POESIA VAI ONDE O POVO ESTÁ

BAIRROS: PROJETO POESIA NA CIDADE DÁ SEQUÊNCIA AO TRABALHO, IMPLANTANDO OFICINAS DE TEXTOS POÉTICOS COM PROFESSORES ORIENTADOS PELO POETA GAÚCHO JOAQUIM MONCKS.

A POÉTICA DEFENDIDA POR MONCKS FUNDAMENTA-SE NO PRECEITO MODERNISTA: “A POESIA MODERNA ROMPEU COM A RIMA, MAS NÃO COM O RITMO”.

Todos possuem potencial para produzir poesia? Para o professor e poeta gaúcho Joaquim Moncks, sim. Tanto, que há alguns anos ministra oficina pelo País com esse intuito, o de revelar o poeta escondido, que precisa apenas de empurrãozinho para criar versos. O "empurrãozinho" em questão pode ser compreendido como técnica que, com orientação, segundo ele muitos podem adquirir.

Desde 2003 ele participa ativamente do Projeto Poesia na Cidade, em Campo Grande, que repassa conhecimento para outros poetas, profissionais liberais, professores e interessados em geral. A partir de amanhã, essa iniciativa ganha novo impulso com a criação de Oficinas de Criação Poética nos Bairros da Capital, nas quais quatro alunos de Moncks coordenarão as atividades, a partir de suas orientações. O primeiro local será o Salão de Festas do CTG – Tropeiros da Querência (Rua Miguel Sutil 455 – Vilas Boas).

A poética defendida por Moncks fundamenta-se nos preceitos modernistas, aquela em que a construção do verso não se apóia em elementos pré-determinados, no entanto, não deixa em segundo plano a sedução, por meio das palavras, daqueles que lêem ou ouvem a criação literária. "A poesia moderna rompeu com a rima, mas não com o ritmo", esclarece.

Joaquim Moncks integra a Casa do Poeta Rio-Grandense e a Casa do Poeta Brasileiro (POEBRAS). Esta última está instalada em 17 Estados, atingindo 61 cidades no País. Nos locais pelos quais passou, observou que a poesia pode ser elemento de transformação social e incentiva a utilização da linguagem diária na produção poética. "Ela muda o homem e este poderá mudar a realidade hostil e injusta aos olhos do poeta". Ele cita como referência os autores americanos da geração beatnik – Allen Guinsberg, Jack Kerouac e Gregory Corso – como exemplos daqueles que produziram a partir de realidade opressora. "No caso do Corso, passou grande parte da vida na cadeia e produziu poesia de qualidade", afirma.

As oficinas acontecerão durante cinco meses e passarão por mais três pontos da cidade. Segundo a Fundação Municipal de Cultura, coordenadora da oficina, a intenção é aprimorar o que foi iniciado há três anos, adotando um novo modelo, investindo também em oficinação de textos poéticos com objetivo de buscar poesias de qualidade, além de repassar técnicas relacionadas à construção da Poesia, debatendo experiências na elaboração de textos literários; incentivando o gosto pela leitura e escrita. As inscrições poderão ser feitas no próprio local da oficina.

– Redação do Jornalista Oscar Rocha, em entrevista por telefone.

Publicado no Jornal Correio do Estado, Campo Grande/MS, edição de 12/04/2006.

– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre a Prosa e a Poesia, 2006 / 2008.

http://www.recantodasletras.com.br/entrevistas/138277