Comparativo : Romance “Vidas Secas” de Graciliano Ramos com o filme “Abril Despedaçado” de Walter Salles.
° Vidas Secas
Drama dos retirantes diante da seca implacável e da pobreza que leva a um relacionamento seco e doloroso entre as personagens.
Fabiano – O chefe de família, homem rude e quase incapaz de expressar os seus pensamentos em palavras.
Sinhá Vitória – Sua esposa que tem um intelectual mais elevado, no qual ele admira.
Menino mais novo – Quer realizar algo que posso ser notado pelo pai, despertando assim uma admiração do irmão mais velho e da cachorra Baleia.
Menino mais Velho - Descobre a palavra INFERNO o que o leva a uma curiosidade onde procura esclarecer com a, já que o seu pai é ignorante pra isso.
Balei - A cachorra da família, que segue fiel a eles a ponto de dividir a sua comida. No se esquecendo do papagaio o seu melhor amigo.
Soldado Amarelo - O representante da lei na cidade, é corrupto e acaba virando o inimigo de Fabiano durante toda a história.
Tomás da Bolandeira - Dono da fazenda onde a família se abrigou durante a tempestade.
° Abril Despedaçado
História de duas famílias Breves e Ferreira que vivem no sertão entre a pobreza e a seca. Que disputam de forma drástica a posse das terras tirando vidas dos membros de suas famílias. É intimista e trágico, e sua riqueza está na forma com que mostra o desejo de seus personagens por alterar uma condição que lhes é opressora.
Pai - O chefe de família, ignorante que induz o filho Tonho a vingar-se da morte do seu filho mais velho, trabalha na bolandeira esmagando cana para fazer rapadura que irá ser vendida na cidade. Depois de uma briga com Tonho ele perde os bois que o ajuda na bolandeira.
Mãe - Oprimida a aceitar esta vida de pobreza, trabalho maçante, e a perda gradual de seus filhos, ajuda o seu marido na bolandeira. Depois de perder o seu filho mais novo, ela toma coragem e deixa Tonho ir embora para viver uma vida livre.
Tonho – Um rapaz sem expectativas, que não concorda com briga entre as famílias, é obrigado a matar quem matou o seu irmão. Tudo muda quando Tonho, já condenado à morte, descobre o amor no sorriso de Clara, a malabarista que deu o livro ao menino e que se apresenta na cidade ao lado. A sua morte, que já estava marcada para acontecer, já não lhe importava mais, pois ele tinha encontrado o amor, que o fez ver a vida de uma forma diferente, tem um bom relacionamento com o irmão mais novo. Depois da morte do seu irmão mais novo, Tonho decide por um ponto final naquela briga e vai embora de casa.
Menino - Filho mais novo da família, que vai de encontro a luz, ele nos conduz durante toda a história, é contador de metáforas, preocupado com o irmão Tonho, ajuda a família na bolandeira. Mas quando ele conhece a Clara e o Salustiano, tudo muda. Eles (Clara e Salustiano) o presenteiam com um livro de história, que o leva a criar a sua própria só com a leitura das imagens do livro, porque não sabe ler. Seus pais nem se deram ao trabalho de dar um nome ao menino. Para quê, se ele estava fadado à morte? Pois é esse menino que representa o não-conformismo pelas tradições, a possibilidade de poder sonhar e acreditar naquilo que ele não via. Apesar de não possuir um nome, o menino consegue dar asas à imaginação e, por isso, serve de ponte para que Tonho também consiga extravasa seus sentimentos reprimidos no seio familiar. Em terra de cegos, quem enxerga é rei. Esse rei sem nome que vai mostrar a Tonho que há vida fora de sua casa, do canavial, da bolandeira de onde tiram o sustento da casa. Sendo muito questionador, ao ver a felicidade do seu irmão, ele se lança à morte em seu lugar.
Salustiano e Clara - uma dupla de artistas mambembes em uma cidade vizinha atiça a curiosidade do garoto de descobrir o mundo lá fora. Um presente dado pela dupla é o crucial para que a descoberta aconteça: um livro. Clara se apaixona por Tonho e mostra a ele que a vida tem sentido, amor, e prazeres também. Salustiano da um nome ao menino que passa a se chamar Pacu.
Sangue Amarelo - É a espinha dorsal da história. Quando a hora chega, o sangue da camisa está amarelo, observação que é uma sentença de morte.
Sonhar X Realizar X Desejar
Sonhar: 3 Ver (alguém ou alguma coisa) em sonho, conviver ou comunicar-se com, em sonho: Sonhava o faraó com sete vacas gordas e outras sete magras. A moça sonhou com sua falecida mãe., 6 Alimentar, pôr na imaginação: Agora, vive sonhando viagens (ou: com viagens) 7 Pensar constantemente em (alguém ou alguma coisa); ter a idéia fixa: Sonha Irene com altas e belas realizações. Não sonhava o tarado de Zola em possuir uma mulher; sonhava em matá-la. Sonhar acordado: devanear, fantasiar absurdamente.
Realizar: 1 Tornar real ou efetivo: Conseguimos realizar os nossos desígnios. 2 Pôr em ação ou em prática; efetuar, efetivar, 4 Considerar como reais (os seres abstratos).
Desejar: 1 Ter desejo de; ambicionar, apetecer: "Desejou Zaqueu ver a Cristo" (Pe. Antônio Vieira). Desejo-lhe a maior felicidade. 2 Exprimir o desejo de: Ao despedir-se, desejou-lhe boa viagem. 3 Ter gosto ou empenho em: Desejava a sua queda e trabalhara para ela. 4 Cobiçar: Desejar coisas alheias. 5 Querer para algum fim: Desejava-a para secretária. 6 Querer possuir: Não a amava, desejava-a. 7 Sentir desejos: Sente fome o espírito de quem deseja.
Depois de pesquisar no dicionário o significado de sonhar, realizar e desejar percebi algo em comum entre os personagens Sinhá Vitória, cachorra Baleia e o Menino, pois existe neles a perseverança em tornar real aquilo que sonham, e desejam. A Sinhá Vitória tem o sonho no qual deseja um dia ter uma cama, em que possa repousar o seu corpo cansado, e seus pés calejados de tanto rodar pelos caminhos árduos do sertão. A cachorra Baleia, antes de morrer, passa por momentos difíceis. Baleia “sonha e deseja acordar feliz num mundo cheio de preás. Lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes”. O Menino, sonha e deseja conhecer a sereia do mar, pois todos que vivessem em seu reino seriam tão felizes que morreriam de tanto rir, ele sonhava com a liberdade, e com o fantástico.
Bibliografia:
Dicionário, Michaelis. Ed. Melhoramentos Ltda. 1998
Salles, Walter. Abril Despedaçado, filme drama. Brasil 2001
Ramos, Graciliano. Romance: Vidas Secas. 1938
Autora: Uiara Rosiene Melo