Considerações sobre o amor

                                  Hoje amanheci atacada de megalomania e decidi falar de amor; um tema difícil, porque são muitas faces de uma só palavra, é assunto a ser tratado por gente tarimbada, não por mim, pobre escrevinhadora destas mal-traçadas. Porque,o amor engloba paixão,afeto,ternura,cada um de per si,um sentimento único,mas,que se funde numa só palavra:AMOR.

E quando é que agente sabe que foi atacada por esse fogo que arde sem se ver?È quando as pernas tremem, um calor percorre todo o corpo, a boca fica seca, uma sensação de ansiedade de urgência nos envolve, as mãos ficam frias, há um aperto na boca do estômago, o desejo enorme de agradar, a necessidade de acarinhar, cuidar, proteger; a gente se transforma, um homem vira um deus, ninguém é mais dono de si. Para Cazuza,”amar é abanar o rabo”;O certo é que,apesar de leve como uma pluma,esta palavra tão pequenina,escraviza.O amor é um sentimento forte,de intenso bem-querer,voltado para outra pessoa;bom é procurá-lo,melhor é achá-lo.Em fim,não é coisa prá amador.

Para os casais felizes começa com paixão e termina em afeto. O amor romântico é perigoso,porque,faz a gente enxergar o outro,com os olhos da fantasia,não como ele realmente é,mas,como gostaríamos que fosse.Enxergamos um príncipe,que-helás-logo,logo,virará sapo.Vem envolvido numa aura de semi-deus e ,como a gente quer enxergar o ídolo,ignora os pés de barro.Se um relacionamento superar a fase romântica e puder enxergar nosso parceiro como ele realmente é,com seus defeitos e qualidades, o amor  durará por muito tempo.O nosso amado passa a ser real e não a projeção dos nossos ideais;amar é cessão e concessão;temos que aprender quando ceder e quando conceder;temos que nos ajustar um ao outro,mas,sem perder o nosso eu interior e sem sufocar o parceiro;eu não disse que amar é fácil:é como fazer um trem desgovernado descer ladeira abaixo sem descarrilar;até chegar á estação,é um trabalho hercúleo.Não creio em metades,mesmo que sejam “caras”,só pessoas inteiras e livres podem fazer a doação de si mesmas.Os casais felizes não se auto-mutilam,respeitam o parceiro como ele é;vamos continuar sendo estrelas de Belém,vaquinha de presépio ninguém quer ser e muito menos conviver cm elas.Toda cópia é cansativa.”Tal como a sombra,o amor corre de quem o segue”,diz o poeta.Há que ser criativo para se levar,com êxito,ao barca do amor a um porto seguro;expulsar a rotina,como uma praga.

O sexo é uma parte importante do amor, mas, não é o todo; convém ser inventiva; no amor, o importante é manter a fantasia: se casar com um alemão, se vista de Polônia, para que ele a invada.

Há muito que falar de amor, mas, o tema é longo, está mais para compendio que para ensaio.

O casamento é o túmulo do amor?Bem casada há justos 23 anos, penso que não; mudam as paixões, mas, o amor tem muitas faces; advém o carinho, o afeto, a proteção, a segurança de chegada ao porto; quando conheci meu marido, alto, forte, alegre, bon-vivant, quente (porque homem e café têm que ser quente e forte) eu me apaixonei e o achei lindo; hoje, tantos anos depois, barrigudo e um pouco careca, eu continuo achando lindo e ainda gosto de deitar minha cabecinha naquele peito de transatlântico.

Se tudo correr bem e agente aprender as lições da vida, o casamento não precisa começar em motel e terminar em pensão (alimentar).

 

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 11/04/2008
Código do texto: T941098
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