Tchello d'Barros entrevistado no jornal cultural Verbo Livre | Flávio Tubino

Jornal Cultural Verbo Livre

15.12.2002 – Blumenau/SC

Tchello d'Barros é entrevistado pelo editor Flávio Tubino

FL.: Nome, apelido, naturalidade - Por quê Tchello?

T. d’B.: Tchello era um apelido de Marcelo Barros que se transformou em pseudônimo artístico para inscrever desenhos e pinturas em concursos e salões de arte. Chegou, ficou e pegou. Acho que esse nome me escolheu. Nasci em 1967na pacata vila Palmares, hoje é o belo município de Brunópolis. Minha família, meio nômade, morou depois em Ituporanga, Marechal Rondon, Rio do Sul, Curitiba, Itajaí, Anita Garibaldi, Celso Ramos e Lages. Depois de servir o exército em Lages morei em Brusque e finalmente finquei raízes em Blumenau. Apesar de ter deambulado por 17 países até o momento, é pra cá que sempre volto, envolto de saudades.

FL.: Quando você começou a escrever? Qual seu estilo preferido?

T. d’B.: Comecei a escrever literatura em 1993, com 25 anos, portanto bem tardiamente, pois nunca quis ser escritor, muito menos poeta. Fazia teatro no NuTE e na época tive que ler muito, inclusive poemas. Ilustrei poemas de amigos e fiz desenhos para jornais culturais e desse convívio com poetas rascunhei alguns versos delirantemente esdrúxulos, mas que não só ganharam alguns concursos de poesia, mas foram também incluídos em algumas antologias. Meu estilo preferido (pra ler, of course) na poesia é a poética com metalinguagem e na prosa diria que é o realismo fantástico.

FL.: Como você constrói suas poesias? E como 'desfabrica' o mundo com elas?

T. d’B.: Faço assim: Misturo um pouco de angústia com crise existencial, tempero com um pouco de dor dos desamores que vivi, recheio com cremes metalingüísticos e deixo ao fogo brando da filosofia de minha visão do mundo. Depois cubro tudo com uma densa calda de pretensa pós-modernidade e, prontinho! Temos aí porções generosas cujo sabor e apreciação dependerá mais do palato de quem provar, pois não é fácil agradar paladares exigentes com ingredientes populares. Penso que ‘desfabricar’o mundo com as palavras é uma tentativa pessoal, portanto muito falível, mas não menos utópica e idealista, de rever e reconstruir a realidade caótica do sistema que me cerca.

FL.: Além de escritor, vc tb é designer e ex-paraquedista. Fale um pouco sobre este outro lado artístico - tatuagens, mandalas, retratos, figurinos, pintura com modelos vivos, o bombardeio poético, etc.

T. d’B.: Parece que sou mesmo um pouco plural! Talvez não haja reencarnação, então tento viver numa mesma existência as várias possibilidades que me são acessíveis. Já fui atleta, manequim, no quartel integrei a Polícia do Exército, fiz teatro participando de várias peças e até um filme. Gosto de ação e atividades radicais como o paraquedismo, parapente, rafting, bungee-jumping, cavernas e viagens exóticas. Artisticamente é que procuro sempre inovar. O Bombardeio Poético foi um manifesto em 1995, no dia do cinqüentenário das bombas atômicas, onde lancei de um avião milhares de poemas sobre Blumenau. Peço desculpas se alguém foi atingido por um poema. Hoje me dedico à pesquisa de Mandalas e Labirintos. Quem diria...

FL.: Quais seus últimos trabalhos?

T. d’B.: Os mais recentes são a publicação de uma série de desenhos a partir de modelo vivo, na revista da Furb, todos em preto e branco. Tenho também expostos na Internet uma série de desenhos digitais vetorizados, também baseados em nu feminino. Fiz recentemente a reedição revista e ampliada de "Olho Nu", meu primeiro livro de poemas.

FL.: Quais seus próximos trabalhos, seus projetos?

T. d’B.: Há o projeto de uma mostra de pinturas com o tema dos Labirintos, uma mostra virtual de Mandalas e a finalização de meu primeiro livro de prosa narrativa, onde relato uma aventura que fiz peregrinando por três meses pela fantástica América do Sul.

