Tchello d'Barros entrevistado no Café Filosófico das Quatro | Marcelo Mourão

05.07.2009

Tchello d'Barros entrevistado no Café Filosófico das Quatro

por Marcelo Mourão

1 – Fale um pouco sobre suas origens, tanto no campo pessoal como no artístico. Como suas memórias afetivas influenciam o seu trabalho? Quando você começou a descobrir que poderia trabalhar com artes?

T. d’B. – Nasci no gelado planalto catarinense, na simpática Brunópolis, uma das tantas pequenas cidades agrícolas colonizadas por imigrantes. Meu pai era jogador de futebol, lia bolsi-livros de faroeste e improvisava trovas gauchescas nos encontros com amigos. Minha mãe era cartorária, lia fotonovelas e coloria fotografias. Ambos gostavam também de cantar. Havia ainda meus avós maternos, coralistas, meu Opa era violinista e minha Oma (é como chamamos Vô e Vó em alemão) era pianista. Nasci nesse ambiente e lá pelos 5 anos de idade já desenhava com caneta Bic pelo assoalho de madeira da casa (agora me ocorre que isso poderia ser retomado como uma Instalação, de cunho biográfico/afetivo ou algo assim!). Acho que descobri desde cedo que poderia atuar no campo das artes, sempre desejei ser desenhista profissional e quando a gente quer uma coisa pra valer não há força no planeta que nos impeça de realizar. Mas também sempre me imaginei com alguma atividade paralela nas artes visuais e também na escrita. Mas isso veio mais tarde, tanto que minhas primeiras exposições e publicações ocorreram quando eu tinha já 25 anos de idade. Comecei mesmo foi no teatro em SC, atuando, fazendo produção, desenhando figurinos, cenários, etc, isso durou uns 5 anos. O fato é que hoje contabilizo participações em mais de 40 exposições – entre coletivas e individuais – e textos publicados em mais de 30 livros – entre 5 livros solo e várias coletâneas e antologias. Sabemos que quantidade não significa qualidade mas esses 15 anos produtivos me deram um bom currículo e portfólio, bons momentos para lembrar e me permitiram chegar aos 40 com boas histórias pra contar, oportunamente.

2 – Quais os artistas que mais te motivaram a criar, a produzir arte? Se puder, comente sobre eles.

T. d’B. – Como iniciei desenhando para os segmentos de moda e publicidade, com enfoque no desenho têxtil de estamparia, tive que rapidamente me tornar versátil, digamos assim, pois são meios que exigem um vasto repertório de técnicas e estilos de ilustração. Isso quer dizer que, com esse repertório, quando comecei a produzir trabalhos autorais não precisei sofrer muito da angústia da influência, que preocupa muitos artistas jovens. Mas posso mencionar aqui uns nomes que me fascinavam na adolescência, como as gravuras de Gustave Doré ilustrando clássicos como A Divina Comédia e Don Quixote; as gravuras semióticas do holandês M.C. Escher, que até hoje me encantam; a pop art de Roy Liechtenstein; as ilustrações para HQ estadunidenses dos irmãos Buscema; o rigor absoluto de pintores como Mondrian, Klein e Malévitch; a onda ‘sexi-robot’, de diversos ilustradores japoneses, que fez enorme sucesso nos 80’s; o impagável surrealismo de Dali; a absolutamente maravilhosa optical art do húngaro Victor Vasarely; A land art do casal Christo & Jeanne-Claude; do Brasil, a sempre original arte gráfica dos Peticov e as pinturas de Juarez Machado. Claro que há muitos outros, mas esses são alguns que aparecem agora na memória, me relembrando as muitas horas em bibliotecas folheando livros e catálogos, encontrando essa turma aí, conhecendo suas obras e biografias.

3 – O caminho das artes contemporâneas é a multiplicidade artística?

