Luna Echant possui mais de 54 textos licenciosos entre contos, poesias, crônicas e prosa poética publicados. Em uma breve entrevista a autora fala de sua obra e sua trajetória no mundo da literatura licenciosa. O texto introdutório à sua entrevista é de autoria da própria autora.
Oi, eu sou Luna.
Não, você não me conhece, e dê graças a Deus por isso. Não sou do tipo confiável, não sou uma amizade aconselhável, não sou boa companhia.
Nem boa eu sou. Talvez eu seja misteriosa demais pra você, melhor ficar longe, eu posso devorar o teu cérebro e o pior: pode ser que você goste disso.
Nem adianta desviar os olhos... já despi você sem que sequer sentisse. Não vê que há uma ansiedade saltando pelos teus poros? Um arrepio percorrendo a espinha certo de que chegará a algum lugar.
Uma interrogação sobre a próxima linha, sobre onde EU quero chegar. Mas acalme-se, não vou a lugar algum. Não vamos. Ficaremos e fincaremos nossas dúvidas, inquietudes, mistérios, aqui, exatamente aqui, no ponto G da questão.
No ponto em que minhas palavras desconexas te fazem acelerar o passo e o compasso, minhas entrelinhas traçadas sobre o teu corpo suado te fazem arder, meus mistérios entremeados e úmidos te fazem arfar e salivar.
No ponto em que a vontade é maior, muito maior do que a sanidade. A ponto de arrancar do corpo todas as respostas e os impulsos necessários à entrega.
Não, não é a mim que irá sucumbir, mas a si próprio.
Não ao meu toque, mas à vontade dele, não ao meu beijo... mas ao gosto que ele tem na tua saliva. Não ao meu corpo, mas ao teu corpo descontrolado, suado, tenso. Nem à umidade do meu sexo, mas à rigidez do teu.
Minhas entrelinhas é que vão te arrancar a fala... não tente decifrá-las, é o melhor que podes fazer. Não reaja nem tente fugir, é inútil, a tinta que escreve essa história vem da tua pena, e é a minha mão direita que a conduz.
Porque a esquerda, ainda guarda o mistério que há de lhe devorar.
Luna Echant
Quem é Luna Echant? Um pseudônimo, alter ego, ou uma personagem?
Talvez um pouco de tudo. A Luna nasceu de uma brincadeira, uma vontade de saciar minha curiosidade sobre o submundo virtual.
As comunidades (no orkut) de teor adulto, sexo, perversão, e no final, com o aumento dos casos de pedofilia, também a ilegalidade.
Com o passar do tempo a brincadeira tomou outros rumos. Era instigante observar o comportamento das pessoas, ficar imaginando os motivos que levavam cada um até ali, que tornavam pervertidas pessoas comuns, com vidas comuns.
Carências, estados depressivos, baixa auto-estima, curiosidades, e tantos outros. Além disso, no contato e na convivência diária era muito interessante observar o poder da palavra, como se pode envolver, seduzir, e até enganar através dela.
De todo esse universo paralelo e obscuro surgiu a vontade de escrever.
De personagem, ela se tornou pseudônimo num blog erótico. E, é claro, a personagem é cria do autor, e portanto sempre tem muito dele. Não dá pra dizer que não seja alter ego.
A vida é um grande palco, mas nem sempre vivemos as personagens que gostaríamos de viver, ou da forma como gostaríamos.
Não temos total liberdade para mudar nosso roteiro, em geral vivemos sob regras de conduta e moralidade que nos fazem aceitar o que nos foi passado. E assim, sempre fica faltando um “quê” a mais, aquele tempero que guardamos escondidinho pra usar num momento oportuno.
Sempre buscamos algo que nos complete, que nos faça sentir inteiros, acho que isso é natural do ser humano, e é uma busca muito mais interior do que qualquer outra coisa.
No que se refere à escolha do nome, existe algum significado?
Pensei em algo bonito, sensual e leve. Gosto da língua francesa e do espanhol, me seduzem, por isso quis um sobrenome em uma delas ou que mesclasse as duas.
