Simplesmente, Malu
Malu, amante da lua cheia e das tardes de muita chuva sem trovões, que preza as amizades, a sinceridade, a família, Coca-Cola gelada e pão com mortadela. Simples assim. Uma pessoa gentil, uma escritora talentosa e humana.
Durante os últimos meses, vem nos presenteando com entrevistas aos escritores do Recanto das Letras. Com cuidado profissional, escolhe as perguntas certas para cada um, sempre suaves, num estilo agradável de quem conduz uma conversa com amigos queridos na varanda, permitindo aos leitores conhecê-los e admirá-los ainda mais.
Agora, somos nós, seus entrevistados, que queremos devolver o carinho e a gentileza, para permitir aos fãs dessa adorável escritora, conhecê-la um pouco mais. Cada um de nós lhe fez duas perguntas e, seguindo o estilo que ela adotou em suas entrevistas, começo com uma música, que é a cara dela.
"Tudo bem simples tudo natural
Um amor moreno fruto tropical
Todas as cores que eu puder te dar
Toda fantasia que eu puder sonhar”
(Ricardo Feghali / Mariozinho Rocha)
*** Dagger Lor ***
Por que você nunca mais me perguntou nada?
- porque sua dona disse que você havia sumido na mata e nem os passarinhos sabiam de você. Quando você retornou eu estava tão triste e pensei: Ah, melhor conversar com ele quando eu estiver mais alegre.
Sabia que eu não moro mais na caixa e que aprendi um pouco de Inglês?
- Caramba! Que notícia boa!! Imagino a sua alegria, o sabor da liberdade tem mesmo gosto de bolo de chocolate?
Eu também aprendi algumas palavras em inglês e até já sei formar uma frase, olha só - I NEED AND LOVE GOD FOREVER!
*** Zélia Maria Freire ***
Existe dicotomia entre Maria luzia santos e a cronista Malu?
- não. Escrevo com nome de Malu o que a Maria Luzia sente, vivencia, sonha, imagina.
Você nasceu a pessoa excelente que é ou tornou-se?
- obrigada pela gentileza, mas não me considero uma pessoa excelente. Sou uma pessoa comum, quase normal.
*** Mário Roberto Guimarães ***
Como você vê a situação do escritor no Brasil?
- infelizmente, com pessimismo. O mercado editorial é todo voltado para os escritores estrangeiros que logo viram best sellers haja vista o que as editoras gastam em propaganda. O autor de Ria da Minha Vida Antes que Eu Ria da Sua, Evandro Augusto D'Oleo conta a saga que foi lançar o primeiro livro. Só depois que apareceu no programa do Jô Soares é que passou a ser conhecido. Uma escritora me contou que só conseguiu lançar seu livro porque ela é dona de uma editora. E pensar que temos tantos profissionais competentes que não conseguem nada.
Quais as sugestões para incentivar a leitura no país, notadamente entre as crianças que cursam o ensino fundamental?
- o ideal seria que a primeira motivação viesse dos pais. Mas, como cobrar isto se vivemos num país onde governo algum priorizou a educação e o grau de adultos analfabetos chega a dar pena. Minha sugestão então, cai nas mãos dos amados educadores - os professores - e na comunidade: incentivar a doação de livros não didáticos que atendam ao gosto dos jovens; promover concursos; premiar aqueles que mais se interessem; incentivar visitação a biblioteca nacional ou a do bairro mais próximo e incentivar a troca de livros entre os alunos. Aproveito a oportunidade e faço um apelo: doe um livro para a escola do seu bairro. Não espere pelos governantes. Façamos a nossa parte!
*** Rejane Chica ***
Ganhaste antes da Páscoa, indiretas e até houve, segundo tuas próprias palavras, um encontro com esse Coelho, que ocorreu numa sexta-feira, às 21hs. Lembras disso? Pois bem, aí vem a minha curiosidade: Como era esse Coelhão? Ops, o Coelhinho... Quantos ovinhos ele tinha no "cestinho",rsrs... Ou ficou apenas nos sorrisos mesmo, por causa da crise?