T. d’B. – Do jeito que as coisas estão, nem dá pra dizer que existe “um” caminho, ou “o” caminho, o que se vê são inúmeros caminhos, rumos, rotas ou trajetórias, daí talvez essa sensação de multiplicidade, de pluralidades. Um lado bacana disso tudo, é que as novas gerações de artistas nunca tiveram tanta liberdade de expressão, tantas possibilidades de criação quanto nesse novo milênio. Talvez caiba situar aqui que o termo “arte contemporânea” é usado principalmente no segmento das artes visuais – que antes se chamavam artes plásticas – e, enquanto os críticos, teóricos e curadores não inventam um nome melhor, é ele que vem definindo as produções recentes, especialmente as que se libertaram das formas tradicionais de expressão, como a pintura, gravura, escultura, etc. Uma das principais características tem sido a interatividade, a possibilidade de o observador interferir, participar ou até modificar o resultado de uma obra. Há também a questão dos suportes, dos meios, onde os artistas apresentam propostas poéticas e estéticas via novas tecnologias, fotografia, vídeo, arte digital, performance, site-specific, intervenção urbana, e por aí vai. Além disso, a arte cada vez mais vem saindo dos espaços tradicionais de exposição e vem ocupando os lugares mais inusitados e surpreendentes. Se no Renascimento a arte foi representativa e no Modernismo foi interpretativa, na atualidade ela é apresentativa. Isso quer dizer um pouco que nesse nosso tempo, não cabem mais propostas como os tradicionais “ismos” da arte, cada artista já apresenta em sua obra todo um universo temático, conceitual e formal. Estamos vivendo uma época extraordinária, a maior explosão cultural de todos os tempos.

4 – O que você acha do Pós-modernismo? Considera-se um bom representante deste movimento?

T. d’B. – O que se convencionou chamar de pós-modernismo nunca foi exatamente um consenso entre historiadores, sociólogos e antropólogos, principalmente na questão de datas e nomes, mas evidentemente que essa nova idade-mídia que estamos vivendo teve e tem revolucionado muita coisa no campo da arte. As linguagens artísticas geralmente apresentam os primeiros sintomas das mudanças psico-sociais de lugares e épocas. Pessoalmente considero um movimento de ruptura, principalmente no meio cultural, mas não um movimento programático, com líderes, cartilhas e manifestos. Não se trata de uma escola estética e parece estar mais para uma série de fatores onde se foi abandonando algumas escalas de valores e adotando-se outras, mais sintonizadas com nosso tempo. Nas artes visuais, muitos concordam que um possível início da pós-modernidade tenha sido a pop art de Andy Warhol e a coisa toda foi se consolidando pelos anos 80. Creio que a arte sempre observa e depois absorve. Estamos num tempo onde houve e continua havendo muita mudança e alguma evolução real, sejam nas conquistas sociais, políticas e mesmo econômicas, já que arte e mercado, que sempre andaram de mãos dadas, hoje andam mesmo abraçadas. Não posso dizer que sou um bom representante do movimento, pois não identifico minhas produções situadas em algum movimento, escola ou estilo específico, mas também é verdade que estamos todos mergulhados nesse caldo sócio-cultural e tudo isso aparece de alguma forma em nosso trabalho.

5 – Como você vê todo este movimento artístico que vem sendo difundido pela internet? Tudo é arte? Tudo é válido? A Internet é a grande mídia para os artistas que não encontram apoio na TV, no rádio ou nos jornais? Quais os artistas ou os trabalhos que mais chamam a sua atenção neste mundo virtual?

T. d’B. – Vejo ‘todo esse movimento artístico’ com um pouco de receio, um certo pé atrás, pois se de um lado essa nova mídia dá uma certa visibilidade aos artistas que não conseguem espaço nos veículos de comunicação tradicionais, por outro lado a rede transforma da noite para o dia muitos picaretas e sem-talento em celebridades culturais. Um lado da moeda permite que as pessoas exponham suas criações atingindo um público bem mais amplo, mas a outra face – fácil – dessa moeda é a ausência de crítica, de crivo, de critério,de conselhos curatoriais e literários, o que acaba gerando uma certa permissividade de muita gente que se auto intitula artista, escritor, etc. Mas um lado bacana são as listas, grupos de discussão e comunidades que abrem espaço para o debate franco de temas afins. Lembro que as discussões literárias das listas que participei foram mais importantes que as cadeiras de Literatura do período que estive numa faculdade de Letras. Agora, existe uma outra questão que é a web-art, ou arte-na-rede, que aparece também com outros nomes, e trata-se de obras que são apresentadas apenas no âmbito virtual, via sofwares específicos que permitem uma interatividade do expectador. É o caso do brasileiro Eduardo Kac, que começou com experimentações em Poesia Visual e hoje está nas fronteiras da arte com a biotecnologia, sendo que normalmente seus projetos tem alguma interface online instigando usuários do mundo todo a conectarem-se e de alguma forma presenciar ou mesmo participar da obra em questão. No mais a rede é apenas uma rede de contatos mesmo. Os melhores artistas seguem produzindo obras físicas e apenas divulgam na web.

