DE LIVROS E ESCRITORES
a) Como é escrever um livro?
Diz um ditado que toda pessoa deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Já plantei muitas árvores - muitas mesmo - de diversas espécies. Tive quatro filhos, mas gerei oito. Sempre sonhei em escrever um livro para completar o ciclo do ser humano aqui neste planeta. Confesso que escrever um livro foi a mais difícil dessas tarefas. Como os filhos, gerei vários livros, mas só consegui editar três. Os outros nasceram fora do tempo ou sofreram abortos.
b) Como incentivar uma criança a ler?
Incentivar uma criança a ler não é difícil. Como mãe, ensinei pelo exemplo. Sempre li muito e todos os meus filhos são devoradores de livros. Como professora, cobrei e ainda cobro bastante leitura de meus alunos.
c) Quais foram suas referências literárias?
Apaixonei pela leitura quando comecei a ler. Durante o curso primário fui bibliotecária da 1ª a 4ª série, cuidando, remendando, emprestando livros. Na juventude devorava os livros da única biblioteca privada do Sr. Chico Franco, de Itaúna. Era amiga de sua neta e ela emprestava-me quatro, cinco, de cada vez. Lia-os, escondida, à noite, porque meu pai dizia que, durante o dia, precisava aprender prendas domésticas para ser boa esposa. Li toda Revolução Francesa em vinte e tantos volumes e todos os escritores de minha juventude: Guy de Maupassant, M. Delly, Monteiro Lobato, Machado de Assis, Malba Tahan, Clarice Lispector, e tantos outros.
d) O que faz nas horas vagas?
Leio, faço tricô, cuido das plantas. Mas, o que gosto mesmo é de escrever.
e) Qual é sua inspiração para escrever?
Escrever para mim é terapia; tenho guardado num cantinho do meu cérebro todas as emoções desde que nasci. Para registrá-las, transformá-las em palavra escrita, basta um olhar, uma lembrança, um sonho... É preciso detonar algo para puxar o fio da meada.
f) O mundo dos livros é melhor do que o mundo real?
O mundo dos livros é maravilhoso, mas não é melhor do que o mundo real. No mundo dos livros sou leitora, espectadora; vivo emoções armada por outros. No mundo real sou a protagonista das minhas emoções. Sou eu quem decide se quero ou não ser feliz.
g) O poeta é um ser solitário?
O poeta é o ser menos solitário do planeta. Tem em sua mente, no coração, um mundo só seu repleto de personagens, situações, imagens, que enriquecem sua vida. Pode estar só, mas nunca é solitário.
h) Que conselho daria para um jovem escritor?
Continue amigo, não deixe nunca de escrever. Escrever é terapia, conhecimento, desnudar a própria alma. Se quiser se conhecer, como ensina o filósofo, escreva. Através da escrita terá um encontro consigo mesmo.