Lua em francês é Lune e em espanhol é Luna, e Enchanté em francês é encantado (a), Mas não quis colocar a palavra em si, então fiz uma brincadeira com ela, e ficou Echant, como se fosse uma abreviatura ou apelido de Enchanté.
Pronunciei várias vezes “Luna Echant” que seria a grosso modo “lua encantada”, e gostei do som, da força, achei sensual, bonito, e aí ficou.
Poderíamos conhecer um pouco sobre a autora?
Sou uma mulher comum, vivo com minha família, meus pais e meus filhos (tenho dois), no momento não estou trabalhando por motivos particulares, mas devo voltar ao mercado de trabalho em breve.
Minha área de atuação é a saúde, mas tenho buscado algo relacionado à cultura ou educação que são as áreas onde me realizo.
Escrevo há mais ou menos três anos, ainda me sinto engatinhando e buscando meu chão.
Luna, há quanto tempo começou a escrever?
Escrevo há três anos mas só comecei a assinar como Luna há uns três ou quatro meses, com os trabalhos sensuais e eróticos.
O que a levou a redigir literatura licenciosa na internet? Qual o motivo da escolha do tema?
E por que não? (rsrs) O tema sempre me seduziu, sempre gostei deste universo.
Em relação aos seus contos eróticos, de que forma se dá o processo de criação? Como se origina, em você, o enredo de seus contos?
Como nascem os poemas, ou uma crônica, só que com um pouco mais de intensidade e fogo.
A idéia surge e vai tomando forma naturalmente, por isso não escrevo com tanta freqüência. A imaginação vai moldando as situações, criando as cenas, e surge mais um conto ou um poema.
Qual o conceito, para você, de literatura erótica? De que forma se dá a diferenciação entre erotismo e pornografia?
Literatura erótica é quando você abusa da sensualidade na intenção de seduzir, envolver, enredar os leitores, mexer não só com a imaginação mas com sensações físicas...através do erotismo você provoca, instiga, sem precisar necessariamente ser explícito.
A pornografia é explícita, excitante e vulgar. Um texto pornográfico utiliza palavras chulas, cenas explícitas, sexo sem limites ou regras de conduta.
Luna, como anda o assédio dos fãs? Você é muito assediada em razão de escrever um tema, inegavelmente, licencioso?
Eu acho que mais assedio do que sou assediada. (rsrs) Não consigo esperar que me escrevam, em geral busco a reação dos leitores, quero saber o que meus textos causaram e por isso muitas vezes agradeço os comentários com emails.
É utilizado, em seus textos, títulos "não-mascarados", diria, explícitos. Poderia nos explicar, com mais propriedade, este fato?
Isso é recente. Não costumava fazer, na verdade gosto mais do erótico sutil do que do explícito.
Criar a conta da Luna no Recanto tem sido uma experiência interessante, mas não é definitiva. Ver a reação dos leitores, comparar o mercado literário convencional com o erótico, procurar conhecer mais esse “mundo” que me seduz tanto mas que é tão controverso e complexo, é uma forma de trabalhar minhas potencialidades e tentar definir preferências e vertentes na carreira de escritora.
Um segredinho: os títulos explícitos têm um dedinho de um amigo que temos em comum, foi uma sugestão dele e eu adotei para experimentar o resultado. (eu conto o milagre mas não conto o santo) rsrsrs
Você entende que um título não-mascarado, embora chame a atenção do leitor para leitura, pode depreciar o valor literário da obra?
Acredito que sim.
Vivemos sob um manto de hipocrisia, por mais que haja leitores (e há), são, em sua maioria, leitores anônimos, escondidos atrás de perfis falsos, pessoas que não assumem suas taras, suas perversões, suas vontades reais, e portanto jamais comprariam um livro que tivesse um título explicito, com palavras vulgares.
Mas há a questão do escritor mesmo, que também acaba tendo que fazer certas escolhas e concessões.
