Ademir Pascale (Cranik) entrevista Leandro Reis
ENTREVISTA (17/03/2009):
Ademir Pascale: Primeiramente, agradeço por ceder a entrevista. Gostaria de saber como foi o início de Leandro Reis “Radrak” na literatura.
Leandro Reis: Foi uma montanha russa. Sempre fui da área de exatas e me formei como Analista de Sistemas. Não me imaginava escrevendo livros. Até 2005, eu lia e escrevia muito pouco, sem pretensão alguma, brincando com as palavras aqui e ali para criar lugares, personagens e culturas.
Mas o gosto pela “arte” veio rápido. Em dois anos tudo mudou e me vi, em 2007, com produção máxima de contos, materiais para meu mundo, o primeiro livro em avaliação pelas editoras e o segundo saindo do forno.
Algo que era um hobby e casual tornou-se sério e agora faz parte da minha vida.
Ademir Pascale: Por que o apelido “Radrak”?
Leandro Reis: Radrak foi o primeiro personagem que criei em Grinmelken, o marco zero. Era um mortal, filho de um dragão que acabou sendo venerado como deus, por um sacrifício. É um personagem que e gosto muito, por representar sabedoria e ser um defensor da vida. Passei a usá-lo como apelido nas conversas da internet e agora muitos me conhecem como tal.
Ademir Pascale: Você foi ou é influenciado por algum escritor? Se sim, qual?
Leandro Reis: Quem não é? O mestre Tolkien me inspira. A roupagem que ele deixou de herança para a Alta Fantasia pode estar batida para alguns leitores, mas ainda me fascina de um modo que não sei explicar.
Ademir Pascale: Como surgiu a idéia inicial do Mundo de Grinmelken e posteriormente a sua obra Filhos de Galagah?
Leandro Reis: Sua concepção foi desenvolvida aos poucos. Não é segredo que joguei bastante RPG de mesa na minha adolescência e, de todos os gêneros, o de capa e espada sempre me atraiu mais. Como não gostava dos cenários prontos, iniciei a criação de reinos, paisagens e personagens. Isso aconteceu entre 98 e 2004, em um processo moroso, em que muita coisa não se aproveita.
Quando comecei a escrever, bem mais maduro do que na época em que o criei, peguei os conceitos que julgava válidos e me esforcei para transformar tudo aquilo em algo fantástico.
Filhos de Galagah e suas duas seqüências vieram naturalmente deste cenário, inspirado em uma história antiga e colocado no papel com uma visão mais madura da coisa toda. Esta saga é fruto do objetivo de contar esta aventura da minha cabeça e entreter os fãs do gênero.
Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir a obra Filhos de Galagah?
Leandro Reis: O livro está à venda em várias livrarias, sendo as principais a Saraiva, Siciliano e Cultura (Lojas físicas e virtuais). Mas caso tenham qualquer dificuldade em adiquirir, é só entrar em contato comigo que providencio um exemplar.
Ademir Pascale: Parabéns pelo criativo layout do site Grinmelken (www.grinmelken.com.br). Quando o mesmo foi ao ar?
Leandro Reis: Obrigado, o layout foi desenvolvido pela Inote, empresa do meu amigo Silvio Borges. Alias, um trabalho que me agradou muito. Ele foi ao ar no meio de 2007, mas comecei a divulgar e atualizar seriamente, com contos principalmente, em Março de 2008.
O site tem o objetivo de complementar as obras com curiosidades sobre alguns personagens e contos que são citados ao longo da história. Muitos são os elogios e cada vez mais me inspiro a publicar material nele.
Aproveito para mencionar o trailer do livro, encontrado facilmente no Youtube se procurar por “Filhos de Galagah”. Este foi outro trabalho que me impressionou, executado com habilidade por meu irmão, Leonardo Reis.
Ademir Pascale: Você enfrentou barreiras para publicar a sua obra? Caso sim, conte pra gente como foi.
