Entrevista com Suzana Barbi.

12/12/2008 Por Gabriella Corrêa Lima

Numa bela e parada segunda-feira, parei para ler mais uma das crônicas do Jornal Hoje em Dia quando me deparei com uma figura que me chamou a atenção. Simplesmente adorei o que li, e era ela. A Jocrésia de Suzana Barbi. Ops! Estou aqui falando da personagem ou da autora? Bem, a Jô já tem lá sua fama né? E hoje vim para conversar com essa mineira fashion, astral, interessantíssima, que com suas crônicas postadas tanto no jornal, como na recente página do recanto das letras, tem nos encantado com seu bom humor e irreverência.

Primeiramente, quero agradecê-la pela oportunidade de poder conhecer mais a Suzana Barbi profissional e também o lado pessoal, que com certeza foi o mentor de todo esse carisma que você transpira em seus textos.

1. Hoje você está jornalista na prefeitura de BH e já lecionou na P.U.C. São trabalhos distintos, certo? Por que dessa mudança radical?

Acho que a vida toda fui jornalista. Desde que nasci. A PUC aconteceu porque estava, numa época da minha vida, envolvida demais com a publicidade e, de repente, a Diretoria da Faculdade de Publicidade achou que eu poderia ensinar os procedimentos de Planejamento de Campanha Publicitária. Gostei da experiência, mas realmente não é a minha praia. Mesmo assim acho que não fui uma má professora.

2. Já trabalhou em alguma redação de jornal?

Já sim. Trabalhei na editoria de polícia do Jornal Estado de Minas por orientação de um professor que me disse: “quer ser uma boa jornalista, vá trabalhar na editoria de polícia!”. Ele estava certíssimo. Acho que todo jornalista deveria passar por esta experiência. É única. Barra pesada, mas a gente aprende demais. Até parto na favela eu fiz! Se é uma experiência de vida sensacional, imagina você poder transpor isso para o papel! E hoje escrevo crônicas para o Jornal Hoje em Dia. Todos os dois são jornais daqui de Belo Horizonte.

3. Se você não fosse jornalista, qual outra profissão exerceria?

Hummm...vale ser rica e viajar pelo mundo afora, escrevendo em diários tudo de bom (e de ruim também) dos lugares que eu visitasse?

4. As crônicas que você escreve nos passam uma Suzana super de bom humor e criativa. Tirando a arte de escrever, quais talentos mais você possui? Tem cara de ser boa cozinheira. Rs

Bingo! Acertou na mosca. Adoro cozinha, criar pratos, inventar receitas. Disputo com Fernando, meu marido, que eu considero gourmet. Aprendi muito com ele que a nossa comida deve ser colorida e bonita. Precisa ver os pratos que ele monta. São lindos. São como os quadros dele. Tento seguir a linha dele. Um dia chego lá!

5. Fui apresentada a você pela sua famosa personagem Jocrésia. Diga-nos um pouco sobre ela.

Jocrésia é um resumo das mulheres que eu conheço. Tem universo mais sensacional que o feminino? Nós somos cheias de “casos”, manias, tiques, ataques, senso de humor, loucuras. Isso nos torna um prato delicioso para crônicas. Tem coisa mais absurda do que uma mulher ir para uma festa com um salto altíssimo e ficar assentada porque não sabe andar naquela altura? Nós fazemos isso com a maior classe e ainda achando a coisa mais natural do mundo! A Jocrésia quebra um pouco isso da normalidade. Isso que eu acho legal nela. Ela não quer nem saber – faz o quê lhe dá na cabeça e pronto! Adoro isso!

6. Já pensou em publicar um livro de crônicas? “As crônicas de Barbi”. Brincadeira rs.

Adorei o título! Já pensei não! Penso nisso todo dia e isso está nos meus planos para 2009. Vamos ver como que as coisas caminham.