6 – Você já esteve em mais de vinte países. Em que sentido suas viagens influenciaram a sua criação artística?

T. d’B. – Não sei se influenciaram diretamente, não tenho uma visão muito clara, ou objetiva disso, se bem que, segundo alguns, ‘tudo faz parte de tudo’ e ‘somos a somatória de nossas experiências’. Parece que pode haver alguma influência no sentido de responsabilidade, de saber que um artista não precisa ser meramente panfletário, mas pode sim produzir uma arte engajada, pode ser um agente de transformação em seu meio. De fato, as viagens são uma parte importante de minhas atividades, e não se trata de viagens turísticas, são périplos de aprendizado, errâncias por terras distantes, peregrinações por culturas surpreendentes, contatos com povos diferentes, costumes inusitados, modos de vida contrastantes, mas no fim e ao cabo, trata-se de um exercício de alteridade, do contato com o outro e num certo sentido, com a gente mesmo, parece que somos uma pessoa meio diferente daquela do cotidiano. Fernando Pessoa, de forma um tanto lírica, já nos avisava que o viajante só irá encontrar a beleza se já levá-la consigo. Como essas deambulações tem sempre um enfoque também cultural, e mesmo artístico, são inevitáveis as visitas em museus, ateliês, centros culturais, galerias e afins. Isso tudo amplia nosso pequeno universo e nos dá mais certeza quanto ao caminho que escolhemos individualmente na arte. No meu caso geralmente essas andanças resultam em textos, desenhos e até mostras fotográficas. No momento me ocorre Proust, quando dizia que “a verdadeira viagem não consiste em ver novas terras, mas em ver com outros olhos”.

7- Quais as dicas que você daria para alguém que quer se tornar um bom poeta, um competente artista?

T. d’B. – Não dou dica alguma. Primeiro porque não me vejo apto a aconselhar ninguém sobre esses assuntos tão subjetivos. E segundo porque talvez seja mesmo um tipo de caminho que se faz ao caminhar, como diria o poeta António Machado. Creio que se trata de uma experiência pessoal, diferente para cada um. São também muito diferentes entre si as biografias de artistas e escritores bem sucedidos, não há uma fórmula ou roteiro. No entanto, apenas como provocação, podemos apresentar dois temas para reflexão para supostos candidatos. A primeira questão trata-se de encontrar uma atividade onde a pessoa levante sempre de manhã com vontade de produzir, de trabalhar mesmo, uma motivação interna, independente de resultados financeiros, críticas ou aceitação social, arte pela arte, algo que lhe dê muito prazer e alegria no fazer. Uma vez resolvida essa questão, digamos assim, há o desafio de encontrar então sua voz pessoal, seu estilo único dentro dessa modalidade artística, aquilo que será sua identidade, um projeto poético e criativo cada vez mais aprofundado e que de um certo ponto em diante as pessoas vão associar essa produção ao seu nome, de forma inconfundível e intransferível. Todo o restante, diria que são como que brindes que vem no pacote.

8 – Você se vê apenas como um artista producente ou, além disso, um militante de todo um movimento contemporâneo? É preciso mostrar cada vez mais as obras às pessoas ou é só produzir que o público notará por si mesmo? Ou seja, a arte precisa de mídia?

