UM POUQUINHO MAIS, DE MIM.

Em conversa por e-mail com o jornalista do Rio de Janeiro, Ernâni Motta, comentei que adoro responder a questionários.Bem, ele resolveu fazer uma entrevista comigo.

Sendo assim, com a devida autorização, deixo registrada aqui no meu site e no "Recanto das Letras".

Grata Ernâni pelo carinho.

08/03/2006

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Eu sempre achei que Dia da Mulher eram todos os dias, mas, fui convencido da necessidade de se estabelecer um especial, diante da forma com que ainda são tratadas, por governos, empresas, maridos, pais, irmãos, enfim, por tudo em que haja u’a mão masculina.

Então, que o Dia Internacional da Mulher sirva para que nós homens nos conscientizemos da importância dela ou delas em nossas vidas. Apesar de que o meu espírito arcaico e machista, por vezes, me trava e distorce as minhas intenções.

É preciso, porém, que as próprias mulheres trabalhem com entusiasmo, determinação, racionalidade, para que os homens percebam o quanto elas podem e são partícipes do processo evolutivo da humanidade.

É verdade que sempre houve, em todos os cantos do mundo, em todas as épocas, mulheres aguerridas e batalhadoras que jamais cederam ao preconceito ou à estupidez machista com a intenção de torná-las menores. A minha memória traz-me de momento: Indira Ghandi, Golda Meir, Joana D’Arc, Anita Garibaldi, Chiquinha Gonzaga, Condolezza Rice, Marina Silva, Ângela Merkel, Ellen Gracie, Michelle Bachelet e tantas outras...

Assim, que o Dia Internacional da Mulher não seja mais uma simples comemoração, mas, o marco inicial da conscientização humana de que homens e mulheres são iguais, com suas diferenças, e que só unidos pela solidariedade, pelo respeito e o amor verdadeiro seremos capaz de cumprir o nosso destino, aqui na Terra.

CÁRMEN NEVES

Neste Dia Internacional da Mulher, o blog conversa com a escritora e poetisa Cármen Neves, para homenageá-la e a todas as mulheres. Às que visitam o blog e incentivam o seu titular, com seus comentários críticos, inteligentes, conscientes e carinhosos, como somente elas são capazes de fazer, o meu agradecimento e os meus parabéns.

Cármen Neves é uma gaúcha de Porto Alegre, radicada em Criciúma – SC, casada, mãe de três filhos, aluna da Faculdade de Gestão de Recursos Humanos, e, além do amor pelas letras, gosta de bordar e diz que faz um “ponto avesso” perfeito. De imediato, porém, deixa-se tomar pela modéstia e conta: “Não me considero escritora, sou apenas um instrumento da minha inspiração”.

Possui dois livros publicados: “Pensando em Ti” e “A Magia do Farol” e já trabalha num terceiro. Tem como referência Margarida Reimão e já participou das antologias "Talento Feminino em Prosa e Verso I e II", e "O Amor Que Move o Sol E As Estrelas". É membro da Rede de Escritoras Brasileiras – REBRA –, que representa em Santa Catarina. Afirma que gosta de Deus, sua família, dos amigos, na natureza e de pessoas sem maldades. E não gosta de guerra, da injustiça, e dos atos que diminuem o espírito.

Conheça um pouco mais Cármen Neves, por nossa conversa abaixo, sem qualquer edição:

ENTREVISTA

Ernâni – Você é mãe, dona de casa, acadêmica, esposa, enfim, como todas as mulheres de sua época, você tem mil e uma atividades. E como faz para escrever suas poesias? A inspiração precisa de algum gancho ou é intuitiva?

Cármen Neves: Eu as escrevo nos momentos de inspiração. Quando ela surge tenho apenas que pegar uma caneta e um papel para registrá-la, pois se assim não fizer, ela vai embora com a mesma rapidez que chegou.

Na maioria das vezes é intuitiva, mas noto que ultimamente, com ajuda de um gancho, também é possível.

Ernâni – É difícil ser poeta no Brasil, por quê?

Cármen: Ainda não ultrapassei as barreiras do Brasil para fazer uma comparação com outros países, mas a literatura é um campo que requer: talento, vontade, coragem... e por quê não dizer: um pouco de sorte (agarrar as oportunidades que surgem à nossa frente).

Os poetas escrevem com amor, idealizam suas musas, tentam dar o melhor de si através da escrita. É dessa forma que eu também escrevo. Só que muitas vezes os poetas esperam o reconhecimento da sua cidade, do seu estado, do seu país, mas nem sempre é o que acontece, sendo assim: é difícil ser poeta em qualquer país, não só no Brasil. ”Santo de casa não faz milagres”.

Ernâni – Quando você se descobriu poeta?

Cármen: Bem, eu não me considero poetisa. Falta muito para ser uma, tenho muito que aprender: sou apenas um instrumento da minha inspiração.

Mas sei que gosto de escrever desde os tempos do primário.

A leitura nos leva a lugares jamais, e/ou sempre sonhados!

Ernâni – Você, no início, se sentiu influenciada por alguém, quem? E como seu deu essa influência?

Cármen: Depois que editei o meu primeiro livro, comecei a ler mais, mergulhando neste mundo mágico da literatura.

Quando comecei a me corresponder e viajar pelos escritos da escritora, poetisa, cronista e contista Margarida Reimão, foi que achei muita pretensão da minha parte ter editado um livro, e me arrisquei a editar outro e ainda prefaciado por ela.