Eu particularmente, prefiro a sensualidade, a sutileza. E estou justamente passando por uma fase de definições e indefinições... não sei exatamente pra onde quero que a Luna vá. (rsrs)
Luna, por que na literatura licenciosa se faz necessário, para alguns autores, usar um pseudônimo, alter ego..., ou seja, esconder a sua real autoria? Qual a razão de ser desta hodierna postura por parte do autor de textos eróticos?
Necessária? Como definir algo que é tão pessoal? Isso depende de cada um, do rumo que o escritor pretende dar ao seu trabalho e de questões muitas vezes particulares.
Alguns se escondem da família, dos amigos, ou de si próprios, quando não são capazes de assumir suas “preferências”, vamos dizer assim.
Não é fácil, na sociedade em que vivemos, assumir-se liberal no tocante ao sexo. Em geral somos crias do preconceito, de falsos moralismos, da hipocrisia, e vivemos sob o jugo do nosso círculo social.
Agimos sempre pensando no que esperam de nós, e não no que realmente nos faz bem. Quando tentamos mudar isso, sofremos com as cobranças, acusações, críticas.
Trata-se de fazer escolhas, e estas muitas vezes são bem complicadas.
Hoje em dia temos um aumento muito grande dos crimes relacionados à sexo e pornografia, a internet infelizmente tem sido um grande difusor destes crimes, o que na minha opinião torna a responsabilidade do escritor ainda maior, haja vista a grande quantidade de crianças e adolescentes que têm acesso à diversos sites deste teor.
Isso me tem feito pensar muito sobre os rumos que pretendo dar à Luna.
Qual o texto que mais lhe chama a atenção, e que pode ser considerado a sua melhor obra?
É uma tarefa difícil escolher um deles. Em geral gosto dos meus trabalhos, se não gosto não publico, os que publico leio e releio muitas vezes pra ter certeza de que merecem ser lidos por outras pessoas.
Alguns me pegam por detalhes, e isso acaba fazendo diferença. “Um brinde ao desejo” é um dos que mais gosto, está entre os menos explícitos mas é envolvente e gostoso de ler. Gosto quando uno o tesão ao lirismo e sou poeticamente quente. (rsrs)
Também gosto quando minha criatividade me surpreende, acho que senti isso em “Desvirginando um cuzinho italiano”, gostei de ter escrito.
Existe na literatura licenciosa algum tema tabu em sua opinião?
Sim, vários. Cheguei a me indispor com um amigo do recanto por isso. Incesto, pedofilia, zoofilia, pornografia infantil, e outros.
Gosto do erotismo e não nego que também gosto de pornografia, mas isso quando não agrido nem desrespeito ninguém, quando o meu “gostar” não invade a vida de outra pessoa nem fere seus valores pessoais ou influencia de forma negativa sua formação (no caso de crianças e adolescentes).
É justamente aí que me pego refletindo e revendo os caminhos da Luna. O Recanto é um site aberto e o acesso é livre, apesar do aviso sobre conteúdo.
É impossível pra eu escrever sem pensar em “quem” vai ler meu trabalho. Creio que a responsabilidade do escritor enquanto formador de opinião é algo sem tamanho, e que precisa sempre ser levada em conta.
Temos uma ferramenta poderosa nas mãos, a palavra, e seu uso tanto pode construir como pode destruir, cabe a nós sabermos usá-la com sabedoria e responsabilidade.
Não quero com isso dizer que não podemos escrever textos eróticos ou pornográficos, mas que devemos ter coerência e cuidado na forma como o fazemos. Acho que é uma questão bem particular, não vou tentar influenciar outros escritores porque sei que seria provavelmente taxada de falsa moralista, ou algo parecido.
E não tem nada a ver com falso moralismo, demagogia ou tabu, e sim com valores pessoais. É importante pra eu saber que meu trabalho tem resultados positivos, que influencio de forma positiva meus leitores, que toco, sensibilizo ou seduzo com minhas palavras.
Mas quero encontrar a forma certa de fazer isto, quero direcionar meu trabalho erótico ao leitor adulto, que é responsável (ao menos em tese) por seus atos e não será influenciado por mim a menos que o queira.