T. d’B. – Bem que eu apreciaria a comodidade de ser apenas producente, no isolamento do ateliê, ou da mítica torre-de-marfim de alguns escritores. Penso que, dadas as condições do ainda muito frágil sistema das artes em nosso país, é preciso agir, é preciso revoltar-se, é preciso posicionar-se, desafiar o sistema, questionar as instituições, mobilizar as pessoas, reunir-se, debater idéias e ideais, apresentar propostas, criar projetos coletivos, chacoalhar os políticos, fomentar o mercado, rever políticas públicas de cultura e por aí vai. Sou adepto do voluntariado, movimento que cresce cada vez mais no mundo, ou seja, se alguém quer de fato agir, encontrará espaço e aliados, e nesse sentido minha ação voluntária geralmente é na seara cultural, seja participando de associações de classe, seja criando e coordenando projetos artísticos que tenham algum alcance coletivo e multiplicador. Recentemente participei de encontros do Colegiado de Artes Visuais, promovidos pelo Minc e pela Funarte. Uma de minhas propostas foi a de que os consulados e embaixadas brasileiras no exterior apresentem exposições de artistas brasileiros, bem como autores vivos possam autografar seus livros nos eventos promovidos por essas instituições. A militância cultural pode também aproximar as pessoas, como no caso do Rio de Janeiro, onde o pessoal de teatro tem conseguido várias conquistas por pressionarem políticos e instituições comparecendo em grande número nos locais onde é discutida uma lei ou projeto importante do interesse desse segmento. O atual governo brasileiro tem tentado implantar o tal Sistema Nacional de Cultura, algo que só se consolidará com a participação da sociedade, do povo, ou seja, nós. Isso quer dizer que qualquer pessoa de qualquer cidade do país tem o direito – talvez até o dever – em agir no sentido de que em sua cidade se implante um Conselho Municipal de Cultura, Fundos Municipais de Cultura e mesmo Leis de Incentivo Cultural com direito a editais para que os artistas locais possam produzir e tornar público seu trabalho. E acontecem ainda as Conferências de Cultura, nos âmbitos Nacional, Estadual e Municipal, no caso das capitais e regiões metropolitanas, onde qualquer pessoa pode participar e propor quais prioridades na cultura devem ser contempladas com verbas públicas e ações dos gestores culturais. Bem, está todo mundo convidado pra dar seu pitaco na transformação da cultura no Brasil.

9 – Pode se viver de arte no Brasil? A maioria das peças de teatro, hoje em dia, só pode ser produzida por causa do patrocínio. Isto ocorre também com as artes plásticas?

T. d’B. – Com toda certeza pode-se viver de arte em nosso país, tanto é verdade que são inúmeros os casos de gente bem sucedida. Mas também é verdade que as coisas não caem do céu e o fator sorte é apenas uma fatia bem fininha desse bolo. Cada vez mais os artistas estão se reciclando com as novas tecnologias, se profissionalizando com formações acadêmicas, dominando burocracias e dando vazão a atitudes empreendedoras. No caso do teatro, são exatamente as companhias teatrais que se profissionalizaram que estão acessando verbas públicas para o patrocínio de suas produções. O mesmo ocorre em todos os segmentos culturais. Não basta mais o artista contemporâneo ter apenas talento, ele é hoje um multiespecialista que acompanha todos os aspectos de seu trabalho na chamada cadeia produtiva da cultura. Já existem graduações em Economia da Cultura por aí. Há que se conhecer a parte técnica, a divulgação, ter uma rede de contatos, saber vender seu trabalho – e cobrar muito bem. Outro aspecto é estar a par dos avanços das leis de direito autoral. Cabe ainda ao artista profissional fazer valer seus direitos de cidadania, incluindo previdência social e aposentadoria, só pra citar alguns. Diante do acima exposto, claro está que boa parte dos artistas não está sendo capaz de viver de arte exatamente, apenas de sobreviver, o que é diferente, mas o legal – nos dois sentidos – é que as condições estão aí e jamais houve na história uma época tão boa para os que escolhem a senda artística.

10 – Você organiza oficinas literárias, dá palestras, faz apresentações do seu trabalho. Fale um pouco sobre estes trabalhos.

T. d’B. – São atividades paralelas, que até tenho evitado divulgar pois nos tiram um pouco do ritmo de trabalho, mas que entendo que sejam necessárias para algumas instituições e comunidades. É também uma forma de ‘ir aonde o povo está’ e conversar com pessoas interessadas em arte, isso por si só já vale a experiência. Há o caso das oficinas literárias, onde aparece gente de todos os naipes e idades, onde já começo avisando que não aprenderão nada comigo, pois sou o primeiro a acreditar que poesia não se ensina, que um cursinho não forma um escritor. Talvez poderão aprender consigo próprios, uma vez que façam bom uso do conteúdo apresentado e dos exercícios de escrita criativa, que fazem com que alguns encontrem seus limites ou despertem talentos adormecidos. O fato é que dali por diante é cada um por si. E existem também as palestras, debates, mesas-redondas, painéis e colóquios, onde acabo aceitando alguns convites, pois são oportunidades da gente apresentar o próprio trabalho ou falar de arte de um modo geral. No fundo essas atividades promovem o encontro entre pessoas com afinidades, e isso é uma das atividades mais bacanas que se pode vivenciar no breve espaço de tempo que passamos aqui nesse planetinha azul.

