COAÇÃO MORAL – Pergunte ao Doutor - 14

Gostaria de saber um pouco sobre Coação Moral. Nem sei se este assunto é de seu domínio, mas ouvi falar que estou sendo coagida pela minha chefia, que tem seus problemas, coitada, mas não temos culpa de como nos trata. Se fôssemos cachorros pestilentos, nem assim, eu creio, deveríamos ser conduzidos com tanta agressividade. O que pode me dizer? Obrigada. Regina, Olinda-Re.

Regina, comecemos com uma máxima de antropologia e sociologia, que repito pelo menos quatro vezes por dia: “Quem agride está inseguro e quem se sente agredido também!”

Existem chefias que galgaram seu posto sem um preparo psico-funcional, muitas vezes porque a empresa não tinha a quem promover, às vezes por gratidão de quem promove, às vezes por ter o patrão sob seu domínio, às vezes porque entende um pouco mais do trabalho que o patrão. Sei que as causas são inúmeras

O Físico Einstein disse certa feita, algo assim: quem sabe o que faz e gosta, sabe explicar, preparar as pessoas para pensarem com ele. Acho este pensamento fundamental.

Meu pai falava outro pensamento que achei muito útil: “Quando você estiver falando com pessoas de seu nível, não se preocupe com as atitudes; quando falar com pessoas que se põem em nível superior, trate-as como iguais e elas descerão do ‘jornal’. Mas quando atuar com pessoas de nível cultural mais baixo que o seu, coloque-as nas alturas e as reverencie, pois às vezes têm mais cultura nata que você. Se não tiverem, sentirão sua gentileza”.

É a insegurança que sempre nos faz agressivos. Muitas vezes por não dominarmos a nós mesmos, às vezes por estarmos infelizes com a vida, às vezes para camuflarmos nossa inferioridade. Mas será sempre um sinal de insegurança.

Eu faço Consultoria de Relações Humanas em Empresas e trabalho sempre para a criação de um ambiente tranqüilo de trabalho. Muitas vezes, mesmo no ambiente tranqüilo existem vários instantes de pressão, dependendo da demanda do serviço, que julgo positiva, mas prego a não formação de tensão, pois esta é geradora de descontentamentos, vandalismo, sabotagem e falta ao trabalho. Muitos empresários têm a falsa impressão de que um ambiente de tranqüilidade enseja a malandragem. Ensino que sempre ao darmos algo, recebemos uma troca e podemos, por sermos amigos, cobrar boa eficiência, que será elogiada e recompensada com o crescimento empresarial.

Outra estratégia que aconselho é a de “separar o joio do trigo”: bons funcionários não devem conviver com pessoas que perturbem sua paz criativo-produtiva. Esta ação por si demonstra-se a necessidade de “vestir a camisa empresarial”, se tiver interesse na manutenção do emprego.

Sobre a Coação Moral agora, felizmente, ensejou a lei punitiva do infrator. É um procedimento fácil: consegue-se testemunhas de boa qualidade moral e profissional como testemunhas e faz-se um Boletim de Ocorrência Policial (B.O.), que pode ser preventivo, avisando da existência dele ao infrator, ou definitivo, se a infração for grave, atentando contra a moral e os bons costumes.

A pena virá depois de uma investigação e julgamento do processo por um Juiz.

Conheço casos onde a simples ameaça da realização do B.O. o mal humorado caiu na real e mudou.

Quando fiz a especialização em Psiquiatria, não cheguei a ver casos de Distimia (Doença do mau humor); hoje aparecem vários casos por mês no consultório. Sinal dos Tempos?

Devo lhe dizer que a Coação pode causar um mal físico-psíquico enorme no coagido, com repercussões sérias, mas com certeza irá destruir o coator.

Sei que os empregos estão rarefeitos, à custa da cambada do poder, que de tanto se ‘propinar’ (verbo criado agora), acabou com a paz esperada para o século XXI.

Pessoalmente eu a desejava, mas sabia que não viria, pois a população está buscando o fundo do vale que sucede a todo crescimento vertiginoso como o que vivemos nos últimos anos, mas que separa gente simples dos capazes de usar em benefício próprio o crescimento, sem procurar instruir os que o ignoram.

Não aceite prejudicar-se com os amigos do mau humor. Se tiver certeza de conseguir modificá-lo, converse como amigo com o coator. Se não conseguir, consiga adeptos e leve o problema para a cúpula. Se não conseguir, se análise e veja se você não tem o tipo que enseja a irritação. Se nada disto surtir efeito, B.O. nele, mas esteja bem escudada.

Felicidades.

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