Já temos fatores sociais que corroboram demais para a erotização precoce e para tantos problemas que prejudicam a formação de crianças e adolescentes em nosso país, não quero engrossar as estatísticas dos problemas sociais e sim, tentar tocar as pessoas, tentar sensibilizar, tentar mostrar que somos seres naturalmente sensuais, pulsantes, e cheios de vida e de beleza.
Mas acima de tudo, responsáveis pela manutenção da vida em todos os sentidos.
Você se referiu a carreira de escritora, poderemos esperar futuramente um livro da sua autoria?
Sim, claro.
Ao menos são estes os planos. Eu diria que a bala já está na agulha (rsrs). Escrevo como Luna há alguns meses, mas já escrevia antes.
Tenho uma carreira em andamento, uma escritora em formação (Ad eternum)... o escritor nunca está pronto, sempre há algo a aprender ou descobrir.
Eu por exemplo, acabei de nascer, e ainda me surpreendo e até me assusto com as descobertas sobre o mundo. (rsrs)
Mas o livro é um projeto sim, a Luna tem uma história, um caminho, e quero que as pessoas conheçam um pouco disso.
Espero que seja num futuro bem próximo. Mas antes quero publicar meu primeiro livro, uma coletânea de poemas que já está pronta, só falta a grana pra publicação. (um pequeno detalhe) rsrs
Poderia discorrer sobre os colegas escritores de literatura licenciosa na internet que anda lendo?
Ah, tenho que confessar... como leitora eu deixo muito a desejar. Leio pouco os colegas, reconheço que deveria ler mais, mas tenho uma dificuldade muito grande em otimizar meu tempo. Ele nunca é suficiente pra tudo o que desejo fazer.
Gosto de muita gente no Recanto, mas seria difícil falar de um ou outro sem esquecer ou desmerecer alguém, poderia ser injusta, então prefiro não comentar nomes. Alguns até sabem das minhas preferências, mas fica como um segredinho nosso. (rsrs)
Quais as suas influências literárias?
Bem, falando especificamente na área erótica, tenho dois autores que me instigam e que me provocam a ser melhor do que sou.
Nelson Rodrigues, que considero um pornográfico de responsa, e Bocage, que conheci há pouco tempo e me apaixonei.
Os dois são podres, mas encantadores. (rsrs)
Luna, poderia dizer algo que nos surpreendesse?
Eu não falo palavrão... (já fui taxada de pudica numa das comunidades que participava) rsrs
PS: salvo em determinadas situações.(rsrs)
A sua preferência se dá por conto ou poesia erótica? Tem alguma preferência ao escrever essas duas categorias?
Tenho mais facilidade com a poesia, nos contos tenho sempre o cuidado de pensar nos detalhes, de não errar na temporalidade, de não utilizar informações erradas, termos errados, etc.
Requer um esmero mais rígido, e por isso escrevo com menos freqüência. Mas gosto dos dois...depende muito do dia e da inspiração.
Qual a sua relação com o recanto das letras? Você também publica em outros sites?
Tenho duas contas no Recanto, uma há mais tempo, com meus trabalhos “normais”, convencionais e a conta da Luna. Publico em outros sites mas com menos freqüência, o que mais utilizo é o Recanto mesmo.
Há alguma coisa que gostaria de dizer aos colegas e aos leitores?
Gostaria de fugir ao “lugar comum” e não ser tão previsível, mas não posso encerrar a entrevista sem a cordialidade digna (e esperada) de uma pessoa educada e com o mínimo de formação. (rsrs)
Assim, resta-me agradecer..., em especial a você pela oportunidade de me fazer conhecer um pouco mais, e pela gentileza em responder minhas dúvidas e curiosidades.
Depois, mas não menos importante, à todos os colegas escritores e aos leitores que visitam minha página, lêem meus trabalhos e deixam comentários tão carinhosos e generosos, que só me fazem ter certeza de que realmente quero botar o pé na estrada e traçar linhas e linhas de histórias, poesias, e sonhos.
Aproveito e reitero o convite a todos: ESCREVENDO E ARDENDO...VEM COMIGO!