11 – “Dizer o máximo com o mínimo” é o destino da poesia contemporânea?

T. d’B. – Talvez esse tempo já tenha passado. Podemos considerar que ‘dizer o máximo com o mínimo’ seria uma das premissas do chamado epigrama, que já teve seu auge entre os colecionadores, tradutores e escrevinhadores de máximas, axiomas, aforismos e “pensamentos”. Ainda hoje continua muito popular Brasil afora a prática da trova e da quadra ou redondilha, que, para além das rimas, são primos próximos dos epigramas. Mas talvez possamos considerar uma outra questão, a do poema curto, poemeto, poemínimo, micro-poema ou seja lá qual for o nome que se dê a essa modalidade alternativa de poema que vem encontrando tantos adeptos. Não que seja novidade, pois os modernistas já eram chegados nessas brevidades e lá pela década de 1930 um mexicano cunhou o termo poemínimo. Esses poemas curtos – que muitos confundem com haicais - ao que parece começaram a ter mais espaço com o Concretismo e com a geração da dita poesia marginal, onde podemos citar, por exemplo, os surpreendentes poemas curtos de Paulo Leminski. O que se percebe na atualidade é que esses poemas curtos que se vê por aí, como os do Luiz Fernando Prôa ou do Jiddu Saldanha, são um reflexo da pressa de nosso tempo - um tempo onde não temos mais tempo – que é também uma época muito capitulada ao visual, à imagem. As pessoas não lêem mais o livro, preferem ver a adaptação desse livro para o filme. A poesia contemporânea reflete um pouco disso, até porque é uma das funções da poesia espelhar seu tempo e lugar. No entanto, creio que a coisa toda vai mais além, é um pouco uma herança de James Joyce, que acreditava que a missão de alguém que escreve é ser um estilista da linguagem. E lembremos que Joyce foi apoiado por Ezra Pound, que achava que o bom poema deveria ser verbi-voco-visual, ganhar o leitor pela mensagem, pela sonoridade e por seu equilíbrio visual. Some-se isso tudo e temos aí uma geração de novos autores, que abdicam de produzir nas tradicionais formas-fixas e dão vazão a seu imaginário mediante esses poemas breves, criativos e originais que encontramos por aí e que são muito difíceis de fazer. E não esqueçamos que grassa por aí também seu equivalente na prosa, o micro-conto. Pessoalmente acho que é uma das coisas boas da literatura de nosso tempo.

12 - Fale de seus planos para o futuro. Há projetos novos sendo idealizados por você nesse momento?

T. d’B. – Meus planos para o futuro são bem simples: envelhecer com dignidade e morrer com a certeza de que fiz o melhor que pude - embora eu mesmo nunca esteja plenamente satisfeito com as coisas que faço. Mas daqui até esse dia, sigo com minhas paixões principais: a literatura, as artes visuais e as viagens. Quanto aos projetos, procuro não comentar muito, pois no meu caso, são excessivamente pensados e planejados na etapa em que são apenas projetos mesmo, mas no desenrolar das atividades sempre existem modificações e no fim fica um pouco diferente, como acho também que a vida deve ser, sempre com alguma dose de improviso. No momento posso apenas adiantar que ando aí com uma espécie de volta ao desenho, com trabalhos mais figurativos, mas com novos conceitos, essas coisas provavelmente resultarão em alguma exposição e publicação. Há também a possibilidade de uma mostra de fotografia conceitual, resultado de várias pesquisas que tenho me dedicado, já há um bom acervo de imagens nessa série onde abordo os dois maiores temas da literatura: Amor e Morte. Na literatura, deve em breve ser publicado meu sexto livro e sigo apresentando onde me convidam, minha exposição de Poesia Visual. No campo das viagens, no momento estou coletando informações para uma possível travessia da ainda conturbada América Central, do Panamá ao México. No mais, é viver um dia após o outro, alternando o olhar para os horizontes internos e externos.

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Tchello d'Barros

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Tchello d Barros
Enviado por Tchello d Barros em 03/08/2009
Reeditado em 03/08/2009
Código do texto: T1734011
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