Houve entrevista... humilde

Acho-me, jornalista ingénua, perante o recantista que assina AGIL. Não me surpreende a sua figura, porquanto me é muito conhecida. Já em anos, mas tem boa disposição para responder algumas perguntas minhas, singelas:

P.- Poeta...

R.- Deuses olímpicos, poeta eu? Apenas escrevinho tolices e alguma ousadia...

P.- Tanto tem, permite que te trate por poeta e adiante!

R.- Adiante, então!

P.- O tema que preferes tratar parece ser o Amor (em maiúsculo)...

R.- Sem dúvida, sim. E ainda mais nestes últimos anos...

P.- Andas namorado?

R.- Ando, ando... Não sabes bem.

P.- Da tua namorada?

R.- Da minha namorada, mas nela vejo e amo todas as mulheres que liricamente permitirem ser por mim amadas.

P.- Amor desse jeito não tem muito jeito...

R.- Certo, mas não me sinto capaz de amar doutro: Minha namorada, Amada, concentra todos os amores, de modo que não tenho vagar para cultivá-los... Apenas textualmente, não sexualmente. Para além, eu sou da velha, fiel ou não infiel. Como gostes...

P.- Daquela? Os poemas eróticos?

R.- Os poemas eróticos... Bô! São como folhinhas que o vento arrasta quando sopra quente. Se os leste, comprovaste que são inocentes e repetitivos: Léxico escasso, imagens reiteradas, as mesmas teimas... O corpo feminino ocupado por redondezas sedutoras e ainda mais... Enfim...

P.- Continuarás a "escrevinhar" poemas eróticos?

R.- Depende: Tanta repetição cansa-me e as Musas, embora femininas, nem sempre me envolvem nas suas doçuras arredondadas... Quereria escrever poemas eróticos definitivos, mas vejo-me incapacitado.

P.- E duetos?

R.- Ocasionalmente, talvez. Continuadamente acho perigoso: Prefiro, afinal, a carne que posso apalpar, mais do que as metáforas compartilhadas. Opino...

P.- Uma última pergunta: Que pensas fazer com os poemários que o RECANTO DAS LETRAS te "obriga" a elaborar?

R.- Ai estão. Faltam alguns que tenho de completar ou compilar. Mas aí estão, são os que são e ficam como ficam e onde ficam. Quem sabe se vale a pena publicá-los em livro. A outra face do meu escrevinhar atende a situações e temas muito mais sérios e, a meu ver, importantes. Mas sobre eles podemos conversar noutro momento. Obrigado!

P.- Obrigada eu, que desejo ser assunto de algum poema.

R.- Serás... Ou já o foste. Dá-me um beijo de despedida.

Com um beijo, casto e suave, nos despedimos até à conversa prometida. Duvido que chegue a ser.