- ele é moreno e foi meu único amor. Ficamos nos sorrisos e sabe que não cheguei a ver os ovinhos? kkkkkkkkkkk
Em teu primeiro texto por aqui, em abril de 2007, fizeste alusão aos teus domingos, às saudades que tinhas deles, das crianças, hoje grandes, “fuzarqueando” pela casa, do caldo de cana e tudo mais. Hoje, passados dois anos daquele dia, qual a maior saudade da Malu? Ainda os domingos ou a casa já está cheia novamente? O que fazes aos domingos ou o que te dá nostalgia nele?
- a minha saudade continua sendo aqueles dias de domingo justamente porque a casa ficou mais vazia e não tenho mais a casa de minha mãe - mudou para o céu há 4 anos. Dia de domingo é o dia em que mais leio.
*** Evelyne Furtado ***
Malu, quando é que sua luz se torna mais suave?
- certamente nas noites de lua cheia, nos banhos de chuva, meu contato com a natureza e uma boa farra onde tenha crianças.
O que ilumina aquelas noites quando o sono não chega?
- escrever, ler e conversar com o meu amigo Deus.
*** Márcio Roque ***
Qual a importância das palavras, da poesia em sua vida? Como se deu este encontro?
- eu sou uma mulher de palavra, muitas palavras e elas sempre estiveram muito próximas porque amo ler. Leitura é o meu vício, meus livros são meus companheiros mais íntimos. Este encontro aconteceu por meio de meu pai, leitor compulsivo, que me mostrou a importância da leitura. A poesia é o meu dia a dia e o das pessoas que convivem comigo, logo é fundamental.
O Brasil notadamente é um país de pessoas que lêem pouco, e em conseqüência disto, escrevem mal. Com o advento da internet, você tem visto alguma melhora neste campo, principalmente entre os jovens?
- com certeza. Por onde transito vejo melhoras muito significativas, aqui mesmo, no Recanto, temos jovens que escrevem super bem e a tendência é melhorar.
*** Léia Batista ***
Que presente você daria à Malu?
- eu daria livros, bolsas, sombra e água fresca e uma bela rede. Malu gosta destas folgas
O que você jamais diria à Malu?
- desista daquele que te incomoda.
*** Nena Medeiros ***
Uma pergunta que você sempre faz em suas entrevistas e que pra mim é um grande presente, já que sou uma pessoa musical. Qual é a trilha sonora da sua vida?
- minha trilha sonora tem o Cazuza, Legião Urbana, Leoni, Nando Reis, Marisa Monte, Tom Jobim, Lulu Santos, os Beatles, Quatro por Um.
E agora? Como a Malu se vê no futuro? O que a Malu quer ser quando crescer?
- eu me vejo uma pessoa bem humorada, arrancando a alegria da tristeza. Não aceito tristeza, embora seja inevitável. Certamente a Malu quer ser um ser humano melhor. Uma pessoa mais compreensiva, menos explosiva.
*** Ângela Maria Rodrigues de Oliveira P. Gurgel ***
Malu, como surgiu a idéia de fazer esta série e que critérios você elenca para escolher suas entrevistadas???
- uma noite sem inspiração escrevi ESTRÉIA EM OUTUBRO. Aí, pensei, estréia o quê, Lu? Lembrei de ter entrevistado uma amiga do orkut e daí surgiu a idéia. Não existem critérios definidos. Existem sugestões dos amigos e a empatia que tenho com a pessoa. No começo fiquei meio apreensiva. Minha proposta é uma doce brincadeira baseada no respeito e em não constranger a pessoa. Graças a Deus tudo vai indo muito bem.
Seus textos revelam uma mulher centrada, serena, suave, mas muito determinada, enfim, uma mulher encantadora. Essa mulher foi moldada pelo amor ou pela dor? (quase devolvendo a pergunta rsrsrs)
- amor e dor. Tem horas em que se misturam, se emparelham, se embolam. São sentimentos inerentes ao ser humano. Mas somente o amor suplanta a dor. Eu posso dizer que fui moldada pelo excesso de amor e muita dor, muita mesmo.