Em um dos nossos e-mails diários, confessei-lhe que se eu a tivesse conhecido antes de editar o meu primeiro livro, jamais me atreveria a editar um.

Ela respondeu o e-mail da seguinte forma:

“Então Carmencita (era assim que me chamava), foi bom nos conhecermos agora”! A única influência que tive, e foi graças a ela que estou prestes a editar o meu terceiro livro: foi a insistência de pessoas amigas para editá-los.

Ernâni – Quem é “o” ou “a” grande poeta para a poeta Cármen Neves?

Cármen: Responderei a esta tua pergunta com o que está escrito na página 13 do meu livro A Magia do Farol.

Agradecimento Especial.

Através do mundo da literatura pude conhecer pessoas de almas belíssimas. Agradeço a Deus por elas fazerem parte de minha vida. Entre elas quero destacar uma escritora de coração puro, alma límpida, possuidora de uma força interior capaz de elevar as pessoas que a cercam, sem que elas conheçam a palavra desânimo.

Senhor, abençoe uma das maiores escritoras que aqui na terra passará e permita-me tê-la sempre como exemplo. Margarida Reimão, obrigada por existires.

Bem Ernâni, como sabes ao leres a antologia da Rebra -Rede de Escritoras Brasileiras, “O Amor Que Move O Sol E Outras Estrelas”, eu participo com o texto À Margarida Reimão. Nele tento expressar o amor/amizade que sentia por ela e termino o texto dizendo: ...E pela primeira vez senti teu medo, medo de que eu fosse me esquecer de ti. Por esse motivo, partiste no dia do meu aniversário: 05 de abril de 2005.

Para mim, ela ainda é a maior escritora/poetisa, não só pelos seus belos e inteligentes escritos, mas por gostar de escrever, deixando registrado em seus treze livros, toda a pureza de seu coração e a beleza de sua alma. Ela era uma mulher guerreira, e assim sendo, lutou com a doença que a impossibilitava de escrever, até aos seus últimos dias de vida (mesmo doente, estava escrevendo mais um livro).

Muitos dos teus leitores irão dizer: “Eu não conheço Margarida Reimão... nunca li nenhum de seus livros”. Eis a resposta para a tua segunda pergunta. É difícil ser poeta em qualquer país, em especial os desconhecidos, da mídia.

Ernâni – A sua poesia tem um componente erótico bem aflorado. Seria para você alguma forma de engajamento político na relação masculino/feminino?

Cármen: As poesias, contidas no livro Pensando em Ti, foram retiradas das minhas agendas dos anos de 1998 e 1999. Juntas somavam na época, cerca de 300 poemas/poesias e quando editei o livro em 2000, tive apenas que escolher 47 dentre elas.

Esses poemas não foram escritos para outras pessoas lerem, era para ter apenas uma leitora: eu, pois era uma espécie de diário, dos momentos de pura inspiração.

Quando minhas amigas leram, foram taxativas: “Tens que editá-las”!

Se o leitor(a) for além do lado sensual, perceberá que há nelas “receitas” para a vida sexual. Escutei essa frase de algumas leitoras: “Cármen, minha vida sexual melhorou depois que li o Pensando em Ti”! Levei um susto.

“Quando irás editar o próximo livro?!” Nesse dia, percebi o poder que a escrita tem... Meus poemas expressam desejo e erotismo, só que de uma forma diferente: eles não são vulgares, são sensuais.

Confesso-te que já havia procurado em livrarias livros com esse tipo de literatura: não encontrei. Resolvi escrever um e fiquei surpresa com a receptividade dos leitores!

Ernâni – Sei que você tem dois livros publicados, “Pensando em ti” e “A magia do farol”, e que tem outros prontos, o que falta para editá-los?

Cármen: Tenho alguns esperando apenas uma revisão, e um que pretendo editá-lo neste ano.

“O que falta para editá-los?” No meu caso apenas dinheiro. (risos)

Sou autora independente. Nunca enviei meus escritos para serem analisados por editoras. Elas aprovando (algo raro de acontecer para uma autora desconhecida), ou não, eu iria editá-los de qualquer forma. Sendo assim, me privei de escutar um não como resposta.

Não sei se tu sabes Ernâni, mas até as livrarias e supermercados criam barreiras para autores independentes, imagine então uma editora.

Ernâni – Hoje é o Dia Internacional da Mulher, para você a mulher brasileira tem o que comemorar?

Cármen: A que luta, a que não deixa ninguém desfazer os seus sonhos, seus objetivos, suas metas... para alcançar sua realização pessoal. Essa mulher estando onde estiver, só tem a comemorar (refiro-me ao homem também).

E a que não tem essa coragem de enfrentar as barreiras da vida, tenho a esperança de que um dia ela possa dar o seu “grito de guerra”, embalada pela guerreira que há dentro de cada uma de nós.

No mundo da literatura, a mulher atual enfrenta até seu companheiro para editar um livro. Diferente da mulher de décadas atrás que esperava o falecimento do mesmo para realizar esse sonho.

Nós mulheres (e homens) devemos comemorar sempre a vida, tão bela e perfeita! Agradecer a Deus, todos os dias, por nossa existência.

Cármen Neves
Enviado por Cármen Neves em 23/03/2006
Código do texto: T127178
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