O SANGUE QUE JORRA PELAS PREFEITURAS

O SANGUE QUE JORRA PELAS PREFEITURAS

( Celismando Sodré - Mandinho)

Uma das maiores sangrias do dinheiro público no Brasil, ocorre nas Prefeituras. Principalmente nas mais distantes dos grandes centros, onde a grande imprensa e a mídia não fornece uma cobertura de uma forma mais ostensiva e os poucos órgãos de imprensa (rádios, jornais), quase sempre são parciais e pertencem aos próprios prefeitos e seus aliados, que, não é raro se unirem para subtrair o patrimônio público. Em muitas cidades perdidas por este “Brasilzão” afora, a maior parte dos políticos pertencem a uma oligarquia que descendem dos antigos coronéis que mandam e desmandam, como se o município fosse sua fazenda. A maior parte dos juízes, promotores, delegados, etc, ainda “comem na cuia” dos poderosos de certas regiões ou estados. São resquícios de uma época que deveria ter ficado no passado.

O mecanismo de fiscalização do dinheiro da Nação, nesses municípios, quase sempre é falho. Primeiro porque são poucos os vereadores que exercem o seu papel de fiscalizadores do povo, de forma implacável, muitos sequer tem formação educacional e ética para exercer tão importante função. Geralmente, a maioria deles são cooptados pelos prefeitos corruptos, formando uma corja de bandidos que “deitam e rolam” com o dinheiro do contribuinte. Segundo porque há uma inoperância muito grande do poder judiciário com relação as investigações e o julgamento de ações judiciais contra esses Prefeitos, secretários e vereadores que zombam da “cara” da população e praticam os mais absurdos desvios. Tais investigações e julgamentos nunca acontecem e os processos se acumulam nos fóruns do interior. Parece que nestas cidades, toda a estrutura é feita para roubar mesmo. Para meter a mão sem pena e sem dó, sob o amparo frouxo das leis e da impunidade e sob a complacência da maioria da população que sofre de analfabetismo político.

As vezes fico me perguntando angustiado, qual a função dos outros poderes ( legislativo e judiciário) neste outro Brasil interiorano? Nestes lugares, tão distantes da grande imprensa, das Redes Globo da vida, estas Instituições, tão importantes para a democracia plena, não funcionam de forma satisfatória. Veja os TCM(Tribunais de Contas dos Municípios) por exemplo. Reprovam contas e mais contas de certos prefeitos corruptos e tudo fica por isso mesmo. Não acontece nada! Nada! Com ninguém, os prefeitos continuam no cargo, os vereadores, na sua maioria, são comprados e aprovam as contas com os maiores absurdos, toda a população sabe que as contas são ajustadas contabilmente através de notas fiscais frias e tudo fica por isso mesmo. Até agora, a tal Lei de Responsabilidade fiscal não modificou nada da situação na região onde moro e em muitos rincões deste meu país. A gastança rola solta para beneficiar grupos privilegiados em detrimento do povão carente e as dívidas crescem, os déficits aumentam, cadeia mesmo, só para os miseráveis.

O novo governo de Lula, que foi eleito representando uma expectativa de moralização da coisa pública, não correspondeu as expectativas com relação a fiscalização destas prefeituras. O presidente de origem humilde, nordestino que migrou para o sul devido a situação descrita acima que provoca a miséria do nordeste, tem plena consciência do que estou falando, ou pelo menos deveria ter. Porém, nada ainda foi feito para tentar conter esta sangria que atravanca o país, por isso que esta nação possui uma das mais altas cargas tributárias do planeta, cada trabalhador paga o equivalente a cinco meses por ano do seu mísero salário para o governo e termina financiando esta gastança desenfreada, sem critério, sem pena e nem dó dos contribuientes, sustentando desvios e roubos de políticos e seus asseclas em todo o Brasil, por todo este interior e nada acontece. Por isso volto a afirmar. “o sangue do país jorra, também e muito, pelas prefeituras. Ou se atenua o máximo tal sangria através de uma maior fiscalização, ou os futuros governos estarão comprometidos e nossas esperanças perdidas”.

MANDINHO
Enviado por MANDINHO em 14/05/2008
Código do texto: T989891