Entrevista feita com o poeta carioca Francci Lunguinho.
1-Como você começou a gostar de poesia?
Um dia mandei alguns textos para uma amiga ler. Tinha uns doze anos, e ela vinte e poucos. Recebi a seguinte resposta: “Meu amiguinho, li os seus escritos. Reli umas três vezes. Há muita poesia no que você escreve. Acho que será um grande poeta”. A partir daí resolvi rabiscar alguns poemas.
2-Quem incentivou você?
Além das palavras dessa minha amiga e o incentivo de quem leu meus primeiros poemas, foram escritores como Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, entre outros.
3-Que tipo de poesia você mais gosta e prefere fazer?
Não é o que gosto ou o que prefiro. Muitas vezes faço aquilo que só é poesia pra mim. A poesia é abstrata, mas também é substancial. Gosto de pegar as palavras, mastigá-las até sugar todo o seu fervor, daí me desfaço delas
4-Qual o seu estilo de fazer poesia, ou seja, qual o modo em que você faz a poesia?
Escrevo sobre o que sinto e o que invento. Tudo que me é inspiração vem do nada. É um estalo que se transforma e se torna objeto, relevo, algo comestível. Às vezes leio um poema e me vem a inspiração.
5-O que representa ser poeta para você?
Não me olho e digo: sou um poeta. Se alguém ler uma poesia que escrevi e diz, gostei disso, eu fico grato. Se recebo elogios, fico feliz e faço outro poema. Se me dizem que aquilo que escrevi não é poesia, acabo descobrindo que eles estão certos.
6-O que representa a poesia para você?
Eu viveria sem fazer poesias. Não acho que é essencial escrever. Não me importo em passar semanas ou até meses sem escrever uma única linha que seja denominada poema. Porque pra mim, a poesia não precisa ser escrita, nem lida ou dita. Posso olhar a poesia e fechar os olhos pra ela. Mas quando ponho a mão no peito e sinto os batimentos rítmicos do meu coração, concluo que a poesia está em mim, e isso basta.
7-Quais os grandes ícones da poesia brasileira e mundial, que agrada mais você?
Cecília Meireles, Manoel Bandeira, Monteiro Lobato, Mario Quintana, Fernando Pessoa, Drummond, Pablo Neruda, João Cabral de Melo Neto, Vinicius de Moraes... Gosto muito da poesia de Linaldo Guedes, um grande poeta paraibano. Também tenho um carinho especial pela literatura de Cordel, assim como os repentistas do Nordeste.
8-Você já participou de recitais de poesia? Se participou cite alguns de grande importância?
Já participei. Mas, na verdade, não de muitos. Recebo alguns convites para participar de saraus, por exemplo, mas não tenho freqüentado muito. Confesso que discordo do tipo de poesia que se faz por aí hoje em dia. Não sou contra esse tipo de manifestação cultural, porém, não me sinto estimulado a participar.
9-Qual a sua visão sobre a cultura, principalmente no campo da literatura?
Uma coisa é certa: com a Internet a literatura ganhou uma grande aliada. Vejo nascendo vários movimentos, e alguns, com grande êxito. É claro que no meio disso tem muita coisa dispensável, mas é natural. Acho que todos nós ganhamos.
10-Você já publicou algum livro? Se já, cite o nome dele e o ano em que foi publicado?
Já participei de antologias e publiquei um livro de poesia em 1992, intitulado “Porque hoje é sábado”. Estou trabalhando num romance, e pretendo publicá-lo pela editora do Crônicas Cariocas, que deverá entrar no mercado a partir de 2009. Não quero ser um escritor de muitos livros publicados, preferiria escrever um único, que fosse cem por cento inspiração.
11-Você já fez algum projeto ou participou de algum em referência a poesia?
Recentemente o portal Crônicas Cariocas (www.croncascariocas.com.br), cujo site sou editor, com o apoio da Universidade Castelo Branco, lançou o 1º Concurso Crônicas Cariocas. Além dos prêmios em dinheiro, uma antologia com os melhores textos será lançada. No próximo concurso serão três categorias: crônicas, poesia e contos
12-Qual a poesia sua em que você mais possui afeição?
Acho que todo poeta acaba sempre dizendo que não tem uma poesia que goste mais e coisa e tal. Comigo não seria diferente. Não tem como eleger uma, até porque, seria uma grande pretensão isso. Prefiro deixar que os outros digam algo sobre o que escrevo. Mas, para você não ficar sem uma resposta satisfatória, vou citar um trecho de um verso meu:
...E então, como explicar,
que o amor chegue ao ponto de agendar
um encontro, sem ninguém para encontrar?
*Entrevista feita por Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta)