Entrevistando um marciano
Marcos Medeiros (MM) entrevistando o marciano XYKtorze
MM: É verdade que vocês marcianos estão entre nós, terrenos, há mais de cinqüenta anos?
XY: Depende de que cinqüenta anos você está falando... se forem anos/luz posso dizer que estamos aqui há muito mais tempo.
MM: O que despertou a sua curiosidade pelo nosso planeta?
XY: A abundância de recursos naturais. Só para lhe dar uma idéia, apesar de já termos levado a quantidade suficiente para suprir nossas necessidades, ainda existe muita coisa útil por aqui.
MM: O que você acha sobre a destruição progressiva dos recursos naturais aqui no planeta Terra?
XY: Prefiro não comentar sobre a ignorância de vocês, mas posso dizer que do jeito que vai, em pouco tempo, não vai sobrar nada.
MM: Nas suas andanças pela Galáxia já encontrou algum planeta parecido com o nosso?
XY: Não. Nem no plano físico nem nos habitantes. As coisas aqui andam muito devagar e o pensamento ainda está muito atrasado.
MM: Poderia dar um exemplo disso?
XY: Claro. Enquanto nos tele-transportamos, acima da velocidade da luz, vocês ainda usam carros poluidores e que andam abaixo da velocidade do som. Para exemplificar o atraso do pensamento, basta dizer que alimentam a crença em disco-voador a mais de cinqüenta anos, numa noção de tempo que nem consigo entender.
MM: Você acha que a vida tal qual existe na Terra pode se adaptar a outro planeta da nossa Galáxia?
XY: Não sei. Mas eu sendo vocês tratava de administrar melhor isso aqui porque, atrasados como são, não vão conseguir de estabelecer em qualquer outro planeta.
MM: Que sugestões você daria para que nós pudéssemos avançar rumo a uma civilização como a de vocês?
XY: Em primeiro lugar acabar com as guerras; depois globalizar a educação e o respeito pelo próximo; simultaneamente distribuir os alimentos disponíveis para saciar a fome que atinge mais de dois bilhões de vocês; controlar a natalidade de forma consciente, sem viver pagando pelos contraceptivos; deixarem de copiar apenas as “irracionalidades” dos animais e passar a observar melhor os seus princípios mais “racionais”, instintivos e ternos. Enfim, falar menos e exercitar mais o amor.
MM: Nesse caso entregaríamos o planeta aos cientistas para que eles estudassem e desenvolvessem tecnologias para cumprir tais metas?
XY: Não. Seria melhor entregá-lo aos poetas, pois eles pensam em tudo e ainda conseguem imprimir ritmo, graça e musicalidade às complexidades da vida, tornado-as mais simples e amenas.