Beijos quentes a todos!
Um beijo imenso Narceja, e muito sucesso pra ti!
Oi, eu sou Luna.
Não, você não me conhece, e dê graças a Deus por isso. Não sou do tipo confiável, não sou uma amizade aconselhável, não sou boa companhia.
Nem boa eu sou. Talvez eu seja misteriosa demais pra você, melhor ficar longe, eu posso devorar o teu cérebro e o pior: pode ser que você goste disso.
Nem adianta desviar os olhos... já despi você sem que sequer sentisse. Não vê que há uma ansiedade saltando pelos teus poros? Um arrepio percorrendo a espinha certo de que chegará a algum lugar.
Uma interrogação sobre a próxima linha, sobre onde EU quero chegar. Mas acalme-se, não vou a lugar algum. Não vamos. Ficaremos e fincaremos nossas dúvidas, inquietudes, mistérios, aqui, exatamente aqui, no ponto G da questão.
No ponto em que minhas palavras desconexas te fazem acelerar o passo e o compasso, minhas entrelinhas traçadas sobre o teu corpo suado te fazem arder, meus mistérios entremeados e úmidos te fazem arfar e salivar.
No ponto em que a vontade é maior, muito maior do que a sanidade. A ponto de arrancar do corpo todas as respostas e os impulsos necessários à entrega.
Não, não é a mim que irá sucumbir, mas a si próprio.
Não ao meu toque, mas à vontade dele, não ao meu beijo... mas ao gosto que ele tem na tua saliva. Não ao meu corpo, mas ao teu corpo descontrolado, suado, tenso. Nem à umidade do meu sexo, mas à rigidez do teu.
Minhas entrelinhas é que vão te arrancar a fala... não tente decifrá-las, é o melhor que podes fazer. Não reaja nem tente fugir, é inútil, a tinta que escreve essa história vem da tua pena, e é a minha mão direita que a conduz.
Porque a esquerda, ainda guarda o mistério que há de lhe devorar.
Luna Echant
Quem é Luna Echant? Um pseudônimo, alter ego, ou uma personagem?
Talvez um pouco de tudo. A Luna nasceu de uma brincadeira, uma vontade de saciar minha curiosidade sobre o submundo virtual.
As comunidades (no orkut) de teor adulto, sexo, perversão, e no final, com o aumento dos casos de pedofilia, também a ilegalidade.
Com o passar do tempo a brincadeira tomou outros rumos. Era instigante observar o comportamento das pessoas, ficar imaginando os motivos que levavam cada um até ali, que tornavam pervertidas pessoas comuns, com vidas comuns.
Carências, estados depressivos, baixa auto-estima, curiosidades, e tantos outros. Além disso, no contato e na convivência diária era muito interessante observar o poder da palavra, como se pode envolver, seduzir, e até enganar através dela.
De todo esse universo paralelo e obscuro surgiu a vontade de escrever.
De personagem, ela se tornou pseudônimo num blog erótico. E, é claro, a personagem é cria do autor, e portanto sempre tem muito dele. Não dá pra dizer que não seja alter ego.
A vida é um grande palco, mas nem sempre vivemos as personagens que gostaríamos de viver, ou da forma como gostaríamos.
Não temos total liberdade para mudar nosso roteiro, em geral vivemos sob regras de conduta e moralidade que nos fazem aceitar o que nos foi passado. E assim, sempre fica faltando um “quê” a mais, aquele tempero que guardamos escondidinho pra usar num momento oportuno.
Sempre buscamos algo que nos complete, que nos faça sentir inteiros, acho que isso é natural do ser humano, e é uma busca muito mais interior do que qualquer outra coisa.
No que se refere à escolha do nome, existe algum significado?
Pensei em algo bonito, sensual e leve. Gosto da língua francesa e do espanhol, me seduzem, por isso quis um sobrenome em uma delas ou que mesclasse as duas.
