para trabalhar com o teatro. Também na época da semana santa, faço a “A PAIXÃO DE CRISTO” com o grupo GTAAB, dirigido pelo amigo e dramaturgo Tadeu Patrício. Da mesma autoria sempre no inicio de cada ano, em dias de reis faço Simeão, um velho sacerdote, na peça “A NATIVIDADE” que se encontra em fase de estréia.
 
S.V: Você também registra passagem pelo cinema?
 
A.O: No cinema, eu fiz uma participação interpretando um político de uma pequena cidade. Mas me parece que esse filme não foi exibido em circuito nacional. Vi atores que pra mim só, era visto nas novelas ou mesmo nos cinemas fora uma experiência bastante gratificante. O SONHO DE INACIM, O AILHADO DE PADRE ROLIM , pra mim fora e continua sendo um sonho que não vi nas telas de cinema.  Mas que estava com atores que admiro como José Willker, Marcelia Cartaxo, José Drummond, Fernando Teixeira, dentre outros.
 
S.V:O que é escrever pra você?
 
AO: Acho que respondi algo já parecido. Mas, eu respondo: Escrever pra mim realmente é tudo. Pois escrevo mais que propriamente leio. Escrever tanto quanto ler é como estivesse participando daquela história, vivesse naquele momento um conto e contasse sempre mais um ponto para poder contar uma nova história. Escrever é como colocar tudo o que sinto numa folha em branco para depois interpretar, dar o melhor de mim, meu melhor desempenho, ter todo o direito de poder sonhar, ir mais ao fundo do meu ser. Escrever é poder falar de amor, de saudades, de recordações, de suas tristezas em momentos de alegria, de solidão em cada tempo que ela se encontra exposta em cada emoção. É poder levar esse amor dentre tantos que assim precisam de um modo ou de outro com carinho. Ler é compartilhar do mesmo sonho daquele que escreve que diga o Carlos Drumonnd de Andrade, tudo que leio dele e do Paulo Coelho. Na realidade é quando me encontro lendo um destes autores eu não passo só ONZE MINUTOS, e a minha BRIDA que me assim comprove o que digo.
 
S.V: O que é a poesia pra você?
 
A.O: Poesia pra mim é tudo, é tempo e vida, e quanto mais belo seja, o belo se desprende num grande pássaro que você sente quando ele pousa no seu ombro, no ombro de um velho marinheiro que por confidencia tem a lua que logo à noite lhes espera. Que essa mesma quer lhe contar segredos para que se possa guardar em segredos sem ter receios. È ter as estrelas ao seu redor e querer sonhar com cão de estrelas e contar um pouco do que tanto elas nos dizem nos versos, antes mesmo que o mundo venha cair.
 
S.V: E o senhor desde criança escreve poemas, contos, crônicos?
 
A.O: Na verdade não. Não escrevo, nem mesmo componho minhas poesias desde criança não. Segundo o amigo Wellington Costa, em um dos seus comentários, eu comecei a compor poesia logo ao ter visto a lua, quando pude estar bem perto a ela. Ela adentrou em minha vida como que fosse uma bela mulher, olhou para um cantinho e lá num recanto se alojou, e tem me guiado quase a todo o momento. É tanto que fico desesperado quando não escrevo pelo menos um terceto. È tanto que estou tentando aplicar num trabalho de final de curso a poética na publicidade. Falar para tantos sobre essa arte às vezes tão ignorada.
 
S.V: O que é interpretar pro senhor?
 
A.O: Interpretar pra mim é você poder dar vida a um personagem, é você poder criar algo no meio de tantos. Interpretar, não é estar somente num palco, mas desde o momento que você sai um pouco de si para viver aquele momento do personagem.
_ Subo neste palco e a minha alma cheira a talco, como bumbum de neném…
Realmente essa frase de Gilberto Gil, pra mim diz tudo. Pois me renovo a cada vez que subo no palco para interpretar Nicodemos, ou Simeão, dois personagens bem distintos, mas que me deram a oportunidade de mostrá-los interpretando-os seja na “Paixão de Cristo”, ou na “A Natividade.” Também interpreto ao escrever e ler os personagens que a cada dia crio.
 
S.V: Só para encerrarmos gostaria que o senhor declamasse um poema de sua autoria que realmente goste.
 
A.O: Gostar, realmente eu gosto de todos, mas identifico-me com este. Esse que escrevi faz poucos dias, e que mostra um pouco de mim.
 
50 ANOS
O tempo por ser
tão indescritível logo passou…
e nem sequer me lembrou que o vento
por si segue rapidamente.

 
O vento às vezes
por ser meio descuidado também esqueceu
do recado que a vida mandou…

 
E assim não vi se passarem
cinqüenta anos. Vi-me talvez desleixado,
um pouco exagerado, só porque
não obedeci ao tempo.

 
Deixei-me envolver
pela suave brisa, e a brisa por ser atrevida
a vida simplesmente continuou.

 
Hoje por tudo que já passei
vou estar mais atento, deixarei
que junto ao tempo…

 
O relógio lá na parede
da minha casa não se esqueça de me ditar as horas,
e junto ao vento, deixe que a vida
possa me levar.

 
Assim, agradeço aos amigos que me deram força para escrever este livro e deixar nele um pouco de mim, mesmo que em partes. Pra mim é a realização de um sonho, é a realização de tudo quanto eu tanto imaginei. Escravo da Lua traz um pouco da minha história quando por algum motivo me vi presente ou mesmo ausente e fui por acaso navegar, fui através da poesia no meu eu mais profundo, e o meu amor estendeu as suas mãos, me perdoando me salvou de um abismo ou de ser tragado pelas forças de um vulcão. Enquanto que as Quimeras fugiram, afastando de mim os enganos e a solidão. Então não deixem de ir, no dia 15 de Janeiro, ao lançamento deste livro. Não será apenas um simples lançamento, mas um encontro com pessoas amigas e com outros poetas do nosso estado.


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