ENTREVISTA CONCEDIDA À COMUNIDADE "ALMA CULTURA E POESIA BRASIL(PARTE ll)
Alma Cultura & Poesia Brasil
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Ze Carlos(ENTREVISTADOR)
Boa noite a todos.... primeiramente, aceitem as nossas escusas, em função de termos estado um pouco ausentes das discussões profícuas da Comunidade, esses últimos dias, em razão das inúmeras tarefas profissionais inadiáveis, que temos tido....
Em segundo lugar, gostaria de parabenizar o nosso atual Entrevistado, Prof. Sebah, pela proveitosa, inteligente e enriquecedora Entrevista, abrilhantando a Comunidade, posteriormente postaremos algumas perguntas tb, estamos apenas lendo e aprendendo um pouco tb, no momento...
Excelente Entrevista Professor, seja bem vindo sempre em nosso humilde espaço aqui.... estaremos acompanhando e participando tb... Professor Sebah, já que sabemos que és um cientista social, aí vão algumas perguntas:
1) Suscitou bastante polêmica, há um tempo atrás, a afirmativa de determinado especialista, se não me engano, o Charles Fukuyama, que tendo em vista as mudanças ocorridas nos anos 90 (Fim da URSS, Queda do Muro de Berlim e Unificação da Alemanha, desaparecimento do Bloco Soviético, etc.) que teria “ocorrido o fim da História...” no sentido até de desaparecimento da anterior polarização Leste x Oeste, Capitalismo x Socialismo, etc... Tu concordas com isto? Realmente, o Socialismo como Projeto de uma nova Sociedade, uma nova cultura, um novo mundo, sem a exploração capitalista, etc. acabou como projeto e expectativa, no mundo atual? O que pensas a este respeito?
R:VC sabe que o cenário político se modifica de acordo com as mudanças econômicas,culturais ,sociais,etc.Mas isso não é o fim da história.Essa tese do Fukuyama tem muito mais um teor ideológico(a favor do discurso neoliberal) do que uma fundamentação filosófica convincente.Se é verdade que um tal modelo de projeto socialista entrou em crise,isto não significa que não podemos reinventar outras possibilidades.Decretar o fim da História seria negar nossas potencialidades,embora,é inegável que vivemos num contexto bastante adverso.Há um certo desânimo ,um sonambulismo....Isso me preocupa!
Zé,gostaria de transcrever um pequeno texto de Jurandir Freire que pode nos iluminar a cerca da questão sobre o fim da História: "...Poucos pensam que vivemos em uma sociedade que estimula,de forma sistemática,o rancor,a impotência,a inveja e o sentimento de nulidade nas pessoas.Não podemos interferir na política,porque nos ensinam a perder o gosto pelo bem comum;não podemos tentar mudar nossas relações afetivas,porque nos ensinam que isso é matéria de "técnicos e especialistas da alma";não podemos,enfim,IMAGINAR MODOS DE VIVER MAIS DIGNOS,MAIS COOPERATIVOS E SOLIDÁRIOS,PORQUE ISSO É COISA DE "OBSCURANTISTAS,IDEALISTA,PERDEDOR OU IDEÓLOGO FANÁTICOS",e o mundo é dos fazedores de dinheiro"...
Portanto,meu caro Ze,o fim da História é uma armadilha ideológica que nós caímos sem nos dar conta!
2) O Jurandir Freire Costa num livro que aprecio muito, Sem Fraude nem favor, Estudos sobre o Amor Romântico, fala sobre o amor romântico, como uma crença emocional, que teria sido inventada historicamente, como o fogo, a roda, o fabrico do pão, a roda, o casamento, a medicina, a arte erótica chinesa, o computador, o cuidado com o próximo, as heresias, a democracia, o nazismo, os deuses e as diversas imagens do Universo. Que tu achas do amor romântico tradicional, ele está praticamente submergido, neutralizado, pela cultura existente em nossa Civilização? Ou haverá ainda um lugar para amor romântico, no mundo atual, sem que ele vire um simulacro, uma caricatura novelesca, como pretendem alguns?
R:
Acho muito interessante essa tese culturalista deste autor que aprecio bastante.Nós sabemos que nosso unirverso social e cultural é resultado de um conjunto complexo de ações coletivas e interações sociais tecidas historicamente.Neste sentido,se o amor romântico é uma invenção histórica,certamente,está propenso a desaparecer ou ser reinventado,reelaborado,reescrito.Se isto é bom ou ruim não sei.O certo é que a forma de amar não é a mesma ,se compararmos uma sociedade com outra ou se fizemos um paralelo de uma época com outras.
