Conversa com o poeta - O poema “Folha de rabisco”

Antes da leitura desta entrevista recomendamos uma visita a pagina do poema (http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1495012) seguida de uma leitura previa para melhor compreensão da matéria.

ENTREVISTADOR: “Um verso para compor” verso de abertura do poema “Folha de rabisco”. Será essa a missão de um poeta?

O POETA: O poeta está sempre a compor um verso, é uma espécie de busca inatingível do verso perfeito que nunca atingirá por completo. O que fica claro da quinta estrofe onde é dito que a perfeição está no leitor.

ENTREVISTADOR: Podemos equiparar a ação de produzir versos a de construir uma vida, conquistar um amor?

O POETA: Sim a poesia vem da reflexão que o homem faz sobre a vida construída, do amor que se tenta conquistar e que a cada dia sofre alterações. Um poema sofre mudanças até sua publicação, a cada releitura feita o poeta sente necessidade de alterá-lo adequando-o a suas novas concepções.

ENTREVISTADOR: Quer dizer então que o poema entrará em estado estático após sua publicação?

O POETA: Sim, logo que publicado ele passa a pertencer ao leitor, o poeta perde o direito de alterá-lo. Tenho poemas produzidos a mais de uma década ainda não publicado e que já sofreram diversas modificações.

ENTRVISTADOR: No primeiro verso da segunda estrofe o poeta fala de uma poesia que não agrada. Quando uma poesia não agrada?

O POETA: Aristóteles afirmou que poesia era imitação do real. De certa forma a poesia imita a realidade do ser, por isso ela reflete sua alma e assim sendo pode causar uma reflexão sobre verdades que o próprio individuo não queira reconhecer. O poeta quando escreve dialoga com alguém, o leitor e receptor neste dialogo, se ele identifica-se com o que foi dito no poema pode sim não gostar do que ouviu o que não significa não gostar do poema.

ENTREVISTADOR: Na sexta estrofe você afirma que o verso e requerido pela vida e na sétima que o amor é algo que depende da própria pessoa. O verso não depende apenas do poeta?

O POETA: Você para amar precisa existir e o fato de você existir não é garantia para o amor em você, a poesia existe independente da vida desse ou daquele.

ENTREVISTADOR: O primeiro verso da terceira estrofe é mencionado o “poeta do lápis e papel”. Que espécie de poeta é esse?

O POETA: É o poeta sem reconhecimento, aquele que ainda vive no anonimato, observador alheio das experiências vividas ou presenciadas.

ENTREVISTADOR: Então não existe poema perfeito?

Não, o que você reconhece como perfeito seu colega pode não reconhecer, poesia é identificação do leitor com a obra produzida, se escrevo algo que sintetiza sua experiência, isso para você pode ser perfeito.

ENTREVISTADOR: Agradecemos mais uma vez sua participação no quadro CONVERSA COM O POETA e até a próxima.

O POETA: Sou eu que tenho que agradecer a participação de leitor, aquele para quem escrevemos, muito obrigado e até a próxima.

N Moura
Enviado por N Moura em 22/06/2009
Código do texto: T1661082
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