Já que não tem a categoria "Reportagem"...
Bom, já que não criaram a categoria "reportagem", e o que vos apresento não é entrevista...e quem não tem cão, caça com gato...
Gostaria que soubessem de um fato muito importante que ocorreu em minha cidade natal, que eu amo muito...principalmente quem é gaúcho, por aí.
Esta matéria foi publicada no único jornal diário da cidade, e é minha:
"Um século e Meio sem História
Em 2008, Viamão completa 267 anos de história. O que muitas pessoas não sabem é que existe quase um século e meio de documentação que não está presente na cidade. Todos os papéis que estavam em posse da Câmara de Vereadores, que documentavam todos os atos públicos da cidade , até o ano de 1773 foram seqüestrados numa madrugada de março daquele ano.
Primeira Capital
Viamão foi a primeira capital civil do Rio Grande de São Pedro, desde 1763, pois os espanhóis haviam invadido Rio Grande, a capital anterior. Conseqüentemente, era também um pólo artístico, cultural e comercial. Pela estrada que hoje conhecemos como “estrada velha”, indo em direção à Escola Técnica da Agricultura(ETA), é que os carreteiros carregavam a prata que extraiam do Rio da Prata, levando até o Arraial do Porto dos Casais, hoje Porto Alegre.
Na verdade, a cidade, segundo um mapa do século 17, ocupava todo o espaço do Rio Grande do Sul, parte da Argentina, Uruguai e Paraguai. Chamava-se Campos de Ibiamón(ou terra dos pássaros, segundo os habitantes primitivos.). Conforme portugueses e espanhóis se organizavam em torno das terras distribuídas pelo Tratado de Tordesilhas, o território foi diminuindo e trocando de nome. Em 1769, foi inaugurado o primeiro prédio da Câmara de Vereadores da cidade, construído com o dinheiro arrecadado do aluguel das cortinas da sala da casa do presidente do órgão. Era lá que ficavam todos os documentos, desde registros de batismos até escrituras territoriais.
A invasão espanhola
O Tratado de Tordesilhas se tratava de uma linha reta, onde a porção leste era portuguesa, a oeste, espanhola. Os açorianos, responsáveis pela colonização do local até então, estavam invadindo
a porção dos castelhanos. Marcelino de Figueiredo, então governador; temeroso pela reação que os espanhóis poderiam ter para com as terras viamonenses, reuniu seus soldados, e roubou todos os documentos da Câmara de Vereadores, colocou-os em um carroção, e seguiu rumo à Porto Alegre. Os soldados lacraram todas as portas e janelas do prédio, para logo depois enfrentar o exército castelhano. O terror tomou conta do lugar. Famílias açorianas foram dizimadas, soldados pereceram, e quando os inimigos entraram na Câmara, o arquivo estava vazio.
No dia seguinte, o presidente, dono das cortinas, recebeu uma carta, redigida a próprio punho, onde Marcelino proclamava Porto Alegre a nova capital civil do Rio Grande de São Pedro.
Crime de territorialidade
Segundo a atual jurisdição, constitui-se em crime territorial: “7º, inciso II alínea “c” do CP que determina que ficará sujeitos a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes cometidos em “aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados”.
José Marcelino de Figueiredo, chamava-se por batismo Manoel Jorge Gomes da Sepúlveda. Segundo uma das versões sobre sua vinda ao Brasil, haveria assassinado um soldado escocês a paisana em um jantar da corte portuguesa, e não se sabe ao certo por que , querendo livrá-lo da pena de morte, o Marquês do Pombal mandou-o para o Brasil, para assumir cargo público, com identidade falsa. Outra versão conta que muito jovem, foi pego na cama com a esposa de um oficial inglês e, descoberto, duelou com o marido, que acabou morrendo. A alegação de legítima defesa não foi aceita, tendo sido condenado à morte. Porém, por ser filho de família influente, um dia apareceu no Rio de Janeiro com uma carta dirigida ao vice-rei solicitando que o mandassem para o "fim do mundo". Foi assim que, com o nome fictício de José Marcelino de Figueiredo, chegou à Capitania de São Pedro Aqui estando, cometeu, entre o seqüestro da documentação da Câmara de Vereadores, vários outros crimes inconstitucionais. A Organização das Nações Unidas(ONU), já estuda o caso de Viamão desde os anos 80, porém o processo encontra-se arquivado. Os documentos que contam a história da cidade estão em posse da Cúria de Porto Alegre, e parte das cópias destes, no Arquivo Moisés Vellinho, na mesma cidade.
Para saber mais
Viamão, Tradição e Identidade, de Júlio Quevedo, Paula Simon ribeiro e Rogério Sanchotene, Ed. Nova Dimensão, 1985.
História de Viamão, de Adônis dos Santos. Gráfica Rogilma, 1978
Viamão, Berço da Colonização Gaúcha, de Maria Fraga Dorneles da Costa. Editora Alcançe,1991"
Caros colegas lusos, por favor, não me odeiem!
Caros colegas de outros estados, por favor não tratem como cultura inútil, pois poode estar acontecendo na sua cidade, sem ninguém se dar conta...
Caros colegas porto-alegrenses...por favor...não me odeiem mais ainda...