Lua em francês é Lune e em espanhol é Luna, e Enchanté em francês é encantado (a), Mas não quis colocar a palavra em si, então fiz uma brincadeira com ela, e ficou Echant, como se fosse uma abreviatura ou apelido de Enchanté.
Pronunciei várias vezes “Luna Echant” que seria a grosso modo “lua encantada”, e gostei do som, da força, achei sensual, bonito, e aí ficou.
Poderíamos conhecer um pouco sobre a autora?
Sou uma mulher comum, vivo com minha família, meus pais e meus filhos (tenho dois), no momento não estou trabalhando por motivos particulares, mas devo voltar ao mercado de trabalho em breve.
Minha área de atuação é a saúde, mas tenho buscado algo relacionado à cultura ou educação que são as áreas onde me realizo.
Escrevo há mais ou menos três anos, ainda me sinto engatinhando e buscando meu chão.
Luna, há quanto tempo começou a escrever?
Escrevo há três anos mas só comecei a assinar como Luna há uns três ou quatro meses, com os trabalhos sensuais e eróticos.
O que a levou a redigir literatura licenciosa na internet? Qual o motivo da escolha do tema?
E por que não? (rsrs) O tema sempre me seduziu, sempre gostei deste universo.
Em relação aos seus contos eróticos, de que forma se dá o processo de criação? Como se origina, em você, o enredo de seus contos?
Como nascem os poemas, ou uma crônica, só que com um pouco mais de intensidade e fogo.
A idéia surge e vai tomando forma naturalmente, por isso não escrevo com tanta freqüência. A imaginação vai moldando as situações, criando as cenas, e surge mais um conto ou um poema.
Qual o conceito, para você, de literatura erótica? De que forma se dá a diferenciação entre erotismo e pornografia?
Literatura erótica é quando você abusa da sensualidade na intenção de seduzir, envolver, enredar os leitores, mexer não só com a imaginação mas com sensações físicas...através do erotismo você provoca, instiga, sem precisar necessariamente ser explícito.
A pornografia é explícita, excitante e vulgar. Um texto pornográfico utiliza palavras chulas, cenas explícitas, sexo sem limites ou regras de conduta.
Luna, como anda o assédio dos fãs? Você é muito assediada em razão de escrever um tema, inegavelmente, licencioso?
Eu acho que mais assedio do que sou assediada. (rsrs) Não consigo esperar que me escrevam, em geral busco a reação dos leitores, quero saber o que meus textos causaram e por isso muitas vezes agradeço os comentários com emails.
É utilizado, em seus textos, títulos "não-mascarados", diria, explícitos. Poderia nos explicar, com mais propriedade, este fato?
Isso é recente. Não costumava fazer, na verdade gosto mais do erótico sutil do que do explícito.
Criar a conta da Luna no Recanto tem sido uma experiência interessante, mas não é definitiva. Ver a reação dos leitores, comparar o mercado literário convencional com o erótico, procurar conhecer mais esse “mundo” que me seduz tanto mas que é tão controverso e complexo, é uma forma de trabalhar minhas potencialidades e tentar definir preferências e vertentes na carreira de escritora.
Um segredinho: os títulos explícitos têm um dedinho de um amigo que temos em comum, foi uma sugestão dele e eu adotei para experimentar o resultado. (eu conto o milagre mas não conto o santo) rsrsrs
Você entende que um título não-mascarado, embora chame a atenção do leitor para leitura, pode depreciar o valor literário da obra?
Acredito que sim.
Vivemos sob um manto de hipocrisia, por mais que haja leitores (e há), são, em sua maioria, leitores anônimos, escondidos atrás de perfis falsos, pessoas que não assumem suas taras, suas perversões, suas vontades reais, e portanto jamais comprariam um livro que tivesse um título explicito, com palavras vulgares.
Mas há a questão do escritor mesmo, que também acaba tendo que fazer certas escolhas e concessões.
Eu particularmente, prefiro a sensualidade, a sutileza. E estou justamente passando por uma fase de definições e indefinições... não sei exatamente pra onde quero que a Luna vá. (rsrs)
Luna, por que na literatura licenciosa se faz necessário, para alguns autores, usar um pseudônimo, alter ego..., ou seja, esconder a sua real autoria? Qual a razão de ser desta hodierna postura por parte do autor de textos eróticos?