3) Professor Sebah, tu gostas de ver TV, assistes as novelas e as séries televisivas brasileiras ou somente documentários, filmes e telejornais? Sabemos que ainda alguns intelectuais detestam TV, possuem enorme preconceito contra a Televisão... Como tu vês isto? Tens preconceitos contra a TV tb, enquanto veículo de comunicação?
R:
Sou apaixonado pele TV,assisto praticamente quase tudo(mas filtro a programação),entretanto,é inegável a predominância do lixo estético no seu conteúdo programático.Que suporta,por exemplo,Galvão Bueno,Faustão,Ana maria PRAGA,Datena,Big brother,etc?
4) Continuando na linha da pergunta anterior, concorrerias um dia a um Cargo Público eletivo, se tivesses oportunidade?
R:
Se o presidente Lula me desse a presidência da república de mão beijada....Diria muito obrigado.Meu envolvimento é com a política do cotidiano,em toda sua extensão e complexidade.Nunca tive vontade de ocupar sequer um cargo burocrático muito menos um eletivo.
5) Considerando o momento confuso que vivemos, de superação de conceitos e preconceitos, se tivesses alguma Ideologia, como te definirias, hoje?
R:
Quem sabe não sou "um anarquista,graças a Deus!?"
6) A ciência explicaria ou explicará um dia todos os fenômenos, tudo que existe no Universo? Como tu pensas esta questão, a partir de quais parâmetros... Consideras-te mais próximo do espiritualismo ou do materialismo (histórico ou mecanicista)?
R:
Seria uma ilusão ou ingenuidade pensar a ciência como infalível.Como diria Edgar Morin " o saber científico deveria reconhecer sua ignorância".Quanto se sou espiritualista ou materialista!O materialismo histórico utilizo,muitas vezes, como mais um recurso metodológico.
7) Tu acreditas em amores virtuais? Um namoro virtual pode dar certo? O que tu achas dos relacionamentos iniciados a partir da Internet, atualmente, eles terão futuro?
R:
Esses relacionamentos virtuais se constituem numa nova forma de sociabilidade que precisa ser pesquisada com afinco.Esse amor cibernético ,talvez seja uma marca representativa da sociedade contemporânea.Se esses relacionamento terão futuro ou não,não sei,mas conheço pessoas que começaram "clicando" e são casadas a quase dez anos.Mas talvez não seja a regra.
A modernidade líquida em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, um amor líquido. Zygmunt Bauman ,sociólogo polones, investiga de que forma as relações tornam-se cada vez mais 'flexíveis', gerando níveis de insegurança sempre maiores.
A prioridade a relacionamentos em 'redes', as quais podem ser tecidas ou desmanchadas com igual facilidade - e freqüentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual -, faz com que não saibamos mais manter laços a longo prazo. Mais que uma mera e triste constatação, esse livro é um alerta - não apenas as relações amorosas e os vínculos familiares são afetados, mas também a capacidade de tratar um estranho com humanidade é prejudicada.Esse olhar do autor pode ser pessimista,mas aponta para uma característica cada vez mais presente no nosso cotidiano.
8) Com sinceridade, o que tu estás achando da nossa Comunidade?
R:
Nossa comunidade(também sou um membro,srrsrssrsr) se constitue numa forma inteligente de fazer uso do mundo virtual.
9) O que mais gostas de fazer, em termos de atividade, Escrever Poesia e Literatura ou Dedicar-te à Sociologia, Antropologia, às Ciências Sociais, à vida acadêmica?
R:
As duas atividades se complementam.
10) Voltando ao Tema da Política e, também da Arte, tu achas que é possível haver uma atividade intelectual e artística plenamente dissociada da realidade social, cultural e política, ou seja, desengajada? Falo isto porque tenho lido em várias intervenções de alguns dos escritores e poetas em nosso espaço e fora dele, uma certa repulsa à Política, no sentido mais amplo da palavra, a maioria se confessa apolítica ou avessa ou indiferente à Política, mesmo no sentido social. Que tu achas a respeito deste tema? Será possível escrever literatura ou praticar alguma forma de arte e cultura, sem se deixar envolver pelas temáticas econômicas e sociais, daquilo que está acontecendo em nossa sociedade?
R:
A literatura e a arte ,de modo geral,vão sempre expressar o contexto em que estão inseridas,mesmo que não tenhamos consciência disto...