Sobre a Sociedade Escritores de Blumenau:

FL.: O que é a SEB? Qual sua finalidade? Quais as atividades que vêm sendo desenvolvidas pela SEB?

T. d’B.: É uma entidade literária que tem por finalidade agregar autores, oportunizando novos espaços para divulgação de sua produção literária, sejam emergentes ou consagrados. Temos realizado antologias, sessões de autógrafos, saraus e tertúlias, palestras e concursos, viagens as bienais do livro e congressos literários.

FL.: Há quanto tempo a associação existe?

T. d’B.: Foi fundada em 1999 por um grupo de 16 amantes da literatura. Hoje conta com cerca de 70 associados de vários Estados e até autores de Chile, Portugal e Inglaterra.

FL.: A SEB tem uma sede? Onde fica?

T. d’B.: Nosso endereço é a Caixa Postal 193, ou www.seblumenau.org à partir de 1º de janeiro de 2003. A estrutura dinâmica das ações da entidade não necessita de uma sede, de um espaço físico.

FL.: Quem são os (principais) integrantes? Como participar?

T. d’B.: Não citarei nomes pois todos são importantes, incluindo-se aí os novatos que estão desenvolvendo um trabalho que está para contribuir significativamente na cultura regional. Mas há desde gente que faz parte da Academia Catarinense de Letras, União Brasileira de Escritores, Sociedade de Poetas Advogados, Sociedade de Médicos Escritores e outras entidades. Há autores premiados em diversos concursos, escritores com textos já traduzidos para outros idiomas e expoentes de diversos gêneros literários, como poesia, conto, crônica, romance, ensaio e até historiografia. Para participar, os interessados devem entrar em contato com a diretoria e apresentar alguns textos de autoria própria, para avaliação.

FL.: Qual a programação da SEB para o próximo ano?

T. d’B.: São muitas as surpresas, por enquanto só posso adiantar que estaremos trazendo para Blumenau em 2003 o 3º Encontro Catarinense de Entidades Literárias, onde uma gama expressiva de expoentes literários estarão na cidade participando das palestras e oficinas.

Sobre o lançamento das novas obras:

FL.: Quais são os escritores que estão lançando novas obras? Quais os títulos e estilos literários?

T. d’B.: Os mais recentes lançamentos foram:

Marcelo Steil (org.) - "Desvendar o Tempo" - Tradução/Poesia

Urda Alice Klueger - "No Tempo da Bolacha Maria" - Crônicas

Neida Wobeto - "Danilo e sua Mochila" - Infantil

Mariana Klueger - "Os Aromas do Deserto" - Livro de Viagem

Ana Maria Kovács - "O Burrinho que Calculava" - Infantil

Tchello d’Barros - "Letramorfose" Poesia (reedição)

Werner Neuert - "A Terra Estava Escura e Vaga" - Contos

Maicon Tenfen - "Mistérios, Mentiras e Trovões" – Contos

FL.: Como foi o lançamento? Qual sua apreciação a respeito do evento?

T. d’B.: Os lançamentos tem sidos todos bem organizados, com alguma badalação

social e boa divulgação na mídia. Só lamento que há poucas vendas.

Você que está lendo essa entrevista, já adquiriu algum livro de autor blumenauense?

FL.: Qual a maior dificuldade encontrada para publicar os trabalhos?

T. d’B.: Hoje basta ter dinheiro e ir a qualquer gráfica e mandar imprimir

quantos livros quiser, no formato que quiser, com qualquer conteúdo.

Uma enxurrada de livros ruins tem poluído o mercado com essa "vanity press" (publicar por vaidade, para imortalizar-se!). O grande problema está na distribuição, que quase inexiste.

FL.: Quais foram as entidades que apoiaram os lançamentos?

T. d’B.: Petrobras, Livrarias Época, Book Center e Espaço do Artista Dicave.

FL.: Onde as obras podem ser encontradas para aquisição?

T. d’B.: Nas melhores livrarias da Cidade.

www.tchellodbarros.art.br

Tchello d Barros
Enviado por Tchello d Barros em 19/01/2009
Reeditado em 21/01/2009
Código do texto: T1392770
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