Necessária? Como definir algo que é tão pessoal? Isso depende de cada um, do rumo que o escritor pretende dar ao seu trabalho e de questões muitas vezes particulares.
Alguns se escondem da família, dos amigos, ou de si próprios, quando não são capazes de assumir suas “preferências”, vamos dizer assim.
Não é fácil, na sociedade em que vivemos, assumir-se liberal no tocante ao sexo. Em geral somos crias do preconceito, de falsos moralismos, da hipocrisia, e vivemos sob o jugo do nosso círculo social.
Agimos sempre pensando no que esperam de nós, e não no que realmente nos faz bem. Quando tentamos mudar isso, sofremos com as cobranças, acusações, críticas.
Trata-se de fazer escolhas, e estas muitas vezes são bem complicadas.
Hoje em dia temos um aumento muito grande dos crimes relacionados à sexo e pornografia, a internet infelizmente tem sido um grande difusor destes crimes, o que na minha opinião torna a responsabilidade do escritor ainda maior, haja vista a grande quantidade de crianças e adolescentes que têm acesso à diversos sites deste teor.
Isso me tem feito pensar muito sobre os rumos que pretendo dar à Luna.
Qual o texto que mais lhe chama a atenção, e que pode ser considerado a sua melhor obra?
É uma tarefa difícil escolher um deles. Em geral gosto dos meus trabalhos, se não gosto não publico, os que publico leio e releio muitas vezes pra ter certeza de que merecem ser lidos por outras pessoas.
Alguns me pegam por detalhes, e isso acaba fazendo diferença. “Um brinde ao desejo” é um dos que mais gosto, está entre os menos explícitos mas é envolvente e gostoso de ler. Gosto quando uno o tesão ao lirismo e sou poeticamente quente. (rsrs)
Também gosto quando minha criatividade me surpreende, acho que senti isso em “Desvirginando um cuzinho italiano”, gostei de ter escrito.
Existe na literatura licenciosa algum tema tabu em sua opinião?
Sim, vários. Cheguei a me indispor com um amigo do recanto por isso. Incesto, pedofilia, zoofilia, pornografia infantil, e outros.
Gosto do erotismo e não nego que também gosto de pornografia, mas isso quando não agrido nem desrespeito ninguém, quando o meu “gostar” não invade a vida de outra pessoa nem fere seus valores pessoais ou influencia de forma negativa sua formação (no caso de crianças e adolescentes).
É justamente aí que me pego refletindo e revendo os caminhos da Luna. O Recanto é um site aberto e o acesso é livre, apesar do aviso sobre conteúdo.
É impossível pra eu escrever sem pensar em “quem” vai ler meu trabalho. Creio que a responsabilidade do escritor enquanto formador de opinião é algo sem tamanho, e que precisa sempre ser levada em conta.
Temos uma ferramenta poderosa nas mãos, a palavra, e seu uso tanto pode construir como pode destruir, cabe a nós sabermos usá-la com sabedoria e responsabilidade.
Não quero com isso dizer que não podemos escrever textos eróticos ou pornográficos, mas que devemos ter coerência e cuidado na forma como o fazemos. Acho que é uma questão bem particular, não vou tentar influenciar outros escritores porque sei que seria provavelmente taxada de falsa moralista, ou algo parecido.
E não tem nada a ver com falso moralismo, demagogia ou tabu, e sim com valores pessoais. É importante pra eu saber que meu trabalho tem resultados positivos, que influencio de forma positiva meus leitores, que toco, sensibilizo ou seduzo com minhas palavras.
Mas quero encontrar a forma certa de fazer isto, quero direcionar meu trabalho erótico ao leitor adulto, que é responsável (ao menos em tese) por seus atos e não será influenciado por mim a menos que o queira.