SUGESTÃO:Como se trata duma questão bastante polémica,p/q não fazer um tópico com essa temática e convidar nossos amigos para discussão!?
11) Como pensas esta questão: O destino já vem traçado, conforme a visão de Santo Agostinho (Predestinação Absoluta das Almas) ou ficarias com a Teoria do Livre Arbítrio (Sto. Tomás de Aquino)? Fale a respeito.
R:
Não acredito em predestinação nem em livre arbítrio das almas.Mas esse é um tema interessante para ser pensado principalmente no campo teológico.
12) Até hoje, qual foi a maior lição que a vida te deu?
R:
A maior lição que a vida me deu?!Minha filha Mairy de nove anos:
Mairy e os Passarinhos(POEMA)
(Abrahão Costa Andrade e Sebah Andrade)
Perguntei aos pássaros,
com quantos fios
se faz um
ninho,
com quantas notas
uma canção,
com quantas gotas
um riacho?
E eles replicaram sorrindo:
_Só te responderei se me disseres
como se faz Mairy
mais forte que uma rocha
mais suave que nosso ninho!?
Flor de todas as tardes
crepúsculos sem morte
do sol
e embriaguez sem ter vinho?
Então Mairy lhes disse
com agudo olhar de lince
a resposta mais sincera:
Mairy se faz com a lua
cheia de mistérios solenes
duas pitadas de gente
(o tempero de Sebá)
e um umbigo arroxado
(o de Gel, que é minha mãe),
o aroma das maçãs
e as uvas com seus cachos
imitando meus cabelos.
Faz-se com o mel das palavras
e a paciência dos ouvidos.
Ano a ano como as flores
em cada uma primavera
faz-se como a luz de vela
e também com música boa;
faz-se com brilho nos olhos
e a alegria de ser uma pessoa.
Do Livro:Cânticos Eróticos e Entrelaçados.Ed,Usinas de letras,Rj ,2008
13) Como você vê o crescimento do fundamentalismo religioso no Mundo, num mundo cada vez mais tecnológico e muito mais rico e também desigual, ao que parece, esses movimentos fundamentalistas religiosos vêm crescendo, inexoravelmente. Estará ocorrendo o choque de Civilizações, atualmente? Comente este assunto, caso queira também.
R:
Se colocarmos em contronto o fundamentalismo Islâmico e o Fundamentalismo mercadológico,poderiamos afirmar que há um certo conflito entre essa civilizações.(ambas tem uma vocação universlista)O sociólogo Manuel Castells,principalmento no Livro "O poder da identidade",tem uma discussão interessante sobre essa temática. Mas ,é bom salientar que se trata de um tema muito polêmico e que não cabe esgotá-lo aqui....
14)ENTREVISTADOR FINALIZANDO:
Boa noite, Prof. Sebah....gostaria de agradecer a bela, inteligente e instigante intelectuamente Entrevista, que destes ao nosso modesto Cantinho... um dos grandes momentos da nossa Comunidade... cremos que o espaço de tempo foi curto para as questões aqui colocadas, pela Magnitude... agradeceríamos muito se permanecesse esse profícuo debate aqui iniciado.... a casa é tua, é nossa Amigo, sinta-se sempre à vontade em nossa querida Comunidade.. agradecimentos a todosos nossos queridos Amigos e Moderadores que ajudaram também a abrilhantar este grande momento... foi uma honra tê-lo conosco e uma imensa satisfação....
a Comunidade tb está de parabéns....Muito obrigado...
Gostariamos que o Ilustre Entrevistado proferisse as suas palavras finais e seus agradecimentos, caso seja do seu interesse..
Amanhã teremos nova Entrevista na Comunidade... esperamos contar com o apoio e a participação de todos...
Uma bela noite noite a todos... uma excelente semana....
15)(Agradecimento do entrevistado)
Parabéns a essa comunidade pelo uso correto ,sério e inteligente que faz do mundo virtual e muito obrigado pelo espaço concedido,abraços.
16)COMENTÁRIOS DE SU ANGELONE(membro da comunidade):
Quero parabenizar o professor por tão ilustre entrevista, e por ter nos deixado aqui um lindo arquivo de cultura e opiniões de uma pessoa equilibrada e muito bem conceituada no nosso mundo. Mais uma vez prof. Parabéns. Deus abençõe sempre sua cabecinha linda e sua vida.
Um grande abraço.