Um Rabisco Apaixonado
Olá a todos, segue hoje uma entrevista que fiz ao JORNAL ELOS LUSO BRASILEIROS, espero que gostem.
Diga-nos sua nacionalidade e fale um pouquinho da cidade onde você mora.
Brasileira, sou da cidade de São Paulo, famosa terra da garoa e dos congestionamentos rs.
Qual a sua formação escolar?
Sou formado em análise de sistemas pela Universidade Santana.
Qual o seu poeta ou poetisa preferido?
Tenho alguns poetas que gosto, entre eles: Rilke, Cecília Meireles, Álvares de Azevedo, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade.
Você se inspira em algum poeta, para escrever?
Não, prefiro deixar acontecer sem buscar por outros poetas ou poemas.
O que é preciso para escrever bem?
Saber porque se escreve e pelo que escreve, depois com sinceridade e humildade saber ouvir sua alma e o que ela tem a lhe dizer.
Quais qualidades pessoais isso exige?
Acredito que para isso devemos ter coragem para expor nossos sentimentos, vontade de estar sempre aprendendo, humildade para aceitar e ouvir opiniões, e nunca mudar a essência que temos por dentro.
Antes de saber escrever bem, é preciso saber por que se escreve?
Sim, afinal é impossível caminhar sem saber para onde se quer ir.
Enquanto escreve, sua vontade maior é agradar ou se satisfazer?
Quando comecei a escrever era agradar, por um bom tempo escrevi pensando no que as pessoas diriam, então um dia percebi que os textos que escrevia não eram ou representavam mais o que sentia, a partir daí fiz o inverso, passei a me satisfazer escrevendo, sem me preocupar com o que as pessoas iriam pensar.
Colocando-se apenas no papel de leitor de sua obra, existe a possibilidade de considerar qualquer trabalho seu um fracasso?
Não creio em fracasso, acredito que gostar ou não gostar é pessoal de cada um. O fracasso real só existe quando não falamos com a alma aquilo que sentimos por dentro.
Ao terminar de escrever um texto, você aceita e gosta do resultado unicamente porque é responsável por ele?
Depende muito, há textos que escrevo uma só vez e sem mudanças, há outros que leio e releio várias vezes, mas em todos procuro sempre expor ao máximo e da melhor maneira possível aquilo que quero passar.
Uma escritora inglesa expôs a seguinte opinião: “poesia não é uma expressão da personalidade, mas uma fuga dela”. E ela explica: “personalidade é muito mais do que detalhes autobiográficos, é o nosso próprio modo de processar o mundo, nossa maneira de ser, e não pode ser artificialmente retirado de nossas atividades: é nosso jeito de ser ativos”. Você acha que é preciso ter conhecimento e aproveitar um pouco dos dois lados na criação, ou apenas trabalhar com um deles é suficiente?
Acredito que ser um poeta é sonhar a realidade e viver a imaginação através das palavras, e dessa maneira unir o real ao imaginário dando asas ao sentimento.
Já teve alguma poesia sua que sofreu uma critica desfavorável?
Se teve, qual foi sua reação?
Sim já recebi algumas no começo, mas isso é normal, acho que é impossível agradar a todos, e além do mais as criticas positivas sempre nos fazem crescer.
Você acha que a crítica pode fazer o poeta aperfeiçoar-se, ou desistir da poesia?
Quando a crítica é sobre os textos, através de um conselho, uma sugestão, elas sempre nos ajudam.
Como você definiria o seu estilo?
Um rabiscador apaixonado pela vida, que fala sobre seus sentimentos, amores e sua espiritualidade, sem medo, culpa ou vergonha.
Acha a poesia rimada, perfeita?
Perfeito para mim é tudo que é feito com o coração, o resto são palavras.
Alguma vez já teve alguma poesia sua roubada, adulterada ou com o famoso "Autor Desconhecido"?
Não, sempre fiz questão de deixar claro que as poesias são minhas enquanto estão na minha mente, após isso são daqueles que se identificam com elas.
Está certo repassar poesias sem autoria?
O certo é respeitar as pessoas, e não fazer a elas o que não gostaríamos que fizessem conosco.
O que você nos diz sobre a arte de fazer cirandas de poetas, tão em voga nos Grupos poéticos?
Acredito que toda união de idéias e pessoas é válido, principalmente quando essa união visa expressar sentimentos e momentos em belas poesias.
E sobre duetos e entrelaces, acha válido essa forma de interagir com poesias?
Sim, afinal duas pessoas escrevendo um mesmo texto, olhando e vivenciando seus sentimentos através de seus pontos de vista, torna o texto único, e ao mesmo tempo expressa a união de ideais em torno de um mesmo tema.
O que deseja para a poesia dentro do mundo capitalista?
Talvez não responda a pergunta, mas é um risco que eu assumo.
Quando comecei a escrever nunca me preocupei o que era ou qual a definição séria dada ao que escrevo, apenas ouvia meu coração e deixava que o resto acontece-se.
Sempre acreditei que a poesia acontece muito antes que palavras sejam escritas, acontece quando deixamos de ser rostos, nomes ou aparências e apenas passamos a ouvir nosso coração, por isso, se as pessoas hoje independentes do sistema econômico, pudessem por alguns minutos ouvir a voz do seu coração e permitir assim que o verdadeiro amor que nele há, por si e pelo próximo se manifeste, certamente viveríamos em um mundo mais justo, fraterno e tolerante as diferenças.
E assim continuaríamos é claro a ter poetas e seus belos poemas, mas também teríamos poemas que não são expressos em palavras, mas escritos pelo coração.
Sua inspiração é espontânea ou você precisa de momentos específicos para escrever?
Já tentei escrever em determinados horários, mas minha inspiração é como uma mulher caprichosa, não tem dia nem hora para aparecer, então acabei por desistir de definir horários, hoje apenas deixo acontecer, e quando vem anoto em um rascunho e depois passo a limpo.
Já editou algum livro de papel?
Sim, recentemente participei de uma antologia, ‘Folhas ao Vento’ pela editora AG, atualmente participo de alguns concursos e tenho planos para escrever meu próprio livro de poesias e depois um romance.
Defina a poesia e a participação dela nos meios literários.
A poesia é o sentimento visto em palavras, uma a tentativa clara e honesta de dizer ao mundo, o que é visto em um olhar, em um beijo ou quando simplesmente amamos. Sem a poesia teríamos palavras jogadas ao vento, sem emoção ou sentido, apenas belos trabalhos sem vida.
Qual a poesia sua que mais gosta?
Bem, procuro sempre escrever sobre o Amor e espiritualidade, um texto que me marcou muito, pois define exatamente isso é ‘Sonhando com o Amor’.
Sou sentimento vivo
Que morre em carne, nasce em espírito
Chama que o vento não apaga
Luz que o tempo não cala
Um olhar apaixonado
Abraço de um pai emocionado
Lágrimas de uma mãe
Saudades pelo ser amado
Pertenço às estrelas
Vivo no universo
Estou em tudo sou elemento puro
Centelha divina, água limpa e cristalina
Verdade que liberta
Tão logo incendeia desperta
Amor que volta a unidade
Por escolha e vontade.
Assim talvez entenda
Que não é o homem que sonha amar
E o Amor,
Que sempre com o homem esteve a sonhar.
Paz profunda.