7. Suzana, nesse mundo conturbado, atado ao estresse, o que você faz para manter a compostura? Ou você enfia o pé na jaca mesmo? Por que MELLL DÉLLLS, às vezes nos acontece cada situação!!!

Ontem mesmo estava conversando com uma amiga e falei pra ela que para manter a compostura eu faço todos os “ia” – terapia, homeopatia e, agora, tenho também um “ista” - nutricionista. E olha que mesmo assim ainda costumo morder. Não é fácil. E eu acho que isso é que acaba gerando boas crônicas. Observar essa quase histeria que é o nosso dia a dia faz a vida ficar muito engraçada. Tem dias que saio vestida pra morder um e quando vejo estou é rindo de mim mesma. Imagine a cena: eu e essa minha amiga estávamos numa lanchonete, pedindo para uma atendente cortar um doce para que cada uma de nós ficasse com um pedaço (nessas alturas do campeonato não dá pra comer um doce INTEIRO!). Mais uma loucura da mulherada, né? A mania de sermos magérrimas. Ô coisa chata. Pois muito bem, a atendente falou que não podia cortar ao que nós olhamos uma para a outra e falamos baixinho: “ela não sabe o vespeiro que ela tá mexendo...” Foi quando nos demos conta do tanto que a nossa irritação estava engraçada e começamos a rir de nós mesmas. Resultado: saímos e devoramos literalmente o doce na rua, como duas menininhas e ainda lambendo os dedos. Pode? Há “ia” que resista a uma coisa dessa?

8. Farei um “ping pong” com você de palavras e me diga o que vier na mente ok?

• Saia justa – Já percebeu que toda vez que a gente perde o bom humor, a gente entra numa saia justa?

• Talento – Ter sempre bom humor

• Equipe – Eu e Fernando

• Jornalista – Falar sempre a verdade. Sempre.

• Arte – A vida

• Sex and the city – Adoro, adoro, adoro

• Sua filosofia de vida – Rir é o melhor remédio

9. Voltando as perguntas. Quais foram as pessoas que te inspiraram a ser o que és hoje?

Olha, eu acho que o bom humor é tudo. A pessoa bem humorada tem o universo a favor dela. E nisso eu tirei a sorte grande: sou rodeada por pessoas com um senso de humor apuradíssimo, a começar pelo Fernando, meu marido, a pessoa mais divertida que já conheci na vida.

10. Autores favoritos e por que.

Machado de Assis, por ser tão atual, tão moderno.

Nietzsche, por ser cruelmente real e verdadeiro.

Gabriel Garcia Márques, por ser de uma poesia tocante.

Érico Veríssimo, por ter o humor que contaminou o filho de quem também gosto tanto, Luiz Fernando Veríssimo.

Paulo Leminsk, por ter me apresentado o haikai, Bashô e a poesia.

Danuza Leão, por escrever tão bem sobre o nosso universo feminino.

Artur Xéxeo, por ter tanta opinião.

Nelson Rodrigues, por ser meu cronista do coração.

E ficaria aqui mais umas boas horas enumerando outros tantos, mas prefiro parar por aqui.

11. Projetos para 2009. Agora o livro sai né? Rs

Como já falei, o livro está nos meus projetos para 2009. Estou querendo investir cada vez mais no meu trabalho de escritora, dar vida aos meus personagens e poder criar novos.

12. Deixa um recadinho para seus leitores e admiradores.

Em primeiro lugar, quero agradecer você, Gabi, amiga, interessada, inteligente, quem eu admiro tanto, por esta oportunidade. E quero dizer que o melhor da vida é rir dela. Quando a gente acha graça da nossa própria falta de graça é porque estamos perto do lirismo. Rir é o melhor remédio! Beijos e muito obrigada.

E-mail para contatos:

suzabarbi@hotmail.com

Gabriella Gilmore
Enviado por Gabriella Gilmore em 12/12/2008
Reeditado em 26/03/2009
Código do texto: T1332230
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