Leandro Reis: Sim. Acredito que todos aqueles que buscam por publicação enfrentam suas barreiras.
Uma coisa que me ajudou foi o fato de realizar uma pesquisa de mercado, procurando entender como o sistema literário funcionava. Conversei com vários escritores e fiz uma boa pesquisa. Por fim, com base nas informações adquiridas, tracei alguns objetivos que julgava serem essenciais para destacar a obra.
A primeira tarefa foi revisar meu material com um profissional. De longe o melhor investimento que fiz na obra, que corrigiu alguns vícios e me ensinou muito.
Em paralelo, trabalhei no site para que as editoras pudessem acompanhar e se informar sobre Grinmelken. Aquele site seria minha vitrine para a editora e o público.
Por fim, preparei um protótipo já no formato de livro, com capa colorida e boa apresentação e o enviei para as editoras.
Admito que, mesmo assim, foram várias recusas. Ao todo foram quase dois anos de procura e espera até a Editora Idea aparecer e ler meu protótipo. Quando dei conta, o editor Rodrigo Courbe já estava me apressando para lançarmos a obra antes do Natal de 2008.
Acredito que o material do site, o protótipo e todos os frutos gerados ao longo desta jornada possibilitaram a publicação. Enfim, tive a prova de que é preciso se esforçar para poder dar o primeiro passo neste concorrido mercado.
Ademir Pascale: Quais são as suas dicas para os autores iniciantes que desejam publicar suas obras?
Leandro Reis: Quando eu comecei me deram várias dicas, quatro das quais sempre repasso aos iniciantes que me procuram:
1 – Escreva contos! Trabalhe vários tipos e tamanhos. Eles são a melhor ferramenta para se aprimorar e tirar os vícios iniciais. Além de haver diversas comunidades e listas que promovem desafios e incentivam a escrita dos mesmos, avaliando resultados e dando dicas.
2 – Peça para desconhecidos lerem e opinarem sobre seus textos. Estas serão as opiniões realmente sinceras e proveitosas. Várias comunidades têm pessoas dispostas a ajudarem com nossos textos.
3 – Estude o mercado antes de pular nele. Saiba o que as editoras esperam das obras e o que esperar das editoras. Isso lhe dará paciência, argumentos e visão para tornar-se um bom escritor.
Ademir Pascale: No seu ponto de vista, como está o mercado literário para a inclusão de novas obras da literatura fantástica?
Leandro Reis: A literatura fantástica está em alta. Isto é visível nos catálogos das livrarias. Mas as obras nacionais ainda enfrentam dificuldades. Pouquíssimos são os escritores que conseguem a publicação sem pagar por ela e, aqueles que conseguem, tem que se movimentar dez vezes mais para tentar aparecer em meio ao forte marketing que as grandes obras, já consagradas, trazem consigo. Todavia, acredito que já foi pior. Nossa atual literatura fantástica saiu da estaca zero e tem sido bem representada por algumas pessoas que lutam, dia após dia, por ela. Por causa disto, tenho esperança que surjam mais “Andrés Viancos” nos próximos anos.
Perguntas Rápidas:
Um livro: A História sem Fim (Michael Ende)
Um(a) autor(a): Tolkien
Um ator ou atriz: Heath Ledger
Um filme: Império do Sol
Um dia especial: Meu casamento.
Um desejo: Ver um Brasil orgulhoso de seus novos autores e a literatura nacional ser mais aceita que a estrangeira, fantástica ou não.
Ademir Pascale: Desejo-lhe muito sucesso em suas empreitadas literárias. Um forte abraço.
Leandro Reis: Eu agradeço a oportunidade. Desde que conheci o Cranik, acompanho as entrevistas e as suas empreitadas. Você é um dos soldados que lutam pelo nosso espaço e um exemplo a ser seguido. Um grande abraço e que os deuses nos tragam um futuro promissor.
Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: Leandro Reis "Radrak".