Entrevista feita por Rodrigo Poeta com a atleta Roberta Gonçalves.
A poesiarte apresenta: Roberta Gonçalves. Professora e lutadora de kickboxing.
- Vejamos uma entrevista feita com Roberta Gonçalves por Rodrigo Poeta:
*Nome: Roberta Gonçalves.
*Cidade de origem: Cabo Frio-RJ.
*Data de nascimento: 21/08/1973.
*Cidade que representa: Cabo Frio-RJ.
1-Como começou sua carreira nas artes marciais?
Roberta: Sempre gostei muito de esportes, pratiquei vários,mas meu primeiro contato com as artes marciais foi com a capoeira. Com 13 anos, pratiquei por muitos anos, mas como não era um esporte de competição, não me dediquei, apenas pratiquei como um passatempo. O kickboxing, eu conheci através do meu professor de body combat Leandro Borges. Ele achou que eu tinha talento para a luta e me levou numa academia para fazer o teste, então o mestre daquela academia disse que eu levava jeito e iniciei as aulas. Com um mês eu fiz a minha primeira luta,a partir daí então me dediquei aos treinos e entrei na carreira de competidora, para dar continuidade a minha carreira tive que fazer uma escolha,foi ai então que, por vários motivos deixei a academia que havia iniciado e fui em busca de outras academias especializadas que pudessem me levar a competições internacionais.
2-Qual título que mais foi difícil e glorioso para você?
Roberta: O título mais importante para mim foi a disputa do cinturão do Campeonato Brasileiro de Artes Marciais em 2005. Foi inexplicável a minha determinação, dedicação e persistência diante das dificuldades que enfrentei para chegar lá. Fui para uma competição grande, importante, sem técnico, com outros amigos que lutaram também. Lembro-me que houve uma enorme torcida para minha adversária, faixas nas arquibancadas e até fogos soltaram na subida dela ao ringue. Era a favorita...e eu subi no ringue com um amigo que acabara de ser nocauteado,estava com o psicológico completamente abalado, portanto sem condições de me orientar no ringue,mas a minha vontade era superior e havia me preparado para aquele momento. DEUS estava no controle. Ainda no 1º round a luta foi da adversária,ela foi superior, mas ainda faltavam 2 rounds e eu sabia que a vitória era minha,não tive dúvidas. No segundo e o terceiro round foi meu,a arquibancada se calou e eu ouvi aquele homem falar em alto e bom som e me arrepio ate hoje quando lembro... “CAMPEÃ POR UNANIMIDADE... ROOBERTAAAA GONÇAAAAALVES!!!” Foi uma grande vitória, infelizmente os 3 amigos que foram comigo perderam, mas eu salvei a nossa equipe com um lindo cinturão e com a vaga para o meu 1º Mundial de Artes Marciais no Canadá.
3-Existe discriminação por ser mulher em praticar este estilo de arte marcial?
Roberta: Com certeza, sem dúvidas, infelizmente...no profissional fica inviável sustentar essa modalidade para mulher, pois os eventos são escassos e as bolsas (os prêmios) sempre menores que a dos homens. Bom, já no amador existem mais mulheres, mais eventos e tem mais apoio do Governo. Um bom exemplo é a bolsa atleta do Ministério dos Esportes. Os grandes eventos de lutas no Brasil e no Mundo não tem lutas femininas.
4-Sabe-se que no Brasil é difícil ter apoio em várias modalidades esportivas. Como você faz para participar de competições nacionais e internacionais?
Roberta: Bom, no inicio foi tudo mais difícil. Tenho livro de ouro que grandes amigas como Nica Bomfim e Luciana Santa Rosa, fizeram para mim e com ajuda de amigos e conhecidos para arrecadar fundos para ir competir, mas fui tendo reconhecimento a partir dos títulos que fui conquistando, sempre tive o apoio da Prefeitura Municipal da minha cidade. Sou muito grata por isso, também tive o apoio de algumas empresas que foi fundamental no processo de preparação e treinamento que não e nada fácil, pois eu entrei no rol dos melhores atletas do país, assim estava na carta que recebi do Ministério do Esporte e fiquei emocionada, contudo não consigo apoio suficiente para manter meus treinamentos. É uma busca constante...é uma luta fora dos ringues também. Sinto muito pela falta de reconhecimento do atleta de um modo geral e do esporte no nosso país. Fico muito feliz quando viajo para competir com a seleção, uniformizada e nos aeroportos as pessoas vem nos parabenizar, pedir até autógrafos como fizeram comigo em Miami, na Espanha fizeram um corredor na passagem dos portões para gente passar, quando eu vi aquele corredor no aeroporto de Madri disse para os amigos: - Acho que tem alguém famoso por aqui, vamos ver quem é? Fui vendo que era a gente que estava com o uniforme da seleção brasileira de artes marciais e isso chamou a atenção deles. Uma experiência única para mim. Fiz uma entrevista ano passado no mundial nos EUA, num jornal em Orlando, FL um jornal para brasileiros que moravam lá fora, foi muito bacana. E ai chego aqui,fiquei em 2º lugar no Mundial e não recebo nem parabéns Roberta! Mas o amor ao esporte fala mais alto, o amor pelo que faço e a experiência adquirida não tem preço...Então a todos eu digo: -Muito Obrigado!
5-Como é a sua rotina de treino?
Roberta: A minha rotina de treino depende do calendário de lutas que tenho a diante, em cada competição preciso manter um ritmo de treino intensivo por 2 meses pré-competição, porém o treinamento de rotina e mantido de forma regular, com treinos técnicos, treinos físicos, treinamento visual e uma busca de conhecimentos na área especifica que me ajude a estar sempre evoluindo. Procuro sempre buscar treinamentos nas melhores equipes do pais, em 2006 antes de ir para Espanha fiquei 3 meses em Curitiba treinado com uma das melhores equipes de muay thai do Brasil, estou sempre indo para o Rio de Janeiro para treinar na melhor academia de boxe do país,a Delfim,onde a seleção cubana de boxe ficou instalada para treinar no Panamericano. Sou muito bem acessorada lá e meus treinos evoluem bastante. Junto com o treinamento procuro cuidar da minha alimentação e faço uso constante de suplementos alimentares junto a uma nutricionista para ter melhorar desempenho nos treinos.
6-O que ou quem motivou você a praticar essa arte marcial?
Roberta: Como havia dito, foi meu professor de body combat Leandro Borges, quem me levou a conhecer o kickboxing, ele sempre dizia que eu levava muito jeito para luta e disse que se eu quisesse, ele me levava a uma academia que ele conhecia de artes marciais. Um dia aceitei o seu convite, e na primeira luta ele foi quem me entregou a medalha de campeã. Muito obrigado Leandro!
7-Tem algum projeto em mente para divulgar esta modalidade esportiva?
R: Sim, muitos, mas só em mente mesmo, nada no papel, até porque no momento estou em busca da minha medalha de ouro, pois já conquistei 3 de prata, este ano ela não me escapa.
8-Deixe uma mensagem para posterioridade?
Roberta: Teria muitas mensagens para deixar e muitos conselhos também, porém vou deixar apenas uma reflexão: “tudo vale a pena quando a alma não é pequena” (Fernando Pessoa)