Já temos fatores sociais que corroboram demais para a erotização precoce e para tantos problemas que prejudicam a formação de crianças e adolescentes em nosso país, não quero engrossar as estatísticas dos problemas sociais e sim, tentar tocar as pessoas, tentar sensibilizar, tentar mostrar que somos seres naturalmente sensuais, pulsantes, e cheios de vida e de beleza.
Mas acima de tudo, responsáveis pela manutenção da vida em todos os sentidos.
Você se referiu a carreira de escritora, poderemos esperar futuramente um livro da sua autoria?
Sim, claro.
Ao menos são estes os planos. Eu diria que a bala já está na agulha (rsrs). Escrevo como Luna há alguns meses, mas já escrevia antes.
Tenho uma carreira em andamento, uma escritora em formação (Ad eternum)... o escritor nunca está pronto, sempre há algo a aprender ou descobrir.
Eu por exemplo, acabei de nascer, e ainda me surpreendo e até me assusto com as descobertas sobre o mundo. (rsrs)
Mas o livro é um projeto sim, a Luna tem uma história, um caminho, e quero que as pessoas conheçam um pouco disso.
Espero que seja num futuro bem próximo. Mas antes quero publicar meu primeiro livro, uma coletânea de poemas que já está pronta, só falta a grana pra publicação. (um pequeno detalhe) rsrs
Poderia discorrer sobre os colegas escritores de literatura licenciosa na internet que anda lendo?
Ah, tenho que confessar... como leitora eu deixo muito a desejar. Leio pouco os colegas, reconheço que deveria ler mais, mas tenho uma dificuldade muito grande em otimizar meu tempo. Ele nunca é suficiente pra tudo o que desejo fazer.
Gosto de muita gente no Recanto, mas seria difícil falar de um ou outro sem esquecer ou desmerecer alguém, poderia ser injusta, então prefiro não comentar nomes. Alguns até sabem das minhas preferências, mas fica como um segredinho nosso. (rsrs)
Quais as suas influências literárias?
Bem, falando especificamente na área erótica, tenho dois autores que me instigam e que me provocam a ser melhor do que sou.
Nelson Rodrigues, que considero um pornográfico de responsa, e Bocage, que conheci há pouco tempo e me apaixonei.
Os dois são podres, mas encantadores. (rsrs)
Luna, poderia dizer algo que nos surpreendesse?
Eu não falo palavrão... (já fui taxada de pudica numa das comunidades que participava) rsrs
PS: salvo em determinadas situações.(rsrs)
A sua preferência se dá por conto ou poesia erótica? Tem alguma preferência ao escrever essas duas categorias?
Tenho mais facilidade com a poesia, nos contos tenho sempre o cuidado de pensar nos detalhes, de não errar na temporalidade, de não utilizar informações erradas, termos errados, etc.
Requer um esmero mais rígido, e por isso escrevo com menos freqüência. Mas gosto dos dois...depende muito do dia e da inspiração.
Qual a sua relação com o recanto das letras? Você também publica em outros sites?
Tenho duas contas no Recanto, uma há mais tempo, com meus trabalhos “normais”, convencionais e a conta da Luna. Publico em outros sites mas com menos freqüência, o que mais utilizo é o Recanto mesmo.
Há alguma coisa que gostaria de dizer aos colegas e aos leitores?
Gostaria de fugir ao “lugar comum” e não ser tão previsível, mas não posso encerrar a entrevista sem a cordialidade digna (e esperada) de uma pessoa educada e com o mínimo de formação. (rsrs)
Assim, resta-me agradecer..., em especial a você pela oportunidade de me fazer conhecer um pouco mais, e pela gentileza em responder minhas dúvidas e curiosidades.
Depois, mas não menos importante, à todos os colegas escritores e aos leitores que visitam minha página, lêem meus trabalhos e deixam comentários tão carinhosos e generosos, que só me fazem ter certeza de que realmente quero botar o pé na estrada e traçar linhas e linhas de histórias, poesias, e sonhos.
Aproveito e reitero o convite a todos: ESCREVENDO E ARDENDO...VEM COMIGO!
Beijos quentes a todos!
Um beijo imenso Narceja, e muito sucesso pra ti!